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Capitulo 6: O Castigo pelo Pecado | Parte 1

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Este é um assunto muito sério. A carne não vai se divertir, mas o espírito pode ter lucro. É necessária muita graça para se ouvir, com proveito, a Palavra de Deus; a carne, que para nada aproveita, vai atrapalhar. Fizemos nossa parte com responsabilidade e a leitura deste assunto será pesada. Pedimos ao leitor interesse e esforço, a fim de chegar à verdade. Muita gente já destruiu o gosto pela leitura, ao alimentar a mente com literatura barata. O que muita gente lê revela a preguiça e depravação morais que tem. Exigem o que gratifica a concupiscência carnal. Somos, às vezes, acusados de falar acima da compreensão das pessoas, tratando sobre assuntos que não podem entender. Bem, o único meio pelo qual não falaríamos acima da compreensão das pessoas assim seria falar sobre temas de berçário.

Nenhum criminoso gosta de ser repreendido, falando-se do momento, lugar e natureza do castigo que lhe será aplicado. Nenhum perdido vai gostar de ouvir um sermão que fale sobre o castigo que receberá por quebrar a lei de Deus. Quando o pastor Russell estava falando a uma grande multidão, negando a verdade deste tema, um homem totalmente mundano prometeu-lhe uma doação generosa, porque o que ouvira o fizera ter certeza de que não há inferno. Quando Robert Ingersoll, certa vez, estava atacando a doutrina do castigo eterno; um bêbado levantou-se e disse: “Fale contra o inferno com muita ênfase, Bob, porque um bocado de nós depende de você”. Cada perdido tem a esperança vã de que não haja este lugar chamado inferno.

Existe uma negação geral à esta verdade sobre o castigo eterno. Acho que existe mais literatura escrita hoje contra esta verdade, do que contra qualquer outra verdade da Bíblia. Um grande amigo e irmão, o Dr. T. O. Reese, disse: “O assunto do castigo eterno é declaradamente a doutrina mais horrível e ofensiva que os crentes em Cristo defendem. Ela já foi estigmatizada como irracional, cruel, que desonra a Deus e quem a ensina e prega é chamado de “quadrado”, dogmático, fariseu e teólogo sem coração.

É difícil nomear uma seita moderna que não negue ou então que torne insignificante esta doutrina bíblica. Entre elas citamos grupos como: Testemunhas de Jeová, Adventistas e as religiões do oriente. Há indivíduos nas denominações evangélicas que com muita ousadia e fervor negam esta verdade. Não permitimos que nenhuma verdade seja rejeitada simplesmente porque os hereges assim o querem. Mas, havendo tantos deles de um lado do assunto, com certeza é preciso fazer-se uma reflexão séria e um desafio a “Examinai tudo. Retende o bem”. I Tessalonicenses 5:21.

Devemos pregar sobre este assunto, primeiro que tudo, porque ele faz parte da fé que nos foi entregue. Tudo o que Deus revelou em Sua Palavra deve ser nosso estudo e pregação. Assim, um estudo sobre esta verdade aumentará a gratidão dos salvos por tão grandiosa salvação. Eles verão que foram salvos de uma coisa, tanto quanto para uma coisa. Além do mais, um sermão sobre este assunto solene pode, querendo Deus, fazer o coração dos pecadores temer, ajudando-os a fugir da ira vindoura. “Porquanto há furor, guarda-te de que não sejas atingido pelo castigo violento, pois nem com resgate algum te livrarias dele”. Jó 36:18. “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”. Hebreus 9:27. “Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis”. Lucas 13:3.

A NATUREZA DO HOMEM

O homem é um ser composto de três elementos: corpo, alma e espírito. I Tessalonicenses 5:23. Podemos também pensar no homem como um ser duplo, quando desejamos fazer uma diferença entre o que é material e o que é imaterial. Nosso Senhor dividiu o homem em duas partes constituintes ao nos admoestar a não temer aquele que pode matar somente o corpo, mas “temer antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”. Mateus 10:28.

Sendo a alma a parte principal do homem, muitas vezes ela é usada como ele mesmo. Em Gênesis 2:7, lemos que Deus respirou nas narinas de Adão o fôlego da vida e ele se tornou alma vivente, isto é; uma pessoa viva, ou um homem vivo. Em Êxodo 1:5, lemos que setenta almas “procederam da coxa de Jacó”, significando setenta pessoas. Em I Pedro 3:20, vemos que oito almas, isto é; oito pessoas foram salvas do dilúvio. A palavra alma também é aplicada a uma morta. “Não se aproximará do corpo de um defunto”. A palavra para corpo aqui é nephesh (alma). Se traduzíssemos literalmente, a frase seria: “E ele não se chegará a uma alma morta”, isto é; uma pessoa morta. Contudo, nunca devemos dizer que alma e corpo são a mesma coisa, pois nosso Senhor claramente fez distinção entre estas duas partes.

O Novo Testamento refere-se à parte imaterial do homem como a pessoa real, fazendo distinção do corpo, como a casa na qual a pessoa vive. II Coríntios 5:1 diz: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus”. O verbo na primeira pessoa do plural (nós) que ocorre com freqüência nesta passagem representa a parte imaterial e invisível do homem, a qual habita por um tempo no corpo mortal. Depois ela sai para ir ficar com Cristo (os salvos). Com certeza, isto ensina a existência consciente com o Senhor após a morte.

As Escrituras também ensinam a existência consciente do perdido após a morte. O homem rico enfrentava sofrimento consciente, após a morte do corpo e Lázaro estava em conforto consciente. O corpo do homem rico estava sepultado e a alma ou espírito de Lázaro fora levada, pelos anjos, para o seio de Abraão. A experiência deles, após a morte, não podia ter sido corporal, portanto, pois possuíram outro elemento que tinha existência consciente após a morte.

NÃO É UMA PARÁBOLA

Não chamo a história de Lázaro e do homem rico de parábola. Nosso Senhor não disse: “Ouvi outra parábola”, nem o Espírito Santo diz que Ele falava por parábola. O seguinte comentário de bem conhecido escritor é digno de ser considerado.

“Não considero a história de Lázaro e do homem rico uma parábola, embora não crie controvérsia com os que a consideram assim. Ela não é chamada parábola, mas menciona nomes, coisa sem precedentes nas parábolas de Jesus. Prefiro olhar para o homem rico e Lázaro como personagens reais, cuja história neste mundo e no além é solenemente registrada por nosso Senhor, para proveito moral dos homens em todo lugar”.

O que se diz sobre os dois nesta vida combina bem com os fatos reais, portanto, o que se diz sobre eles na morte e depois dela também deve ser verdadeiro aos fatos. Admitimos que o tormento físico é simbólico, mas é um simbolismo do tormento da alma. O simbolismo é terrível? Então a verdade que se pretende ensinar também o é.

ESTÊVÃO, O MÁRTIR

Quando Estevão foi martirizado, seu corpo caiu morto sob uma chuva de pedras, porém ele disse a Cristo: “Senhor Jesus, recebe meu espírito”. Ato 7:59. A morte física é a separação do espírito do corpo. Tiago diz que o corpo sem o espírito é morto. Tiago 2:26.

A EXPERIÊNCIA DE PAULO

Paulo teve experiências maravilhosas por causa das quais recebeu um espinho na carne, a fim de mantê-lo humilde. Certa vez ele foi levado ao paraíso, onde ouviu “palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”. II Coríntios 12:4. Ele diz que não sabia se estava no corpo ou fora do corpo; só Deus sabia. Isto ensina, com certeza, que o espírito de Paulo podia existir separado do corpo conscientemente e ser inteligentemente ativo. Então, podemos ver por isso que o espírito do homem continua existindo depois da morte. O espírito do perdido vai para o inferno sofrer o tormento dos seus pecados e o espírito do salvo vai para o céu gozar na salvação e no Salvador para sempre. Paulo, como alguns fazem hoje, não achava que espírito do homem não continua existir depois da morte.

Published inDefinição de doutrina – Volume 2