Cap 1 - MICELÂNEA

A ESPIRITUALIDADE DA LEI

Romanos 7:14, " Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado."

Introdução

É sobre a lei moral, os dez mandamentos, o decálogo, que Paulo fala nesse texto.

 A lei moral é espiritual. A lei cerimonial é chamada de "lei do mandamento carnal", em Hebreus 7:16 e, em Hebreus 9:10, fala-se sobre manter-se em ordenanças carnais.

A lei cerimonial atingiu apenas a carne e a sua santificação, mas a lei moral é tão espiritual que Paulo, quando a viu, considerou-se carnal e sob a influência do pecado.

O significado da afirmação de que a lei é espiritual inclui tudo o que Paulo expressou no verso 12 desse sétimo capítulo de Romanos, quando disse: "E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom". "Porque bem sabemos que a lei é espiritual..." Sabemos é uma afirmação usual de Paulo para reconhecer que algo não precisa ser provado.

Essa é uma verdade fundamental e importante. A lei é espiritual. Nenhum cristão é ignorante desse fato. Todos os cristãos sabem disso por meio da experiência.

Nessa mensagem, exploraremos o que Paulo quer dizer quando afirma, em nosso texto, que "a lei é espiritual" e consideraremos três razoes pelas quais se diz que a lei de Deus é espiritual.

Primeiro, a lei de Deus é espiritual PORQUE VEM DO ESPÍRITO DE DEUS

Deus o Santo Espírito é o Autor da lei. A lei de Deus faz parte da natureza do Espírito Santo, seu Autor, portanto, a lei é espiritual.

Dizer que a lei é espiritual significa dizer que é perfeita. A lei é perfeita porque seu caráter advém de seu Autor, O Santo Espírito de Deus.

Salmos 19:7 diz: "A lei do SENHOR é perfeita...".

A espiritualidade da lei é uma conseqüência do fato de que a lei é uma revelação do santo caráter de Deus.

Tendo Deus feito a lei, conseqüentemente, a lei que Deus fez é espiritual e perfeita!

Essa lei de Deus que é perfeita porque é espiritual, demanda perfeita obediência. A lei é espiritual no sentido de que demanda perfeição.

Não aceita nenhuma concessão. Reflete a absoluta santidade de Deus.

O Senhor Jesus Cristo resumiu a perfeição que a lei de Deus demanda quando disse, em Mateus 22:37-39: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo".

A lei de Deus demanda um amor perfeito e abnegado a Deus e a nossos companheiros.

A lei nunca aceitará o que os pecadores chamam "faça o seu melhor". A lei de Deus demanda perfeição.

Desde que a lei de Deus é espiritual e, portanto, perfeita, ela é, por isso, o padrão perfeito de nosso dever e a fonte de nosso conhecimento moral.

Desde que a lei é espiritual e, portanto, perfeita, deveríamos estudá-la e fielmente aplicá-la como base de nosso julgamento e conduta ao longo da vida.

A lei é espiritual porque vem do Espírito de Deus!

Segundo, a lei é espiritual porque ATINGE O ESPÍRITO DO HOMEM

A lei é espiritual no sentido de que suas obrigações atingem o espírito, a interioridade do homem, o coração, as afeições e os pensamentos bem como a exterioridade do homem. A lei de Deus não só regula as ações dos homens.

Muitas pessoas entendem a lei de Deus de um a maneira muito pobre e inadequada, pensando que são requeridos apenas deveres exteriores.

Essa era a visão dos Escribas e dos Fariseus no tempo do Senhor. Tinham um problema, eram meros professores formais da lei.

Externalizavam a lei reduzindo-a a meros feitos. Rejeitaram o que o Senhor Jesus chamou "o mais importante da lei".

Os Escribas e os Fariseus tinham uma observância débil das letras da lei, desviavam-se da espiritualidade da lei de Deus.

O Senhor Jesus mostrou-lhes que pareciam limpos exteriormente e que, interiormente, eram corruptos.

A visão que eles tinham da lei pode ser comparada ao que é dito em I Samuel 16:7: "o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração".

Em Mateus 19, o Senhor Jesus relata a história do jovem governador rico.

Esse jovem de aparências tinha uma visão fundamentalmente errada da lei de Deus, pensando que era justo com Deus porque não matou, não cometeu adultério, não roubou nem mentiu.

Esse jovem acreditava erroneamente que essas ações exteriores eram tudo o que a lei de Deus requeria do homem.

Esse homem não tinha nenhuma concepção da espiritualidade da lei de Deus.

Infelizmente, parece que muitos cristãos hoje em dia são meros observadores formais da lei sem nenhuma idéia da profunda e penetrante espiritualidade da lei!

A lei de Deus é espiritual no sentido de que atinge o espírito do homem, seus pensamentos, seus desejos e suas motivações. Isso é o bastante para nos conformar à lei de Deus em nossas ações exteriores! Se nossa obediência à lei de Deus não vem de nossos corações, não é mais do que um frio legalismo!

A lei de Deus difere aqui das leis dos homens. As leis dos homens referem-se à conduta exterior; a lei de Deus, porém, refere-se aos corações dos homens.

As leis de Deus requerem mais do que conformidade exterior. Requerem afeição interior. Os requerimentos da lei de Deus não se referem somente a ações exteriores.

Devemos obedecer à lei de Deus não só com nossos corpos, mas com nossos corações e nossas almas, assim como com nossos espíritos.

A lei, porque é espiritual, requer verdade nas partes interiores. Davi reconheceu isso quando disse a Deus, em Salmos 51:6: "Eis que amas a verdade no íntimo".

No Sermão da Montanha, o Senhor Jesus mostra-nos abertamente a espiritualidade da lei de Deus. Nesse grande sermão, lida direta e detalhadamente com a espiritualidade da lei.

Em nosso texto, em Romanos 7:14, o apóstolo Paulo resume tudo o que o Senhor Jesus disse no Sermão sobre o Monte.

A lei de Deus é espiritual porque atinge o espírito do homem. Atinge o homem interior. Atinge nossos pensamentos.

Quando as escrituras dizem que a lei é espiritual, querem dizer que a lei refere-se a pensamentos e intenções do coração.

O Senhor Jesus explicita isso na interpretação que faz do sexto mandamento, em Mateus 5:21-22.

Leiamos: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raça, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno".

O Senhor Jesus diz, aqui, Não matarás, proibindo claramente tirar ilicitamente a vida humana mas isso vai mais além.

A lei Não matarás, ou literalmente, Não cometas assassinato, inclui, da mesma forma, todo tipo de raiva, mal humor, malícia, ressentimento e revanche indevida concebida entre os pensamentos.

Como o Senhor Jesus explicita aqui, o sexto mandamento nos proíbe de ser verbalmente abusivos em relação às outras pessoas.

I João 3:15 também enfatiza a natureza espiritual interior do sexto mandamento quando a Palavra de Deus diz: "Qualquer que odeia seu irmão é homicida".

O Senhor Jesus diz que a lei de Deus é mais do que apenas nos refrear exteriormente no ato de assassinar. Envolve também os pensamentos de nossos corações.

A lei de Deus é espiritual no sentido de que atinge o espírito do homem. Atinge nossos desejos.

A lei de Deus é espiritual no sentido de que atinge os desejos mais profundos do coração. A lei de Deus proíbe não só as ações do pecado mas também os desejos e inclinações do pecado.

A lei atinge as afeições da mente, proíbe e coíbe as cobiças da carne.

A interioridade da lei, atingindo de toda forma nossos desejos, está ilustrada no décimo mandamento, que lida com nossa cobiça pelo ganho ilícito.

Vá para Êxodo 20:17: "Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo".

Esse décimo mandamento proíbe todo desejo excessivo e ilícito em nossos corações.

Repare que esse mandamento não diz não lhe é consentido cobiçar, mas não cobiçarás!

Esse mandamento não requer só o controle da cobiça. Proíbe toda a existência de cobiça em nossos corações. Não cobiçarás!

Você não deve desejar nada que você não pode ter licitamente, diz o mandamento.

Devemos ver os outros mandamentos usando o décimo como medida de nossa submissão. Todo mandamento envolve os desejos de nossos corações e não só as ações de nossos corpos. A lei de Deus proíbe nossa cobiça por sexo ilícito.

A lei de Deus diz, no sétimo mandamento, Não adulterarás! O Senhor Jesus diz que isso inclui também o desejo por adultério, o olhar concupiscente.

O desejo por concupiscência é o mesmo, em essência, seja pelo adultério, pelo jogo ou o que quer que seja.

A espiritualidade da lei significa que, não só devemos evitar o ato do adultério, mas também qualquer coisa que venha a nos tentar a cometer adultério.

A lei, porque é espiritual, proíbe coisas que nos conduzem ao pecado ou nos incite ao pecado.

A lei de Deus, ao orientar boas obras exteriores e proibir maus feitos exteriores, orienta e proíbe por completo as primeiras tendências e desejos em direção a essas obras.

Todo mandamento inclui tudo o que nos incita a obedecer ou desobedecer tal mandamento, portanto, toda falta de modéstia e todo desejo de exposição à imoralidade rompe o sétimo mandamento.

Não adulterarás não só proíbe atos exteriores de fornicação e adultério mas também todo pensamento ilícito, pensamento impuro, olhares e palavras.

Vá comigo para Mateus 5:27-28, onde o Senhor Jesus explica esse aspecto espiritual da lei, no sétimo mandamento. "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela".

Precisamos manter uma separação radical com relação a tudo o que vai em direção à infração às leis de Deus. Tudo o que incita ao pecado é pecado em si mesmo!

Muitos cristãos sérios há séculos, têm evitado bailes porque isso tende à impureza e, por conseguinte, ao adultério.

Manter o corpo em pé contra o membro de alguém do sexo oposto sob o balanço de musica sensual tende à impureza.

Na escolha da vestimenta as mulheres deveriam guiar-se pela lei Não adulterarás.

Usar vestidos justos, suéteres e calças muito apertadas, que parecem ter sido borrifadas por spray incita os homens à cobiça e, portanto, viola o sétimo mandamento.

Os homens deveriam evitar tudo o que incita à cobiça pecaminosa. Quando um homem vê fotos pornográficas, é culpado por adultério, porque fotos pornográficas incitam à cobiça e a cobiça viola o sétimo mandamento, segundo nosso Senhor Jesus, em Mateus 5:27-28.

A natureza espiritual da lei de Deus deveria conduzir-nos à avaliação de todas as áreas das nossas vidas; todo programa de TV, todo livro, toda atividade social, o que ouvimos no rádio e no CD, os lugares aonde vamos, as roupas que usamos e as companhias que temos.

A lei de Deus é espiritual no sentido de que atinge nossos desejos.

A lei de Deus, de todas as formas, atinge também nossos verdadeiros motivos para as coisas que fazemos. A lei requer motivos espirituais, em nossa obediência.

A lei de Deus julga os motivos mais profundos de nossas almas!

Nossa obediência é espiritual quando procede do coração e é feito pelo motivo justo. E qual é o motivo justo para obedecer a Lei de Deus?

O motivo justo para obedecer a Lei de Deus é amor para Deus; desimpedido, sincero amor a Deus.

A lei de Deus requer amor e amor de toda a alma, de todo o coração, de toda a mente e de toda a força.

O Senhor Jesus diz, em Marcos 12:30: "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças".

A lei é espiritual no sentido de que atinge o espírito do homem, seu ser mais profundo.

Proíbe os pecados do espírito; o espírito de orgulho, o espírito de inveja e o espírito de rebelião.

A lei é espiritual no sentido de que nos governa e nos sustenta de forma responsável, não só em nossas ações exteriores mas também em nossos pensamentos, desejos e motivos interiores.

Os mandamentos são espirituais. Portanto, vão ao coração e requerem obediência interna.

Toda obediência a Deus deve vir de dentro, do coração, ou não será aceita por Deus.

A espiritualidade da lei conduz todas as áreas de nossas vidas à lei.

Finalmente, a lei é espiritual porque
NÃO PODE SER VERDADEIRAMENTE OBEDECIDA SEM A ASSISTÊNCIA DO ESPÍRITO DE DEUS

O homem é, por natureza, um pecador egoísta. Pensa que Deus tem poucas razões para se sentir desagradado por ele.

Mas a lei de Deus entra na alma como um holofote brilhando com seus raios de luz de verdade absoluta em todo canto da alma, expondo o que há lá.

Provérbios 6:23a diz: "Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz".

Paulo aborda o mesmo ponto em Efésios 5:12-13, quando diz: "Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta".

O holofote da lei de Deus examina toda palavra, todo pensamento, todo ato, todo motivo e nos declara pecadores e merecedores da ira de Deus no inferno.

A lei vasculha toda a profundidade de nossas almas e destrói todo fragmento de autojustiça que existe em nós.

Onde está o homem que nunca ficou nervoso indevidamente? Onde está a mulher que nunca odiou alguém? Onde está a pessoa que nunca teve cobiça ilícita em seu coração?

Quando vemos a natureza espiritual da lei de Deus, quem ousaria advogar sua inocência diante de Deus?

Em nosso texto, Paulo contrasta a si mesmo com a espiritualidade da lei de Deus, dizendo "mas eu sou carnal, vendido sob o pecado". Paulo fala como um cristão aqui, um homem regenerado. Fala no tempo presente.

Veja nosso texto mais uma vez: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob a lei".

"Sou carnal" significa ainda sou aborrecido pela carne, minha natureza pecaminosa.

Todo crente deve dizer isso sobre si mesmo, sou carnal, afetado por minha própria natureza pecaminosa.

Em I Coríntios 3:3, Paulo pergunta aos crentes, "porventura não sois carnais"?

Às vezes, nas escrituras, carnal significa inteiramente e exclusivamente sob o controle da carne e refere-se àqueles em quem a carne é o único princípio de ação.

Às vezes, como acontece em nosso texto, e em I Coríntios 3:3, a palavra carnal é usada num sentido diferente e aplica-se àqueles que, mesmo sob o domínio do Espírito, estão ainda poluídos e influenciados pela carne.

A lei mostra mesmo aos cristãos que eles são carnais, que ainda têm problemas com a carne, que ainda têm naturezas pecaminosas que os leva ao pecado.

A espiritualidade da lei cobra do crente coisas que ele não é capaz de fazer. O crente, portanto, precisa da ajuda de Deus.

Precisamos do espírito de Deus para nos dar obediência espiritual à lei. Deus dá, pela graça, ao seu povo, a assistência do Espírito Santo para obedecer a Sua lei.

O Espírito Santo, pela graça, inclina o coração e a vontade do homem à obediência assim que os deveres da lei são revelados ao homem.

Vá comigo para Ezequiel 36:27. Aqui Deus prometeu pôr seu Espírito dentro do seu povo e levá-lo a obedecer à lei.

"E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardareis os meus juízos, e os observeis".

O holofote da lei de Deus examinou Jesus Cristo e declarou-O perfeitamente sem pecado!

A única pessoa que já encontrou os requerimentos espirituais da lei de Deus é o Senhor Jesus Cristo.

Deus pode justificar os pecadores com base na obediência espiritual de Cristo à lei?

Amigo pecador que ouve minha voz hoje, já viu a espiritualidade da lei de Deus, e que por causa dessa lei espiritual você não é nada e não tem nada que o faça agradável aos olhos de Deus?

Se hoje você confiar em Jesus Cristo e sua obediência da lei, Deus te aceitará e te salvará com base naquela lei perfeita cumprida por Jesus Cristo!

 

Autor: Pr Laurence A. Justice
Tradução: Albano Dalla Pria 18 Dez 02
Revisão: David Creten Gardner and CGG 29 Jan 04

Fonte: www.palavraprudente.com.br