Verdades Eclesiàsticas

Cap 1 - O QUE É O BATISMO ESTRANHO?

O QUE É O BATISMO ESTRANHO?

Na maior parte da história dos Batistas eles tem tido problemas com o que é chamado o “Batismo Estranho”. Esta foi a causa primária da primeira separação dos Batistas de outros Cristãos professos e é uma das causas principais que mantêm os Batistas um povo separado dos demais. Pelo que sabemos, não há nenhum registro de batismo estranho entre os Católicos e os Protestantes. A razão disso é porque estes não reconhecem nenhum batismo como estranho. De fato, o Catolicismo admite o batismo dos que consideram hereges se pelo menos tal batismo tenha sido administrado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Toda essa tolerância parece boa e, por isso, muitos julgam que tal tolerância deve ser a posição verdadeira e bíblica. Mas a maioria não se lembra que Nosso Senhor não era tolerante em sua atitude diante do erro. Ele sempre reprovava e confrontava os líderes religiosos judeus pela corrupção da verdade por suas tradições. Nem tal tolerância foi inculcada alguma vez por qualquer um dos escritores do Novo Testamento, quando se era tratada qualquer doutrina ou ordenança. Os casos de tolerância Bíblica são aqueles onde os irmãos são advertidos a “ser paciente e tolerantes” quando a liberdade pessoal ou questões de costume estavam envolvidos. Nestes casos somente, os cristãos estão exortados a “levar as cargas” dos outros, Rom. 14. Contudo, este não é o caso quando se trata da ordenança do batismo.

Ambas as ordenanças são dirigidas por preceito positivo e desta forma obtêm toda a sua importância da própria autoridade do Senhor que as mandou. Os preceitos positivos contrastam-se com os preceitos morais que têm uma moralidade intrínseca em sua essência e portanto têm autoridade. Constituem deveres por causa de sua moralidade característica, enquanto que os preceitos positivos não seriam obrigatórios a não ser pela autoridade daquele que os ordenou. Esta é uma importante distinção a ser considerada, pois influência no dever das ordenanças. Porque ambas as ordenanças são preceitos positivos mandados pelo Senhor o qual, somente, tem autoridade para estabelecer deveres religiosos, e ninguém tem opção de escolha em obedecer ou não obedecer, muito menos a forma como obedecê-los. Portanto ninguém tem a mínima esperança de escapar de uma justa reprovação ao recusar obedecer o mandamento do Senhor, nem dizer que está obedecendo mas administrando de forma contrária daquela que o Senhor mandou. Não existe sombra de dúvida em relação ao mandamento do batismo e portanto ninguém que seja salvo está isento da obediência desta ordenança, nem existe qualquer desculpa para o mesmo seja modificado. J. M. Pendleton diz:

“Certamente a linguagem desta comissão é clara. Mateus nos informa que o ensinar ou o fazer discípulos (pois o verbo “matheteuo” significa fazer discípulos) deve preceder o batismo - Marcos estabelece a antecedência da fé ao batismo e Lucas liga o arrependimento e a remissão dos pecados com a execução da comissão. Nenhum homem pode, em obediência a esta comissão, batizar um descrente ou uma criancinha. O descrente não é um discípulo arrependido e é obviamente impossível para a criancinha arrepender-se e crer no evangelho. Eu proponho como princípio de bom senso, que cada mente não preconceituosa aprova, que a comissão de fazer uma coisa ou coisas autoriza somente a execução da coisa ou coisas especificadas nelas. A execução de todas as outras coisas é veemente proibido. Existe um axioma na Lei - Expressio unius est exclusio alterius - A expressão de uma coisa é a exclusão da outra.” Three Reasons I Am A Baptist, (Trêz Razões Porque Eu Sou Um Batista) pp. 11-12.

Deveria ser evidente a todos por causa do batismo ser um preceito positivo, ele só pode ser alterado pela mesma autoridade que o instituiu, ou por uma autoridade maior. Mas é evidente também que esta ordenança tem sido alterada muitas vezes e de variadas formas por homens que reivindicam não ter tal autoridade. E agora? Estes atos tornaram-se batismos estranhos, isto é, eles são estranhos aos padrões e preceitos do Novo Testamento, e assim, são na realidade pseudo-batismos. Deixe-nos observar os seguintes assuntos:

I. O BATISMO ALHEIO DEFINIDO.

A palavra “alheio” significa estranho, esquisito ou não natural ao seu desígnio original, e quando isto é aplicado ao batismo, ela indica um batismo defeituoso, e assim, já não é um batismo Cristão de qualquer modo. É meramente um ritual humanístico e tradicional. Se existe uma coisa tal como o batismo alheio, e quem pode duvidar disto quando muitos batismos não estão de acordo com os padrões do Novo Testamento, então por sua precisa designação ele não é um batismo Cristão correto, mas algo outro, um mero rito humanístico, uma tradição de homens.

A primeira coisa a perguntar então é: Existe tal coisa como o batismo alheio? Evidentemente que sim, se pudermos julgar as práticas do Apóstolo Paulo como está registrado em Atos 19:1-7. Quando ele veio à Éfeso, Paulo achou uma pequena igreja composta de doze homens, assim que ele conheceu melhor este povo, observou que alguma coisa estava defeituosa em sua fé. Sua pergunta se eles haviam “recebido o Espírito Santo quando creram,” trouxe à tona a resposta que eles nem ainda tinham ouvido a respeito do Espírito Santo. A pregação de João tinha enfatizado que o Messias iria entrar em cena logo depois, e que Ele batizaria no Espírito Santo, Lucas 3:16-17. Mas estes doze Efésios manifestaram que eram totalmente ignorantes a respeito destas coisas. A segunda pergunta de Paulo foi “Em que sois batizados então?” que indica que há mais no batismo do que meramente um ato. Ele não concordou com o erro Católico que muitos Protestantes tem adotado que aquele batismo salva ex opere operato - pela execução do ato. Estes Efésios poderiam apenas responder sua pergunta dizendo: “No batismo de João.”

A maioria do mundo Protestante tem rejeitado o ministério e o batismo de João como Judeu ou como uma modificação híbrida entre Judeus e Cristãos, mas em qualquer caso como não Cristão, porque a própria crença e práticas deles estão em desacordo com os ensinamentos de João. Do caso de Atos 19 estas reivindicam como uma suposta prova que todos os discípulos de João tinham que ser re-batizados porque eles não tiveram um batismo Cristão. Entretanto, este significado não pode ser posto sobre as palavras de Paulo. Jesus mesmo tinha qualificado João como o maior profeta “nascido de mulher,” sendo superado apenas pelo próprio Jesus, que era, como se lê literalmente no texto inspirado: “um pouco depois no reino dos céus,” Mateus 11:10-11. Sim, Jesus e todos os Seus discípulos mais próximos tiveram apenas o batismo de João, o qual nunca foi questionado por ninguém. Paulo mesmo admitiu a escrituralidade do ministério de João, e deu a essência de sua pregação quando ele disse: “Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo,” Atos 19:4.

Se este é o caso, então qual é a razão dos batismos destes homens terem sido achados faltosos? Esta é a razão: eles não foram batizados por João, pois ele já tinha sido morto cerca de trinta e cinco anos. Eles foram apenas batizados “pelo batismo de João,” não por ele; e assim, não eram, numa maneira de falar, a segunda geração de discípulos de João, o que, na natureza precisa do caso, não fez deles discípulos de João de todo. Alguém, provavelmente Apolo, Atos 18:24-25, que tinha sido batizado por João em antecipação da vinda do Messias, mas que não tinha ouvido a respeito do cumprimento das profecias Messiânicas, tinha se esforçado em perpetuar o ministério de João. Mas o ministério de João era único - era a preparação para a vinda de Cristo - e nunca foi intencionado ser perpetuado, e por esta razão ninguém tem autoridade Divina para continuá-lo depois de João. Apolo, sendo muito zeloso, veio e pregou em Éfeso o pouco que ele conheceu da pregação de João, e imediatamente batizou os doze submissos homens numa fé fragmentada que ele tinha ouvido de João.

A administração do batismo de Apolo sendo sem autorização divina, Deus não reconheceu este grupo de homens como uma igreja, e consequentemente eles não tinham o Espírito Santo habitando neles como uma igreja. Quando Paulo entrou em cena, ele detectou o defeito, e ele também recusou reconhecer o batismo deles como válido. Ele então procedeu a explicar-lhes a verdade, a qual eles aceitaram com muita alegria - uma marca de um povo com um espírito correto a respeito deles - e foram escrituristicamente batizados por alguém do grupo missionário de Paulo. Quando este batismo defeituoso foi corrigido, o Espírito Santo veio sobre eles em autenticação e reconhecimento de seu verdadeiro status de igreja.

A maioria do Protestantismo não se atreve a aceitar esta explicação desta parte da Escritura, porque ela imediatamente os desqualificaria como igreja, e daria grande vantagem aos Batistas, por suas práticas em rejeitar todo batismo que eles consideram ser defeituoso. Era em parte desta prática que os Batistas têm seu nome derivado, e não de João, como muitas pessoas pensam.

No segundo século e seguintes quando o plano de salvação veio a ser tão grandemente corrompido, e homens eram batizados na esperança que as águas batismais de algum modo os salvariam, iniciou-se uma reação e numerosos indivíduos e igrejas recusaram reconhecer tais batismos como batismos Cristãos. Estes “reacionários”, como muitos os chamariam hoje, puseram o sangue antes da água, e ensinaram que a salvação é necessária para o batismo, e não que o batismo é necessário para a salvação. Eles, por esta razão, não aceitariam qualquer um dentro de suas igrejas que tivesse sido batizado tampouco como uma criança ou um adulto que tivesse sido batizado para a remissão de pecados, mas requeriam que a pessoa confessasse já ter nascido de novo antes do batismo, então submeter-se a ser rebatizada. Por esta razão eles eram chamados Anabatistas, ou “re-batizadores”. Embora conhecidos por outros nomes, este era um termo geral sobre o qual eles eram todos classificados.

Nos séculos quinze e dezesseis estas mesmas pessoas vieram a ser chamadas simplesmente de “Batistas”, pois a maior parte do resto do mundo Cristão professo tinha cessado de administrar a ordenança por imersão. E então, tecnicamente estes reacionários não foram mais Ana-batistas, ou “re-imersores”, pois o prefixo Ana foi tirado, e eles eram chamados simplesmente “Batistas”, ou “imersores” para distingui-los do resto dos Cristãos professos. Portanto o nome pelo qual os Batistas são presentemente chamados é o resultado de sua recusa em reconhecer qualquer batismo espúrio, e suas práticas de administrar a ordenança à todos quantos o batismo original eles tivessem razão para suspeitar que era defeituoso. Os Batistas, entretanto, são impelidos por convicção, não por arrogância (arrogância, falta de respeito) a ser escrupulosos no assunto do batismo. W. M, Nevins diz:

“É de tremenda importância e devemos sempre ter em mente que, se qualquer um dos seus quatro ele¬mentos faltar, teremos batismo defectivo e não batismo escriturísti¬co, tal como Deus disse a Moisés a respeito do tabernáculo: “Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou”, assim ele nos diz: “retendes os preceitos como vo-los entreguei”, 1 Coríntios 11:2. Se as alterardes desobedecereis a Deus, destruireis a verdade e trareis confusão e dissídio ao mundo cristão, onde deverá haver união e paz.” – Alien Baptism And the Baptists (O Batismo Estranho e os Batistas), p. 14.

Estes quatro elementos necessários, aos quais ele alude são: 1) Um sujeito Escriturístico – uma pessoa salva; 2) Um Propósito Escriturístico - uma confissão de salvação, de fé na expiação e ressurreição de Cristo e a nossa própria ressurreição; 3) Um Método Escriturístico - imersão; 4) Um Administrador Escriturístico - uma igreja Neotestamentária. Deixe faltar qualquer um destes elementos e você tem um batismo defeituoso ou estranho.

Um batismo pode ser estranho por causa de qualquer uma destas quatro coisas, mas o defeito mais comum nos batismos do moderno mundo Cristão professo é com relação ao administrador apropriado. Deveria ser obvio a toda pessoa não preconceituosa que se Jesus autorizou um administrador das ordenanças, então ninguém mais pode administrá-lo sem presunção. Pode ser ilustrado desta forma: Suponhamos que um estrangeiro venha para este país, e ao passar o tempo ele venha a amar esta nação, e ele deseje tornar-se um cidadão e servir seu novo país. E suponhamos que ele conte este desejo à um que já seja um cidadão, e esse cidadão diria, “Maravilhoso! Amando este país, você já tem encontrado o requisito mais importante para cidadania, e eu já sendo um cidadão, eu administrarei o dever de fidelidade a você, e você será então um cidadão como eu”.

Toda a sinceridade do mundo destes dois indivíduos justificaria suas ações? Você certamente dirá: “Claro que não! O cidadão não tem a autoridade para administrar o dever de fidelidade, pois ele não era o oficial autorizado para fazê-lo”. E você estaria correto. Mas quanto mais errado e mesmo presunçoso seria para um não-cidadão dizer a outro não-cidadão, “Eu administrarei o dever de fidelidade à você por este país então você será um cidadão”. Ainda este é exatamente o que é feito quando qualquer individuo presume ser o administrador do batismo. As ordenanças não eram dadas a indivíduos por si mesmos, mas às igrejas, e elas somente tem o direito de administrá-las. Nem eram as ordenanças dadas à toda organização que se intitula a si mesma como uma igreja. J. R. Graves bem disse:

“’Como, então’, você pode perguntar ‘posso eu conhecer o oficial apropriado para administrar o batismo Cristão?’ É claro que não, por um exame de homens e suas credenciais; mas é necessário que você encontre uma igreja que administre tal ato, o qual Cristo mandou, e para o propósito e o sujeito que Cristo requer, e que essa igreja forneça o oficial apropriado – pois é a igreja que administra o rito e não o oficial por si mesmo, ele é apenas a mão, o servo da igreja. As ordenanças do batismo e da ceia não são confiadas ao ministro para administrar a quem quer que eles julguem qualificados, mas às igrejas, para serem observado por elas ‘como eles foram entregues à elas,’ I Coríntios 11:2.” The Act Of Christian Baptism (O Ato do Batismo Cristão), pp. 51-52.

Se apenas as igrejas constituídas regularmente podem administrar a ordenança do batismo, então torna-se obvio que cada uma das igrejas as quais saíram fora da Reforma seja direta ou indiretamente, estão sem um batismo regular, pois todos os reformadores denunciaram Roma como temível e finalmente corrupta, e ainda, sem autoridade. Ainda estes mesmos reformadores não tinham outro batismo senão aquele de Roma. É isto que J. R. Graves chamou “O Trilema” do Protestantismo em seu livro, “The Trilemma” of Protestantism.

Ninguém tem o direito de originar um novo batismo, embora alguns que injuriaram o nome dos Batistas no passado o tem feito assim. Os Batistas Gerais (Arminianos) da Inglaterra, acreditavam que isto era o modo apropriado para iniciar uma igreja se nenhum outro crente batizado Escriturísticamente pudesse ser encontrado. Entretanto, está claro que esta crença brota do erro básico do Arminianismo, pois aqueles que colocaram uma ênfase e valor indevidos sobre os esforços humanos assumiriam naturalmente, no caso de batismo, que os esforços humanos originando batismo seria tão aceitável a Deus como que derivado da autoridade divina.

É notório que em apenas dois casos registrados de auto-batismo ou batismo originado, nenhum dos grupos era divinamente abençoado para reproduzir qualquer outra igreja. Nós falamos do caso de John Smyth na Inglaterra na primeira década do século dezessete, e aquele de Roger Williamns in Rhode Island em 1639 ou 1640. Ninguém, tanto quanto sabemos, nunca provou que qualquer das igrejas Batistas da América descendeu do grupo de Roger Williamns. A Primeira Igreja Batista de Providence, em Rhode Island reclama isto como sua origem, mas sem prova alguma. Como poderiam eles quando o grupo de Williamns estava dissolvido por mútuo consenso apenas alguns meses depois dele ser concebido?

Entretanto, alguns têm reclamado que todas ou a maior parte das igrejas Batistas Inglesas são descendentes diretas do grupo de Smyth, e isto é um ensino comum em numerosos dos mais liberais seminários Batistas. John T. Christian, que era um dos mais bem informados Historiadores Batistas do século passado, tem a dizer o seguinte a respeito disto:

“Pode ser importante registrar aqui que o batismo de Smyth não afetou o batismo das igrejas Batistas da Inglaterra, tem sido afirmado que as igrejas Batistas Gerais da Inglaterra originaram-se desta igreja de Smyth; que esta era a mãe das igrejas dos Batistas; e mesmo que a denominação Batista originou-se aqui no ano de 1609. Depois de uma investigação prolongada, nós somos incapazes de encontrar a evidência que qualquer igreja Batista surgiu a partir desta. Nós somos capazes de encontrar que depois que Helwys estabeleceu esta igreja em Londres, algumas igrejas afiliaram-se com ela numa certa correspondência com alguns Menonitas na Holanda; mas que elas tiveram uma origem comum não é manifesto em lugar algum. Se tal prova existe, ela tem escapado à nossa atenção”. – A History of the Baptists (Uma História dos Batistas), Vol. I, p. 225.

Os Batistas do passado têm, quase unanimemente, repudiado o auto-batismo como uma presunção não garantida, e somente no último século ou mais tem se tornado comum encontrar Batistas que se esforce em justificá-lo, mas esta tentativa de justificação quase exatamente iguala o desprezo e a ignorância da História Batista.

Se a vasta maioria do Protestantismo está sem batismo Escriturístico, então é evidente que estão também desprovidos do status de igreja Escriturística, pelo fato destas duas coisas andarem juntas, e eles não podem, portanto, administrar um batismo Escriturístico. E nós percebemos completamente isso, ao sustentar esta visão nós destituímos imediatamente uma grande porção do mundo Cristão. Mas nós não somos maliciosos ao sustentar esta visão, pois nós reconhecemos e alegramo-nos em saber que há muitas pessoas genuinamente piedosas em outras denominações. Mas a autoridade da igreja não é co-extensiva com o Cristianismo, e nós não podemos reconhecer qualquer sociedade como uma igreja que tenha um batismo corrupto. Se a doutrina da Palavra de Deus destitui outras, estamos nós a ser culpados por aderir firmemente aos ensinamentos da Escritura, ou não são antes eles culpados por se apartarem delas?

II. O BATISMO ALHEIO DETERMINADO.

Buscando determinar se há algum caso de batismo estranho, a primeira pergunta a ser feita é: “Temos nós qualquer autorização divina para ir à caça a bruxa por heresias? A Grande Comissão ordena a Ir, Fazer discípulos, Batizá-los e Ensiná-los, e não há evidência que nós somos autorizados a examinar os ensinamentos ou as práticas de outra igreja exceto onde haja relação com a constituição de nossa própria igreja. Em Atos 19, não era até que Paulo detectou uma deficiência naqueles doze homens que ele inquiriu sobre seus batismos. Ele ainda era o Apóstolo dos Gentios, Romanos 11:13, e tinha “o cuidado de todas as igrejas” comissionadas à ele, 2 Coríntios 11:28. Não seria o cúmulo da presunção para nós nos dias atuais presumir em sentar em julgamento sobre as igrejas do Senhor? J. M. Pendleton diz das igrejas Batistas:

“Elas são todas independentes umas das outras, tanto quanto o exercício do poder governamental está envolvido. Toda congregação local, unida na irmandade da igreja, é uma igreja tão completa como nunca existiu, e é perfeitamente competente para fazer qualquer coisa que uma igreja pode por direito fazer. Nenhuma outra congregação tem liberdade para interferir com os assuntos de outra. Toda igreja Batista é uma democracia pura e independente. A ideia de independência deveria ser sinceramente apreciada, enquanto que a de consolidação deveria ser sinceramente desaprovada.” -Three Reasons I Am A Baptist (Três Razões Porque Eu Sou Um Batista), pp. 150-151.

Cada igreja é assim constituída como um corpo soberano e independente – o verdadeiro "Corpo de Cristo" em sua própria localidade, que é responsável somente perante ao seu Senhor e Cabeça. Pois cada indivíduo ou igreja que presume em sentar-se em julgamento sobre uma igreja é assumir uma prerrogativa que nem mesmo um Apóstolo reclamou. Em Apocalipse 1 Jesus é visto a andar no meio de sete castiçais de ouro os quais “são as sete igrejas,” Apocalipse 1:20. Mas conforme Ele anda, Seus pés são revelados como “semelhantes a latão reluzente,” v. 15, o que é símbolo de julgamento. Cristo apenas, portanto, tem o direito de sentar em julgamento sobre Suas igrejas.

A única vez em que somos justificados a examinar o batismo de um indivíduo é quando o mesmo se apresenta perante a igreja para se tornar membro. Então nós devemos perguntar certas questões ao candidato. A primeira questão, e uma que é muito importante, mas que é sempre omitida descuidadamente é: “Você é salvo?” Se a resposta é afirmativa, então a segunda questão de quase igual importância é: “Como você foi salvo?” ou, “Com base no que você acredita que você foi salvo?” O candidato pode estar confiando na irmandade da igreja, bons trabalhos, batismo, ou em meia centena de outras coisas ao invés de Cristo. Se o candidato baseia sua esperança de salvação no arrependimento diante de Deus, e fé no trabalho completo da expiação de Cristo, então a próxima questão deve ser: “Você já foi batizado?” Quase todo o mundo religioso, com exceção dos Batistas, fica satisfeito com uma resposta afirmativa aqui. Mas uma resposta afirmativa aqui faz necessário ainda uma outra questão: “Como você foi batizado?” Pois muitas pessoas, as quais tem sido aspergidas ou derramadas, estão satisfeitas com o suposto batismo delas, e podem não saber que tais batismos não são válidos. A maioria de todos Batistas ficam satisfeitos se eles receberem a resposta da “imersão” à esta questão, mas enquanto “todo batismo é uma imersão, ainda toda imersão não é um batismo” – isto é, nem todo batismo é Escriturístico. Isto é onde a imersão estranha entra em cena, que é a forma mais perigosa de batismo estranho. Isto concorda com o modo Escriturístico da ordenança, mas ridiculariza a autoridade Escriturística do ato, e consequentemente exalta organizações humanas e a autoridade humana a um lugar de igualdade com a autoridade que tem sido dada somente ao Corpo de Cristo.

Este é o limite da nossa responsabilidade, e deve estar o limite da nossa pesquisa. Não temos o direito de traçar um mapa genealógico espiritual de uma igreja irmã antes de receber um membro dela, pois não existe uma igreja sobre a face da terra que não tenha “defeitos, rugas e manchas.” E é muito duvidoso se qualquer igreja pudesse traçar sua genealogia eclesiástica por mais do que duas ou três gerações sem encontrar algumas sérias desordens.

Nem nós acreditamos que exista algum grande perigo de introduzir imersões estranhas dentro da igreja se as questões acima forem feitas ao candidato, pois estas questões detectarão todas até mesmo o mais duvidoso caso, e estes serão raros. Nós concordamos com T. T. Martin que:

“Apenas duas doutrinas são essenciais a uma igreja Neotestamentária. As outras doutrinas são importantes, preciosas, mas apenas duas são essenciais para uma igreja Neotestamentária. São elas: o MODO DE SALVAÇÃO e o MODO DE BATISMO... Um corpo de pessoas sustentando estas duas doutrinas e nesta ordem Neotestamentária pode estar em erro com outras doutrinas; ainda assim é uma igreja Neo Testamentária.” – The New Testament Church (A Igreja Neotestamentária), citado com a aprovação de Roy Mason, The Church That Jesus Built (A Igreja que Jesus Edificou), p.85.

Isto pode parecer muito simplista, mas há um muito mais envolvido nestes dois requerimentos do que a princípio parece. Mas se estas são as duas necessidades absolutas para a verdadeira constituição da igreja, então a autoridade para batizar possivelmente não pode tornar-se estranha até que o “modo de salvação” tenha sido corrompido, ou qualquer um dos outros três requisitos no “modo do batismo” o tenha sido. Em qualquer caso, as questões que temos proposto acima detectariam o elemento estranho.

Este escritor não acredita que a recepção ocasional na membresia da igreja de um que não está Escrituristicamente qualificado invalidará imediatamente esse status da igreja como uma igreja verdadeira. Se este fosse o caso, então a igreja em Jerusalém era tão desqualificada de ser uma igreja verdadeira antes de ser comissionada, pois ela tinha um membro estranho. Judas Iscariotes nunca foi salvo, e portanto não era qualificado para ser batizado e nem membro da igreja. Seu batismo era estranho, plano e simples, ainda assim João o Batista não foi reprovado por tê-lo batizado, nem Jesus excomungou Judas, e reorganizou aquela primeira igreja. Realmente o Senhor tinha escolhido Judas para ser um apóstolo sabendo que ele “era um diabo” desde o início, João 6:70.

É provável que quase toda igreja tenha alguns membros que estão neste mesmo estado, ainda assim isto não invalida o status de igreja do grupo. Este escritor tem tido, como muitos pastores, várias oportunidades para administrar um batismo Escriturístico a pessoas que tinham vindo, que não tinham sido nascidas de novo genuinamente quando do primeiro batismo. E quando elas verdadeiramente se arrependeram e creram, lhes fora dado um batismo Escriturístico, pois os batismos originais eram estranhos, por não haver um sujeito apropriado.

Eu penso que ninguém poderia responsabilizar uma igreja como culpada de pecado que ignorantemente recebeu tal pessoa em sua membresia. A única coisa que uma igreja pode fazer é aceitar a palavra da pessoa que ela tem confiado em Cristo, e deixar o julgamento da realidade de sua confissão para o Senhor, o qual apenas pode discernir a verdade do assunto. A mesma coisa aplica-se às igrejas. Todos nós somos muito falíveis para sermos capazes para discernir se uma igreja Batista uma vez sadia tem se distanciado da fé para ter seu castiçal removido. Se uma igreja foi uma vez constituída Escrituristicamente como igreja, não podemos nos sentar em julgamento acerca de seus batismos sem assumir juízos corretos sobre ela, alguma coisa não da igreja, muito menos um individuo, nunca tido no Novo Testamento.

De fato, ao considerar as igrejas do Novo testamento, algumas das quais tinham alguns erros flagrantes na doutrina e prática, ainda o Senhor Jesus continuou a reconhecê-las como sendo Suas igrejas. Não nos atrevemos a presumir em ser mais julgadores do que Ele era, pois nós não temos o direito de julgar que Ele tem, ainda algumas vezes pessoas julgam igrejas mais duramente do que seu Cabeça o faz. É uma triste verdade que em tempos os santos são motivados pelo orgulho em agir como se eles tivessem sido apontados como um Papa Batista para julgar todos os outros.

III. O BATISMO ALHEIO REPROVADO.

Não seríamos mal interpretados nesta situação. Não buscamos justificar ou ignorar o batismo estranho em qualquer forma. Não pode haver justificação para isto através de qualquer meio de argumentar. Este escritor não o aprova, nunca o aprovou, nem o praticou, e o Senhor concedendo graça suficiente, nunca o fará. Fazê-lo seria ferir a consciência, e perverter a ordenança.

Paulo agradeceu a Deus porque os Cristãos Romanos tinham obedecido de coração aquela “forma” (GO Grego tupos, “tipo,” “molde,” ou “padrão”) de doutrina que a eles fora entregue, Romanos 6:17. Isto parece ser uma referência à ordenança do batismo que tinha sido discutida extensivamente nos versos 3 a 5, em qual caso apartar-se da ordem Escriturística é quebrar esse “padrão” que visualmente formou suas crenças. Assim, J. B. Thomas bem diz:

“É notório que, em fidelidade ao original, a interpretação marginal nas versões comuns é a forma exclusiva no Novo. Se o ‘molde de doutrina’ aqui mencionado para ser, como será aqui mantida, a ordenança do batismo, então a significância do presente assunto será manifesta. Pois, naquele caso, ele que quebra o molde põe em perigo a doutrina.” – The Mould of Doctrine (O Molde de Doutrina), p. 22.

Nós reprovamos o batismo estranho por esta razão, nomeadamente, que ele é um preceito e prática apartada do Novo Testamento, e que ele atualmente põe em perigo a doutrina que é simbolizada. E a história tem sempre provado que isto é verdade, pois quando os símbolos da verdade são corrompidos, a verdade por si mesma não permanece inviolada.

Ainda, ao mesmo tempo, nós não acreditamos que estamos em liberdade, quer seja como indivíduos ou como igrejas para sentar em julgamento sobre qualquer uma das igrejas do Senhor. Mesmo Paulo, a quem foi comissionado o cuidado de todas as igrejas, negou ter domínio sobre a fé de uma igreja devidamente constituída. “Não que tenhamos domínio (assim a mesma palavra Grega, kurieuo, é interpretada em Lucas 22:25) sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé,” 2 Coríntios 1:24. E esta igreja a qual Paulo escreveu isto tinha nela algumas sérias desordens. Talvez tanto quanto qualquer igreja Neotestamentária hoje pode ter. Com base no mandamento de Jesus em Lucas 22:25, tal domínio sobre outras é paganismo como que os reis dos Gentios não salvos fariam.

Quando nós desaprovamos os pecados de outros, nós temos purificado os nossos próprios. Não é nosso negócio corrigir os pecados dos outros. O máximo que podemos fazer é oferece conselho fraternal, e mesmo isto deve ser feito de forma tal a não presumirmos ser juízes ou autoridades sobre qualquer uma das igrejas do Senhor. Quando o assunto do membro incestuoso da igreja de Coríntios foi levado à atenção de Paulo, ele aconselhou imediatamente a retirada dele, 1 Coríntios 5. Em 2 Coríntios 7:11, Paulo aprovou da maneira que esta igreja purificou-se a si mesma, e em todas as coisas aprovando-se a si mesma purificada de culpa neste assunto. Como eles fizeram isto? Simplesmente por manifestar sua desaprovação pela separação deste homem. Nós igualmente purificamos a nós mesmos dos pecados dos outros quando nós os desaprovamos, e separamos a nós mesmos deles. Não temos obrigação de corrigir os erros dos outros, pois está muito distante de nós mesmos usurpar a função de Jesus como o juiz.

Alguns irmãos são rápidos a julgar batismos como defeituosos e eles são igualmente tão rápidos a repetir o batismo, mas a falta de necessidade de repetição de batismo é também errada, pois ela testifica uma mentira tal e qual a recepção de um batismo defeituoso. Nós temos ouvido a respeito de membros de igrejas sendo batizados meia dúzia de vezes ou mais, simplesmente por causa do excesso de ênfase que fora colocada nos “sentimentos”. Os sentimentos são enganosos, pois eles brotam principalmente da carne, e assim, eles não podem ser confiáveis. A Palavra de Deus apenas deve ser a autoridade na qual confiamos. O que é necessário em tais casos é não conduzir repetidamente tal pessoa ao Senhor, e então a multiplicar os batismos, mas ao contrário ensinar-lhes uma firme confiança sobre o Senhor, a qual desfará as dúvidas. Concedido, ele infla o ego mais a ser capaz de gloriar-se por ter “salvo (?) uma alma a Jesus,” mas quando uma já está salva e batizada, deve haver uma instrução de modo que o convertido progredirá deixando o estágio infantil. Há uma posição Escriturística saudável entre a aceitação de um batismo defeituoso, e a repetição desnecessária do batismo.

PENSAMENTOS FINAIS. Muitos milhares de pessoas eram batizadas nos dias dos apóstolos, ainda assim há apenas um registro de re-batismo de indivíduos, e este envolveu apenas doze homens. Certamente isto é significante. Estamos colocando mais ênfase sobre o assunto do que o Novo Testamento coloca? Talvez estejamos, e ainda assim, temos que reconhecer que estamos vivendo os últimos dias, a respeito dos quais nosso Senhor mesmo perguntou: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé (texto Grego) na terra?” Lucas 18:8. “A Fé” é sempre usada no Novo Testamento como parte do corpo completo da verdade doutrinária que é o objeto da fé dos santos. Paulo semelhantemente foi movido a advertir sobre a grande apostasia dos últimos dias, 1 Timóteo 4:1; 2 Timóteo 3:1-5.

Certamente cada pregador e cada igreja devem reconhecer que há coisas mais importantes a fazer do que ir a caça da bruxa por heresias. Nosso Senhor nos tem dado um trabalho a tempo integral para efetuar no mandamento: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado,” Mateus 28:19-20, interpretação literal. Mas este dever requer que nós estejamos firmes e diligentemente batalhando pela fé que uma fez foi dada aos santos, Judas 3. Possa Deus conceder-nos visão espiritual para enxergar claramente, e na perspectiva correta, e um coração cheio de fé para cumprir o nosso dever.

 

Autor: Pr Davis W. Huckabee
Tradução e Correção gramatical: Hirialte Luis Fontoura dos Santos 03/2009
Revisão: Joy Ellaina e Calvin Gardner, 07/2009
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br