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Capítulo 27: Adornando a doutrina de Deus, nosso Salvador

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A ênfase da carta de Paulo a Tito são as “Boas Obras”. Em Tito 1:16, ele escreve aos que professam um conhecimento de Deus, mas são “reprovados para toda boa obra”. Em Tito 2:7, ele exorta a Tito a ser um padrão ou exemplo de boas obras. No versículo 14, do capítulo 2, o Apóstolo diz que Cristo nos redimiu, para que pudesse ter um povo Seu que fosse “zeloso de boas obras”. Em Tito 3:1, a exortação é obedecer às autoridades civis e estar “preparado para toda a boa obra”. Contudo, no versículo 7, do capítulo 3, ele torna claro e positivo que não somos salvos por obras de justiça, mas sim de acordo com a misericórdia de Deus. O versículo 8, do mesmo capítulo, diz que os crentes devem “aplicar-se às boas obras e no versículo 14, somos mandados a “aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias”.

Tito, um jovem grego e também ajudante de Paulo, recebeu algumas tarefas bem difíceis. Parece que ele era mais forte que Timóteo, tanto na saúde quanto na coragem. O Evangelho de Cristo deve ter sido primeiramente pregado na ilha de Creta pelos judeus, que estavam em Jerusalém no dia de Pentecostes. Evidentemente, Paulo e Tito tinham ido lá, a fim de dar continuação ao trabalho e, quando Paulo foi embora, Tito ficou, a fim de pôr “em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros”. (Tito 1:5). Em outras palavras, Tito recebeu a tarefa de organizar os crentes em igrejas, com bispos ou presbíteros (que são os pastores) como líderes e supervisores. Esta carta foi escrita cerca de 65 d.C., uns 30 anos após a morte de Cristo.

Nesta epístola, Tito recebe uma mensagem para vários grupos e faixas etárias: velhos, jovens e escravos. E o motivo para todas as boas obras era que a Palavra de Deus não fosse blasfemada (2:5). E para que a doutrina de Deus, nosso Salvador, pudesse ser adornada (2:10).

É uma esperança maravilhosa que se deve mostrar aos crentes, a fim de que possam adornar o Evangelho de Cristo. E esta esperança foi mostrada, em primeiro lugar, aos escravos da ilha corrupta de Creta. Não era esperança de obter liberdade política, social ou econômica, mas de adornar a doutrina de nosso Salvador. Fica bem dizer aqui que para o crente é “o viver é Cristo e o morrer é ganho”. O melhor ainda vem para nós depois lá nos céus. O que o crente espera, está guardado para ele no céu. (Colossenses 1:5). Nossa herança está reservada no céu para nós. (I Pedro 1:4). Cristo não morreu para garantir uma vida fácil aqui, mas para nos assegurar um tempo glorioso por toda a eternidade. Isto não significa que os crentes não devem se interessar pelos direitos humanos e justiça social para todos sem distinção de cor, raça ou cultura. O crente verdadeiro está cônscio de suas obrigações para o bem de todos.

1. A POSSIBILIDADE DE ADORNAR A DOUTRINA DE CRISTO

O mundo julga a igreja pelo modo como seus membros vivem. Cada crente é um modelo prático do que a igreja ensina. Se tivesse dinheiro para investir e alguém o procurasse com uma nova invenção no papel, urgindo-o para ajudá-lo a patentear a invenção, se for sábio, primeiro lhe pedirá um modelo da invenção que funcione. Se tiver um câncer e alguém lhe recomendar certo remédio, primeiro vai querer saber se já houve casos de cura. Do mesmo modo, quando um crente professa que tem algo que faz alguém se tornar melhor – que encha essa pessoa com desejos novos, esperanças novas e novas alegrias – algo que a faça diferente do que era antes, é normal que o mundo pergunte: “É assim mesmo? Isto mudou sua vida? Ela é um modelo prático de cristandade?” O maior motivo que qualquer crente pode ter, é viver de uma maneira para que o mundo admita que há algo verdadeiro na religião de Jesus Cristo.

O pensamento é este: A doutrina de Deus, nosso Salvador é mais bonita, quando incorporada a uma vida. A prática tem que combinar com a profissão. A Bíblia é melhor ilustrada nas boas obras daqueles que professam tê-la como guia e modo de vida.

2. A ALTERNATIVA SOLENE

Ou adornamos a doutrina de Deus ou damos ocasião para que os outros blasfemem dela. Ou vivemos para Cristo ou estamos contra Ele. Somos um bom exemplo para o Evangelho ou uma vergonha para ele. Não existe meio termo. Ou lutamos o bom combate da fé ou nos rendemos ao diabo, à carne e ao mundo. Não se pode ficar “em cima do muro”. Ou estamos no campo da GRAÇA ou no da DESGRAÇA, que pertence ao diabo. No Dia do Senhor, estamos na casa de Deus com o povo de Deus ou então onde não devemos estar, se não houver nenhum empecilho?

Numa reunião de Alcoólicos Anônimos em Louisville, KY, EUA, há vários anos atrás, o líder foi de homem a homem e perguntou: Por que está aqui? Cada homem deu a mesma resposta: Se não estivesse aqui, estaria em outro lugar, bêbado. Esta é minha única proteção contra a embriaguês.

Que pastor já não se sentiu envergonhado por acusações feitas à sua igreja por causa do modo de vida de seus membros? Viver de modo temente a Deus talvez não o ajude aos olhos do mundo, mas ajudará sua igreja e impedirá que a doutrina de Deus seja blasfemada.

3. O TIPO DE VIDA QUE ADORNA A DOUTRINA DE DEUS

Deve ser uma vida de conformidade e consistentemente guiada pela Palavra de Deus. Uma vida que é basicamente diferente da vida mundana. Uma vida tão distinta que não seja preciso um microscópio, a fim de encontrar princípios cristãos nela. Muitos de nós parecemos ser crentes em certas ocasiões e algo completamente diferente em outras. Como os gálatas, que corriam bem, mas logo paravam. Ou como Rúben, o primogênito de Jacó, tão estável quanto a água (Gênesis 49:4) – que ninguém dependesse dele. Diz-se bem que a melhor habilidade é a confiança.

Suponha que todo mundo que já tivesse se unido à nossa igreja fosse fiel até o fim – que igreja teríamos! Quase todo mundo, vez por outra, já se meteu numa religião, mas tantos são superficiais e não perseveram. Cristo disse a alguns judeus que creram nEle: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”. (João 8:31). Perseverar na união com Jesus Cristo como Senhor e Salvador é grande marca de um crente realmente nascido de novo. Viver a vida cristã é às vezes, como juntar dinheiro: cuide das moedinhas menores que as células cuidarão de si mesmas. Cuide das virtudes mais simples, tais como um falar são, honestidade nas questões financeiras, manter a palavra, ser assíduo aos cultos, ser constante na oração e leitura bíblica – e as grandes coisas as acompanharão.

Veja como estes escravos na ilha de Creta iam adornar a doutrina de Deus. Eles deviam obedecer aos mestres, fazendo o que lhes mandavam, sem reclamar. Não deviam roubar dos mestres, mas mostrar fidelidade; assim adornariam a doutrina. Os escravos crentes, e havia muitos na igreja primitiva, eram diferentes dos outros escravos. Seja qual for o tipo de nossa sociedade, devemos ser diferentes do mundo lá fora, adornando assim, de modo lindo o Evangelho de Cristo. E agora para concluir.

4. COMO SE OBTÉM TAL VIDA

Como se consegue a força moral e espiritual para se viver assim? Não vamos esquecer que ninguém é capaz de viver sozinho de modo que adorne a doutrina. Cristo disse: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. (João 15:5). Deve haver comunhão íntima com Cristo, se quisermos tornar o Evangelho bonito. Ele deve primeiro nos fazer bonitos, antes de podemos fazer o mesmo por Ele. Precisamos estar no monte, como Moisés, em comunhão com Ele, se quisermos descer e andar por entre os homens, de modo a irradiar os princípios da religião verdadeira e adornar a doutrina de Cristo.

Conta-se a história de certa viúva, de 51 anos, que vivia na cidade de Oklahoma City, OK, EUA, à qual o médico disse que só teria um ano de vida, devido a problemas no coração. Esta senhora havia trabalhado muito e economizado um dinheirinho. Ao saber do que lhe estava reservado, tirou dez mil dólares do que havia juntado, a fim de gastá-lo em busca da felicidade. Ela pediu conselhos sobre como poderia gastar o dinheiro. Disseram-lhe que fosse viajar, mas ela não gostava disto. Disseram-lhe para comprar uma casa e carro novos, mas ela respondeu que a casa e o carro que tinha eram ótimos. Disseram-lhe que saísse pela noite, a fim de “aproveitar a vida”, porém ela respondeu que quando caía na jogatina, sempre ganhava. Pobre mulher desiludida! Como tal atitude é típica de multidões que têm como viver, mas não têm nada por que viver: não têm nenhum motivo nem objetivo dignos na vida. Que tanto o escritor quanto o leitor recebam graça, a fim de vivermos de modo a adornarmos a doutrina de Deus, nosso Salvador!

Guia, ó Deus, a minha vida
Neste mundo de aflição,
Frágil sou em minha lida,
Mas é forte a tua mão.
O meu ser de paz reveste,
Livra-me da tentação,
Livra-me da tentação.

—William Williams, O Hinário para o Culto Cristão, Guia, ó Deus, a Minha Vida, Nº 42

Published inDefinição de doutrina – Volume 2