Verdades Eclesiásticas

Capitulo 4 AS CORRUPÇÕES DA POLÍTICA BATISTA

AS CORRUPÇÕES DA POLÍTICA BATISTA

O vocábulo “Política” é definido em referência à organização governamental de qualquer instituição. Neste estudo nós estamos usando o mesmo em referência às igrejas do Senhor como sendo uma organização Divinamente instituída. E nós estamos cientes que muitos alegam que as Escrituras não apresentam uma forma distinta de governo eclesiástico a ser praticado por todas as igrejas. Entretanto, é digno de atenção que aqueles que fazem tal alegação geralmente querem impor algum tipo de regime ditatorial humano sobre as igrejas. O interesse pessoal freqüentemente demais dita a forma de teologia, e isto nunca acontecer. Neste, ou em qualquer outro assunto, somente um “Assim diz o Senhor” pode produzir uma consciência tranqüila.

Ao longo dos séculos tem-se pensado existir três formas básicas de governo eclesiástico encontradas no Novo Testamento. O Papal, o qual é regido pelo Papa, e é uma forma de governo Episcopal, o qual é regido por bispos; o Presbiteriano, o qual é regido por um corpo de Presbíteros; e o Congregacional, o qual é regido pelo corpo eclesiástico. Embora alguns têm procurado estabelecer as formas Episcopal e Presbiteriana pela autoridade apostólica, não poderia ser assim por diversas razões: (1) Os apóstolos saíram de cena com a morte de João, o último a morrer, e eles não tiveram, nem poderiam eles ter quaisquer sucessores, desde que somente poderia ser um apóstolo se tivesse conhecido Jesus antes e depois de Sua ressurreição, Atos 1:21-22; 1 Coríntios 9:1. (2) Paulo, o principal apóstolo, nega distintamente ter qualquer autoridade sobre a fé das igrejas, 2 Coríntios 1:24. Ele teve o cuidado das igrejas, 2 Coríntios 11:28, mas nenhuma autoridade sobre elas. Assim era com todos os apóstolos. (3) A própria declaração de Jesus sobre a igualdade de todos os crentes sob o Senhorio de Cristo, Mateus 23:8-11.

No relacionamento com Deus, uma igreja deve ser uma teocracia - regida por Deus -mas em seus relacionamentos inter-humanos, ela deve ser congregacional - regida pela maioria dos membros da igreja. Está é a única forma de governo eclesiástico que pode ser encontrado no Novo Testamento, pois da mesma forma os apóstolos apresentavam os assuntos serem decididos diante das igrejas para que elas fizessem a determinação final. Os pastores faziam recomendações, mas as igrejas faziam as decisões finais, como vemos em Atos 1:15-26; 6:1-6, etc. É importante que isto fique gravado em mente, pois a contínua influência depravada da carne, mesmo em crentes genuínos, tende a ser uma tentação para alguns dos líderes da igreja tornarem-se ditadores sobre as igrejas. E enquanto as igrejas deveriam seguir a liderança de homens fiéis, os quais o Senhor tem dado para guiá-las, Hebreus 13:7,17, contudo igreja alguma nunca deveria tolerar um pastor papista, nem qualquer grupo ditatorial dentro de uma igreja que tente dominar suas decisões.

As igrejas Batistas historicamente eram geralmente sadias em suas políticas, e as decisões da igreja eram reconhecidas como a palavra final, sendo ratificada pela autoridade do próprio Jesus se conduzida apropriadamente como o Cabeça da igreja ensinou em Mateus 18:17-20. Mas durante os mais de quarenta anos que este escritor tem estado no ministério tem ocorrido uma séria tendência para a corrupção da política das igrejas Batistas. E o que é mais triste nisto tudo é que esta corrupção não foi imposta sobre as igrejas Batistas por uma autoridade vinda de fora, mas tem ocorrido voluntariamente pelas próprias igrejas. Isso diz alguma coisa sobre a espiritualidade das igrejas.

Se esta corrupção é baseada na ignorância, ou num materialismo egoísta, ou em ambos, não se pode dizer. Entretanto, é certo que atualmente há uma falta lamentável de ensino na maioria das igrejas Batistas sobre a doutrina da igreja, de modo que o batista comum tem pouca compreensão sobre o que uma verdadeira igreja Batista deve ser e fazer.

Ao mesmo tempo, há uma tendência lamentável entre os Cristãos, enquanto imitam o mundo, de procurar confiança e acomodação na maneira de fazer as coisas. O desejo de “ganhar sem ter custo” tem rastejado para dentro das igrejas de modo que poucos estão dispostos a sacrificar e a sofrer pela causa de Cristo e Sua igreja. Uma maioria é pronto comprometer a doutrina e a obediência pessoal antes de perder os costumeiros bancos confortáveis e o ar condicionado nos lugares da adoração, se é que nós podemos chamar suas atividades de adoração. Esta grande ênfase do materialismo aparece ser o ídolo deles.

No princípio do ministério deste escritor ocorreram vários casos de problema em igrejas sendo levados ante aos tribunais civis para serem resolvidos. Receberam destaque publicitário de âmbito nacional por causa que casos imorais como estes eram raramente levados aos tribunais civis, e ao mesmo tempo, estes casos deram maus exemplos para outras igrejas Batistas.

Um deles tratou de uma igreja em Rocky Mount, na Carolina do Norte que se dividiu ao decidir se retirar ou não da Convenção Batista do Sul. A minoria levou o caso aos tribunais civis para impedir o acontecimento. Depois uma igreja Batista em Wichita, no Kansas teve um divisão parecida com relação a membresia manter o status com a Convenção Batista Americana. Uma igreja em Traskwood, no Arkansas, numa disputa acerca do ensinamento do pastor, recusou aceitar a decisão da maioria, e escolheu ao invés procurar um ressarcimento por meio das autoridades civis. Finalmente, uma injunção foi aberta nos tribunais civis por uma igreja Batista em Colorado Springs, no Colorado contra seu antigo pastor que se recusou a reconhecer a autoridade da igreja para sair e deixar o púlpito vago.

Podemos julgar o declínio espiritual nas igrejas Batistas quando consideramos como casos destas se têm tornado banais e populares hoje, visto que antes eram tão raras para fazer a noticiário quando acontecia. Estes casos não ocorriam somente numa determinada Associação, Convenção ou Irmandade em particular, mas ocorriam junto todo tipo de Batistas. E quando os pastores das igrejas não reconhecem a autoridade e a autonomia da igreja como podemos esperar que os leigos o façam?

Não é necessário entrar no certo ou errado de cada disputa neste artigo. É suficiente dizer que ambas as partes em todos os casos estavam erradas ao levar qualquer assunto eclesiástica para fora da igreja e aos tribunais civis. É uma violação da política e da prática Batista levar qualquer decisão além da igreja, Mateus 18:17-20, e indicam um séria apostasia em nosso meio.

Há um século e meio as igrejas Batistas eram sempre soberanas, autônomas e independentes, e não havia nenhuma autoridade terrestre reconhecida por elas mais alta do que a voz do ajuntamento local. As Juntas, Convenções, Associações, Irmandades, e outras tais organizações que presumem ditar às igrejas, seja por comando ou somente por “sugestão,” não são de mui longa data, e não têm qualquer autoridade escriturística. Mas essas mega-organizações existem e sem dúvida têm contribuído muito para a negligência da autoridade do ajuntamento local. Freqüentemente as “sedes” enviam representantes para aconselhar a minoria acerca de como dar a volta na decisão da igreja se tal decisão for prejudicial à manutenção financeira da mega-organização. Isto indica que Mamon - o deus das riquezas - governa mais em suas mentes do que o Senhor.

De onde vem este desdém para com a política da igreja? É o resultado natural para os membros de igreja rejeitar a autoridade da igreja em tais assuntos de disputa se a autoridade da igreja tem sido diariamente posta de lado nos assuntos da obra missionária, do treinamento ministerial, nos programas da igreja, etc., pelas “sugestões” da organização super-igreja à qual a igreja tem-se submetido substituindo assim a sua autoridade eclesiástica.

Permita-nos ouvir o que a Escritura diz a respeito de procurar à lei perante as autoridades civis: “Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis. Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?” 1 Coríntios. 6:1-7.

Diante do exposto não há nada a ser dito em defesa de Cristãos que vão perante a lei contra outros Cristãos. Ela condena claramente toda arbitragem civil entre Cristãos em qualquer tipo de assunto. Jesus disse de Seu povo: “Eles não são deste mundo,” João 17:14, e este mundo nem pode corretamente compreender, nem julgar assuntos espirituais.

Talvez alguns questionariam se 1 Coríntios 6 trata de diferenças pessoais entre irmãos, e não de cismas dentro de uma igreja. Entretanto, não há diferença alguma exceto em grau. As disputas pessoais sempre atraem partidários, e leva apenas um instante para que um desentendimento entre dois irmãos aumente até tragar a igreja inteira. Poucos, pouquíssimos membros da igreja permanecerão completamente neutros e imparciais diante de ambos os partidos em tal situação. Conseqüentemente, não importa se o desentendimento é entre dois indivíduos, ou de duas partes dentro de uma igreja. A condenação por recorrer aos tribunais civis para um ressarcimento judicial aplica-se igualmente em qualquer dos casos, pois o princípio é o mesmo em ambas as instâncias.

Assim podemos ver outra vez a insensatez ao falhar de ensinar a doutrina da igreja. O princípio de autogoverno absoluto tem sido sempre um princípio Batista, e somente uma igreja ignorante e carnal partiria desta prática e submeter-se-ia às autoridades civis para uma decisão sobre qualquer assunto. Mas se não houve um ensino sadio sobre a responsabilidade Cristã a respeito da submissão à autoridade da igreja, o mundanismo motivará os menos espirituais a apelar para uma autoridade mais elevada.

O Cabeça da igreja ensinou Sua igreja primitiva a respeito disto em Mateus 18:15-18, onde a maneira Escriturística para se resolver disputas na igreja foi dada: (1) as diferenças individuais devem ser resolvidas individualmente, v. 15. (2) Se, entretanto, esta tentativa de reconciliação falhar, outros deve ser tomados como testemunhas e árbitros, v. 16. (3) Falhando isto, deve ser trazida diante da igreja para seu julgamento e decisão, v. 17. (4) Se a parte ou partes culpadas se recusarem a ouvir a voz da igreja, então elas devem ser tratadas doravante como os pecadores descrentes que parecem ser até que se consertem com a parte ofendida e com a igreja, v. 17. Mas o que deve ser observado é que a decisão final deve ser da igreja. “E, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.” Estes dois termos eram comumente usados para aqueles que não eram salvos.

Sem dúvida alguém perguntará: “Mas e se a igreja estiver errada? Não há opção judicial se ela estiver correta e a igreja estiver errada?” Isto está tratado no v. 18 mas não é tão claro na Versão Autorizada ou da ACF. Este versículo não ensina que cada decisão de cada igreja é ratificada por Deus incondicionalmente, como aparece. Alguns dos tempos verbais nem são traduzidos, e os outros não revelam seu significado completo. Uma paráfrase literal, dando a completa expressão a cada verbo, seria: “Aquilo que ligardes na terra deve ser o que já tem sido ligado no céu, como a uma lei, e aquilo que desligardes na terra deve ser o que já tem sido desligado no céu, como a uma lei.” Várias das traduções mais literais reconhecem este sentido. Assim, este versículo ensina que uma igreja deve ligar ou desligar apenas de acordo com princípios já revelados do céu, ou seja, de acordo com as Escrituras.

Cada igreja tem responsabilidade diante do Senhor, assim como cada indivíduo o tem, e cada igreja que faz mal uso de sua autoridade responderá ao Senhor pela perversão da Verdade. Todavia, o cristão é responsável a ‘sofrer a injustiça’ e ‘sofrer dano’ ao invés de apelar da decisão da igreja à qualquer outra autoridade, 1 Coríntios 6: 7.

Mas isto é nada fácil, pois os com uma mente carnal e mundana não gostam de perder vantagens financeiras. Tampouco deleitam em sofrer a perda de coisas materiais que têm ajudado produzir, contudo é isto mesmo a exigência de Deus para Seu povo quando eles não podem obter uma decisão justa pela igreja. Foi privilégio do escritor há muitos anos pregar momentaneamente para um pequeno grupo de Batistas que tinham feito exatamente isto. Eles tinham trabalhado e sacrificado ajudando a levantar um belo edifício, entretanto mais tarde, percebendo a igreja ser corrompida por um pastor ditatorial, e sendo incapazes de obter da igreja a justa atenção para suas queixas, Eles deixaram a igreja. Eles abandonaram o resultado de seus trabalhos e sacrifícios ao invés de violarem as Escrituras procurando o ressarcimento civil. O Senhor abençoará sempre os tais, pois “a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude,” 1 Coríntios 10:26, e Ele é poderoso para restaurar suas perdas. Entretanto, Ele pode ou não restaurar perdas nesta vida, mas ninguém sobrevive a Deus. Devedor, Deus nunca será.

A renúncia às coisas materiais se for necessário pela causa do Senhor é a exigência da Escritura, e esta tem sido a prática histórica Batista, mas ela está sendo grandemente abusada e corrompida por muitos nestes últimos dias. Entretanto tais corrupções produzem frutos que eventualmente serão comidos por aqueles que os produzem. Um caso referente a questão pode ser citado da história da igreja.

No quarto século um grupo Batista, os Donatistas, numa contenda com algumas das igrejas corrompidas naqueles dias, ou apelaram ao tribunal civil para a resolução do assunto em causa, ou pelo menos concordaram em permitir as autoridades civis julgarem o assunto. De qualquer modo, o Imperador Constantino, na sabedoria do mundo, rejeitou a questão espiritual dos Donatistas dando preferência pelo posicionamento mundano e corrupto do partido Católico, e emitiu éditos de repressão e de perseguição contra os Donatistas. Este fato está registrado na maioria dos livros da História Eclesiástica que tratam daquela época. As igrejas que agora apelam aos tribunais civis para resolver assuntos internos podem amanhã ser reprimidas e perseguidas pelas mesmas autoridades civis corrompidas por uma igreja controlada pelo estado.

Que o julgamento em qualquer assunto espiritual deve ser feito dentro da congregação local é evidente na Escritura, porque Paulo foi movido expressamente a dizer, “Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.,” 1 Coríntios 5:12-13. “Fora” e “dentro” relacionadas ao ser parte ou não da membresia da igreja. A igreja deve julgar-se a si mesma. O mundo não tem qualquer autoridade, inerente ou delegada, para exercer juízo sobre os Cristãos em assuntos espirituais. Ele tem autoridade sobre todos os assuntos civis, como se mostra Romanos 13:1-7.

Os cismas e os grupos partidários nas igrejas, que causam estas corrupções da política Batista, é o resultado da carnalidade por parte dos membros da igreja. Paulo não economizou palavras quando disse aos Coríntios: “Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?” 1 Coríntios 3:3. Não só isso, mas tal situação torna impossível observar a Ceia do Senhor escriturísticamente, pois Ele também diz “Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para (ou, não pode) comer a ceia do Senhor,” 1 Coríntios 11:18-20. Isto é, a separação deles impediu um cumprimento Escriturístico desta ordenança, pois o uso de apenas um pão na ordenança simboliza a unidade do corpo da igreja, 1 Coríntios 10:16-17.

A maioria das divisões que findam essa apelação ao tribunal civil é o resultado de: (1) Ignorância da responsabilidade individual e coletiva nos assuntos da igreja. (2) Ignorância das Escrituras com relação à política e a autoridade da igreja. (3) Visão carnal e materialista da prática eclesiástica. (4) Atitudes rebeldes para com a autoridade da igreja. (5) Enredar-se em alianças com instituições humanas que reivindicam maior lealdade do que a igreja. (6) O orgulhoso espírito partidário que recusa humilhar-se a si mesmo à luz das Escrituras.

O antídoto para todas estas coisas é encontrado no estudo das Escrituras, no ensino e na pregação doutrinária, e na aplicação prática da verdade eclesiástica sob a liderança do Espírito Santo. Onde estes estão em falta, continuará existindo cada vez mais e mais corrupção da verdade eclesiástica Batista até que o seu castiçal seja removido, Apocalipse 2:5, e a igreja carnal e corrupta se tornará em nada mais do que uma sinagoga de Satanás, Apocalipse 2:9. Lembre, a igreja Romana foi uma vez uma igreja Batista até que corrompeu sua doutrina, política e prática. Agora ela está assentada sobre os sete montes de Roma, Apocalipse 17:9, e governa sobre os reis da terra, Apocalipse 17:18, como o “MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA, A MÃE DAS PROSTITUIÇÕES E ABOMINAÇÕES DA TERRA,” Apocalipse 17:5.

Possa o Senhor Jesus Cristo, o “CABEÇA da igreja,” despertar suas igrejas da ignorância e carnalidade delas antes que se corrompam tão completamente que Ele tenha necessidade em vir e remover-lhes o castiçal de seu lugar.

 

Autor: Pr Davis W. Huckabee
Tradução e Correção gramatical: Hirialte Luis Fontoura dos Santos 05/2009
Revisão: Calvin Gardner, 08/2009
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br