Cap 14 - Escatologia

O Reino de Deus e As Parábolas – I

Leitura: Mateus 13.33-35

Versículo para Memorizar: Sl 78.2, “Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade”.

Introdução: Às vezes as parábolas parecem misteriosas. Também o ensino sobre o Reino de Deus pode ser difícil de entender. Mesmo sendo difíceis, são proveitosos, como veremos.

Nem tudo que o homem qualifica de parábola é chamada assim por Jesus.

O Que a Bíblia Chama Parábolas?

Palestras (Nm 23.5-7), dizeres (Mc 7.17), enigmas (Sl 49.4; 78.2; Ez 17.2; 18.2; Mt 13.34-35; Jo 16.29) e provérbios (Hc 2.6) são chamados parábolas pela Bíblia. Examinadas por um aluno sério, será descoberto que as parábolas são cheias de sabedoria e doutrina.

A Palavra ‘Parábola’ em Hebraico e em Grego

A palavra hebraica traduzida “parábola” (#4912, mashal) tem a sua raiz numa outra palavra hebraica (#4910, mashal). Essa raiz significa “governar” ou “reinar”. São chamados parábolas por que ‘governam’ ou ‘controlam’ os espíritos de homens sábios. Nisso percebemos a importância das parábolas. Sendo algo que governa o homem entendemos que elas comunicam regras e verdades absolutas. Sendo axiomas, ou seja, verdades absolutas, são propícias para julgar as ações e pensamentos dos homens. Portanto, se desejamos ser sábios, as parábolas devem ser seriamente consideradas.

Em grego, a palavra ‘parábola’ (#3850, parabolei) que significa: similitude, narração fictícia da vida cotidiana que tem um moral; um ditado. A raiz dessa palavra grega (#3846, parabollo) significa: por ao lado, como uma ajuda para chegar ao destino; ou comparar. Portanto uma parábola, como usada no Novo Testamento é algo dito para ajudar o entendimento de algo difícil através de uma comparação.

As parábolas são muito importantes, mesmo sendo alegorias, metáforas e analogias, por que carreguam a imagem da sabedoria moral do autor.

As Figuras e Tipos são Diferentes das Parábolas

Parábolas como são conhecidas, geralmente não são figuras, tipos ou símbolos. Símbolos, figuras e tipos apontam a uma historia real. Por exemplo: O primeiro Adão aponta a Jesus Cristo; o sacerdote do Velho Testamento aponta a Jesus Cristo; Jonas aponta ao sepultamento de Jesus Cristo. Assim entendemos que as figuras apontam à historia verdadeira.

As figuras apontam à fatos reais. Por exemplo, o cordeiro da Páscoa aponta ao Cordeiro de Deus, ou seja, Jesus Cristo A nossa Páscoa (I Co 5.7).

Os símbolos e figuras são tipos por que têm um antítipo, ou seja, um cumprimento. Uma vez que o tipo se cumpra no seu antítipo, cessa a sua utilidade. Por exemplo, a serpente de bronze tem cumprimento como tipo no seu antítipo, ou seja, Jesus na cruz (Jo 3.14). Tudo no Tabernáculo é símbolo, e o antítipo é Cristo.

Parábolas, como conhecidas pela maioria, são diferentes de figuras, símbolos e tipos porque não usam pessoas ou eventos reais. Se a passagem tiver o nome de uma pessoa literal ou um evento histórico não deve ser considerada como uma parábola. Um exemplo de parábola seria o semeador (Mt 13.1-13). Não temos o nome do semeador nem o lugar da sua atuação. É fictícia. Mas isso não minimiza a importância da lição que a parábola está ajudando-nos a aprender e que deve ser aplicada às nossas vidas.

Parábolas são diferentes de figuras pois tratam de uma doutrina ou prática, ou seja, um moral que Deus deseja levar à consciência do homem. Um exemplo disso seria a parábola usada por Natã ao Rei Davi (II Sm 12.1-9).

Identificando uma Parábola

Podemos distinguir uma parábola clássica quando ela é chamada “parábola”. É estimado que existem trinta parábolas proferidas por Jesus. Cada uma sendo precedida por palavras semelhantes a estas de Mt 13.3, “E falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear”.

Podemos distinguir a natureza de uma parábola clássica quando o senso literal não edifica. Sabemos que a lição do semeador seria uma parábola mesmo se Jesus não a chamasse de parábola porque o senso literal seria meremente uma lição sobre agricultura. Pelo senso literal não ser edificante podemos saber que a passagem é uma parábola.

Por Que Jesus Usava Parábolas?

Jesus usava parábolas porque alguns dos Seus ouvintes eram contra a verdade – Mt 13.10-13, “E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundáncia; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem”.

Pode ser que Jesus usasse as parábolas para fazer-nos mais estudiosos. O capítulo dois de Provérbios nos ensina a “clamar” por conhecimento, “buscar” a sabedoria como a tesouros escondidos e assim acharemos o temor do Senhor (Pv 2.1-6). Por causa de ensinos espirituais estarem escondidos nas parábolas, somos forçados a estarmos muito atentos à sabedoria.

Creio que Jesus usava as parábolas para conscientizar-nos da nossa necessidade do Espírito Santo para entendermos a Palavra de Deus. Hebreus 5.14 nos ensina que o mantimento sólido é para os experimentados, os que têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal. Quando encontramos uma parábola, convém que oramos buscando o auxilio do Senhor, e devemos meditar mais tempo no contexto em que se encontra a parábola. Aplicando à passagem que contém a parábola às seguintes perguntas, podemos conhecer a verdade escondida nela: a quem foi dada a lição; quando foi proferida; onde foi instruída, e por qual razão foi dita.

Jesus usava as parábolas para cumprir a profecia – Mt 13.34, 35 “Tudo isto disse Jesus, por parábolas à multidão, e nada lhes falava sem parábolas; Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo” (Sl 78.2).

Pode ser que Jesus usava parábolas para acostumar-nos a ver lições espirituais nas coisas naturais do nosso dia a dia. Quando usamos uma vela e a colocamos no velador podemos ser lembrados que devemos ser iluminados por Deus, a Sua Palavra, Seu Espírito e como o cristão é uma luz útil para o mundo conhecer a verdade. Também quando na vida cotidiana o nosso alimento falta sal, ou quando vemos alguem firmando um alicerce sobre a rocha ou quando observamos a terra naturalmente produzindo as ervas daninhas, somos relembrados das lições espirituais das parábolas para nosso melhor crescimento.

Cuidados Que Devemos Ter Com As Parábolas

Quando tratamos as parábolas devemos considerar o seu alvo principal que o autor avisa. Não busque nada além deste alvo para entender a desejada verdade. O próprio alvo da parábola é geralmente determinado na própria passagem, ou antes, ou depois. Na interpretação da parábola não podemos tomar liberdades além do alvo principal, mas na aplicação dela podemos usar maior liberdade.

Considere a história e cultura do povo mencionado. Conhecendo as verdades das plantas, do clima, e dos costumes do país em qual a parábola é dada ajuda muito. Quanto maior conhecimento do povo a quem é dada a parábola, tanto maior entendimento aproveitaremos.

Nem cada pessoa, ação, ou coisa mencionada na parábola deve representar uma verdade. Por exemplo, a vassoura usada para varrer o chão para achar a moeda perdida (Lc 15.8-10) não deve esconder uma grande verdade espiritual para nós. Tenha cuidado para não desenvolver algo além do proposto. As interpretações das parábolas não devem ferir nenhuma doutrina. Nunca permita que o ensino da parábola seja contrario à fé.

Portanto, peça a orientação do Espírito Santo no seu estudo bíblico. Tenha cuidado de não espiritualizar o literal ou o histórico, ou aquilo que é claramente proposto como verdade. Seja estudioso. Busque o entendimento da escritura alegórica pelas parábolas.

 

Autor: Pastor Calvin
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
Edição gramatical: Edson Basilo 1/2009