Verdades Eclesiásticas

Capitulo 8 - ORGANIZAÇÃO DE UMA IGREJA ESCRITURÍSTICA

Na organização de uma igreja Neotestamentária muitas pessoas parecem pensar que nada mais é preciso do que apenas “fuçar um local qualquer, alugar ou comprar um edifício e ganhar almas," e então têm automaticamente uma igreja esriturística. Mas isto procede de uma idéia muito errada acerca do que é uma igreja escriturística, e como uma igreja é constituída. Erros que ocorreram através alguns evangelistas renomados do passado, cuja pregação, sendo quase inteiramente evangelística, era muito superficial, doutrinariamente falando. Para muitos, evangelismo é o alfa e o ômega do Cristianismo, e eles não perdem qualquer oportunidade para depreciar ensino e a pregação doutrinária, como se fossem a essência exata de toda a divisão e erro. Mas na realidade, o caso é o oposto, e alguém tem apenas que considerar as porções da Escritura que foram endereçadas aos pregadores para ver que ênfase é melhor colocada sobre as mesmas pregando e ensinando doutrina do que sobre evangelismo. Salvação não é o fim; é apenas o começo, e fazer parte do corpo e servir numa igreja sadia é a única maneira apropriada de glorificar Deus, Efésios 3:21. Mas Satanás, criatura astuta que é, 2Coríntios 11:3; Efésios 6:11, tem suas igrejas falsas para desviar até mesmo aqueles que são salvos genuinamente de seu dever comandado para glorificar a Deus em Sua igreja.

A constituição Bíblica de igreja não faz parte nenhuma do processo da salvação. Tal constituição deve acontecer depois que as almas são salvas e batizadas escrituristicamente. Contudo muitos que reivindicam servir a Deus não fazem qualquer esforço para incorporar seus convertidos ao único lugar que o Novo Testamento diz onde Deus deve ser glorificado.

Para ilustrar o pensamento superficial a respeito da organização correta da igreja, o escritor gostaria de citar duas experiências pessoais. Quando ele foi chamado a pastorear um grupo em Salém, Ohio, que estava apenas começando a entender a verdade da igreja, foi-lhe dito que eles tinham sérias dúvidas se eles tinham sido organizados escrituristicamente. Eles disseram que se ele se tornasse o pastor, eles gostariam que ele conferisse este assunto, e que eles seguiriam sua recomendação neste assunto. Embora esta "igreja" tivesse existido debaixo de dois nomes diferentes durante uns vinte e cinco anos, às vezes tendo uma freqüência de mais de duzentos, não foi encontrada nem a menor evidência de uma organização Bíblica. Aparentemente um pregador super-zeloso, mas ignorante tinha juntado alguns supostos convertidos e decretou "nós somos uma igreja." Nós dizemos "supostos convertidos" porque entre as centenas de almas que supostamente "foram ganhos ao Senhor" apenas uma porcentagem pequena deram evidências de ser salvos genuinamente. Muitos dos outros ainda moram nesta cidade, mas eles não diferem em nada da população não-cristã. Sob a recomendação do pastor, o grupo foi dissolvido, e uma autoridade escriturística para cuidar da reorganização, a ser detalhada depois, foi buscada e implementada.

Mais recentemente o escritor encontrou-se e conversou com um pregador que tinha estado em atividade no ministério por muitos anos. Ele relatou como em um ano sua esposa tinha organizado dez Escolas Bíblicas de Férias em uma determinada cidade, então ostentou: "Minha esposa organizou igrejas a partir delas." Agora pode ser que talvez ele era muito orgulhoso do trabalho de sua esposa, e poderia ter apenas significado que os convertidos daquelas Escolas bíblicas de Férias foram constituídos depois em igrejas. Porém isso soa como se ela fosse a única autoridade para a implantação daquelas igrejas, e nesses casos, sem forçar a imaginação, nenhuma delas deveriam ser igrejas escriturísticas. E é triste ter que dizer que muitas pessoas estão tão confusas em seus pensamentos acerca do que constitui uma igreja Neotestamentária.

Como todas as outras coisas, na organização de igrejas, há um modo certo e um modo errado para fazê-lo. E o diabo usará tudo ao seu alcance para garantir que um grupo descuidado de Cristãos professos faça isto do modo errado, para nisto ele formular uma falsa igreja, apesar dela poder ser constituída de pessoas salvas. Um grupo genuinamente composto de pessoas salvas e batizadas escriturísticamente jamais constituem uma igreja escriturística apenas por sua união, assim como uma pilha de mãos, braços, pernas, tórax, órgãos internos e cabeça necessariamente não constitui um corpo humano real. Como é necessário uma organização apropriada e vida para constituir de um grupo de partes do corpo humano em um ser humano real, assim da mesma forma é necessário uma organização apropriada e vida para constituir um grupo de pessoas salvas no corpo de Cristo. E em particular, não pode haver qualquer igreja escriturística sem a vida apropriada incorporada no corpo.

Neste momento, alguns contestariam que uma igreja não é uma organização, mas um organismo. Mas ser um organismo - uma coisa viva – implica e necessita organização, pois o organismo mais simples tem uma organização definida para ele, ou não teria vida. Organismo e organização não são duas coisas opostas e incompatíveis numa igreja. Pelo contrário, eles são de fato dois aspectos mutuamente harmoniosos de uma igreja escriturística, sem qualquer um deles não pode haver qualquer igreja real.

Na criação original das diferentes espécies de criaturas - organismos - em Gênesis 1, Deus pôs em funcionamento as leis de reprodução, e estas foram caracterizados pelas palavras "segundo a sua espécie." Esta frase aparece não menos que dez vezes em Gênesis 1. E enquanto nós não achamos esta frase no Testamento Novo em relação à igreja, ainda é lógico acreditar que a igreja, sendo um organismo - uma coisa viva - também será governada por esta lei. Se não, por qual lei? A lei de confusão e rebelião?

Em harmonia a isto, no Novo Testamento não encontramos qualquer igreja que possa provar que tenha brotado espontaneamente, e por si mesma. É verdade que encontramos algumas igrejas cuja origem não é detalhada, mas onde a origem é detalhada, está consistentemente em harmonia com a lei “segundo a sua espécie”. Igrejas devem nascer de outras igrejas, não de um solo estéril proveniente do entusiasmo, sabedoria e força humana. O único exemplo no Novo Testamento que se aproxima de uma origem de uma igreja sem a autoridade de outra igreja foi aquela dos doze homens Efésios em Atos 19:1vv.

Estes homens tinham feito profissões de fé, tinham sido batizados e foram ajuntados num corpo religioso, mas Paulo, examinando-os, confirmou que eles eram grotescamente ignorantes acerca da verdade espiritual. Parece evidente que alguém - talvez Apolo - tivesse se esforçado em perpetuar o ministério de João o Batista cerca de trinta e cinco anos ou mais depois de sua morte. Este era um ministério que nunca teve a intenção de ser perpetuado, pois a sua tarefa exclusiva era "preparar o caminho diante do Senhor", Marco 1:2, e “preparar ao Senhor um povo bem disposto", Lucas 1:17. Estes doze homens em Efésios tinham sido batizados "no batismo de João", Atos 19:3 (mas não "por João"), contudo eles não tiveram o Espírito Santo em Seu ofício como Consolador habitando neles como um corpo de igreja.

Eles tiveram um batismo defeituoso, mas não por causa do modo errado, pois eles foram imergidos. O batismo deles estava defeituoso: 1 - possivelmente porque eles não eram sujeitos apropriados (parece possível que eles não eram crentes genuínos); 2 - possivelmente porque eles não tiveram o propósito apropriado ao serem batizado (eles pareciam não ter entendido o que era o propósito de batismo); 3 - mas certamente porque eles não foram batizados por alguém que tivesse a autoridade apropriada. Paulo reconheceu o batismo de João como escriturístico, em relação ao seu modo, propósito, candidatos e autoridade, v. 4, contudo ele procedeu em rebatizar estes homens quando eles satisfizeram as exigências.

Tudo isto mostra que na organização escriturística de uma igreja deve haver a transmissão de autoridade de uma igreja sadia a uma potencial igreja antes que a mesma tenha o direito para chamar-se a si mesmo de igreja e agir como uma igreja. Portanto foi depois que o Diácono Felipe teve grande sucesso ao pregar em Samaria que Pedro e João, da igreja de Jerusalém, foram enviados até Samaria para organizar escriturísticamente os novos convertido numa igreja, Atos 8:14-17. A recepção do Espírito Santo neste exemplo não era a recepção individual do Espírito que acontece quando qualquer um é verdadeiramente salvo, Romanos 8:9. Em vez disso foi o batismo do corpo de convertidos no Espírito santo (nos idiomas originais inspirados isto nunca é batismo "pelo Espírito", porque Ele é o elemento, não o agente) um símbolo dado em confirmação que eram uma igreja Neotestamentária. Este batismo no Espírito Santo sempre foi uma coisa corporativa – sobre um corpo de convertidos – nunca para pessoas em particular. Isto aconteceu somente três ou talvez quatro vezes na história, as três vezes correspondem às três divisões de Atos 1:8. E a possível quarta vez está em Atos 19:1-7.

Um grupo totalmente Judeu foi batizado no Espírito em Atos 2 em sinal que eles eram a “casa de Deus”. Isto foi necessário para autenticá-los num modo semelhante ao que tinha sido feito para autenticar o Tabernáculo, e então depois o Templo. A mesma coisa aconteceu a um grupo de Samaritanos para também autenticar o status de igreja deles, Atos 8:14-17. Sem isto, os Judeus nacionalistas provavelmente não teriam reconhecido que as igrejas Samaritanas estavam no mesmo nível que eles. Então isto aconteceu novamente com um grupo completamente Gentio em Atos 10:44-48. Isto é confirmado em Atos 11:1-4, 12-18, como sendo a mesma coisa que tinha acontecido ao grupo Judeu em Atos 2. Se Atos 19:1vv é um outro exemplo, talvez seja para mostrar que quando uma igreja espúria foi reorganizada sobre princípios bíblicos, ela também teve a habitação do Consolado, mas não de outra forma.

Nunca houve qualquer outro exemplo que poderia definitivamente ser provado como sendo o batismo do Espírito Santo, nem haveria necessidade alguma de outro, pois estes provaram que Deus reconheceu crentes de todas as nações, Judeu, Samaritano e Gentio, como Sua casa de testemunha. Mas também seria necessário de agora em diante que um grupo de santos, que desejassem se tornar uma igreja do Deus vivo, recebesse autoridade de uma destas igrejas existentes que foram batizadas no Espírito Santo, ou então de uma igreja que obteve sua autoridade de uma delas em uma linha direta.

Há um princípio importante que está envolvido em tudo isso. Igrejas são comparadas a corpos humanos, mas homem algum pode criar um corpo humano. Deve nascer de um humano já existente, mas acontecendo isto, é transmitido, não só o corpo físico, mas também o espírito humano. Isto é chamado traducianismo - a transmissão das características espirituais bem como também as físicas através do nascimento - e é a única forma de explicar o fato de características espirituais hereditárias bem como também as características físicas hereditárias em seres humanos. Também explica que a depravação hereditária qual é transmitida de pai para filhos. Mas o princípio envolvido, como aplicado a igrejas é que, entretanto o homem possa criar uma organização eclesiástica, não terá a habitação do Espírito de Deus em sua capacidade como o Consolador a menos que ela tenha nascido de uma igreja escriturística que tenha o Consolador. Baseado em João 16:13-14, nós temos neste a explicação do porquê igrejas organizadas não conforme às Escrituras são em muitos assuntos sempre fracas. Elas não têm o ensino do Consolador, o Qual apenas revela os grandes mistérios da fé (1Coríntios 2:10-12), e no seu melhor momento têm apenas o ensino de homens.

Não se garante prontamente que alguém seja capaz de traçar uma linha direta de sucessão da igreja de volta ao primeiro século, mas isto não é justificativa para que qualquer um se esqueça completamente da autoridade da igreja. Esforçamos o máximo possível para achar uma linha de sucessão da igreja: nós achamos uma linha de sucessão de um grupo (grupos de Cristãos que professam à mesma fé e prática) e esforçamo-nos para ter igrejas que estão nesta linha de sucessão. Esta é uma das razões por que os Batistas não podem receber consistentemente membros por carta de denominações Protestantes. Todas as igrejas Protestantes são meramente de origem humana, tendo sido organizadas por algum fundador humano há muitos séculos deste lado da idade apostólica, e todos elas têm uma origem diretamente ou indiretamente de Roma, e nenhuma delas se origina de uma igreja que possui o Consolador.

Os fatos destacados acima fazem certas coisas evidente. Nenhuma igreja que é organizada apenas na autoridade de algum pregador – por mais santo ou sadio que ele possa ser - e nenhum grupo que simplesmente decida se constituir numa igreja – não importa quão corretamente salvo e corretamente batizado seu povo possa ser - e ainda mais, nenhum grupo que sai de uma organização eclesiástica que não é neotestamentária, pode ser uma igreja organizada conforme as Escrituras na visão de Deus.

Nós já destacamos como a igreja de Jerusalém enviou Pedro e João até Samaria para constituir os convertidos de lá numa igreja. A mesma coisa pode ser observada em Atos 10, pois quando o Pedro desceu até Cesárea para a casa de Cornélio, ele levou com ele seis homens da igreja de Jope. Estes seis homens sem dúvidas constituíam uma maioria dos membros masculinos daquela igreja, ou possivelmente eles eram a totalidade de seus membros masculinos, mas em todo caso, ele apresentou a eles o assunto em Atos 10:47 antes de agir entre os convertidos. Claramente nem mesmo um apóstolo tomaria qualquer ação para organizar uma igreja sem a autoridade de alguma das igrejas de Deus dando-lhe respaldo.

Mais uma vez nós vemos a mesma situação em Antioquia, pois quando a igreja de Jerusalém ouviu que almas estavam sendo salvas pela pregação dos discípulos perseguidos (At. 11:19-21), eles enviaram Barnabé até lá para os ajudar e ensinar e exortar (At. 11:22-25). Sua autoridade estava expressamente limitada ao grupo em Antioquia, mas imediatamente depois de sua visita lá, o grupo foi reconhecido como uma igreja, v. 26. Obviamente houve uma organização algum tempo depois da chegada de Barnabé aqui.

Alguns ensinam que tudo que é necessário para um homem organizar igrejas é que ele tenha uma chamada divina para pregar. Se assim fosse, não teria sido necessário mais tarde que a igreja em Antioquia tivesse chamado Barnabé e Saulo para os enviar, pois eles já tinham sido chamados por Deus a este trabalho, como o tempo verbal "ter chamado" (At. 13:4), mostra. Esta igreja foi chamada pelo Espírito Santo para enviar estes homens com autoridade para fazer o trabalho missionário, que envolve a organização dos convertidos em igrejas. O fato de Paulo e os outros missionários enviarem relatórios a esta igreja depois de cada viagem missionária, Atos 14:26-27, também enfatiza o fato de que a autoridade por seus trabalho era desta igreja. Assim, as provas claramente estabelecem a verdade da necessidade de uma autoridade apropriada para organizar igrejas.

A responsabilidade para transmitir autoridade escriturística a grupos de novos convertidos está implicada na Grande Comissão, pois a ordem é que esses que são convertidos pela pregação do Evangelho (Mateus 28:18-19; Marcos 16:15) devem ser batizados. Mas isto é necessariamente um ato de incorporação, pois todo batismo escriturístico é "em um corpo", 1Coríntios 12:13. Assim a comissão exige a organização de uma igreja local onde as pessoas se convertem, tão logo que seja útil, para que eles, como uma igreja Neotestamentária, começam a executar por si mesmos esta Grande Comissão. Parece certo que isto era a pratica de Paulo e dos outros missionários pelo fato de que em todos os lugares que eles tiveram sucesso na pregação do Evangelho, igrejas eram encontradas logo após que eles terem estado lá. A Grande Comissão impõe isto, e a igreja de Antioquia obedientemente autorizou os missionários a colocarem isto em prática.

Talvez alguns, num esforço em desculpar sua própria desobediência, contestariam que tal autoridade da igreja não é expressamente declarada. Mas não tem que ser expressamente declarado, pois o exemplo apostólico é tão autorizado quanto um mandamento, onde não há nenhum mandamento em contrário, e este exemplo é visto repetidamente no Livro de Atos sem nenhuma acusação expressa. Está claro a qualquer um que está disposto para ver, que as primeiras igrejas que vieram a existir depois da igreja de Jerusalém eram todas organizadas sob a autoridade daquela igreja pelos homens que foram enviados da igreja de Jerusalém para aquele propósito específico. Nenhum deles teve iniciativa própria em fazer isto, mas tudo foi expressamente dito para serem enviados por aquela igreja.

Novamente, talvez alguém contestará que, entretanto, este pode ser o caso nos escritos mais recentes do Novo Testamento, contudo os livros posteriores estão calados sobre tal prática. Tal objeção é uma mendicância da questão, pois a única resposta necessária a isto é que uma vez que um princípio ou prática é estabelecido por mandamento Divino ou exemplo apostólico, jamais é necessário de um mandamento subseqüente ou exemplo relativo a ele a menos que o princípio ou prática seja alterados. Mas o mesmo fato que os livros posteriores do Novo Testamento estão mais calados acerca da autoridade da igreja quanto a organizar igrejas prova que o modo original no Livro de Atos continuou sendo o modo escriturístico até o fim da idade apostólica. E se foi assim até a morte do último apóstolo, ainda é o modo escriturístico até este mesmo dia, e será perpetuamente até o fim da idade de igreja. A única pergunta sobre este assunto é: O povo de Deus será obediente à palavra de Deus?

Já que o Deus tem declarado que a igreja é onde Sua glória deve estar, Efésios 3:21, parece claro que qualquer tentativa de contornar a autoridade da igreja ou de substituir qualquer outra autoridade ao organizar uma nova congregação, é manifestamente um ato de rebelião contra a vontade de Deus, e não pode ter a bênção de Deus. Tal igreja pode crescer grande e imponente aos olhos do homem, pois Satanás ama qualquer coisa que está em desarmonia com a vontade de Deus e ele fará nada para impedir tal invenção humana.

Alguns tem se esforçado em usar Mateus 18:20 para justificar a falta de autoridade da igreja na organização de igrejas. Este verso diz: "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." Eles sustentam que mesmo poucos como dois ou três podem declarar a si mesmos como sendo ser uma igreja, e sem qualquer outra autoridade assim será. É muito estranho que qualquer um tentaria usar este verso nesta maneira, pois o versículo segue um ensino que é uma declaração fortemente formulada da autoridade de igreja. Tristemente os tradutores, por uma tradução não apropriada de todos os verbos, têm obscurecido a exigência de Deus para fazer apenas o que é revelado do céu para ser a vontade de Deus. Uma interpretação literal do v18, bem como 16:19, levando em conta todos os verbos em seus próprios sentidos deveria ser lido assim: "E tudo aquilo que ligardes na terra será o que já foi ligado no céu; e tudo aquilo que desligardes na terra será o que já foi desligado no céu." Assim, em vez destes versos serem uma carta branca de permissão para as igrejas fazerem tudo que lhes agradem, como Roma e outros reivindicam, eles são antes uma exigência que ninguém pode fazer nada exceto em concordância com os princípios revelados no céu. Isto é, tudo deve ser baseado nos princípios da Sagrada Escritura. Ao longo de toda a história Batista, este tem sido seu princípio controlador.

Mateus 18:20 não pode ser retirado fora de seu contexto, que é o que é feito quando os homens usam-no para tentar justificar falta de autoridade ao organizar uma igreja. Isto faz parte de um dos ensinos mais fortemente formulados da autoridade da igreja, e deve ser interpretado apenas em harmonia com essa autoridade. Então, longe de justificar a falta de autoridade da igreja, tudo que este verso faz é mostrar que até mesmo onde dois ou três que estão juntos reunidos debaixo da autoridade de uma igreja como está expresso nos v. 17-19, lá Deus promete estar com eles.

Porém, enquanto é sempre sábio ter autoridade formal de uma igreja escriturística para organizar outra igreja, pode haver igrejas sadias que Deus as possui como dEle que não foram organizadas com autoridade formal de outra igreja. Para ilustrar, tem havido algumas igrejas que são verdadeiramente igrejas de Deus que foram organizadas por associações missionárias de alguma organização super-igreja Batista. Mas estas são verdadeiras igrejas escriturísticas, não por causa do modo elas foram organizadas, apesar disto. Tais organizações como convenções, associações, irmandades, etc., não têm autoridade divina para organizar igrejas, mas uma igreja organizada por alguma destas pode ser uma igreja escriturística por causa de qualquer um, ou todos, dos seguintes fatores: 1 - se alguns dos membros fundadores que constituir a organização possuir uma carta de recomendação de uma igreja sadia, concedida com a finalidade expressa de participar de uma nova organização isto constituiria uma autoridade válida da igreja; 2 - Se os pastores e pregadores que auxiliarem o grupo em sua organização vir de suas próprias igrejas com autoridade para o fazer, (se a autoridade for formal ou informal) isto igualmente constituiria autoridade suficiente para organizar, pois isto seria a autorização de um igreja já existente para a nova; 3 - Costumava ser a prática, e ainda é em alguns lugares, convocar um conselho de igrejas Batistas para reconhecer uma nova igreja logo após sua organização. Isto poderia ser considerado autoridade apropriada para a nova igreja, embora prorrogada após o fato; 4 - O missionário que toma a liderança em tal organização, apesar dele ter se submetido à uma organização eclesiástica sem autoridade escriturística, pode ter vindo de alguma igreja que o enviou sob uma suposição que ele organizaria convertidos numa igreja, e assim, com autoridade implícita para fazer isto. Deste modo também constituiria autoridade escriturística para a nova igreja.

Entretanto nenhum destes reflete o modo ideal para organizar uma nova igreja. Na melhor das hipóteses, eles constituem apenas uma autoridade marginal para a organização. O modo ideal para organizar uma igreja Neotestamentária é o modo que era feito no Livro de Atos, pois acerca deste modo não pode haver qualquer duvida de ter autoridade apropriada. Isto seria para uma igreja autorizar e enviar um ou mais de seus membros masculinos ao local que deseja organizar uma igreja, e, tão logo que um número suficiente de santos qualificados seja organizado com propósitos práticos, devem ser constituídos pela autoridade da igreja patrocinadora, em um novo Corpo de Cristo.

Porém, é freqüentemente uma falta de sabedoria organizar um grupo pequeno ou fraco numa igreja, a menos que nele estejam incluídos alguns homens dedicados e sadios, o grupo sucumbirá logo ao fracasso e só deixará um pobre testemunho na comunidade. Números não significam muito, pois uma dúzia de homens sadios e dedicados em uma nova igreja pode ser melhor que cem pessoas onde não há ninguém que seja forte na fé e dedicado à causa de Deus. Embora possa ser considerada uma coisa excelente para um pregador ostentar que ele conduziu a organização de uma igreja, ou de várias igrejas, contudo o mais importante é, se aquelas igrejas organizadas cresceram bem, ou elas enfraqueceram e morreram logo por estarem má equipadas para enfrentar os problemas e pressões do mundo.

Por sua vez, algumas igrejas foram corretamente organizadas, mas elas não foram servidas por um pastor fiel, e assim, elas saíram de cena rapidamente. Não há glória alguma para alguém quando uma igreja é organizada e depois abandonada sem um pastor para servir e cuidar dela. Provavelmente seria melhor não organizar uma igreja do que organizar uma e depois tê-la a morrer em poucos meses por falta de liderança apropriada. É possível observar de um número de referências incidentais em Atos e nas epístolas de Paulo que ele geralmente deixou um dos outros missionários a pastorear as igrejas que ele organizou. Então depois de um tempo, quando Deus tivesse levantado alguém dos próprios homens da igreja para ser o pastor, o missionário reuniria com Paulo e os outros em algum outro campo missionário.

Às vezes um pregador aceitará o pastorado de tal igreja presumindo que ele será capaz de construir rapidamente uma grande e larga igreja a partir desta, e assim, fazer um nome para si mesmo. E quando ele percebe que isso não funcionará desta forma, em alguns meses ele abandona a infante igreja e deixa-a morrer uma morte lenta e debilitada. Isto é um perigo especialmente para jovens pregadores que estão cheio de orgulho e presunção, 1Timóteo 3:6, mas os pastores mais velhos não estão imunes a isto.

Existem muitas igrejas que surgem de um dia para outra, e então perecem quase tão depressa quanto surgiram porque elas ou não têm raiz adequada, mas apenas surgiram de raízes apodrecidas, ou então elas morrem por falta de um sério cuidado pastoral. A morte de qualquer igreja, se velha ou jovem, é uma coisa trágica, e alguém tem que levar a culpa por isto, pois Deus não mata igrejas. O diabo o faz, contudo nem sequer o diabo não pode matar uma igreja sem ajuda vinda do interior, exceto perseguindo seus membros até a morte, como ele sempre fez no passado. No presente, o modo mais eficiente do diabo é através de putrefação interna.

Infelizmente todos nós temos que lutar contra nossa quota total do orgulho Adâmico, que freqüentemente nos move a buscar por glória que não nos pertence. Às vezes alguém procura organizar uma igreja sem autoridade apropriada por ignorância. Mas às vezes isto é feito porque ele quer todo o crédito por começar a igreja. Orgulho é uma armadilha perigosa especialmente para o jovem pregador, que ainda não aprendeu a sua própria nulidade no trabalho de Deus. O Irmão R. J. Anderson, agora com o Deus, disse uma vez que "os Pregadores são como vespas – são maiores quando são chocadas." É interessante notar que na imposição Divina em 1Timóteo 3:6, antes referida a, "para que, ensoberbecendo-se" possa também ser corretamente interpretada "para que, não se torne demente com o orgulho." Orgulho é uma forma de insanidade. Não, ninguém - nem mesmo os salvos - está imune a orgulho, pois ele é um das três formas principais de tentação, 1João 2:16. E assim, quando qualquer pessoa procurar organizar uma igreja independentemente da autoridade da igreja, deve ser devido à necessidade de uma destas duas razões: ou por ignorância do modo correto, ou então por causa de orgulho e o desejo pela própria glória.

Nos alegramos em ver cada nova congregação organizada para a glória do Deus, mas aquelas que são organizadas apenas como um monumento ao orgulho e egoísmo e obstinação do homem, desprezamos com pena por aqueles que fazem parte delas. Nosso Senhor pagou o mesmo alto preço por Suas igrejas que Ele pagou por Seus santos - o preço de Seu próprio sangue derramado - e por esta razão toda pessoa deveria ter a mais alta consideração e interesse no bem-estar de cada uma de Suas igrejas. Tanto os ocupantes do púlpito quanto os membros devem se esforçar o seu melhor para a saúde e santidade da igreja da qual eles são membros.

Toda igreja que é corretamente organizada é um Templo do Espírito Santo, pois Ele reside nela como Representante de Cristo e o Consolador dos santos, 1Coríntios 3:16-17; João 16:7-15. Mas toda igreja que não é corretamente organizada é, na melhor das hipóteses, apenas uma organização humana e pode ser uma sinagoga de Satanás, pois ela pode ser instrumento de Satanás para conduzir os homens para fora do caminho, entretanto pode haver pessoas salvas nela, Apocalipse 2:9; 3:9. Tudo isto aponta para a necessidade de cuidado escriturístico e santo na organização de uma igreja.

Todas as coisas vivas nascem “segundo a sua espécie" e uma igreja Neotestamentária, como um organismo, é uma coisa viva, e assim deve vir á existência de uma de sua própria espécie. É verdade que Deus pode criar qualquer coisa do nada, e Ele fez assim quando a igreja de Jerusalém foi trazida á existência em Marcos 3:13vv. Mas depois que Deus tem uma vez começado um gênero de qualquer espécie, Ele geralmente não reverte à criação para produzi-lo, mas causa-lhe a seguir as leis naturais de reprodução. Conseqüentemente, deve haver autoridade escriturística de uma igreja já existente antes que uma nova igreja possa ser trazida à existência. Pessoas nascem das pessoas, animais nascem de animais e igrejas devem nascer de igrejas. Se alguém discorda deixe-o levar o assunto com o Espírito de Deus Quem tem estabelecido exemplos nítidos no Livro de Atos deste método de reprodução de igrejas. Mas não permita que ninguém se engane em pensar que Deus perdoará a rejeição e rebelião contra a Palavra de Deus, simplesmente porque ele mesmo pode se glorificar como o originador de uma organização eclesiástica. Permita-nos lembrar tudo que Jesus disse em João 12:47-48: "E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia." Não são somente as palavras de Jesus, as vezes impressas em letras vermelha dos Evangelhos que são inspiradas. Tudo do Novo Testamento constituem as "palavras" de Jesus que o Espírito Santo recebe dEle para mostrar ao Seu povo, João 16:13-15.

SUA IGREJA É ESCRITURISTICAMENTE ORGANIZADA?

 

Autor: Pr Davis W. Huckabee
Tradução e Correção gramatical: Hirialte Luis Fontoura dos Santos 05/2009
Revisão: Calvin Joy e Charity Gardner, 06/2010
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br