A Causa de Deus e A Verdade - Parte I - John Gill D.D.

Seção 20-Ezequiel 18.30

“Portanto, eu vos julgarei, cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus, Tornai-vos e convertei-vos de todas as vossas transgressões, e a iniquidade não vos servirá de tropeço.”

Estas exortações são representadas como contrárias às doutrinas da eleição absoluta, da reprovação e da graça infrustrável na conversão. O argumento deles é sustentado desta maneira: [1] que Deus faria com que todos os homens aos quais, o Evangelho tinha sido concedido, chegassem ao arrependimento, e que Ele não tinha preparado esta graça salvadora apenas para alguns poucos Cristãos, deixando o restante sob a necessidade de perecer pela carência dela; pois para todas essas pessoas, Ele promete que elas não pereceriam." E em outro lugar, é dito, [2] que "tais homens iludidos com palavras vãs, que ensinam que um Deus de verdade, de sinceridade e de grande bondade deveria dizer para as pessoas com esses sintomas de preocupação apaixonada, Arrependei-vos e convertei-vos de todas as vossas transgressões, e a iniquidade não vos servirá de tropeço; quando Ele próprio desde a eternidade tinha-os nomeado para a ruína e propôs reter deles aquela graça, sem a qual era impossível que eles se arrependessem como deveriam ou fossem convertidos;" e que, [3] "se a conversão for ativada apenas pela operação infrustrável de Deus, e que o homem é puramente passivo nela, são vãs todas tais exortações." A todas eu respondo:

1. que estas exortações não são feitas a todos os homens, mas somente à casa de Israel; e, portanto, não contradizem a preparação da graça salvadora para alguns poucos apenas, como eram os Israelitas; nem nós afirmamos que Deus tem preparado a graça salvadora apenas para alguns poucos Cristãos, mas para todos os Cristãos; isto é, todos os que são de Cristo, e nenhum deles é deixado sob a necessidade de perecer por carência dela, uma vez que ela é dada a eles, e eles têm-na como seu caráter expõe: e enquanto é dito para todas essas pessoas as quais Deus tem prometido que não perecerão, isso é prontamente garantido, e a propósito, é um reconhecimento, da doutrina da perseverança final dos santos; a qual é grandemente contestada noutro lugar. Além disso, na medida em que eles eram a casa de Israel, e cada um deles, que são aqui mencionados, são as pessoas erradas para carregar o peso da contradição dos decretos da eleição e da reprovação; pois quem vai dizer que cada um deles foram condenados à morte eterna ou nomeados à ruína eterna, que foram escolhidos para ser um povo peculiar? Deveria ser mostrado, se qualquer coisa é feita com esse propósito, se Deus tem se expressado, nalgum lugar ou outro, em tal linguagem a todos os homens, e particularmente aos que eventualmente não serão salvos, como é aqui usado ao Seu povo professo.

2. O arrependimento, aqui exortado, não deve ser entendido como evangélico, que é um arrependimento para a vida e para a salvação; mas como o de uma nação, por iniquidades nacionais e para prevenir julgamentos nacionais, com os quais eles aqui são ameaçados; visto que é toda a casa de Israel, a nação inteira e cada integrante dela que são exortados ao arrependimento. Agora, apesar de não poder existir qualquer arrependimento evangélico verdadeiro sem a graça infrustrável de Deus; pode existir um arrependimento nacional externo sem ela; como no caso dos ninivitas. Além disso, se foi um arrependimento evangélico aqui concebido, uma exortação sendo feita ao povo de Deus, como foi feita a casa de Israel, ele poderia ser somente para o exercício deste arrependimento, a própria graça tendo sido operada neles pelo poder de Deus: ou se admitirmos que as palavras sejam ditas para os tais que não tinham a graça em si; tal exortação pode não ser em vão, supondo a necessidade de uma operação infrustrável, visto que poderia ser aproveitado para convencer os tais desta necessidade de arrependimento e da sua carência dela; e assim, Deus pode trazer Seus eleitos ao arrependimento, de acordo com os Seus eternos propósitos e padrões. Além disso, tornando de transgressão não pretende ser aquela primeira obra interna de conversão salvadora, a qual é operada pela poderosa e eficaz graça de Deus e na qual os homens são puramente passivos; mas uma reforma externa, ou uma produção de frutos dignos de arrependimento, na qual as pessoas podem ser e são ativas; já que não é razoável supor que a casa de Israel, e cada um deles deveria estar num estado de um não convertido. Além disso, alguns dão o sentido a estas palavras assim: não vos convertei, mas transformai os outros, cada um a seu vizinho, ou seu irmão, assim como R. Sol. Jarí, R. David Kimchi, R. Sol. Ben Melec, e alguns intérpretes Cristãos.

3. A ruína da casa de Israel estava em perigo pela iniquidade, da qual eles poderiam escapar pelo arrependimento e reforma, não era eterno, mas temporal; a iniquidade não vos servirá de ruína, lwvkml uma pedra de tropeço para ti, um empecilho, uma obstrução, encontrada no caminho de seu gozo das bênçãos temporais; portanto, lança longe de vocês todas as suas transgressões. Este sentido das palavras pode ser confirmado a partir das vantagens propostas para os que se afastassem de seus pecados e transgressões (vv. 27, 28), como eles deveriam salvar as suas almas vivas; e não com uma salvação eterna, pois nenhum homem pode salvar a sua alma viva nesse sentido; mas com um sentido temporal, como fizeram os Ninivitas, por seu arrependimento e reforma: também é dito que ele certamente viverá, não uma vida espiritual e eterna; pois a ele é dito (Ezequiel 33:19) para viver praticando juízo e justiça; e que, nenhum homem pode viver espiritual e eternamente agindo assim, mas essa forma de viver foi requerida para uma vida civil, no gozo confortável das misericórdias exteriores. Além do mais é acrescentado que ele não morrerá, que deve ser entendido não de uma morte eterna, mas de uma temporal, ou de uma morte por aflições, como tem sido observado na seção anterior.

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NOTAS DE RODAPÉ:

[1] Whitby, pág. 70; ed. 69.

[2] Ibid. pág. 34; ed. 2. 33.

[3] Whitby, págs. 237, 242; ed. 2. 231, 236.

 

Autor: John Gill,D.D.
Tradução: Hiralte Fontura 08/2012
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/2014
Revisão gramatical: Erci Nascimento 08/2014
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br