Há questões que surgem relacionadas ao batismo administrado por João Batista. Jesus Cristo, por exemplo, perguntou às autoridades religiosas de Jerusalém: "O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me." (Marcos 11:30).
A questão que temos diante de nós, agora, é: O batismo de João foi um batismo cristão? Ou foi um outro batismo peculiar a ele?
Nós nos adiantamos em responder, com base nas provas seguintes, que o batismo administrado por João foi realmente um batismo cristão.
I. O Batismo de João satisfazia o requerimento a respeito da autoridade para o batismo cristão. A autoridade para administrar o batismo vem de Jesus Cristo. É o único que concede o Grande Mandamento (Mateus 28:19f), que inclui a autoridade para batizar discípulos de todas as nações. Salientou Sua autoridade para fazer isso, afirmando que Ele possuí "toda autoridade... no Céu e sobre a Terra". A autoridade para o batismo cristão vem de Jesus Cristo e não de qualquer organização terrena.
João Batista batizou com essa mesma autoridade, apesar de ela ter sido concedida a ele em um tempo bem anterior. Cristo indicou essa verdade, quando disse: "O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me." (Marcos 11:30).
Aqueles a quem a questão foi feita sabiam muito bem que o batismo de João foi autorizado pelo céu, e não por alguma organização terrena ! especialmente suas próprias! Desde que foi autorizado pelo Céu, foi autorizado por Cristo.
II. O Batismo de João satisfazia o requerimento a respeito do administrador do batismo cristão.
O administrador adequado do batismo cristão é um pregador do evangelho, enviado por Cristo. Isso está evidente no Grande Mandamento entregue para os "onze discípulos" que Cristo tinha escolhido para o ministério do evangelho.
João Batista satisfazia essa exigência. Ele era "um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele"(João 1:6f). João admitiu a autoridade que Deus lhe havia concedido a fim de administrar o batismo: Ele "me mandou a batizar com água" (João 1:33).
III. O Batismo de João satisfazia o requerimento a respeito da forma do batismo cristão.
A forma do batismo cristão é a imersão na água. Essa forma é requisitada pelas palavras no texto grego do Novo Testamento designando batismo, o substantivo baptisma e o verbo baptizo. Todo o confiável léxico grego cita "mergulho/imerso" como primeiro significado desse verbo grego. Portanto, relatos bíblicos descrevendo o batismo envolvem imersão. Por exemplo, lemos, em Atos 8:38f, "e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E...saíram da água".
O batismo administrado por João o Batista satisfazia esse requisito. "João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas" (João 3:23). João batizava "no Jordão" (Mateus 3:6). Quando Jesus foi batizado por João: "Jesus saiu... da água" (Mateus 3:16; Marcos 3:9f). Descrições de João derramando ou aspergindo água sobre a cabeça de Jesus Cristo não só são sem respaldo bíblico, mas também são contrários aos acontecimentos bíblicos. O homem de quem aqui falamos era chamado "João o Batista" (do grego baptitees), não João o que espalha, nem João o que derrama, nem João o que lava.
IV. O Batismo de João satisfazia o requerimento a respeito do candidato para o batismo cristão.
O único candidato adequado para o batismo cristão é o discípulo já salvo de Jesus Cristo. Isso é evidente no Grande Mandamento, em que Cristo ordenou a seus pregadores primeiro "fazer discípulos", ato que deveria ser seguido pelo "batismo deles". Um discípulo de Cristo é um crente arrependido em Cristo, alguém que seguiu seu mandamento: "Arrependei-vos, e crede no evangelho" (Marcos 1:15) e, portanto, aquele que exercita ambas coisas, "a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (Atos 20:21). Portanto, ninguém é um candidato apropriado para o batismo cristão até que tenha se arrependido de seus pecados e acreditado em Jesus Cristo. Por isso, no dia de Pentecostes, Pedro exortou seus ouvintes: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado..." Então aqueles que receberam de bom grado (isto é, acreditaram) na sua palavra (isto é, o evangelho que ela pregou) foram batizados (Atos 2:38, 41).
O batismo administrado por João o Batista, satisfazia esse requerimento. "João veio... pregando o batismo de arrependimento" (Marcos 1:4; Lucas 3:3). João declarou: "Eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento" (Mateus 3:11). Exigia que, aqueles que viessem até ele para o batismo, produzissem "pois, frutos dignos de arrependimento" (Mateus 3:8). O arrependimento daqueles que ele batizou evidencia-se no sentido de que "eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados" (Mateus 3:6). Paulo, o apóstolo de alguns anos posteriores, por isso, confirmou: "Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo" (Atos 19:4, compara com 13:24).
Enquanto João foi enviado para batizar aqueles que acreditavam no Cristo ainda a ser revelado, e os apóstolos de Jesus foram enviados para batizar aqueles que acreditavam no Cristo já revelado, o fato permanece que ambos João e os discípulos de Jesus administraram o batismo de crentes. E desde que os crentes em Cristo são salvos por meio da fé que têm Nele (Atos 16:31), ambos João e os discípulos batizavam pessoas já salvas, não pessoas desejando ser salvas por meio do batismo. Nem João nem os discípulos de Jesus batizaram criancinhas, porque elas são incapazes de acreditar em Cristo para salvação.
V. O Batismo de João satisfazia o requerimento a respeito da confissão dos pecados perdoados no batismo cristão.
Pedro expressou esse requerimento no Dia de Pentecostes, em sua exortação para "ser batizado... para a remissão dos pecados" (Atos 2:38). Isso não é dizer que os pecados, atualmente, são perdoados no batismo. O batismo é uma ordenança e somos claramente avisados de que as ordenanças "nunca podem tirar os pecados" (Hebreus 10:11). A remissão dos pecados foi obtida pelo sangue de Jesus Cristo, de acordo com Seu próprio testemunho (Mateus 26:28): "Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados" (cf. Hebreus 9:26). A remissão dos pecados é recebida através da fé em Jesus Cristo (Atos 10:43): "A este dão testemunho todos os profetas, de que todos o que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome". A remissão dos pecados é testificada no batismo cristão. Ou seja, aquele que é batizado de acordo com as Escrituras declara que a remissão dos pecados foi obtida através de Jesus Cristo, e recebida pela fé Nele. O batismo cristão, portanto, "não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus" (I Pedro 3:21).
O batismo administrado por João o Batista satisfazia esse requerimento (Lucas 3:3): "E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados". A única diferença entre o batismo para a remissão dos pecados administrado por João o Batista e o de Pedro, o apóstolo, é que o primeiro aguardou o porvir e o último rememorou a remissão dos pecados obtida pelo sangue derramado de Jesus Cristo.
VI. O batismo de João Batista foi o único administrado até Jesus Cristo e um dos poucos de seus primeiros discípulos.
Sabemos que João batizou Cristo por causa do que está registrado em Mateus 3:13-17: "Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele". Temos boas razões para admitir que João também batizou alguns dos primeiros discípulos de Cristo. Sabemos que foram batizados por alguém e que esse alguém não era Cristo (João 4:2): "Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos". E pelo fato de o batismo que receberam de João ser o único batismo que já tinham recebido, e por causa de o batismo deles ser seguramente um batismo cristão, e pelo fato de o batismo cristão que administravam ser contemporâneo ao de João, podemos concluir que o batismo administrado por João o Batista era um batismo cristão.
Sendo esse o caso, devemos considerar o exemplo registrado em Atos 19:1-7, considerando os doze homens que Paulo encontrou em Éfeso, os quais diziam ter recebido o batismo de João o Batista. Confrontamo-nos com dois problemas textuais nessa passagem. No verso 2b, confessaram: "Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo". No verso 5, lemos: "E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus". Se ignorassem a existência do Espírito Santo, evidentemente não teriam recebido o batismo cristão, nem através de João nem pelos discípulos de Cristo (Mateus 3:11; 28:19). (Talvez alguém falsamente proclamando administrar o batismo de João os tenha imergido.) Eles, portanto, acreditando na mensagem de Paulo, receberam o batismo cristão administrado por Paulo. Mas, se eram ignorantes somente da vinda do Espírito Santo (Em Pentecostes, Atos 2), foram batizados de acordo com as Escrituras, quando receberam o batismo de João e, assim, não precisavam ser batizados por Paulo, mas, através da mão de Paulo, o Espírito Santo desceu sobre eles. Seja qual for o caso, o batismo administrado por João o Batista não foi falho.
Como João Batista, dizemos a você: "Arrependa-se de seus pecados, creia em Cristo Jesus e seja batizado para a remissão dos pecados.
Mensagem Radiofônica nº 457 - 5 de Janeiro de 2003
Autor: Daniel E. Parks