A Causa de Deus e A Verdade - Parte I - John Gill D.D.

Seção 48 - A EPÍSTOLA AOS HEBREUS

Dizem “que a Epístola aos Hebreus foi manifestamente escrita para evitar a apostasia dos crentes judeus, e que como o excelente Dr. Barrow sempre dizia. Ela foi escrita contra a doutrina da perseverança, e que certamente contém muitos argumentos convincentes, contra essa doutrina, como é evidente nas exortações, advertências, promessas, declarações e ameaças aos verdadeiros crentes, dos quais o apóstolo lá fala. Alem disso, dizem que a epístola supõe que eles inquestionavelmente possam cair tanto de forma definitiva quanto total.”

1. É expresso de forma meio desajeitada e soa um pouco estranho, que esta epístola deve ter sido escrita para evitar a apostasia de crentes judeus, e ainda escrita contra a doutrina da perseverança dos santos, já que todos os meios para evitar apostasia tendem a estabelecer e garantir a perseverança e nunca podem ser contrários à doutrina dela. Considerando que entre os meios da perseverança podem ser contadas as exortações, advertências, promessas, declarações e ameaças mencionadas, e não devem, portanto, ser consideradas como argumentos convincentes contra a doutrina dela. Além disso, essa igreja dos Hebreus como outras igrejas, sem dúvida, consistia de professores reais e nominais, crentes verdadeiros e hipócritas. Talvez, com uma visão particular para com os últimos desta lista, os hipócritas, aos quais muitas dessas exortações, advertências, promessas e ameaças são emitidas. Mesmo supondo que eles fossem todos crentes verdadeiros, essas considerações não foram inoportunas e impróprias, mas muito útil para incitá-los ao dever, diligência, cuidado e vigilância, uma vez que pode existir perigo parcial, embora não um desvio total e definitivo. No máximo, esses argumentos podem somente apontar a possibilidade ou perigo de tal desvio, considerados a parte, e se os dessa igreja foram, devido ao pecado, deixados a si mesmos, a Satanás e aos falsos mestres, não encontramos prova de fato e nem qualquer instância de que qualquer crente jamais tenha caído final e totalmente.

2. Parece estranho que essa epístola deva ter sido escrita contra a doutrina da perseverança, ao contrário, existem tantas provas fortes desta doutrina nela. O autor de Hebreus representa a imutabilidade do conselho, propósito e promessa de Deus, e promessa, com relação à salvação de Seu povo, na mais forte luz, quando ele diz: Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta (Hebreus 6:17, 18). Mas onde estaria a imutabilidade do conselho de Deus, ou a forte consolação dos santos, se os herdeiros da promessa pudessem perecer? Nessa epístola também, Cristo é apresentado como tendo uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados (Hebreus 10:14, e Hebreus 7:25, e Hebreus 2:10, 13).e como aquele que pode salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles; e, como o Capitão da sua salvação, que trouxe e trará, muitos filhos em segurança para a glória, mesmo todos os filhos de Deus; pois, no grande dia, Ele dirá: Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu, Ele não seria capaz de fazer essas ações se qualquer um deles pudesse se perder ou viesse a perecer. As graças do Espírito são mencionadas como coisas certas e seguras, a fé é dita ser o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem; a qual temos como âncora da alma, segura e firme (Hebreus 11:1, e Hebreus 6:19); sim, o apóstolo diz desses crentes hebreus, (Hebreus 12:28, e Hebreus 10:34, 38, 39, e Hebreus 6:9), como a si mesmo também, que eles tinham recebido um Reino que não pode ser abalado, e sabiam em si mesmos que eles próprios tinham uma possessão melhor e permanentes; que eles não eram daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma, e que o justo viverá da fé. Deles, ele esperava coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação; quando os que não eram verdadeiros crentes, caíram final e totalmente, para quem exclusivamente são dirigidas as ameaças nessa epístola. De tudo que é claro, é que essa epístola não foi escrita contra a doutrina da perseverança, nem são as exortações, advertências, promessas e declarações feitas para os verdadeiros crentes, argumentos convincentes contra essa doutrina, já que esses foram concebidos como meios para promover e protegê-la, e não implica em nada que qualquer um dos verdadeiros crentes, nessa igreja, pode ou deve cair final e totalmente.

 

Autor: John Gill,D.D.
Tradução: Hiralte Fontoura 10/2012
Revisão: Calvin G Gardner, 07/2014
Revisão gramatical: Erci Nascimento 10/2014
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br