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Capítulo 4: O pecado Imperdoável

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“Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não será perdoado, nem neste século nem no futuro”. Mateus 12:31-32.

“Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do juízo eterno. (Porque diziam: Tem espírito imundo)”. Marcos 3:28-30.

“E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á perdoada, mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado”. Lucas 12:10.

O autor acredita que as passagens bíblicas acima podem todas ser aplicadas à questão do pecado imperdoável. Ele não acredita que Hebreus 6:4-8 e 10:26-31 tenha alguma coisa a dizer sobre o assunto. Sem dúvida, são um aviso solene contra a apostasia, mas não ajudam a definir o que é o pecado imperdoável. Quanto a I João 5:16, não estamos tão certos. O Dr. Broadus achava que se referia a tal pecado. Seja o que for, ele também não esclarece muito o que é pecado imperdoável (sem perdão ou que não tem perdão).

Infelizmente este é um assunto mal-entendido e sobre o qual muita gente abusa. Tememos que seja usado para amedrontar as pessoas não regeneradas (não convertidas ou salvas) para ajuntar-se a igreja tornando-as assim duas vezes filhas da ira. Opiniões erradas sobre o assunto lançam as pessoas no desespero e até mesmo na loucura.

UMA DISTINÇÃO NECESSÁRIA

Devemos fazer diferença entre um pecado não perdoado e o pecado não perdoável. Há muitos pecados que não são perdoados ainda, mas só um que é imperdoável. Todos os pecados dos não arrependidos e descrentes levam à perdição, mas só há um pecado que não tem perdão (que é imperdoável). Nosso Senhor, claramente fez a distinção entre o pecado que “nunca obterá perdão” e todos os outros que serão perdoados em caso de arrependimento e fé em Jesus Cristo.

O QUE O PECADO IMPERDOÁVEL NÃO É

1. Não é nenhum pecado contra os homens. Muitos são os pecados que os homens cometem contra os outros, tais como: homicídio, roubo, falso testemunho, maledicência e inveja. Mas, para estes, há perdão. Muita gente é culpada de tais pecados, mas através do arrependimento e fé em Cristo foram perdoados.

2. Não é nenhum pecado contra Jesus Cristo. Há muitos pecados contra o Filho do Homem, tais como negar Sua divindade, Seu nascimento virginal, Sua morte expiatória, ignorar que Ele é o Senhor, enfim rejeita-lO como o Senhor Jesus Cristo. São pecados terríveis, mas muitos que são culpados deles se arrependeram e creram em Cristo e foram perdoados. Se rejeitar Jesus fosse o pecado imperdoável, então quase todo mundo o teria cometido! Com certeza alguém que rejeitar Cristo até o fim, não será perdoado, mas isto não significa que ele tenha cometido o pecado imperdoável. Nosso Salvador deixou bem claro que não é pecado contra Ele, mas sim contra o Espírito Santo.

3. Não é nenhum pecado contra os dez mandamentos. Não há pecado falado nos dez mandamentos para os quais não haja provisão de perdão. Cristo morreu para redimir os pecadores da maldição da lei, portanto, deve haver perdão para cada parte da maldição.

4. Não é nenhum pecado contra Deus Pai. “Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada aos homens”.

5. Não é todo pecado contra o Espírito Santo. Há pecados cometidos direta e especificamente contra o Espírito Santo. Ele é entristecido, extinguido, ignorado e resistido. Os crentes O entristecem, extinguem e ignoram. Os descrentes resistem ao Espírito no ministério objetivo de Sua Palavra. Resistem-lhe ao rejeitarem o chamado do Evangelho e ao se oporem e perseguirem os pregadores de Sua Palavra. O Espírito Santo é o autor da Bíblia. Não deixe de abrir sua Bíblia em Atos 7:51-52, que é a única passagem no Novo Testamento onde há menção de se resistir ao Espírito. Aos judeus que o apedrejaram até à morte, Estevão disse: “Vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais?” Ao rejeitar a pregação de Estêvão, os judeus se comportavam como seus pais em relação aos profetas, e Estêvão chama isso de “resistir ao Espírito Santo”. Os descrentes resistem à chamada geral do Espírito na pregação da Palavra, até que esta resistência é vencida pela obra subjetiva do Espírito na chamada eficaz. O Dr. Broadus diz que resistir ao Espírito e blasfemar contra o Espírito “são coisas completamente diferentes”.

O QUE É O PECADO IMPERDOÁVEL

1. Diz-se claramente que é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Blasfemar é falar com injúrias contra alguém. É insultar ou caluniar alguém. Somente a blasfêmia contra o Espírito Santo não tem perdão. Os judeus em Antioquia falaram contra Paulo e sua doutrina: “blasfemando, contradiziam o que Paulo falava”. Atos 13:45. Paulo, antes de se converter, obrigava os crentes a blasfemarem. Atos 26:11. Ele diz que os judeus fizeram com que o nome de Deus fosse blasfemado entre os gentios. Romanos 2:24. Ele mesmo se considerava um ex-blasfemador. I Timóteo 1:13. Mas nenhum destes casos foi blasfêmia contra o Espírito Santo.

2. A passagem no início deste artigo nos dá um exemplo claro e inconfundível do que é a blasfêmia contra o Espírito Santo, sendo, portanto, exemplo de pecado sem perdão. Os fariseus blasfemaram contra o Espírito ao dizerem: “Tem espírito imundo”. Marcos 3:30. Mateus nos diz que eles atribuíram as obras miraculosas do Espírito em Cristo a Belzebu, o príncipe dos demônios. É óbvio, também, que blasfemaram contra nosso Senhor, ao dizerem que Ele tinha um espírito imundo, mas não foi isto que tornou o pecado sem perdão. Eles reconheceram o Espírito Santo no milagre, mas O caluniaram, chamando-O de espírito imundo. E, ao fazerem isto, tornaram-se culpados de um pecado eterno.

CONDIÇÕES SOB AS QUAIS O ESPÍRITO SANTO É BLASFEMADO

1. Deve haver uma obra inconfundível do Espírito. O Dr. Broadus achava que o pecado foi cometido em conexão com milagres públicos, portanto, não sendo cometido em nossos dias. Ele diz: “Não há aqui nenhuma alusão à obra e ao ministério graciosos e peculiares do Espírito em chamar, renovar e santificar a alma; é o Espírito de Deus dá poder para operar milagres”.

2. Deve haver reconhecimento que a obra é do Espírito. Paulo blasfemara de Jesus de Nazaré e foi perdoado, porque “havia feito isso na incredulidade”. I Timóteo 1:13. Ele não acreditava que Jesus nem fazia milagres pelo Espírito de Deus. Ignorava que o Espírito agia em Jesus. Cria sinceramente que Jesus era um impostor e que possuía um espírito maligno. Mas os fariseus não! Eles sabiam que os milagres eram feitos pelo poder do Espírito Santo, e blasfemaram contra Ele chamando-O Belzebu, um espírito imundo. Não era o caso de falha na identidade como foi com Saulo de Tarso. Thomas Goodwyn, um dos puritanos, diz que são necessárias as duas coisas ao se cometer o pecado imperdoável: “Luz na mente e malícia no coração”. Ansiedade ou medo de ser culpado de blasfêmias contra o Espírito Santo já é uma evidência em si, quando não se é culpado. Quem tem medo de tê-lo cometido pode ficar certo de que não o cometeu.

PORQUE A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO É IMPERDOÁVEL?

1. Não é por ser um pecado tão grande que o sangue de Cristo não possa expiar. Isto limitaria o valor intrínseco do Seu sangue. Cremos que a morte de Cristo é suficiente para a salvação de cada ser responsável, inclusive o diabo e seus anjos, se tivesse sido designada para eles.

2. Não é por ser um pecado tão grande que a graça de Deus não possa alcançar. “Onde o pecado abundou, superabundou a graça”. Isto é óbvio quando pensamos em alguns dos casos que Deus perdoou. Por exemplo: o rei Manassés, o filho mau do piedoso Ezequias, cuja carreira iníqua se encontra registrada em II Crônicas 33:2-7, 9-10. Com certeza, se fosse por causa da enormidade do pecado, Manassés seria este homem. É claro que se a enormidade da ofensa nos torna imperdoáveis, as que Manassés cometeu devem ser as tais. Com certeza, se houver crimes grandes demais que a misericórdia de Deus não salve, devem ter sido os de que este rei controlado por Satanás era culpado. Se houver um pecador com o qual o Espírito Santo não possa lidar, deve ter sido com este depravado que provocou a Deus de maneira tão grave. E mesmo assim, o capítulo final é a história de sua conversão. Considere também o caso de Saulo de Tarso, denominado o principal dos pecadores, o qual, pela graça de Deus, tornou-se o maior expoente da fé à qual se opunha. Verdadeiramente: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”.

3. O pecado imperdoável deve ser atribuído à vontade soberana de Deus. E Ele soberanamente (não disse arbitrariamente) determinou que há um pecado ao qual não perdoará. Ele poderia, se quisesse. Cremos como Jó, que disse: “O que a sua alma quiser, isso fará”. Jó 23:13. Há tipo de pecado para o qual não fez expiação. Há um tipo de pecado do qual o Espírito Santo não convence nem converte. Há um pecado que Deus não perdoará. A Bíblia o chama a blasfêmia contra o Espírito Santo e não nos atrevemos a chamá-lo por nenhum outro nome.

O Espírito Santo é assim altamente honrado por Deus. Sua personalidade e divindade podem ser negadas pelos homens e talvez se refiram a Ele com desprezo, mas o Espírito Santo é na verdade uma Pessoa de alta estima na Trindade.

O nome do Espírito dá
A Deus louvor imortal,
E com Seu poder de renovar
O pecador do mal:
Grande obra Seu trabalho completa
E de divina alegria deixa a alma repleta.

Published inDefinição de doutrina – Volume 2