Artigo 9

O PROPÓSITO DIVINO DA GRAÇA

Cremos que as Escrituras ensinam que a eleição é o propósito eterno de Deus, segundo o qual Ele, misericordiosamente, regenera, santifica e salva pecadores 1, que estando em perfeita coerência com a livre ação do homem, compreende todos os meios para garantir o fim almejado 2, que é uma gloriosíssima demonstração da bondade soberana de Deus, sendo infinitamente graciosa, sábia, santa e imutável 3, que exclui totalmente a jactância, mas promove a humildade, o amor, a oração, o louvor, a confiança em Deus e uma imitação da Sua livre misericórdia 4, que estimula o mais sincero emprego de meios bíblicos 5, que pode ser verificada pelos efeitos que produz em todos aqueles que verdadeiramente crêem em Cristo 6, que é o alicerce da segurança cristã 7, e que a assegura em relação a nós mesmos, exige e merece a maior diligência 8.

1. Cremos que as Escrituras ensinam que a eleição é o propósito eterno de Deus, segundo o qual Ele, misericordiosamente, regenera, santifica e salva pecadores 1

II Timóteo 1.8,9, “Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro Seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus, 9 Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o Seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”.

Na eternidade passada, em um conselho entre as Pessoas da Trindade, a redenção do homem pela graça de Deus foi considerada. Por Deus ter feito algo, o Seu propósito é revelado. Por Deus ser imutável, este propósito é necessariamente eterno. Da mesma forma, por Deus ter salvado qualquer pecador, o Seu propósito é revelado. Por Deus ser imutável, o propósito de salvar aquele pecador é, necessariamente, eterno. Chamamos este propósito eterno de salvar o pecador através da: eleição pela graça. A Bíblia revela essas verdades, claramente: “Como também nos elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor”, Ef 1.4; “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas”, Hb 13.20; “Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro Seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus, Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o Seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”, II Timóteo 1.8, 9.

Mesmo que o homem ainda não tenha sido criado, e, portanto, não caído no pecado, é evidente que a necessidade da sua salvação foi programada já antes da fundação do mundo: I Pedro 1.18-21, “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, 19 Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, 20 O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós; 21 E por Ele credes em Deus, que O ressuscitou dentre os mortos, e Lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus”; “... embora as Suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo”, Hb 4.3. O conselho eterno programou a salvação eterna pela graça. Por isso Jesus veio “buscar e salvar o que se havia perdido” (Lu 19.10).

A condição do homem necessita que a sua salvação seja pela graça. E é nisso que cremos: ‘que a eleição é o propósito eterno de Deus, segundo o qual Ele, misericordiosamente, regenera, santifica e salva pecadores’. Por Deus propor salvar pecadores é declarada que a salvação somente seria pela graça. A condição do homem pecador é chocante. O seu coração enganoso perverte o seu entendimento de Deus ao ponto de crer que a fonte pecadora pode produzir uma justiça cristalina para agradar ao Deus Justo (Jr 17.9; Tg 3.11; Is 64.6, “todas as nossas justiças como trapo da imundícia”). O homem pecador é sujo da planta do seu pé até a coroa da sua cabeça, e de dentro para fora. Por ser pecador, totalmente, em tudo, ele é, completamente, condenando diante de Deus (Rm 3.10-18; Jo 3.19). Por ser pecador, ele é inimigo de Deus não podendo agradá-Lo em nada e nem entender a Sua palavra (Rm 8.6-8; I Co 2.14). Se existir apenas um pecador regenerado, santificado e salvo, tal salvação é, inteiramente, pela graça: Ef 2.5, 8, “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 8, Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”.

Por isso, cremos que a eleição é o propósito eterno de Deus, segundo o qual Ele, misericordiosamente, regenera, santifica e salva pecadores - Efésios 1.3-14; I Pedro 1.1,2, 20; Romanos 11.5,6; João 15.16; I João 4.19; Oséias 12.9.

Você se vê com a condição de um pecador condenado diante de um Deus Justo? Humilha-se diante dEle, confessando os seus pecados. Crê no Filho de Deus, Jesus Cristo, a Quem o Pai deu em misericórdia, de todo Seu coração. Agindo assim, você será perdoado por Ele e ganhará uma vida nova, uma vida espiritual.

2. Cremos ainda que esta eleição pela graça está em perfeita coerência com a livre ação do homem, e ela ainda compreende todos os meios para garantir o fim almejado 2

II Tessalonicenses 2.13-14, “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14 Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.”.

É nesse ponto que muitos teólogos se afundam. A distinção da salvação sendo programada “antes da fundação do mundo” por um Deus soberano, sem a cooperação do homem, pois homem algum existia quando Deus programou, mas sabe-se que foi efetuada pelo homem com a perfeita coerência e com a sua livre ação. Aparentemente, ela apresenta uma dificuldade enorme.

A Bíblia enfatiza que o homem é responsável pelas suas ações (Ez 18.20; Ec 12.14 Ap 20.12, 13). A responsabilidade estabelece que o homem seja um agente livre. Isto quer dizer que o pecador responsável age para com Deus na salvação, mesmo rejeitando-a, sem ser coagido. A vontade do homem é livre para agir segundo a sua natureza. O arbítrio do homem é servo dessa vontade que é livre dentro da sua natureza. O arbítrio é preso para escolher conforme aquilo que o coração pecaminoso deseja (Jr 16.12, “eis que cada um de vocês anda segundo o propósito do seu mau coração, para não dar ouvidos a Mim”; Rm 2.5, “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus”). Sim, o homem pecador é livre para agir e ser responsável pelas suas ações.

Recapitulando quanto ao homem ser responsável, é claro que ele é um agente livre. Pelo fato do seu arbítrio ser preso ao que a vontade do coração deseja, é estabelecido o fato de que o homem age sempre segundo a sua natureza. Podemos afirmar da livre ação do homem diante de uma salvação que é inteiramente pela graça operada pelo soberano Deus porque a Bíblia assim ensina. Ao dizer que o homem tem uma ação livre para com Deus não elimina o fato de que o Deus Soberano usa meios eficazes para garantir o fim que Ele deseja. É assim que cremos.

Na conversão, a operação graciosa de Deus não viola a vontade natural e pecaminosa do homem. Contudo, pelos meios que Deus ordena, o entendimento do eleito é iluminado e ele descobre a verdade da sua condição perdida diante de Deus. Diante desse entendimento íntimo no coração, o pecado torna a ser aborrecido, e o perdão de Deus é procurado. Ainda mais, Cristo é visto como o Salvador eficiente para todas as suas necessidades, e o pecador arrependido tem tanto o querer como o efetuar para operar “segundo a Sua boa vontade” (Fl 2.13; Sl 110.3). Tudo isso é visto em João 1.12, 13, “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no Seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Confere: At 13.48.

Como a eleição pela graça é uma obra graciosa de Deus sobre o coração do pecador, também entendemos que essa obra de Deus compreende todos os meios para garantir o fim almejado. Cristo veio em carne para ser o sacrifício idôneo, feito pecado no lugar dos pecadores arrependidos para que estes tivessem as Suas justiças pelas quais estes pecadores crentes fossem levados a Deus (II Co 5.21; I Pd 1.18-20). Portanto, Cristo é o meio pelo qual o pecador chega justificado diante de Deus. Todavia, como pode qualquer pecador conhecer a Cristo se Ele não fosse pregado (Rm 10.13-15)? Os meios, então, que Deus usa para garantir que os Seus venham a Ele por Cristo, são o Espírito Santo aplicando a Palavra de Deus pregada ou lida: II Ts 2.13-14, “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14 Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo”. Quando a Palavra de Deus é pregada, o Espírito Santo aplica-a ao coração do pecador para que esse venha crer em Cristo. Confere: Jo 6.39, 40, “aquele que vê o Filho, e crê nEle, tenha a vida eterna”; 10.16, “e elas ouvirão a minha voz”; At 16.14, “o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia”. Por esses meios poderosos, Deus garante o fim almejado.

Você se vê como pecador culpado e perdido? Essa condição de ser um pecador o aborrece por causa do seu pecado ser contra Deus? Está entendendo a verdade que Cristo foi feito pecado para que o pecador arrependido seja levado a Deus, justo, limpo e salvo? Então, creia pela fé nEste Salvador bendito, Jesus Cristo, e você será salvo!

3. Cremos ainda que esse propósito da eleição é uma gloriosíssima demonstração da bondade soberana de Deus, sendo infinitamente graciosa, sábia, santa e imutável.

Êxodo 33.18-19, “Então ele disse: Rogo-Te que me mostres a Tua glória. 19 Porém Ele disse: Eu farei passar toda a Minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem Eu tiver misericórdia, e Me compadecerei de quem Eu Me compadecer.”; Deuteronômio 7.7,8; Mateus 20.15; Efésios 1.11; Romanos 9.23-24; Jeremias 31.3; João 6.37-40; Romanos 11.28-29; Tiago 1.17-18; II Timóteo 1.9; Romanos 11.32-36.

A Bondade é de Deus

A eleição é uma gloriosa demonstração da bondade soberana de Deus. Deus determinou ser bondoso para com “o que se havia perdido” (Lu 19.10). Mc 13.20, entre muitas outras passagens bíblicas (Dt 7.7,8; Mt 20.15; Ef 1.4, 11; Rm 9.23-24; Jr 31.3; Jo 6.37-40; II Tm 1.9), enfatiza que a eleição vem de Deus, “E, se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias”. Deus, e não o homem, é responsável pela eleição.

Deus determinou quais são Seus eleitos baseando essa determinação na Sua bondade somente e não no que o homem faria em tempo futuro. A eleição é para a salvação, uma salvação tal que leva o salvo a ser santo e irrepreensível. A santidade é o efeito da bondade da eleição de Deus. A santidade do homem não é a causa da eleição (Ef 1.4). Graças a Deus pela Sua bondade! O homem pecador é naturalmente e espiritualmente ignorante da Palavra de Deus (I Co 2.14), sem capacidade nenhuma de agradar a Deus (Rm 8.7-6-8; Ef 2.1), sem desejo de crer no Evangelho (I Co 1.23) e, ativamente, o inimigo de Deus (Rm 8.7). Entendendo essa condição universal de todo pecador, podemos perceber melhor que essa obra de eleição de Deus tem que ser pela Sua bondade. Não há dúvida, Deus elegeu em amor (Dt 7.7, 8; Jr 31.3; I Jo 4.19).

Se tiver um pecador desejoso de confiar nessa bondade divina que trouxe Jesus Cristo para ser o único substituto idôneo no lugar do pecador arrependido, dando a ele a Sua justiça, a mensagem de Deus é: Arrepende-se e confia pela fé em Cristo Jesus! E já!

Bondade Soberana

O propósito divino da bondade de Deus é um exercício de um Deus soberano. O termo “soberano” talvez não seja conhecido por todos. Significa: Que detém poder ou autoridade suprema, sem restrição nem neutralização (Dicionário Eletrônico Aurélio, Ver. 3, Nov. 1999). Quando falamos de um país sendo soberano, queremos dizer que tal país é autônomo, independente e livre para programar a sua própria política. Pode haver muitos países soberanos existentes em um determinado tempo. Todavia, quando falamos de Deus, somente um pode existir. E existe somente um Deus vivo e verdadeiro (Dt 6.4; I Ts 1.9). Graças a Ele que este Deus soberano é bondoso!

A Sua soberania se entende pela Sua declaração a Moisés na época em que Israel fez para si o bezerro de ouro: “e terei misericórdia de quem Eu tiver misericórdia, e Me compadecerei de quem Eu Me compadecer.” (Ex 33.19). Séculos depois, o Apóstolo Paulo, falando do propósito de Deus segundo a eleição, cita essa mesma verdade “Compadecer-Me-ei de quem Me compadecer, e terei misericórdia de quem Eu tiver misericórdia”, Rm 9.15. O propósito da graça divina não é motivado pelo desejo do homem nem pelo esforço do homem, mas de Deus, que Se compadece (Rm 9.16). Se você espera ter essa misericórdia de Deus aplicada à sua vida, é necessário olhar para Ele, pois tal bondade vem soberanamente somente dEle.

Este Deus soberano declara a todos que estão cansados e oprimidos dos seus pecados a virem a Cristo pela fé (Mt 11.28-30). O pecador que nega submeter-se a este Soberano, condena-se a si mesmo à separação eterna da presença da bondade desse soberano Deus (Jo 3.36). Não persista no seu pecado! Arrependa-se e creia em Cristo Jesus, o perfeito Salvador (Hb 7.24, 25). Deus é O Soberano Justo, mas especialmente bondoso para com todos que estão em Cristo.

Bondade Graciosa

O propósito divino da graça na salvação é uma demonstração da Sua bondade graciosa. Como pela graça? Todo pecador é, completamente, vazio de qualquer coisa que agrada ao Deus soberano (Rm 3.10-18; Is 64.6). Se Deus trata qualquer um com a Sua bondade, então pode ser somente uma bondade graciosa. Desde que nenhum pecador pode em si mesmo vir a Deus (Jo 15.5; 6.44, 45), é claro que, se houver um pecador em Cristo feito justo perante Deus, será unicamente por causa da bondade graciosa de Deus (Ef 2.4-10).

Essa bondade graciosa é percebida na aliança que Ele fez com Seu povo (literalmente a nação de Israel, mas espiritualmente todos os salvos) recordado em Jeremias 31.31-33. Note, especialmente em versículo 33, a ausência da atividade de homem algum. Note a bondade graciosa nas bênçãos estipuladas e note que todas elas são realizadas por Deus para meros homens e filhos de homens!

A graça de Deus na salvação declara altamente que a salvação não é por obra nenhuma de homem pecador algum (Rm 11.6). Os que são salvos recebem de Deus o poder para serem feitos filhos de Deus. Essa regeneração não é por causa da realização de uma festa (ex. a da Páscoa com seus sacrifícios de cordeiros) ou um cerimonial religioso (ex. a circuncisão), nem por uma sinceridade humana que apenas pode ser carnal, nem algo mais do homem em si, mas apenas segundo o beneplácito de Sua vontade (Jo 1.12; Ef 1.5). E, se Deus deseja dar ao rebelde algo que este não merece, Ele pode. E isso se chama ‘bondade graciosa’.

Para participar dessa bondade graciosa, se arrependa e creia nEste Evangelho, Jesus Cristo!

Bondade Sábia

Essa bondade graciosa é sábia pelo fato dela satisfazer todas as exigências do Santo Deus, redimir o pecador arrependido dos seus pecados e de qualquer condenação, estabelecer este na Sua família, e garantir tudo isso por toda a eternidade. Deus é um Deus justo e Santo, não podendo habitar com pecado qualquer (I Jo 1.5, “... Deus é luz, e não há nEle trevas nenhumas”; Hc 1.13). Todavia, pela Sua bondade sábia Ele deu Seu Filho, que não conheceu pecado, no lugar do pecador arrependido. Todos os pecados do Seu Povo foram imputados no Inocente e as múltiplas justiças do Inocente foram imputadas naquele que de antemão só tinha a mais extrema condenação. Deus deu Jesus no lugar do pecador arrependido e enxertou o pecador lavado pelo sangue de Cristo na Sua família para, eternamente, gozar da herança junto com Cristo (Rm 8.16, 17; 11.17-22). “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis os Seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem Lhe deu primeiro a Ele, para que Lhe seja recompensado? Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém”, Rm 11.33-36. Tendo assim a justiça do Deus Justo, não há mais condenação (Rm 8.1), mas paz com este Deus (Rm 5.1). Não há sabedoria maior do que esta! Mas lembre-se de que temos entrada nessa bondade sábia somente por Jesus Cristo (Rm 5.2).

Essa bondade é demonstrada ainda mais sábia quando se considera que essa paz com Deus é de forma permanente: oEterno, que Se deu no lugar dos pecadores, fez um sacrifício eterno que aniquilou o pecado e a sua condenação para todo o sempre (Hb 9.24-26; 10.10-14). Deus verá o trabalho da alma de Seu Filho, e ficará satisfeito, para sempre (Is 53.11). Foi a bondade sábia que levou o Inocente Jesus a substituir o culpado de forma que o Inocente pagou tudo pelo culpado de maneira que os dois possam viver eternamente no gozo do Deus Justo.

A nossa oração é que Deus abençoe os pecadores de maneira que aproveitem dessa bondade soberana de Deus que é infinitamente graciosa e sábia enquanto ela está perto!

Bondade Santa

Essa bondade do propósito divino da graça é santa. Ela leva os agraciados à santidade (I Ts 1.8, 9). Essa santidade é manifesta pelas boas obras de obediência à Palavra de Deus (Ef 2.8-10; Jo 17.17). Graça a Deus pela Sua bondade que faz com que as ovelhas não somente sejam achadas, mas seguidoras do Pastor (Jo 10.27). Tudo da velha vida (vestimenta, hábitos, amizades, entretenimento, adoração) com as suas corrupções e concupiscências passa, dando lugar para que tudo se faça novo (II Co 5.17).

Examine-se a si mesmo, olhando a sua vida pelo espelho da Palavra de Deus. É visto uma crucificação contínua da sua carne? É visto um crescimento gradual na imagem de Cristo?

Bondade Imutável

São sem arrependimento os dons e vocações de Deus (Rm 11.29). Quer dizer que todas as bênçãos espirituais que vêm para o regenerado são imutáveis em Cristo Jesus, sem sombra de variação (Tg 1.17). Pela bondade de Deus manifesta em Cristo, aquele que era inimigo é agora transformado em filho (Rm 8.17) com direito à herança celestial com Cristo, para todo o sempre!

Aquele propósito eterno de Deus, que é segundo o beneplácito da Sua vontade, mesmo que seja além do nosso entendimento, é uma demonstração dos próprios atributos dEle. Toda essa bondade está em Cristo Jesus o Qual para os regenerados foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção (I Co 1.30). A eleição traz a público as belezas de Deus em Cristo, ou seja, a Sua bondade, graça, sabedoria, santidade e imutabilidade.

Essa bondade já foi operada na sua alma? Deseja que ela seja? Olhe para Jesus Cristo “em Quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”, Co 2.3.

Você está vivendo na Luz dAquele que raiou na sua alma numa bondade soberana, graciosa, sábia, santa e imutável? Mortifique mais a sua carne e coma da Sua Palavra mais e mais. Assim, a Sua bondade será vista pelos outros ao nosso redor e você será assegurado de ser conhecido antes da fundação do mundo entre o Seu povo.

4. Cremos ainda que a eleição pela graça exclua totalmente a jactância, mas promove a humildade, o amor, a oração, o louvor, a confiança em Deus e uma imitação da Sua livre misericórdia 4

I Coríntios 4.7, “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?”; I Coríntios 1.26-31; Romanos 3.27; 4.16; Colossenses 3.12; I Coríntios 3.5-7; 15.10; I Pedro 5.10; Atos 1.24; I Tessalonicenses 2.13; I Pedro 2.9; Lucas 18.13; João 15.16; Efésios 1.16; I Tessalonicenses 2.12; Efésios 4.32.

Rm 3.27, “Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé”.

Como todos são pecadores qual é a razão de orgulho? Percebendo que fomos feitos herdeiros de Deus pelas justiças de Um outro, “Onde está logo a jactância?” Reconhecendo que a nossa salvação é uma dádiva de Deus para os imerecidos e desmerecidos, “Onde está logo a jactância?” Lembrando de que a nossa aceitação contínua depende das misericórdias de Cristo, “Onde está logo a jactância?”

A graça de Deus aplicada no coração do homem renova o seu entendimento e derrama nele o amor de Deus, um amor que não é egoísta, mas se expressa morrendo para o bem do outro (Rm 5.5). Nenhum louvor é reservado para o regenerado pela graça de Deus, mas ele dá tudo ao seu Salvador (Ap 4.11; Lu 17.15-17). Não há lugar para a auto gratificação naquele que é atingido pelo propósito divino da graça. “Onde está logo a jactância? É excluída.”

Se aquele atingido pela graça soberana fosse ajudado na sua salvação pelo fervor das suas orações sinceras a qualquer outro a não ser Jesus; ou pelo batismo de qualquer igreja ou pela firmeza da sua intenção de fazer o melhor possível, este teria razão de se orgulhar. Se o regenerado fosse mantido na graça pela sua obediência completa e cuidadosa ou se fosse pelos méritos de ter perseverado na fé ou por qualquer outra manifestação de religião sincera, este teria logo uma razão de ter crédito pela sua salvação.

Todavia, foi pela obediência e morte de um Outro. A aceitação de Deus de qualquer pecador é pelos merecimentos deste Outro, o Amado Jesus Cristo (Rm 5.1; 8.1; II Co 5.18-21; Hb 10.19-23). Não há lugar de jactância nenhuma, nunca (Ap 5.12).

Como alguém poeticamente se expressou: “O banquete da Misericórdia estava sendo degustado, e Dona Graça estava na porta, dando entrada apenas para os que vieram somente pela Misericórdia. A Senhora Jactância, toda produzida e com alto espírito de auto gratificação, se apresentou. Desculpe, disse a Graça, enquanto fechava a porta, não há lugar para a senhora, aqui! Todos aqui estão se banqueteando nas dádivas graciosas e gratuitas de Deus. Então, Senhora Jactância foi reprovada e deixada de fora!”

Em vez de orgulho, o propósito divino da Graça produz humildade e gratidão (Lu 17.15-19), oração cultivada para comungar, constantemente, com o seu Deus nos céus (At 9.11), um crescimento na graça e conhecimento do seu Salvador que renova o homem interior (Fl 3.9-14). É uma transformação contínua na imagem dAquele que criou este homem novo (Cl 3.9-13).

Considere as manifestações da sua salvação. Há, agora, mais traços de Cristo na sua vida do que antes da sua conversão? O propósito da salvação é de sermos feitos conforme a imagem de Cristo (Rm 8.29). Você tem estes traços?

5. Cremos ainda que o propósito eterno da graça estimule o mais sincero emprego de meios bíblicos 5

II Timóteo 2.10, “Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna”; I Coríntios 2.1-5; 9.16-27; Romanos 8.28-30; I Coríntios 4.15; II Tessalonicenses 2.13,14.

Os Meios Bíblicos

Todos os meios, sejam internos ou externos, são controlados por Deus, Que é sobre tudo (Isaías 45:7). Não minimizando o poder de Deus nem a Sua soberania, os meios externos são da responsabilidade do homem. Os meios externos, que são, inteiramente, a responsabilidade do homem, devem ser empregados com todo o esforço que biblicamente podemos enquanto imploramos que Deus use os Seus meios internos, que são da Sua responsabilidade, nos corações de todos aqueles a quem pregamos (Ezequiel 37.1-10).

Deve ser enfatizado que Deus não é limitado em nada (Daniel 4.35, “não há quem possa estorvar a Sua mão, e Lhe diga: Que fazes?”). Se de pedras Deus quisesse suscitar filhos a Abraão, Ele poderia (Mat. 3.9; Luc. 3.8), pois nada há que a Deus seja demasiado difícil (Jer. 32.17). Porém, o que Deus manda ao homem fazer, é o que o homem é responsável de fazer. Ao homem é mandado pregar a Verdade, orar para que Deus abençoe a Sua Palavra e viver uma vida exemplar diante de todos. Se não houver obediência no que somos responsáveis de fazer, não veremos as bênçãos de Deus no nosso ministério (Ezequiel 33.6-8; II Cor. 4.3,4; Atos 20.26,27).

A Pregação da Palavra de Deus

Deus quer usar a pregação da Sua Palavra na chamada dos Seus eleitos à salvação. Dessa vontade somos confiantes pelo exemplo de Cristo e dos Seus discípulos, pelo Seu mandamento aos discípulos e pelo raciocínio inspirado na Bíblia (II Tess 2.13, 14).

Cristo é o próprio Verbo que Deus usa para chamar os Seus eleitos à salvação (João 1.1,14; II Cor. 4.6). Cristo usava a pregação de toda parte da Palavra de Deus no Seu ministério público (Mar 2.2, “e anunciava-lhes a Palavra”; Luc. 5.1; 24.27, 44, “de Mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos”; João 12.48, “a palavra que vos tenho pregado”; 14.24, “a palavra que ouviste não é Minha, mas do Pai que Me enviou.”; 15.3, “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.”). Como Cristo é feito “Espírito vivificante” (I Cor. 15.45) Ele vivifica os Seus pela Palavra de Deus (I Pedro 1.23-25; Tiago 1.18). O exemplo do próprio Cristo em usar a Palavra de Deus na Sua evangelização é uma forte lição para nós.

Os discípulos eram “ministros da Palavra” (Luc. 1.2) anunciando “o evangelho de Deus” em todo lugar que estivessem (I Tess 2.2; Atos 8.4; 11.19; 14.7; 20.27, “todo o conselho de Deus”). Não foram “palavras persuasivas de sabedoria humana” que compunha o conteúdo das pregações (I Cor. 2.4), mas a mensagem de Jesus Cristo “segundo as Escrituras” (I Cor. 2.1-5; 15.3-4). A pregação da Palavra de Deus basta. Pela pregação da Palavra de Deus os discípulos alvoroçaram o mundo (Atos 17.6), testemunharam de Cristo (Atos 1.8) e, pelo o Espírito Santo e usando a Palavra pregada, todos quantos estavam ordenados para a vida eterna, creram (Atos 13.48). Se quisermos ter o poder de Deus operando em nós, devemos restringir-nos ao uso exclusivo da Palavra de Deus. Ela é o poder de Deus para a salvação (Romanos 1.16).

O mandamento de Cristo é prova de que Deus quer usar a pregação da sua Palavra na chamada dos Seus eleitos à salvação. Cristo mandou os Seus pregarem o evangelho a toda a criatura (Mat. 28.18-20, “que Eu vos tenho mandado” – João 14.26; 15.15; Mar 16.15; Luc. 24.47). Essa comissão aos que formaram a igreja primitiva é a comissão de todos os do mesmo tipo de igreja, que querem ser obedientes ainda hoje (Mat. 28.20, “até a consumação dos séculos”; II Tim 2.2; 4.2-5). Devemos sempre nos relembrar que Cristo é declarado pela pregação e é a pregação que Deus usa para salvar os Seus (I Cor. 1.21-24; Tito 1.3). Não devemos pensar, nem um pouco, que são nossas invenções, idéias, promoções ou transpirações que devemos aprimorar para a declaração da Palavra de Deus, mas, ao contrário, é, exclusivamente, a pregação da Palavra de Deus que somos mandados para pregar. Se você quer ver os ‘seus’ virem a Cristo, pregue a Palavra.

O raciocínio inspirado da Bíblia prova que Deus quer usar a pregação da Sua Palavra na chamada dos Seus eleitos à salvação. É a palavra que testifica de Cristo (João 5.39) e que leva à vida a terra antes preparada por Deus (Mat. 13.23; I Cor. 3.6). Não há fé sem ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10.13-14, 17; Efés. 1.13, “depois que ouvistes a palavra da verdade”; Tiago 1.18). Quando o rico se preocupou com os seus cinco irmãos não querendo que eles viessem para o inferno, a Palavra de Deus foi dada como suficiente para isso (Luc. 16.29). Ela é superior a um ressuscitado voltando ao mundo (Luc. 16.30,31). Há uma incumbência para pregarmos o evangelho, não somente pelo mandamento de Cristo, mas pelo perigo pessoal e social da verdade ser encoberta se ela não for pregada (I Cor. 9.16; II Cor. 4.3).

Os que querem usar a doutrina da eleição para não pregar aos que nunca ouviram não estão manejando bem a palavra da verdade. A eleição não é salvação mas é “para a salvação”. A salvação é pela fé na verdade que é apresentada pela Palavra de Deus (II Tess 2.13, 14, “para o que pelo nosso evangelho vos chamou”; Romanos 10.13-14, “como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?”). Não precisamos entender como Deus usa a Sua Palavra para dar vida. Somente devemos entender a nossa responsabilidade em pregá-la a toda a criatura e pedir que Deus nos dê o Seu crescimento por ela (I Cor. 3.6).

A oração dos Santos

É verdade que existem meios que funcionam somente em conjunto com os outros meios e nunca sozinhos. A oração é assim. Ela é útil na aplicação da Palavra de Deus pregada nos corações dos homens segundo a vontade dEle pelo Espírito Santo. A oração é um meio tão importante quanto necessário. É tanto uma obra divina quanto uma responsabilidade do homem (Ez 37.9,10; Rm 8.26).

A oração nunca pode mudar Deus, pois Ele não muda (Malaquias 3.6; Tiago 1.17) mas ela verdadeiramente é um meio eficaz que Deus estimula e usa para fazer a Sua vontade (Mat. 7.7-11; Luc. 18.1-8; Efés. 1.11; Romanos 8.26).

O efeito que a oração tem como meio no chamamento dos eleitos à salvação é entendido pelo uso de oração por Jesus. Nas Suas orações Ele expressava os desejos do Seu coração juntamente clamando que tudo fosse segundo a vontade do Pai (Mat. 26.39). Jesus orava pelos que, no momento da oração, não eram salvos (João 17.9-11, 20, “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela Sua palavra hão de crer em Mim;”). Se Jesus ocupava-se na oração intercedendo pelos que naquele momento no qual Ele orava eram transgressores (Isaías 53.12; Hebreus 7.25), podemos ser animados a empregar tal meio também e orarmos pelos que amamos e ainda não são salvos. Podemos, sinceramente. implorar pela salvação dos transgressores. Não sabemos quem são os eleitos mas sabemos que a oração é um meio usado por Cristo para interceder pelos transgressores para que sejam salvos. Podemos ser como Cristo empregando este meio eficaz que é orar pela salvação dos transgressores, por todos aqueles que o Pai deu a Cristo.

O uso de oração pelos discípulos nos ensina que Deus usa a oração dos santos para chamar os Seus eleitos à salvação. O apóstolo Paulo orou pelos incrédulos para que fossem salvos (Romanos 10.1-3, “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação.”). Muitos destes por quem Paulo orou não vieram a Cristo mas, mesmo assim, a sua oração era correta. Paulo agradeceu aos irmãos de Corinto pela ajuda que deram em orar pelos ministros do Evangelho no seu trabalho de evangelização (II Cor. 1.11). As suas contribuições na missão dele pela oração e sacrifício financeiro foram a esperança dos missionários que muitos outros, que naquele momento não eram salvos, chegariam à fé. A participação dos irmãos na obra missionária ajudando com orações e ofertas missionárias era uma esperança forte que novos convertidos dariam gratidão pelas suas participações. Também entendemos que a ajuda ao evangelismo através da oração da igreja em Filipos, foi um estímulo ao apóstolo Paulo (Fil. 1.19). Nunca devemos nos esquecer da verdade que diz. “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tiago 5.16). É um estímulo orar sabendo que pelas obras da pregação e da oração tornamo-nos “cooperadores de Deus” (I Cor. 3.9).

Pela Bíblia ser a revelação perfeita de Deus, os que querem glorificar a Deus são estimulados a obedecer aos mandamentos dela. Os mandamentos feitos aos santos para orarem sem cessar (I Tess 5.17) e fazerem orações e intercessões por todos os homens (I Tim 2.1-3) nos mostram a importância da oração na chamada dos eleitos à salvação. A igreja em Tessalônica foi animada pela instrução de rogar pelos evangelistas no seu trabalho para que a Palavra de Deus pregada tivesse efeito (II Tess 3.1). A mesma instrução foi dada aos irmãos em Colossos (Col. 4.2-4). Se estes exemplos das instruções às igrejas neo-testamentárias para que orassem pelo desempenho positivo do evangelho entre os incrédulos foram incluídos na Bíblia, as igrejas, hoje, que querem ser iguais àquelas igrejas, podem receber instrução no seu dever de orar. Não seja displicente nas suas orações pelos seus familiares, colegas e até pelos que você não conhece pessoalmente. Pode ser que as suas orações sejam o instrumento que Deus está usando para efetuar no coração de alguém a fé na Sua Palavra para que venha a Cristo.

Vida exemplar diante todos

A presença do Espírito Santo na vida do Cristão faz com que ele seja uma testemunha (Atos 1.8). Essa testemunha pode ser realizada de duas maneiras: na pregação da Palavra de Deus e numa vida diária em submissão à Palavra de Deus. Nem todos os cristãos têm a vocação de pastor ou de doutor (Efés. 4.11; I Cor. 12.29), mas cada cristão, indistintamente, é uma testemunha de Cristo pela sua vida de obediência à Palavra de Deus. Essa vida obediente à Palavra de Deus pode ser usada por Deus no chamamento do Seu povo à salvação (II Cor. 2.14, “por meio de nós”).

Essa testemunha pela vida cristã no mundo é simbolizada, biblicamente, como sal e luz (Mat. 5.13-16; Romanos 13.11-14). A utilidade da vida cristã em conservar virtudes no mundo é representada pelo sal (Mat. 5.13). O efeito de mostrar, publicamente, o poder de Cristo sobre o pecado é manifesto pelo símbolo de luz (Mat. 5.14,15). Nisto, somos instruídos em que a obediência à Palavra de Deus é útil e eficaz em testemunhar de Cristo. O testemunho da Palavra de Deus pela vida do cristão glorifica a Deus “diante dos homens” (Mat. 5.15,16; II Tess 1.11,12). Esse testemunho vivo da Palavra de Deus é usado para enfatizar o que dizem as Escrituras de Cristo diante dos não salvos. A vida pública do cristão é um meio que Deus usa para chamar o Seu povo à salvação. Portanto, “vede prudentemente como andais” (Efés. 5.13-16).

A importância de uma vida pública no chamamento dos pecadores à salvação é reforçada pelo Apóstolo Pedro. No caso de mulheres cristãs tendo maridos não crentes, estes podem ser ganhos para Cristo, meramente, pelo comportamento delas (I Pedro 3.1-4). A vida casta, no temor de Deus, é um fator importante na evangelização e na chamada à salvação destes maridos descrentes.

Deve ser enfatizado que não é, isoladamente, a moralidade ou a retidão da vida que é o maior destaque nessa área. A moralidade e uma vida reta, somente, têm efeito positivo quando representam submissão à Palavra de Deus. A própria Palavra de Deus é o meio principal que Deus usa na chamada do Seu povo à salvação. Juntamente com a Palavra de Deus, sem dúvida, a vida submissa à Palavra de Deus prega alto e é usada pelo Pai na chamada à salvação. É impossível separar a utilidade de uma vida em obediência à Palavra de Deus da própria eficácia e poder das Escrituras. Por causa dessa convivência de verdades, existem exortações abundantes para que os cristãos vigiem bem nos seus testemunhos (João 13.35; 15.8; Romanos 13.11-14; Fil. 2.15,16; I Pedro 2.11,12).

A sua vida pode ser a única Bíblia que muitos leem. Viva em submissão constante à Palavra de Deus, para que Cristo seja manifesto e Deus glorificado no mundo

(I Pedro 4.14-19).

6. Cremos que este propósito da graça pode ser verificado pelos efeitos que produz em todos aqueles que verdadeiramente crêem em Cristo 6

I Tessalonicenses 1.4-10, “Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus; 5 Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. 6 E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a Palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo. 7 De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedónia e Acaia. 8 Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; 9 Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, 10 E esperar dos céus a Seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.”; João 13.35 (amor fraternal); Mateus 7.16-20 (obediência); Atos 4.11 (ousadia na pregação); II Coríntios 5.17(tudo novo); I João 3.10, 13 (ser perseguido); II Timóteo 3.12 (sofrer).

O propósito da graça é o propósito de Deus para com os Seus, um propósito traçado na eternidade passada. Todavia, o propósito se desenrola no tempo com o Espírito Santo efetuando este propósito no coração de cada eleito através da pregação da Palavra de Deus. A realização desse eterno propósito nunca é encoberta e oculta. A regeneração sempre produz frutos dignos de arrependimento diante de Deus e do mundo.

A evidência da fé dos Tessalonicenses regenerados espalhou-se em todos os lugares de tal maneira que os missionários não necessitavam de falar do fato. A evidência da recepção da Palavra de Deus foi a cessação de servir aos ídolos com suas crendices e a superstição escravizadora a falsos deveres, o receio de coisas fantásticas e a confiança em coisas ineficazes, juntamente, com a crença em presságios tirados de fatos puramente fortuitos (“superstição” Dicionário Eletrônico Aurélio, Ver. 3, Nov. 1999). A falsa adoração foi substituída pela fé viva manifesta em batismo neotestamentário, adoração ao Deus vivo e verdadeiro em culto público e uma vida que prega Cristo como o Único Salvador (I Ts 4.9, 10).

Quando a graça de Deus é operada nada fica o mesmo - II Co 5.17, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. A frase “se alguém” indica que todos que venham a conhecer Cristo como Redentor tenham uma vida nova. Essa vida nova é manifesta na morte e repúdio às coisas das trevas e a manifestação aberta de uma nova criação, um “novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24). Há uma moral nova no coração que é permanente, e uma cosmovisão nova que afeta a língua, vestimenta, higiene, relacionamentos e apetites tão radicalmente que só pode ser de Deus e é comparada à primeira criação de Deus (II Co 4.6).

Na vida do cristão há, verdadeiramente, fruto digno da Videira na qual ele é enxertado (Jo 15.5, “quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto”). Ele tem tais frutos através da oração conforme a vontade de Deus (Jo 15.7, “Se vós estiverdes em Mim, e as Minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”), tem uma vida de obediência em amor à Palavra de Deus (Jo 15.10 “Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor”) e um amor verdadeiro aos outros em Cristo (Jo 15.12, “O Meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei”).

Quando você compara a sua “vida cristã” àquela revelada na Palavra de Deus, há concordância ou dúvida? Fruto digno ao arrependimento ou apenas tristeza pelas consequências do pecado? É, somente, o poder de Deus e a habitação do Espírito Santo ou somente as tentativas psicológicas que visam melhorar a sua vida? Não aceite nada menos do que a criação nova feita por Deus naqueles que se arrependem e crêem em Cristo pela fé.

7. Cremos que a Bíblia ensina que o propósito da graça é o alicerce da segurança cristã 7.

Romanos 8.28-31, “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito. 29 Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”; Isaías 42.16. Romanos 11.29; II Tessalonicenses 5.24; Filipenses 1.6.

Desde que o propósito da graça é o produto da vontade de Deus, e entendendo que Ele é soberano (Dn 4.34, 35; Sl 135.6; 115.3); desde que o propósito da graça depende, totalmente, da obediência de Cristo no lugar dos que o Pai O deu (Jo 6.37-39; Is 53.11; II Co 5.21); e por causa do propósito da graça sendo efetuado pela obra do Espírito Santo na Palavra de Deus (Jo 16.7-15; Rm 1.16), o cristão tem o mais firme alicerce de segurança possível.

A segurança do regenerado não depende de sua própria obediência mas da obra dAquele que começou a boa obra da graça nele (Fl 1.6). A esperança do cristão não é estabelecida pela firmeza da sua própria intenção, pela oração de outro ou poder das ordenanças eclesiásticas a seu favor mas somente por Aquele que prometeu a vida eterna. Este fará o que prometeu por Cristo (I Ts 5.24; I Co 1.20, “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nEle sim, e por Ele o Amém, para glória de Deus por nós”). Portanto aquele abrangido pelo propósito divino da graça tem o mais firme alicerce de segurança possível.

Em quem está a sua esperança da vida eterna? Não diga que está em Cristo se a manutenção da sua fé depende de você. Cristo é o Salvador perfeito (Hb 7.25). Você pode dizer com Paulo: Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em Quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia (II Tm 1.12)?

O cristão tem a responsabilidade de perseverar na fé, todavia até essa perseverança é pela preservação de Deus (Jd 1:24 Ora, Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória).

8. Cremos, por último, que esse propósito eterno da graça ensina que assegurá-la em relação a nós mesmos exige e merece a maior diligencia 8

II Pedro 1.10-11, “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. 11 Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”; Filipenses 3.12; Hebreus 6.10-12; Isaías 55.6, 7 (Buscai ao SENHOR já! Ele é grande em perdoar); Provérbios 2.

Se tiver um propósito de graça, que inclui a salvação eterna para aqueles que se arrependem dos pecados e crêem em Cristo de todo o coração; se este propósito de graça condena todos que não se arrependem e crêem pela fé, mas entrega-lhes ao lago de fogo para ser separados da misericórdia de Deus para todo o sempre, então, todos os esforços para assegurar que esteja salvo são admiráveis e nobres. II Co 13:5, “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”.

Você já tem a presença do Espírito Santo que é o selo da salvação? Você tem evidências de uma nova natureza? Sua nova natureza deleita-se na lei de Deus? Deus o corrige como filho? A Sua Palavra é desejada? Cristo é precioso para você? Os Seus mandamentos são pesados? Você mostra o seu amor pelo Salvador, obedecendo-O?

 

Compilado pelo Calvin Gardner
Correção gramatical: Edson Elias Basílio, 04/2008;
Valdenira Nunes de Menezes Silva 11/2014
Fonte: www.palavraprudente.com.br
Bibliografia deste estudo está no capítulo 24
A Declaração Completa está no capítulo 25