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Os grandes feitos ou sofrimentos são totalmente vãos sem a caridade

O amor bíblico e seus frutos – Exposição de 1 Coríntios 13 – Capítulo 3

“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (I Coríntios 13: 3).

Tendo considerado os dons extraordinários, e o vazio deles, à parte do amor Cristão, o apóstolo agora trata do assunto quanto à sua natureza moral. Este verso menciona dois itens: primeiro, nossos feitos, como por exemplo, dar tudo aos pobres; e em segundo lugar, entregar-se para ser queimado como um mártir. Ajudar os pobres era algo comum e necessário na igreja primitiva, devido às perseguições e também às necessidades daqueles que estavam envolvidos na pregação do evangelho em tempo integral. Em ambas as cartas enviadas à igreja em Corinto, Paulo fala da oferta a ser enviada ao santos na Judéia, que passavam por um período de grande necessidade. Entretanto, aqui ele fala aos irmãos em Corinto, que eles poderiam dar tudo por esta causa, mas que isto não teria valor algum, caso eles não fossem motivados pelo amor. Então ele menciona aqueles sofrimentos extremos, como o de ser consumido pelas chamas da perseguição. Nesta ocasião muitos foram chamados para contribuir, não somente com os seus bens, mas também com seus corpos, através da morte agonizante. Porém, tudo isso seria em vão, se não fosse acompanhado com os frutos genuínos da caridade, os quais como já vimos, é a soma da graça distintiva no coração.

A doutrina declarada aqui é esta: tudo o que os homens podem fazer ou sofrer, nunca pode ser maquiado pela falta do amor sincero no coração.

I. GRANDES FEITOS E GRANDES SOFRIMENTOS PODEM EXISTIR SEM AMOR.

Este mesmo apóstolo conhecia muito a respeito dos grandes feitos. Em Filipenses capítulo 3 ele lista alguns dos seus próprios feitos, e isto antes de sua conversão. Assim como o Fariseu que orou no templo em Lucas 18: 11-12. Quantos desses feitos são realizados sem que haja um amor sincero de coração, cuja motivação é apenas a própria fama, ou outra forma de orgulho, ou medo do inferno, ou mesmo apaziguar a Deus!

Além disso, considere quantos grandes sofrimentos tem sido feito sem o verdadeiro amor Cristão. Os Fariseus, e muitos Romanistas após eles, voluntariamente se submeteram a inúmeros autoflagelos. Muitos pagãos que não se submeteram aos mandos do Império Romano, acabaram morrendo como mártires, por causa de suas religiões pagãs. Muitos mulçumanos voluntariamente deram suas vidas nas cruzadas, visando um paraíso melhor. No entanto, nenhum destes morreu tendo como fundamento o amor divino em seus corações. (mas o número de mártires pela causa do verdadeiro Cristianismo vai muito além do que todos eles.)

II. GRANDES FEITOS E SOFRIMENTOS NÃO PODEM COMPENSAR A FALTA DE AMOR.

E isto por causa dos seguintes pontos:

As coisas exteriores não têm valor algum em si mesmas aos olhos de Deus. Sem o principio de um amor vivo em seu interior, todas as obras externas não passam, aos olhos de Deus, de ações de objetos inanimados. A nossa obediência externa, à parte do amor verdadeiro, podem até se comparar ao ouro ou as pérolas, das quais Deus não tem necessidade alguma. Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas… Se eu tivesse fome, não to diria, pois meu é o mundo e toda a sua plenitude (Salmo 50: 10, 12). Porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração (I Samuel 16: 7). Deus não está interessado nos grandes feitos ou sofrimento dos homens. Ele esta interessado nos motivos, propósitos, e a finalidades de tais sofrimentos.

Sem sinceridade de coração, nada é verdadeiramente dedicado a Deus. Cada ato de adoração deve primeiramente envolver o entendimento (mente), as afeições (emoções), e a vontade. De outra forma, o que ocorre é apenas algo mecânico, como um instrumento tocando-se a si mesmo. Muitas ações consideradas como um ato de adoração, não passam de adoração que os homens fazem a si mesmos, já que o objetivo final é a sua própria honra e proveito. Isso é um verdadeiro deboche a Deus, pois nada é realmente dedicado a Ele.

O amor é a soma de tudo o que Deus requer de nós. É absurdo imaginar que qualquer outra coisa possa compensar a soma de tudo aquilo que Deus realmente requer de nós. Ao negligenciarmos o amor, nós estaremos negligenciando totalmente aquilo que Deus requer. É absurdo pensar, que podemos resolver um problema de débito pagando outra conta. E é mais absurdo ainda quando pensamos que pagamos tudo o que devíamos, e na verdade não pagamos absolutamente nada, e continuamos a reter aquilo que nos é requerido.

Uma demonstração externa de amor, sem o verdadeiro amor de coração, é hipocrisia e mentira. Toda a lisonja e adulação do mundo não podem enganar a Deus. Nunca poderemos compensar a falta de amor mentindo.

Sem amor, sofrimentos e grandes feitos são apenas ofertas dedicadas a algum ídolo. Aquilo que não é verdadeiramente oferecido a Deus, está sendo oferecido na verdade a alguma pessoa ou coisa. De qualquer forma, isso não deixa de ser um ídolo. Que tolice imaginar que podemos compensar a adoração devida a Deus ao oferecermos a mesma a um ídolo nosso! Uma mulher poderia compensar a falta de amor para com seu marido ao dedicar este amor a um estranho?

Vamos fazer algumas aplicações práticas desta verdade.

I. Devemos examinar a nós mesmos.

Talvez você tenha feito muito, sofrido muito, mas a questão que realmente importa é: o seu coração foi realmente sincero em tudo isso, e tudo o que você realizou foi realmente visando a Deus e Sua glória? É claro que todo Cristão reconhece que há um certo grau de hipocrisia no seu próprio coração, mas será que há sinceridade também? A despeito da nossa hipocrisia, Deus está interessado em qualquer manifestação de sinceridade da nossa parte. Um copo de água fria, dado com amor Cristão a um discípulo, é de maior valor aos olhos de Deus do que a abdicação de todo um reino a favor dos pobres, sem este amor.

Vamos observar quatro coisas quanto a sinceridade. Sinceridade consiste em:

– Verdade. As ações devem demonstrar a verdade que há no coração. Eis que amas a verdade no íntimo (Salmo 51: 6). Isso é o mesmo que ser alguém em quem não há dolo (João 1: 47). Examine-se a sim mesmo: Há apenas aparência de amor em suas ações para com Deus?

– Liberdade. A obediência Cristã é similar a de uma criança, e não a de um escravo. Não é algo que se força exteriormente, mas que brota naturalmente de dentro. Examine-se a si mesmo: Você escolheu a Deus por aquilo que Ele é, por se deleitar nEle?

– Integridade. Isto é, um coração sincero é aquele totalmente entregue a Deus. Tanto o corpo quanto a alma estão unidos no serviço e temor a Deus. Examine-se a si mesmo: Todas as suas faculdades se rendem em obediência a Cristo, e se colocam em sujeição a Sua vontade?

– Pureza. Devemos nos opor fortemente ao pecado de qualquer tipo. Examine-se a si mesmo: Você abriga algum tipo de pecado, ou o seu amor a Deus é sincero e puro?

II. AS ALMAS PERDIDAS DEVEM SER CONVENCIDAS.

Sem o verdadeiro amor no coração, renovado pela graça regeneradora, você pode até negar a si mesmo e sofrer muito, mas tudo isso em vão. Nenhuma destas coisas pode expiar os seus pecados ou torná-lo agradável diante de Deus. Você pode ficar alegre por fazer alguma coisa para tentar compensar a falta de graça em seu coração, mas não há substituto algum para isso. Não tente descansar em nada daquilo que você tem feito ou sofrido, mas descanse somente em Cristo. Procure preencher o seu coração com um amor sincero a Cristo, para que Ele seja o seu tudo.

III. OS CRISTÃOS DEVERIAM VALORIZAR GRANDEMENTE A PRESENÇA DO AMOR CRISTÃO EM SEUS CORAÇÕES.

Já que ele é a soma de todas as virtudes, e tudo mais nada significa sem ele, vamos buscá-lo com diligência e oração. Somente Deus pode nos dar um coração assim. Podemos ser chamados a trabalhar e sofrer muito, mas nunca devemos descansar nisso, pois são apenas evidências externas. Um amor sincero de coração é a coisa principal, sem o qual as nossas melhores obras só intensificam a nossa condenação.

Published inO amor bíblico e seus frutosVida cristã