Cap 4 - A Doutrina da Salvação

A Escolha de Deus na Salvação

Efésios 1:3-13

Não é necessário que todos os crentes concordem com tudo o que este estudo apresenta sobre eleição para ser bons crentes. O autor do estudo é ciente que existem explicações diferentes sobre o tema apresentado mesmo que ele não concorda com todas elas. Mesmo assim, é esperado que o leitor creia em algo sobre o assunto. A Bíblia trata desse estudo sem confusão. Muitos alunos da Bíblia crêem que mexer com o assunto de eleição é comprar uma briga, ou entrar em uma briga que é dos outros. Outros ainda ignoram o assunto por inteiro como se fosse uma parte das coisas encobertas de Deus e que Ele não quer que ninguém trate (Dt. 29:29). A atitude do autor não é a de brigar, nem a interferir com as brigas dos outros. Também não é a sua intenção de desvendar algo misterioso que Deus quer deixar encoberto para todo o sempre. O autor simplesmente quer expor o que a Bíblia diz do assunto, e, mesmo não entendendo tudo sobre Deus, crer pela fé naquilo revelado divinamente pela Palavra de Deus. Este deve ser o mínimo esperado de um estudo bíblico feito por qualquer aluno honesto. Devemos lembrar-nos: tudo que está revelado na Bíblia pertencem a nós e a nossos filhos (Dt. 29:29; II Tm. 3:16,17, “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa ..”).

O simples fato que subsistem salvos entre os espiritual e moralmente incapacitados; que existem vivos entre os mortos em pecados e ofensas; que têm os que querem agradar a Deus entre uma multidão de incapacitados que somente procuram concupiscência, é prova definitiva que existe uma força maior nos homens operando sobre eles para salvá-los. Essa força opera segundo um poder fora do homem. Esse poder opera segundo uma determinação que não pertence ao homem.

Essa determinação maior no homem e fora do homem é a própria vontade de Deus (Ef. 1:11). A vontade soberana de Deus é revelada nas Escrituras Sagradas em certos termos. O termo que estipula a ação da eterna vontade de Deus em determinar quem entre todos virão ser salvos é a eleição. A eleição de Deus é puramente uma terminologia bíblica não sendo então a invenção de nenhum teólogo.

O Significado das Palavras Bíblicas: ‘eleito’ e ‘escolha’

Convém um entendimento da terminologia que Deus usa na Bíblia no tratamento desta doutrina. Existe a palavra ‘eleito’ tanto no Velho Testamento (# 972, 4 vezes somente: Is. 42:1; 45:4; 65:9,22. Os números vêm da numeração da concordância Strong’s) quanto no Novo Testamento (#1588 com raiz em #1586, 27 vezes junto com as suas variações: eleição, elegido). Não obstante a palavra ‘eleito’ sendo usada, tanto no Velho Testamento quanto no Novo Testamento, ela sempre significa a mesma coisa: escolhido, um preferido, elegido - por Deus (Strong’s, Online Bible). Às vezes, essa palavra hebraica, traduzida na maioria dos casos pela palavra ‘eleito’ em português, é também traduzida, em português, por ‘escolhido’ (4 vezes, I Cr. 16:13; Sl. 89:3; 105:6; 106:23). A palavra em grego traduzida por ‘eleito’ no Novo Testamento (#1588, 27 vezes) é também traduzida ‘escolhido’, com a suas variações, não menos que trinta vezes (#1586, Mt. 20:16; Mc. 13:20, “eleitos que escolheu”; Jo. 13:18; I Co. 1:27; Ef. 1:4, etc.).

Pela simples comparação ao significado desta palavra ‘eleito’, como ela é usada pelas Escrituras Sagradas, podemos entender que a eleição é uma escolha, e, uma escolha feita por Deus. A palavra ‘eleito’ em português significa como adjetivo: 1. Escolhido, preferido. Como substantivo significa: Indivíduo eleito (Dicionário Aurélio Eletrônico). A própria palavra ‘eleição’ significa em português: 1. Ato de eleger; escolha, opção (Dicionário Aurélio Eletrônico). Como é claro pelo estudo das palavras usadas biblicamente para explicar a determinação de Deus, tanto em hebraica, em grego ou em português a palavra ‘eleito’ e ‘escolha’, junto com a suas variações, significam a mesma coisa, ou seja, uma escolha de preferência.

A Natureza da Eleição

Desde que a Bíblia trata dessa escolha abertamente, não temos que chegar a uma vaga conclusão deduzida por abstratos, emoções, preferências ideológicas ou mera simbologia. Essa escolha é descrita pela Bíblia. Por ser descrita biblicamente não é necessário ter dúvidas sobre a natureza da eleição.

A eleição: Origina-se com Deus

A eleição e o novo nascimento são similares mas não iguais. Um precede o outro. É claramente estipulada biblicamente que tanto o novo nascimento quanto a eleição originam-se com Deus. Contudo, há uma grande diferença. Os que crêem em Cristo pela fé são feitos filhos de Deus e salvos mas ninguém é feito um eleito pela fé. Existe uma verdade igual entre os dois, ou seja, os dois originam-se de Deus mesmo que um precede o outro em tempo. É bíblico que o novo nascimento não se origina do sangue ou da carne (do homem), mas de Deus (Jo. 1:12,13; Rm. 9:16). A eleição também vem somente de Deus (I Ts. 1:4, “Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus”). Os eleitos desejam vir a Deus e querem crer em Cristo, e vêm a Deus e crêem de coração em Cristo por serem dados a Cristo pelo Pai na eleição em primeira instância antes da existência do homem (Jo. 6:37,44; Ef. 1:4). Por serem dados a Cristo pelo Pai na eternidade, antes da fundação do mundo, é claro que existia uma determinação prévia e essa determinação de Deus é a origem de qualquer ação positiva feita pelo homem para com Deus. Essa determinação prévia não foi de homem mas de Deus (Jo. 6:37; Rm. 9:16).

Será que o meu destino está em minhas mãos agora? Então eu me seguro a mim mesmo na minha salvação. Se não me seguro bem eu perco a minha salvação. Mas a Bíblia declara: “Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação” (I Pe. 1:5; Salmos 37:28, “Porque o SENHOR ama o juízo e não desampara os seus santos; eles são preservados para sempre”; Jo. 10:27-29, “e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”; Fp. 1:6, “Tendo por certo isto mesmo, que Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo”; Hb. 13:5). Se o meu destino não é seguro em minhas mãos agora depois que sou salvo, como poderia pensar que estaria seguro em minhas mãos antes da minha conversão? (C. D. Cole).

Pela eleição ser motivada primeiramente por Deus, Cristo pôde declarar: Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (Jo. 15:16). Pela eleição ser motivada primeiramente por Deus o cristão declara: “Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro” (I Jo. 4:19).

Se marcássemos pela Bíblia cada um dos casos que Deus age soberanamente para com o homem; cada uma das declarações que determinam que a eleição e os seus frutos são de Deus, e cada ilustração, parábola, etc. que mostram que a eleição é a operação usual de Deus, entenderíamos que quase todos os livros da Bíblia mencionam a eleição e atestam que a eleição é de Deus pela Sua graça.

Considerando o fato que o homem pecador é isento da capacidade de fazer algo bom para com Deus (Jr. 13:23; Rm. 3:11; Jo. 6:44) entendemos que o homem não pôde ajudar a Deus nessa escolha que precede o novo nascimento. O homem pecador, naturalmente maquina pensamentos maus continuamente (Gn. 6:5; Jr. 17:9; Rm. 3:23). Pela razão da eleição vir primeiramente de Deus, os cristãos têm forte razão de adorar e louvar a Deus eternamente. É isto que o Apóstolo Paulo enfatiza na sua carta aos Efésios (Ef. 1:3, 4).

O fato que a eleição e o novo nascimento vêm de Deus, não cancela a responsabilidade de todo homem em todo lugar de se arrepender e crer em Cristo (At. 17:30). Se você se encontra ainda nos seus pecados, a mensagem de Deus para este momento é: Arrependei-vos e crede no evangelho (Marcos 1:15)

A eleição é: Incondicional

A natureza dessa escolha é descrita pelas verdades apresentadas na Bíblia também como sendo incondicional. Isso não quer dizer que a salvação não tem condições, pois as tem (e todas elas são preenchidas pelo sangue de Cristo, Ef. 2:13; I Pe. 1:19,20). Todavia, não estamos tratando agora das condições relativas ao preço pago na salvação, mas do fato que o homem não necessitava cumprir algo para ser escolhido por Deus para a salvação. Pela afirmação que a eleição é incondicional entendemos que aquela escolha que Deus fez antes da fundação do mundo (Ef. 1:4), não foi baseada em algo que existia anterior ou poderia existir posteriormente no homem. Isto é, não há nada bom que se originou no homem que poderia ser interpretada como sendo uma condição que induziu Deus primeiramente a o preferir e o escolher. O ensino que estipula o prévio conhecimento divino que o homem aceitaria a salvação se ela fosse apresentada a ele como razão pela qual Deus o escolheu, é falso e torna a eleição divina ter uma condição: a prévia escolha do homem para com Deus. Mas, a verdade, como veremos, é que o homem não preencheu, nem poderia preencher, nenhuma condição qualquer para ser eleito.

No homem não existe nenhum atributo bom nem capacidade de agradar a Deus (Rm. 7:18, “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum”; Jr. 17:9; 13:23). Por não habitar nada bom nele, não houve nada, (e, se fosse deixado às suas próprias forças nunca poderia haver algo bom) para atrair a atenção salvadora de Deus ao homem. Antes de Deus primeiramente fazer uma obra no homem pecador, era impossível existir algo no homem que he dava uma predisposição a escolher a Deus (Jr. 13:23) e portanto nenhuma razão para Deus o escolher a não ser pela Sua gloriosa misericórdia.

A primeira razão da eleição não veio do homem. Deus escolheu o homem “para Si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef. 1:5,9,11. A palavra ‘beneplácito’ significa: aprazimento - Dicionário Aurélio Eletrônico, Ver. 3.0). A condição da determinação primária de Deus foi o querer de Deus e não por nenhuma justiça real ou provável que o homem poderia ter, intentar ou desenvolver (Is. 64:6, são “todas as nossas justiças como trapo da imundícia”). Se Deus tivesse posto uma condição para eleger qualquer homem, e, se um homem tivesse cumprido essa condição, este homem se destacaria acima dos que não teria cumprido a mesma condição. Aquela condição cumprida faria este homem favorável diante de Deus e faria Deus a ser obrigado a conceder-lhe a salvação. Uma condição favorável no homem diante de Deus faria a salvação ser pelas obras ou pelas condições humanas e não plenamente segundo a graça divina. Se Deus escolhesse o homem pelo homem primeiramente escolher a Deus, faria a salvação ser feita pela vontade de homem em vez do beneplácito da vontade divina. Mas, a eleição, tanto quanto a salvação, é puramente pela graça: um favor divino desmerecido (Rm. 11:5,6; Ef. 2:8,9, “Pela graça sois salvos”) e imerecido pelo homem (Jr. 13:23; Rm. 8:6-8, “os que estão na carne não podem agradar a Deus”). A eleição é uma escolha puramente divina e completamente graciosa para salvar um homem que não tinha nenhuma condição boa para apresentar-se diante de Deus com um mínimo mérito qualquer. Deus preferiu um pecador particular para receber a Sua graça somente porque quis (Rm. 9:15,16, “Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”).

Somente entendendo tudo sobre a vontade de Deus, algo que não podemos nunca atingir, entenderíamos por completo por que Deus escolheria um homem tão depravado que não possuía nenhuma capacidade, e, portanto, nenhuma condição, para atrair-lhe a Si. Mas, de fato, conforme a Bíblia, é isto que Deus fez. A escolha de Deus da nação de Israel revela essa atitude (Dt. 7:7) e a escolha de Deus do pecador para a salvação é da mesma natureza. Consulta: Isaías 65:1, “Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui.”; João 1:12,13, “os quais não nasceram … nem da vontade do homem, mas de Deus.”; Romanos 3:18-23; 9:11, “não tendo eles … tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama); 9:15,16, “isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.”; I Coríntios 1:27-29, “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante Ele.”

Devemos resumir esta parte da natureza de eleição como Jesus a resumiu: Sim, ó Pai, porque assim te aprouve (Mt. 11:25,26).

Se você se percebe sem capacidade para cumprir qualquer condição para agradar a Deus, a mensagem de Deus é: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite … Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” (Is. 55:1,6,7) e “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores…” (I Tm. 1:15).

A eleição é: Pessoal e individual

A escolha de Deus também é descrita biblicamente como sendo pessoal e individual (Rm. 9:15, “compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”). Quando dizemos que a natureza da escolha de Deus é pessoal queremos entender que a eleição de Deus foi por pessoas individualmente conhecidas por Ele antes da fundação do mundo (Ef. 1:4). A eleição para salvação é para com indivíduos e essa eleição não é motivada pelas ações destes indivíduos. A verdade que a eleição é pessoal e individual pode ser entendida pelos próprios pronomes usados concernente à eleição. Pela Bíblia encontramos pessoas chamadas segundo o propósito de Deus (Rm. 8:28, “daqueles que são chamadas segundo o Seu propósito”). Essas mesmas pessoas, e não as suas ações, são dadas como sendo dantes conhecidas e predestinadas por Deus (Rm. 8:29). Em Rm. 9:10-16 temos até o nome citado de um homem que Deus escolheu antes deste ter nascido ou de fazer bem ou mal, mas, “para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme”. Dizendo que a eleição de uma nação não inclui os indivíduos dela é de beirar na tolice. Falando de Israel, como uma nação, Deus confortava o Seu povo afirmando que Ele os amava com um amor eterno. Foi pelo amor eterno, e não por uma ação futura deste povo, que O motivou “com benignidade” de os atrair (Jr. 31:3). É pela ordenação de Deus que qualquer indivíduo chega a crer. Diz Atos 13:48, “e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna” e não vice-versa, ou seja, não foram ordenados à salvação por terem crido. Isso seria uma eleição baseada nas ações e não na ordenação divina para com uma pessoa. A ordenação divina para com o indivíduo veio primeira. A fé salvadora veio depois e por causa da ordenação. Por isso podemos enfatizar que os salvos são pessoal e individualmente conhecidos por Deus, em uma maneira especial entre todos que foram criados por Ele, antes da fundação do mundo (Ef. 1:4; Tt. 1:2). Paulo, em carta aos Tessalonicenses, diz que a eleição pessoal e eterna é motivo dos salvos darem graças a Deus (II Ts. 2:13, “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação ..”). Pela eleição pessoal e individual ser um motivo de gratidão por alguns podemos entender que a eleição é pessoal e pela graça, e, assim sendo, não é, de maneira nenhuma, um direito dos pecadores nem uma obrigação de Deus.

Mesmo que a eleição pessoal é estipulada pelas Escrituras Sagradas, ela pode parecer estranha à nossa concepção das coisas pela nossa mente finita. Mesmo assim, devemos crer nessa doutrina da mesma forma que Deus a explicou: “compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Rm. 9:15). Se a aceitação dessa verdade necessita de uma fé maior em Deus, Deus é agradado (Hb. 11:6) e adorado como convém (Jo. 4:23, 24).

Mesmo que a eleição origina-se com Deus, incondicional e pessoalmente, não há razão nenhuma de qualquer pecador não salvo não se arrepender dos seus pecados agora. Apesar da obra eterna de Deus na eleição ser claramente uma verdade bíblica, também a responsabilidade do pecador a se arrepender diante de Deus confessando Cristo como Salvador é tão clara e bíblica. Não demore em ser resgatado dos pecados! Arrependa-se já!

A eleição é: Particular e preferencial

A escolha de Deus, por ser pessoal e individual, pode ser determinada também como sendo particular e preferencial. Isso quer dizer que entre todos os condenados, Deus, em amor, particularmente escolheu alguns para receber as bênçãos da salvação. Podemos entender essa particularidade examinando alguns casos de escolha que Deus fez, os quais são relatados pela Bíblia. Tal examinação de casos nos dará uma prova divina e segura que a eleição particular e preferencial é bíblica.

• Antes do dilúvio, a maldade multiplicara ao ponto que toda a imaginação dos pensamentos dos homens era só má continuamente. Todavia, um destes homens achou graça nos olhos de Deus. Lembramo-nos que este homem não merecia este favor de Deus, ou melhor, que ele era igual aos homens corruptos. Se este agraciado merecia o favor que Deus mostrou, não seria mais graça da parte de Deus e sim uma obrigação (Rm. 11:6). Deus não achou graça aos olhos de Noé mas Noé achou graça aos olhos de Deus. Quer dizer, entre todos os corruptos, uma escolha diferenciada foi feita para transformar este homem, Noé, e a sua família, em vasos de benção (Gn. 6:5-8).

• Entre os dois filhos abençoados de Noé, o Sem foi escolhido para ser na linhagem de Cristo (Gn. 9:26; Lc. 3:36) e não o filho Jafé – que era o mais velho (posição do erudito John Gill, Gn. 5:32; 11:10). Porque esta distinção foi feita?

• Abraão foi escolhido em vez de seus irmãos Naor ou Harã para ser o pai das nações (Gn. 11:26-12:9). Será que Abraão merecia essa preferência? Não, Abraão, junto com os da sua família, servia outros deuses fazendo ele tão abominável quanto os demais (Js. 24:2). Todavia, uma distinção foi feita e foi Deus quem fez. Entre todos os povos, dos quais ninguém mereceu tal atenção de Deus, um teve a preferência de Deus para ser um instrumento de benção (Dt. 7:6).

• Jacó, o enganador, foi escolhido a ser amado por Deus e a conhecer o arrependimento em vez do seu irmão Esaú que não era um enganador a quem Deus odiou (Hb. 12:16,17; Rm. 9:10-16). Se fossemos nós escolhendo, e especialmente se soubéssemos o futuro, não escolheríamos dar benção nenhuma a um homem enganador quanto Jacó e contrariamente a escolha divina escolheríamos as bênçãos para Esaú. Todavia, Jacó foi escolhido pela eleição e não Esaú (Sl. 135:4). Uma escolha preferencial foi feita por Deus.

• Efraim foi colocado adiante de Manassés mesmo que não tivesse direito (Gn. 48:17-20). Porque essa diferenciação foi feita? Mesmo que foi Israel que fez essa escolha preferencial, foi dirigido por Deus para cumprir o Seu decreto eterno.

• José, o 11o filho, recebeu uma porção maior da benção (Gn. 48:22). Porque não foi o filho mais velho que recebera tal benção? Que foi uma preferência é claro.

• O patriarca Moisés (Êx. 2:1-10), o salmista Davi (I Sm. 16:6-12), o profeta Jonas (Jn. 1:3) e outros também poderiam ser citados para com os quais Deus fez uma escolha particular e preferencial entre outros de igual caráter e situação de vida.

• O apóstolo Pedro foi escolhido entre os outros apóstolos para que os gentios ouvissem a palavra do evangelho da sua boca e cressem em Cristo (At. 15:7). Com certeza essa foi uma escolha de Deus, que era particular e preferencial.

• A escolha preferencial poderia ser entendida até pela consideração dos que não foram escolhidos desde a fundação do mundo “cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo” (Ap. 17:8).

• Há uma razão, menos que a preferência ou discriminação de Deus, que causou o Evangelho de Cristo de ir eventualmente para Europa em vez de ir para Ásia (At. 16:6-10)? Porventura os da Europa tinham naturalmente mais fé do que os da Ásia?

• Alguns dos anjos, de todos os que foram criados, foram elegidos. Estes não caíram e permaneceram no abençoado ofício de ministrar as coisas santas diante de Deus e os Seus (I Tm. 5:21; Jd. 6; Hb. 1:13,14). Porque essa discriminação preferencial?

• Existe salvação para o homem pecador mas não para os anjos que caíram. O homem é um ser menor do que os anjos (Hb. 2:6,7), e sendo assim, logicamente teria menos preferência. Mas, é evidente que uma distinção foi feita soberanamente entre todos os seres criados que pecaram e ela foi feita para o bem do homem e não do anjo.

Como temos examinado pelos casos citados, essa distinção preferencial é puramente pela determinação divina e não pelo valor que qualquer um dos escolhidos tinham, ou teriam. Nenhum dos homens, naturalmente, tinham entendimento ou buscaram a Deus primeiramente (Sl. 14:2,3). A escolha particular de uns sobre outros, entre os quais nenhum merece uma discriminação favorável, revela que a eleição é particular, preferencial e, como logo veremos, graciosa. Considera a resposta natural dessa boa indagação de Paulo à igreja em Corinto que tendia para partidarismo entre os ministrantes da Palavra de Deus, “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” (I Co. 4:7).

Pode ser que seja difícil para a mente humana entender por completo esse fato, mas a dificuldade para o homem de entender não determina que o fato seja menos uma característica de Deus ou uma verdade menos revelada da Palavra de Deus. Não seríamos os primeiros que duvidaram da retidão dessa escolha de Deus (I Sm. 16:6,7). Somente devemos ter o cuidado de não julgar Deus de injustiça (Rm. 9:14). Finalmente, é necessário que a lógica do homem submete-se à soberania de Deus e aceitar o fato de Ele fazer o que Ele quer com o que é dEle (Mt. 20:14,15).

Examinando os exemplos das escolhas preferenciais pela Bíblia podemos entender melhor as verdades sobre a causa da salvação anteriormente abordadas neste estudo. Pela natureza da eleição originando-se principalmente de Deus percebemos o que estudamos em primeiro lugar: Deus é a primeira causa da salvação. Pela natureza da eleição, uma doutrina bíblica, sendo pessoal e individual, podemos ter uma idéia clara da base da eleição pela presciência de Deus pois ela é baseada em quem Ele conhece com amor na eternidade e não nas ações do pecador em um tempo futuro. Pela natureza da eleição sendo particular e preferencial podemos compreender a causa da salvação sendo pela soberania de Deus pois ninguém merece ser preferido ou escolhido à salvação.

Você é um pecador entre outros? Deus não manda ao pecador algum determinar se é ou não é eleito por Deus. Deus manda que a mensagem de Jesus Cristo seja anunciada a todos os homens que se arrependam e confiam de coração no sacrifício de Cristo para a sua salvação. Confie já em Cristo pela fé!

A eleição é: Graciosa

A natureza da eleição de Deus também é descrita biblicamente como sendo graciosa. A definição da palavra graça em português é: 1. Favor dispensado ou recebido; mercê, benefício, dádiva. 2. Benevolência, estima, boa vontade. (Dicionário Aurélio Eletrônico, Ver. 3.0). Em grego, a palavra ‘graça’ significa: a influência divina no coração e a sua evidência na vida (#5485, Strongs). Pela 155 vezes essa palavra grega é usada no Novo Testamento (Concordância Fiel) não é surpresa que todos os ‘evangélicos’ crêem que a salvação é pela graça.

Muitas pessoas que freqüentam igrejas ‘evangélicas’ podem citar Ef. 2:8, 9 que diz: “Porque pela graça sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Todavia, é novidade para muitos que a própria eleição para a salvação, aquela ação de Deus que precede a própria salvação, também é pela graça. Muitos pensam que Deus foi influenciado na sua escolha por algo que o homem fez, faz ou faria. A verdade é que a eleição para a salvação não é baseada em nenhuma obra boa prevista do homem (pois no homem não habita bem algum, Rm. 7:18; Sl. 14:1,2; Rm. 3:23). A escolha de Deus do pecador para a salvação é somente pelo favor desmerecido e imerecido de Deus (II Tm. 1:9, “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”). O propósito da salvação pela graça é “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.” (Ef. 2:7) Deus olhou pelos séculos sobre todos os condenados, e, em amor e graça, dos quais nenhum O procurava, colocou a sua influência divina em alguns (Jo. 15:16, “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós”; I Jo. 4:10, “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.”; I Jo. 4:19, “Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro.”) A beleza da Sua graça é observada na verdade que Deus não viu nada naturalmente mais atrativo ou bom nos que Ele escolheu do que naqueles que Ele não escolheu (Dt. 7:7). As obras de Deus para com os homens são feitas segundo o beneplácito da Sua vontade em amor e graça (Jr. 31:3; Ef. 1:5; Gl. 7,9,11).

Verificando o testemunho dos salvos pela Bíblia, ninguém louva a sua própria fé, a sua decisão inicial para Cristo, a sua oração eficaz, a sua intenção espiritual ou outra obra no passado ou no futuro como base da escolha de Deus nas suas vidas. O testemunho bíblico é sempre como declara o Apóstolo Paulo: “Mas pela graça sou o que sou” (I Co. 15:10; II Co. 3:5, “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus”; Ef. 3:7,8 “Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo”; II Tessalonicenses 2:13,14, “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.”) Na realidade, se a eleição fosse baseada na mínima ação que o homem fez, faz ou faria, a eleição não poderia ser determinada uma “eleição da graça” (Rm. 11:5) mas uma eleição “segundo a dívida” (Rm. 4:4).

Temos muita razão para louvar a Deus pela salvação das nossas almas pela graça. Essa graça de Deus salva todos que vem a Ele por Cristo Jesus. Se você se vê como separada de Deus por seus pecados a mensagem da Bíblia é para que se arrependa dos seus pecados e corra pela fé a Deus por Cristo. Verá que Ele ainda graciosamente salva o principal dos pecadores desde que venha por Jesus Cristo.

A eleição é: Justa

A natureza da eleição de Deus é descrita biblicamente como sendo justa. O apóstolo Paulo declarou, pela inspiração divina, que não há injustiça na parte de Deus (Rm. 9:14). A eleição é entendida como sendo justa por dois motivos. Primeiramente por que Deus não deve nenhuma ação positiva a homem nenhum e, em segundo lugar, Ele é soberano e portanto pode se compadecer em quem Ele quer (Rm. 9:15,16).

Alguns teólogos querem ensinar que, no mínimo, Deus deve uma ‘chance’ para todos os homens. Todavia, quando é considerada a condição terrível do homem pecador, uma ‘chance’ não é que o homem pecador necessita. Ele necessariamente precisa de uma ação positiva, regeneradora e graciosa de Deus para ser salvo. Uma ‘chance’, sem a plena capacidade em conjunto, em nada ajudaria os que são mortos em pecados. É pela eleição, sem nenhuma obrigação pesando sobre Deus para que Ele escolhesse quem Ele quer influenciar com a Sua operação regeneradora, que Deus dá a vida nova (não uma ‘chance’, II Ts. 2:13,14, “elegido desde o princípio para a salvação”). A salvação vem pelos meios divinos para com estes que Ele escolheu para que tenham a salvação. E quem tem direito de reclamar disso (Rm. 9:19-21)?

Deve ser considerado também que Deus tem direito e não uma obrigação para com os homens. Deus é o Criador, o homem é a criatura (Gn. 1:27; 2:7). Deus é tido como o oleiro e o homem como o barro (Rm. 9:21-24). Se Deus usa o Seu direito de fazer o que Ele quer segundo o beneplácito da Sua boa vontade, e escolhe alguns para conhecer as riquezas da Sua gloria, entre todos que somente mereciam a Sua ira, quem pode achar injustiça nisso?

A Eleição e a Proibição de ter Respeito ou Acepção de Pessoas

Uma das dificuldades em entender que a eleição é justa são as numerosas (no mínimo 17) citações pela Bíblia que toca no assunto que Deus não faz acepção de pessoas e/ou as instruções que nós não devemos fazer acepção de pessoas (Lv. 19:15; Dt. 1:17; 10:17; 16:19; II Cr. 19:7; Jó 34:19; Pv. 24:23; 28:21; Mt. 22:16; At. 10:34; Rm. 2:11; Gl. 2:6; Ef. 6:9; Cl. 3:25; Tg. 2:1,9; I Pe. 1:17).

Uma escolha diferenciada claramente mostra uma preferência. Contudo é clara a verdade bíblica que diz: “Ter respeito a pessoas no julgamento não é bom” (Pv. 24:23). Todavia, também é uma verdade bíblica que uma escolha pessoal, individual, particular ou preferencial, em misericórdia e graça, não há nenhum resquício de possibilidade em ferir a verdade de que Deus não faz acepção de pessoas.

Não há nenhuma ofensa a este princípio de justiça pois a proibição de ter acepção de pessoas refere-se não ao exercício de misericórdia e amor, mas ao exercício do julgamento e dando o que é justo. A eleição não é, de jeito nenhum, o exercício da justiça ou do julgamento de Deus. A eleição é o exercício do amor e da graça de Deus (Dt. 7:7,8, “Mas, porque o SENHOR vos amava”; Jr. 31:3; Ez. 16:8, “E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficastes sendo minha.”). Contudo, a frase “porque não há no SENHOR nosso Deus iniqüidade nem acepção de pessoas” (II Cr. 19:7) é referente ao desempenho de julgamento e não se refere à aplicação preferencial do Seu amor e graça pela eleição.

Observe que a ordem de não fazer acepção de pessoas é muitas vezes o conselho dado como aviso importante aos juízes de Israel para que julguem com consciência e honestidade (Dt. 1:17; 16:19; II Cr. 19:7).

Nota que as referências bíblicas que enfatizam que Deus não faz acepção de pessoas associam-se, na sua plena maioria, com o assunto de julgamento (por exemplo: Lv. 19:15; Rm. 2:10-12; Ef. 6:9; Cl. 3:25 e I Pe. 1:17). Existem poucas referências que mencionam “acepção de pessoas” em outro ambiente que não é de julgamento (At. 10:34; Tg. 2:1,9). Essas passagens ensinam que não devemos fazer distinção entre todos os que igualmente merecem um tratamento positivo. Não devemos praticar uma preferência entre quem devemos entregar a mensagem de Cristo (At. 10:34), nem devemos preferir uma pessoa sobre outra quando todas merecem igualmente o bem (Tg. 2:1).

Enfatizamos que é uma verdade bíblica, que no julgamento divino, não há nenhuma acepção de pessoas, pois cada uma será julgada segundo as suas obras (Ec. 12:14; Ap. 20:13). Mas, na misericórdia, da qual boa ação ninguém tem direito ou merecimento, uma distinção de pessoas pode existir e existe. Ninguém merece uma distinção positiva pois todos merecem um julgamento justo pelos pecados que têm feito. Entre os salvos esse julgamento divino e justo dos seus pecados se faz pela pessoa e obra de Jesus Cristo. Os não-salvos conhecerão o julgamento divino e justo no lago de fogo.

Considere que a eleição não é uma escolha divina entre os bons e maus mas uma escolha entre todos que são maus, ninguém buscando a Deus (Rm. 3:10-18). Quem recebe a misericórdia são os que Deus, soberanamente e segundo o beneplácito da Sua vontade, escolheu. Nos exemplos bíblicos, quem já reclamou disso?

Vale uma repetição pois uma dúvida insiste em vir à tona, quando a eleição é ensinada: Deus é injusto em fazer distinção entre pessoas. É geralmente pensado que todas são merecedoras da atenção positiva de Deus. A dúvida é eliminada quando é entendida que, entre os pecadores, não há ninguém que merece qualquer atenção favorável de Deus (Is. 59:1,2; Rm. 3:10-23). É claro que todos os pecadores necessitam da misericórdia divina, mas também deve ser claro, não há ninguém que a merece.

Se, como alguns querem supor, entre todas as pessoas que mereciam uma atenção positiva, ou entre todas que clamavam em arrependimento e a fé pela salvação, fosse dada uma distinção preferencial, assim, sim, seria uma terrível injustiça da parte de Deus. Mas, quando todas são verdadeiramente inimigas e rebeldes (Rm. 8:6-8) e condenadas (Jo. 3:19), e ninguém está buscando a Deus (Sl. 14:1,2), a misericórdia pode ser estendida a um desses malfeitores em particular sem a mínima injustiça.

Resumindo: entre pessoas com merecimentos iguais, uma distinção preferencial seria injusta. Todavia, a eleição foi feita entre pessoas sem quaisquer merecimentos.

Concluindo deve ser mencionado o fato de Deus fazer uma escolha qualquer entre os pecadores não faz os pecadores não escolhidos a serem mais ímpios. A eleição também não faz os pecadores não elegidos mais condenados. Ninguém é condenado pelo fato de não ser escolhido. A condenação é dada por causa do homem pecar (Gn. 2:17; 3:6; Ez. 18:20; Rm. 6:23). Os pecadores não são culpados por não serem escolhidos mas por não obedecerem aos mandamentos de Deus (I Jo. 3:4). É o pecado, e não a eleição, que condena. A escolha que Deus faz, somente opera que uns pecadores são salvos, ou seja, que alguns tenham o fim justo dos seus pecados colocado em Cristo.

Todo pecador tem a responsabilidade de se arrepender dos pecados e crer no Filho de Deus, o Jesus Cristo, para ter a remissão dos pecados (At. 17:30). Deus fará a Sua obra da salvação nos que O buscam com todo o coração (Is. 55:6,7). Então a mensagem é: Busque o misericordioso Deus pelo Salvador enquanto é dia! Em Cristo, “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram”. (Sl. 85:10; Tg. 2:13, “a misericórdia triunfa do juízo”).

O Tempo da Eleição

Quando é que Deus decidiu exatamente quem receberia a Sua influência graciosa que não era segundo a capacidade nem à ação do pecador? Não obstante no que as pessoas podem discordar com o que já foi estudado até neste ponto, nisso quase todos são unânimes: a eleição foi determinada na eternidade passada, sim, até “antes da fundação do mundo” (Ef. 1:4)

Mesmo que haja uma ordem lógica e cronológica nos eventos em tempo real (Rm. 8:29,30),o próprio decreto daqueles eventos é eterno

(II Tm. 1:9).

Queremos entender que a ordenação a crer ou, o propósito divino para os elegidos a serem salvos, veio antes de nós termos a possibilidade de conhecer a Deus (Is. 45:5), antes da chamada à salvação (Rm. 8:29,30), antes da própria fé (At. 13:48; Jo. 10:16) e bem antes dos elegidos serem nascidos e antes que fizeram bem ou mal (Rm. 9:11). As Escrituras Divinas são muito claras que a eleição é desde a eternidade.

A imutabilidade de Deus é tocada neste assunto. Deus faz tudo segundo o Seu propósito (Rm. 9:11; II Tm. 1:9) que é segundo a Sua vontade (Ef. 1:11). O propósito e a vontade de Deus são integrantes dos atributos eternos de Deus. Deus nunca pode ter um novo plano ou propósito (At. 15:18, “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras”; Ef. 3:11, “eterno propósito”). Se fosse possível Deus ter um plano novo, este seria para melhorar aquele que veio antes, ou seria inferior ao que veio primeiro. Mas Deus é perfeito (Nm. 23:19; II Co. 5:21, “não conheceu pecado”), eterno (Dt. 33:27; Sl. 90:2, “de eternidade a eternidade, tu és Deus.”), soberano (Is. 46:10; Ef. 1:11, “faz todas as coisas segundo a Sua vontade”) e é imutável (Ml. 3:6, “Porque eu, o SENHOR, não mudo”; I Tm. 1:17, “Rei dos séculos”; Tg. 1:17, “não há mudança nem sombra de variação”). “Conseqüentemente, quando Deus salva um homem, Ele deve ter desejado e propositado sempre salvá-lo” (Simmons, p. 221, português).

Uma observação: A eleição é da eternidade, mas a salvação da alma está feita em tempo (II Tm. 1:9,10). A eleição não é salvação, mas para a salvação. Fomos elegidos “desde o principio para a salvação” (II Ts. 2:13). Pela operação do Espírito Santo no coração o elegido é trazido a ter fé na verdade que é declarada pela pregação em tempo oportuno (II Ts. 2:14; Tg. 1:18). Antes que o elegido fosse salvo, ele estaria entre os mortos em pecados pois estava sem a salvação (Ef. 2:1-3) mesmo sendo elegido. Aquele que foi escolhido na eternidade por Deus soberanamente será propositadamente operado pela Espírito Santo para agir com fé segundo a responsabilidade do homem em tempo em resposta à Palavra de Deus (At. 18:10; Rm. 10:13-17; Jo. 15:16; Ef. 2:10).

A responsabilidade de qualquer pecador não é de determinar se o Espírito Santo vai um dia lhe atrair a Cristo. O pecador é chamado a crer, de coração, em Cristo para ser salvo. Se não estiver em Cristo está com a ira de Deus sobre ti. A única maneira a ter paz com Deus é por estar em Cristo. Venha já a Ele!

A Base da Eleição - O Amor de Deus

Para os salvos, é uma benção tremenda saber que mesmo que amam o Senhor Deus por Cristo em tempo, o eterno Deus os amava na eternidade. Esse amor eterno também é um estímulo para os que ainda não são salvos. Estes são animados ao procurarem esse grande amor e misericórdia que ultrapassa a impiedade dos seus pecados (Rm. 5:20, “onde o pecado abundou, superabundou a graça”; Mt. 11:28; Is. 55:7).

À nação de Israel, Deus empregou o seu amor eterno para estimulá-la à obediência. Ele a mandou a observar ordens grandes e corajosas. O que devia motivar a sua obediência era o amor eterno e divino visto pela eleição (Dt. 7:7,8, “O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu porque a vossa multidão era mais do que a todos os outros povos .. mas, porque o SENHOR vos amava ..”). Nisto entendemos que o amor estimulou tanta a eleição quanto a nossa obediência. O profeta Jeremias nos lembra desse amor eterno qual é a base da operação de Deus quando diz: “Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí” (Jr. 31:3). Foi dito que Jacó foi escolhido “para que o propósito de Deus segundo a eleição, ficasse firme” e nessa condição de elegido, é dito: “Amei (observe que o verbo está no tempo passado) a Jacó” (Rm. 9:11,13; Ml. 1:2).

O elegido reage ao amor de Deus em vez de Deus reagir ao amor do elegido. O salvo tem um relacionamento amoroso com Deus justamente por causa do amor de Deus que agiu primeiro. Por isso o apóstolo João declara: “Nós O amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” (I Jo. 4:19).

Muitas vezes o verbo “conhecer” é usado pelas Sagradas Escrituras para mostrar um relacionamento íntimo de amor. O marido ‘conhece’ a sua esposa (Gn. 4:17), os sodomitas ‘conhecem’ um ao outro (Gn. 19:5-8) e Deus ‘conhece’ o seu povo (Amos 3:2) que é chamado também pelo nome: “minhas ovelhas” (Jo. 10:14). Se o homem não for ‘conhecido’ por Deus nessa maneira íntima amorosa, esse não deve ter nenhuma esperança de gozar a presença eterna divina pela eternidade (Mt. 7:23). Em verdade, se alguém experimentar uma posição salvadora com Deus é por que Deus o amou, ou, o conheceu primeiro (I Co. 8:3). O amor de Deus para o pecador vem antes da predestinação, ou a eleição, pois a ordem bíblica é: conhecer (em amor), predestinar, chamar a salvação, justificar, e por último, glorificar (Rm. 8:29,30).

Pelo amor eterno de Deus podemos entender que o Seu amor é maior do que nossos pecados, fraquezas, tolices e desobediências. A Sua eleição é baseada no Seu amor somente. A eleição não é baseada, de maneira nenhuma, nas ações passadas, presentes ou futuras de qualquer homem. As pessoas são finitas e, em tempo, vem conhecer o Senhor Deus, mas a misericórdia e o amor de Deus sobre estes que eventualmente O temem é “desde a eternidade e até a eternidade” (Sl. 103:17). Antes do elegido existir como um ser humano, e, antes de ser temente a Deus, sim, quando ainda era morto em ofensas e pecados, o amor de Deus era “desde a eternidade” passada, para com o Seu povo e ficará “até a eternidade” (Ef. 2:1-5).

Por tudo depender do amor de Deus, a nossa eleição não é a única benção assegurada. A salvação eterna também é garantida. A obra que o Seu amor começou, o Seu poder em amor completará (Fp. 1:6; Rm. 8:35-39). Veremos mais deste ponto no último ponto dessas lições, ou seja, O Efeito Prático da Salvação.

Existe um outro atributo de Deus, além do Seu amor, para estimular-nos a morrermos às nossas conveniências e lógicas para O amarmos mais perfeitamente em obediência (II Co. 5:13-17)? Existe um outro atributo de Deus, senão “as riquezas da Sua benignidade, e paciência e longanimidade” (Rm. 2:4) que poderia levar o descrente ao arrependimento verdadeiro? Que o descrente venha a Cristo confiando pela fé nesse amor de Deus visto tão claramente em Cristo é o nosso ardente desejo. E que o Cristão santifique-se a imagem de Cristo mais e mais!

Os Reprovados (Os não elegidos)

É puramente natural pensar nas pessoas que não foram elegidas quando se ocupa no estudo da eleição.

Casos Bíblicos para Considerar

Por Deus fazer o ímpio para o dia do mal (Pv. 16:4) e odiar Esaú para que o propósito de Deus ficasse firme (Rm. 9:11-13); por Deus poder, na Sua soberania, ativamente fazer um vaso para honra e outro para desonra (Rm. 9:21) e por isso ser algo que Ele realmente fez (Rm. 9:13); por Deus endurecer os que não foram elegidos (Rm. 11:7) e destinar alguns para a ira (I Ts. 5:9) e para tropeçar na palavra (I Pe. 2:8); por Deus ocultar informações de alguns (Mt. 11:25,26) e por fazer alguns para serem presos e mortos para perecerem na sua corrupção (II Pe. 2:12), e, por existir alguns que antes eram escritos para o juízo (Jd. 4) cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo (Ap. 13:8; 17:8) é claro que haja uma determinação eterna na parte de Deus para que alguns nunca conheçam a Sua graça salvadora.

Exemplo

Faraó é um exemplo dessa determinação prévia de Deus para que uma pessoa seja um objeto da sua ira. Antes de Faraó ser nascido, já era determinada as suas ações para com Israel (Gn. 15:13,14). Em tempo, foi declarado para Faraó que ele foi mantido para mostrar o poder de Deus nele e por ele o nome de Deus seria anunciado em toda a terra (Êx. 9:15,16; Rm. 9:15-18). Sabendo tudo isso, Faraó continuou no seu caminho ímpio. No julgamento pela sua impiedade, Faraó declarou-se pecador e Deus justo (Êx. 9:27). Na conclusão da libertação do povo de Deus, com Moisés testemunhando toda a operação de Deus tanto no endurecer o coração de Faraó quanto o seu julgamento, afirmou a santidade de Deus e que Ele é admirável em louvores (Êx. 15:11). Este cântico de Moisés será repetido no céu pelos que tem sabedoria quando a ira de Deus é consumada (Ap. 15:1-4).

Conclusão

Pelo exemplo de Faraó podemos entender que a soberania de Deus trata também das obras contrárias da justiça divina. Entendemos, pelo homem ser responsável a honrar Deus em tudo, o homem é ímpio e julgado justamente por Deus. Podemos concluir, depois de estudar o exemplo de Faraó, que Deus não causou o pecado de Faraó. O pecado, rebelião e a inimizade contra Deus veio do coração do Faraó como todo o pecado vem do coração do homem (Jr. 17:9; Ec. 7:29; Mt. 15:18-20).

Não podemos entender tudo sobre a graça e a reprovação, mas, na realização de diferenças feitas entre os homens (I Co. 4:7), todas delas sendo segundo a vontade de Deus, podemos concluir como Jesus declarou: “Sim, o Pai, porque assim te aprouve.” (Mt. 11:26).

Nunca entenderemos todos os pensamentos de Deus (Sl. 147:5; Is. 55:8,9), mas, podemos entender, nos assuntos da eleição e da reprovação, que Deus é soberano sobre tudo. Ele pode agir com o que é Dele como Ele quer (Dn. 4:34,35; Mt. 20:15; Ef. 1:11; Rm. 11:36) para Sua própria glória.

É uma coisa horrenda cair nas mãos de um Deus vivo (Hb. 10:31). Cristo foi dado para a salvação de todo aquele que se arrependa e manda os que estão cansados e oprimidos pelos seus pecados a virem a Cristo. A verdade repetida pela Palavra de Deus é: os em Cristo têm vida eterna com Deus. Pecador, venha arrependendo-se dos pecados crendo em Cristo de coração. Conheça a misericórdia de Deus por Jesus Cristo. Senão, conhecerá a sua justiça na ira eterna (Mt. 11:28-30; Jo. 3:16-19, 36).

A Imutabilidade de Deus Considerada

O propósito de Deus trata de tudo, tanto o agradável (II Tm. 1:9), quanto o desagradável (At. 4:25-28; Ap. 17:17). A condenação de pecadores não arrependidos é segundo este propósito eterno também (Ec. 3:1; Ef. 1:11; Is. 46:10,11). Se o propósito é eterno para a salvação, também o é para a condenação. Deus não muda os seus propósitos em reação às decisões do homem pois Deus não muda (Ml. 3:6; I Tm. 1:17; Hb. 13:5; 6:17, “imutabilidade do seu conselho”; Tg. 1:17) e os seus propósitos são eternos (Is. 14:24; Ef. 3:10,11, “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor,”; II Tm. 1:9). Tanto no homem que finda no céu quanto no homem que finda no inferno, o propósito eterno de Deus é cumprido (Js. 11:18-20; Is. 46:10,11). Se é justo para Deus fazer algo em tempo, também é justo para Ele fazer o mesmo na eternidade.

Não posso determinar qual é o propósito de Deus para com você, mas posso dizer que a ação divina para com você é manifestada através da sua rejeição ou confiança em Cristo. Se arrependendo e crendo pela fé em Cristo conhecerá a misericórdia de Deus. De outra maneira terá a Sua condenação.

Deus é o Autor do Pecado?

Por Deus fazer o ímpio para o dia do mal (Pv. 16:4), e fazer tudo segundo a Sua vontade (Ef. 1:11) não afirma que Deus é o autor da impiedade do homem, o responsável pela sua condenação pecaminosa e nem o responsável pelo homem pecador sofrer no inferno. O homem pecou no Jardim do Éden, e peca ainda hoje por querer (Gn. 3:6; Ec. 7:29). A condenação vem sempre pela desobediência (Ez. 18:20; Rm. 6:23; 9:20-33; Jo. 3:19). O homem é o único responsável judicialmente pelo resultado da sua ação pecaminosa. Sem dúvida, o decreto eterno de Deus inclui a queda do homem no pecado mas não foi o decreto eterno que provocou a queda. Pelo homem pecar veio a queda (Gn. 2:17; 3:1-6). Considera o fato dos homens ímpios que crucificaram Cristo, fazendo tudo que Deus já anteriormente determinava. Considera que as suas ações foram consideradas “contra o Senhor e contra o Seu Ungido” evidenciando a culpabilidade dos homens que cometeram essas ações (At. 2:23; 4:25-28). A culpa nunca é pela determinação divina mas sempre pela ação pecaminosa do homem (Ec. 12:14; Ap. 20:13).

Procurar entender além do que Deus revela é abusar da curiosidade (Rm. 9:19-24). É importante considerar a verdade que Deus não julga o homem conforme a sua capacidade, mas segundo a sua responsabilidade (Tg. 4:17). O homem não tem capacidade de não pecar, mas, sem a menor dúvida, ele tem a responsabilidade de não pecar (Gn. 2:17; Êx. 20, a Lei de Moisés; Marcos 12:29-31). Uma vez que o homem pecou, Deus é justo em condená-lo eternamente segundo a Sua justiça apesar de qualquer determinação prévia.

Deus é justo para com todos. Ele também é misericordioso para com todos que estão em Cristo Jesus. Se estiver fora desta misericórdia, venha a Deus por Jesus Cristo se arrependendo dos seus pecados. Deus é grande em perdoar os que confiam em Cristo (Is. 55:7, “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.”)

O Proveito de Estudar e Pregar a Eleição

O estudo da eleição dá a devida glória a Deus. No homem natural, sem a graça de Deus, não habita bem algum (Rm. 7:18) e não pode fazer nenhuma coisa boa que agrada a Deus (Rm. 8:8) sendo que a inclinação da carne é apenas morte (Rm. 8:7). O desejo do homem natural não busca Deus (Rm. 3:11) e a sua mente não entende as coisas de Deus (I Co. 2:14). Tudo que Deus requer para a salvação, o arrependimento e a fé, não vem do homem mas de Deus (Jo. 1:12,13; 6:29, 44; At. 16:14; Ef. 2:8,9). A eleição incondicional, pessoal, particular e preferencial atribui a Deus, e somente a Deus, toda e qualquer obra boa que o homem vem a fazer para agradar a Deus. Tanto a santificação do Espírito quanto a fé na verdade é atribuída a Deus (Ef. 2:8,9) e, por isso, somos incentivados pela Palavra de dar graças a Ele por eleger os Seus para a salvação (II Ts. 2:13). Devemos observar nesse ponto que na salvação, o homem tem uma responsabilidade de escolher o arrependimento e a fé, mas o nosso estudo não é a responsabilidade do homem mas a eleição divina. Na salvação, o homem tem uma responsabilidade que exercita em resposta à operação divina, mas na eleição, apenas Deus opera.

O estudo da eleição é conveniente por ser uma verdade revelada na Palavra de Deus. Toda a Escritura é inspirada e portanto, é proveitosa (II Tm. 3:16). Os ministrantes de Deus, que querem ter uma boa consciência, têm responsabilidade de “anunciar todo o conselho de Deus” (At. 20:27). Se a eleição existe na Bíblia é porque ela é proveitosa e, sendo parte do cânon, deve ser anunciada. Há assuntos que não são revelados a nós, e estes assuntos não são para nós anunciarmos ou estudarmos, mas, os que são revelados, como é o caso da eleição, são tanto para nós quanto para nossos filhos (Dt. 29:29).

O estudo da eleição prioriza a fé sobre o raciocínio do homem. É uma verdade que a eleição não é entendida facilmente. Se não estudássemos os assuntos da eleição por serem difíceis de entender, mostraríamos uma falta de fé na inspiração das Escrituras e uma confiança maior no raciocínio do homem. Quando consideramos mais a lógica do homem do que as declarações divinamente inspiradas, duvidamos que elas sejam proveitosas para o ensino, a correção e o aperfeiçoamento dos servos de Deus. O deixar de crer no que a Bíblia claramente revela por não seguir a lógica do homem, seria dar primazia à lógica humana e não à fé. A fé não se manifesta naquilo que se pode racionalizar mas naquilo que se crê apenas por ser revelado pela própria Palavra de Deus (Hb. 11:1, 6). Deus não pede que entendamos tudo que é revelado pelas Sagradas Escrituras, mas espera que os que querem O agradar, crêem naquilo que Ele revela, pela fé.

O estudo e a proclamação das doutrinas da eleição fazem parte da adoração verdadeira. A adoração que Deus aceita é aquela que é segundo o Seu Espírito e conforme a Sua verdade declarada. Deus já expressou qual é a maneira que convém adorá-lo: Em espírito e em verdade (Jo. 4:24). Do próprio coração do homem natural não emana verdade mas somente a perversidade e o engano (Jr. 17:9; Mt. 15:11, 18-20), mas a verdade de Deus é Cristo (Jo. 14:6) e é ministrada em nós pelo Espírito Santo (Jo. 16:13; I Co. 2:14-16). Se a verdade importa na adoração verdadeira, e se a verdade vem de Deus, o estudo da eleição só pode agradar a Deus pois ela é a declaração da verdade. O estudo da eleição é aceita por Ele como aquela adoração que Lhe convém. Se as verdades da eleição forem ignoradas e não estudadas, a adoração a Deus pela declaração da verdade será comprometida. Verdadeiramente, pela eleição, um grau imenso do amor de Deus, da Sua misericórdia, da Sua justiça e dos Seus atributos santos são entendidos, e, esse entendimento agrada a Deus.

O estudo da doutrina da eleição promove crescimento espiritual. A obra do ministrante que é chamado para anunciar todo o conselho de Deus pela Palavra de Deus, quando exercitado corretamente, promove conforto na alma, edificação em espírito e conformidade à imagem de Cristo (Ef. 4:11-16; I Tm. 4:14-16). Não o ensino da verdade, mas a falta do ensino dela destrói, desestabiliza e engana. Jamais aquela que instrui, reprova, corrige e ensina seria para a destruição de qualquer membro na igreja. Os rudimentos básicos das doutrinas bíblicas são o leite racional que promove crescimento (I Pe. 2:2). A doutrina mais avançada, que inclui a doutrina da eleição, é mantimento sólido e faz os sentidos que por ela é exercitada a crescerem para o discernimento tanto do bem como do mal. (Hb. 5:11-14).

O estudo da eleição produz evangelismo bíblico. Nem todos que dizem: “Senhor, Senhor” agradam o Senhor Deus mas somente os que fazem a vontade do Pai (Mt. 7:21). Nem tudo que pode encher uma igreja ou arrumar seguidores é de Deus (At. 5:35-37; II Tm. 4:3,4). A eleição direciona e impulsiona os ânimos evangelizadores ao uso dos meios bíblicos, quais são a pregação de Cristo (Rm. 10:17; II Ts. 2:13,14) e a oração zelosa (Tg. 5:16; II Tm. 2:1-10). Um entendimento da operação de Deus pela eleição faz com que o evangelista não se contenta naquilo que é meramente visível mas naquele crescimento que vem somente de Deus (I Co. 3:6,7). A pregação bíblica inclui a eleição (Mt. 11:25,26; Jo. 6:37, 44, 65; 10:26) e é uma boa mensagem pois destrói qualquer esperança que o pecador possa ter em si mesmo ou numa obra humana ou religiosa. Pela pregação da eleição o pecador é incentivado a clamar ao Deus soberano para ter misericórdia na face de Jesus Cristo (Rm. 2:4; Is. 55:6,7). Esta é evangelização bíblica (I Co. 2:1-5).

 

Autor: Pastor Calvin Gardner
Correção gramatical: Edson Elias Basílio, 04/2008
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br