Cap 18 - Escatologia

O Reino de Deus e As Parábolas – V

Lição 18

O Grão de Mostarda e O Fermento

Leitura: Mateus 13.31-33; Lucas 13.18-21

Versículo para Memorizar: Mt 5.16, “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

Introdução: O uso de parábolas é um método de ensino que usa o que é familiar para ajudar a compreensão de uma verdade não familiar. Quando a verdade é explicada através de uma parábola, não é necessário uma explicação da parábola em si, mas sim a sua aplicação. Se eu quis lhe ensinar uma lição qualquer e usei uma bananeira para ajudar na sua compreensão, não seria necessário uma explicação do que é uma bananeira. Precisaria explicar como a bananeira é igual à verdade que quero ensinar. Então se vê que parábolas necessitam de aplicações para que a verdade pela qual ela foi usada para ensinar seja entendida.

Nessa lição temos duas parábolas que usam coisas pequenas para ensinar aspectos do Reino de Deus: um grão de mostarda e o microscópico fermento. Se entendemos corretamente a natureza dessas coisas pequenas, podemos aprender aspectos do Reino de Deus que elas foram dadas para explicar.

O Que Essas Duas Parábolas Têm em Comum

Se não fosse evidente já, o grão de mostarda e o fermento são muito pequenos. O grão de mostarda é “a menor de todas as sementes” (Mt. 13.32). O fermento em si é microscópico (não confunda o próprio fermento com o agente que é misturado nele para facilidade de manuseio). Pequenos e aparentemente insignificantes são os dois.

Também, o grão e um pouco de fermento são capazes de imenso aumento. O grão de mostarda torna “a maior das plantas” (Mt. 13.32). O fermento, em bem pequena quantia, leveda toda a massa (Mt. 13.33).

Um terceiro fato em comum entre estes dois é que o estágio final é reconhecido pelo mundo. A planta de mostarda é vista, pois é bem grande, e aquilo que é fermentado é notado por todos, sim, todos os dias para quase todos os brasileiros, na hora do café da manhã. Tanto um quanto o outro, no seu crescimento maduro, são bem notados por todos.

O Que a Parábola do Grão de Mostarda nos Ensina do Reino de Deus

A aplicação da parábola do grão de mostarda ao Reino de Deus aponta à verdade do Reino de Deus sendo insignificante para o mundo. Apesar disso, o número desses ajuntamentos cresse. Essas pequenas assembléias espalham apesar do desprezo contra elas e da perseguição que visa erradicá-las. Porém, no dia que o Rei dos reis, e Senhor dos senhores vier, Ele reinará no seu Reino. Como o grão de mostarda crescido, a perspectiva mundial para com Seu reino será diferente. Para a Sua cidade principal “os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra” e “a ela trarão a glória e honra das nações”. Naquele dia essa cidade celestial será madura e crescida, com toda a glória e honra de todos (Ap. 21.23-26). O Reino de Deus será bem diferente naquele dia quando o Reino será crescido do que no tempo do Novo Testamento quando era microscópico.

Um exemplo disso é o Nabucodonosor. As coisas de Deus eram de pouca importância para este rei e para o povo babilônico, como o grão de mostarda é pequeno e insignificante antes de crescer. Porém a hora veio em que o rei Nabucodonosor viu crescido a grande glória e poder soberano de Deus (Dn. 4.34). Será igual um dia para todos na terra.

Essa verdade, decerto, instruiu e animou os discípulos de Cristo naquela era e deve animar e instruir a nós hoje também. Será que somos como o ministério público de Jesus, e a Sua igreja? O ministério de Jesus e o tipo de igreja que Cristo começou no Seu ministério tiveram um começo aparentemente insignificante. Foram rejeitados pela maioria e nunca foram reconhecidos pelo mundo como algo glorioso. Porém, conforme a parábola do grão de mostarda, Cristo e a Sua igreja neotestamentária serão reconhecidos no grande e perfeito Dia do Senhor. Quando o Reino de Deus vier na sua glória, cada joelho dobrará e toda língua confessará que este Jesus rejeitado, crucificado e menosprezado por tanto tempo é, “o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp. 2.9-11).

Como a planta de mostarda, o Reino de Deus não surge de algo grande mas pequeno. Observe que nem a nação de Israel veio de uma grande nação ou de grandes homens. A nação de Israel é grande na estimação de Deus, mas o Reino de Deus não é produzido pela grandeza da nação de Israel. Israel rejeitou o seu Rei, mas, para esse povo veio Jesus, e por esse povo surge o Reino de Deus.

Pensando da historia de Israel, notamos que os homens que dirigiram a nação de Israel não eram grandes para com o mundo. Samuel era um menino quando Deus o chamou; Davi era o caçula de uma família humilde mas, foi escolhido por Deus; Salomão, que reconheceu a sua falta de sabedoria, foi, como todos estes, usado por Deus grandemente. Observe o caso do próprio Jesus Cristo. Como um insignificante grão de mostarda, Ele “foi subindo como renovo ..., e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para Ele, não havia boa aparência nEle, para que O desejássemos”, Is. 53.1. Foi este, o Filho de Deus, de humilde origem não reconhecida como capaz de produzir algo bom (Jo. 1.46). Este Jesus, “a pedra que foi rejeitada” por nós, Deus fez que fosse “posta por cabeça de esquina”, At. 4.11. A nação de Israel estava interessada no Reino de Deus com certeza, mas procuraram uma personalidade vistosa e atraente. Não reconheceram o nenê de Belém. Não aceitaram Aquele que era meigo e humilde, que tinha um rude precursor e foi seguido por discípulos que entre eles eram homens sem letras. A mensagem que estes discípulos pregaram, ou seja, o arrependimento dos pecados e a fé naquele homem que o mundo julgou fracassado e crucificado entre malfeitores, era uma mensagem vergonhosa e não digna de aceitação. Pela parábola do grão de mostarda Jesus estava ensinando aos discípulos a verdade que os que O seguem e os que Deus agrada colocar no Seu ministério, são como Cristo, ou seja, não são reconhecidos como algo digno de estimação pelo mundo (I Co. 1.26-31). Portanto, não procure agradar o mundo!

Mas, quando aquele insignificante grão crescer, será a maior de todas as plantas. Aquela congregação humilde que Cristo começou e está edificando, no fim de tudo, na sua glória, será posta diante do trono e perante o Seu Rei, trajando vestes brancas “uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas”, Ap. 7.9. Portanto, não despreze o dia de coisas pequenas (Zc. 4.10). O desejo de ser algo grande e impressionante diante dos homens é a filosofia deste século, mas não é como Deus opera. A parábola do grão de mostarda nos ensina isso.

Humilha-se diante de Deus, confessando o seu pecado. Tome já o crucificado e ressurrecto Cristo pela fé como seu Salvador. Seja somado como membro daquela instituição agora desprezada pelo mundo, uma igreja neotestamentária, nela servindo o Senhor Jesus pela obediência da Palavra de Deus até que o Rei Jesus venha na Sua glória.

O Que o Fermento nos Ensina do Reino de Deus

Os usos de fermento na Escritura apontam para algo negativo no Reino de Deus. Estes usos são os seguintes: I Co. 5.6-8 e Gl. 5.9; Mt. 16.5-12 (heresia entre a verdade); Ex. 12.15-20 – Páscoa/ I Co. 11 – Ceia; Mt. 13.33 – O Reino de Deus.

Observamos que nem tudo no Reino de Deus é bom. Já aprendemos que existe o joio entre o trigo e existem os ouvintes que nunca produzem fruto. Agora observe que tem aquilo que, para o Reino de Deus é nocivo, ou seja, o fermento, o pecado. Creia ou não creia, o pecado está no Reino de Deus hoje. Está nos membros da nossa carne (Rm 7.14-20). Está em mim; está em você e está no mundo sendo toda hora inflamado pelo Satanás (I Jo 2.16; I Pe. 5.8; Ef. 6.12).

O fermento está presente em todas as nossas vidas, tanto literal quanto figurativamente. Literalmente sabemos que o fermento, mesmo invisível, é presente. O padeiro quando quer fazer pão italiano faz uma massa sem fermento e deixa descansar no ar livre para ser fermentado naturalmente. O fermento no ar livre é suficiente para que o pão italiano cresça mesmo tendo uma textura mais grossa. É uma prova que o fermento é invisível e está em todo lugar.

A natureza do fermento, tanto literal quanto figurativamente, é aumentar o tamanho de algo. A aparência é feita maior, melhor e mais valiosa. Todavia, o aumento que o fermento faz em algo não é um aumento de substância. À massa real nada foi acrescentado. O efeito do fermento no pão é bom para o sabor e textura do pão. Porém, no Reino de Deus o fermento é nocivo e algo a ser banido.

Em Mt. 16.5-12 e Lc. 12.1 entendemos que o fermento representa a doutrina falsa de auto justificação. Disso Jesus advertiu e acautelou os seus discípulos. Os Fariseus e os Saduceus confiaram muito em aparências. Tanto maior, melhor. Maior o conhecimento das Leis e da Historia judaica, maior a aparência de serem justos. Tanto mais correções eles poderiam apontar nos outros mais a sua aparência de auto-justiça fosse presumida. Tanto mais público o seu senso de devoção, mais perto parecia o seu andar diante de Deus. Quanto mais branco as suas vestes, maior santidade queriam aparentar. Quanto maior o numero de vitórias nos debates, mais úteis esperavam evidenciar. Mas tudo isso Jesus quis advertir e acautelar os Seus discípulos para que não se assemelhassem a eles.

Os no Reino de Deus hoje precisam de se guardar destas mazelas tanto quanto os discípulos no tempo de Jesus. O mal desse fermento foi manifesto pelas vidas dos fariseus e os saduceus. Com toda a cerimônia opulente, tradição rígida e conhecimento detalhado, os Fariseus e Saduceus não eram proveitosos para a edificação dos santos ou para a evangelização da verdade. Se estufaram pelas suas invenções e aparências e deixaram de ter substancia, ou seja, não eram úteis para ser luz para os que andavam em trevas.

Jesus ensinou aos discípulos naquela época que se satisfizessem com os privilégios ao ponto de não serem responsáveis, tornariam inúteis para o Reino de Deus. Por exemplo, se os discípulos estivessem satisfeitos consigo mesmos, se os dons fizessem eles pensarem mais de se mesmos do que deveriam, se ficassem auto-suficientes por serem escolhidos por Jesus e ajuntados na primeira igreja do Senhor e satisfeitos por terem a confissão correta que Jesus é o Cristo o Filho do Deus vivo, ou seja, o alicerce da igreja, eles tornariam inúteis para o povo, desagradáveis a Deus e fedorentos à causa de Cristo. Uma lição para nós hoje também.

Não é agradável a Deus que estejamos satisfeitos com tapinhas nas costas, o favor do povo, ou pensar que as posições na igreja ou na sociedade religiosa nos faz mais espirituais. Estejam acautelados dessas coisas pois podem nos enganar em pensar que por ter tais louvores somos aceitos por Deus. Tenha substância, ou seja, o próprio Cristo como Salvador. Tenha a verdadeira santificação que vem pela obediência pessoal da Palavra de Deus. Pode ser que o homem olhe o lado exterior mas Deus vê o coração. Tanto vê quanto julga. Aquilo contaminado pelo fermento na adoração, atitude, serviço ao Senhor é abominação ao Senhor. Será conhecido por todos (Lc. 12.2-3, 8-9) e eliminado (I Co. 3.12-15).

O fermento deve ser banido aonde se encontra. A natureza do fermento de ser insignificante mas potente de fazer efeito grande, e por não aumentar a substância real em qual é adicionado, ensina-nos a vigiar constantemente nas coisas pequenas mas nocivas para não cairmos em hipocrisia ou de ter o nosso testemunho cristão comprometido.

O Que o Grão de Mostarda Não Tem em Comum com O Fermento

Mesmo que são pequenas e serem capazes de imenso aumento e terem um estágio final que é reconhecido pelo mundo, estas duas coisas têm características opostas. A presença do grão de mostarda no Reino de Deus é proveitosa mas, a do fermento é nociva. O grão verdadeiramente aumenta a substância, o fermento só aumenta aparências. O valor do grão de mostarda é aprovado, o valor enganoso do fermento é reprovado e os do Reino de Deus são avisados de acautelar-se dele.

Lições Finais

Cristo é O Cordeiro Pascal que foi sacrificado pelos injustos. Uma característica dos lares dos judeus na festa da páscoa era ser limpa de todo e qualquer fermento (Ex. 12. 15-20). Esta prática representava Cristo em que Ele é sem pecado, sem mancha, sem ruga, o sacrifício justo no lugar do injusto (I Co. 5.7; I Pe. 3.18). Para entrar em Cristo o pecador precisa ser lavado pelo Seu sangue, ser vestido com as vestes brancas da Sua justiça. Por isso a mensagem é: Arrependei-vos do pecado, crendo pela fé em Cristo Jesus.

O cristão precisa alimpar-se constantemente do fermento velho. Como o fermento está em todo lugar no ar, também as influencias que estimulam a exaltação da carne estão em todo lugar. O cristão precisa ser sondado constantemente pelo Espírito Santo usando a Palavra de Deus e purificado pela confissão daquilo que o Espírito Santo mostra para ser proveitosa, aquela nova massa, que agrada a Deus. Não é a aparência que agrada o Senhor mas a substância, a verdadeira vida nova.

Tem as boas obras que glorificam o Pai? O fermento está crescendo em ti? “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.”, 1Co. 5.7.

 

Autor: Pastor Calvin
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
Edição gramatical: Edson Basilo 1/2009