Cap 40 - Um Guia de Estudo para o Livro de Êxodo

Êxodo 32 - O Bezerro de Ouro

Introdução
Êxodo 32

 Neste ponto seria de grande ajuda refrescarmos nossa memória quanto a posição de Êxodo 32 com relação a ordem dos acontecimentos. Em Êxodo 24, Moisés subiu ao Monte Sinai para receber os detalhes da Velha Aliança. Em Êxodo 25-30 ele recebeu instruções a respeito do tabernáculo, sacerdócio e ofertas. Em Êxodo 31:1-11 identificou os artífices. Maiores informações a respeito do Sábado como um sinal entre Deus e Israel é dado em Êxodo 31:12-17.  O capítulo 31 de Êxodo fecha com Deus entregando para Moisés as duas tábuas da lei ao final de quarenta dias. Em Êxodo 32 Moisés desce do Monte e descobre que Israel já havia quebrado a Aliança.

I. A Prova ! versículo 1

Quarenta parece ser o número de prova. Nosso Senhor foi tentado por Satanás depois de quarenta dias de jejum (Mateus 4:1-2). Diferente de Israel, Ele venceu maravilhosamente. A impaciência deles para com Deus os levou a pecar como sempre este tipo de impaciência o faz (I Samuel 13:1-14, Mateus 24:48).

A maioria dos que saíram do Egito não tinham fé verdadeira. Até mesmo a coluna de nuvem e fogo logo cessou de causar qualquer impressão neles. Quão rapidamente eles retornaram aos caminhos e prazeres do Egito. Isto nos alerta para o fato de muitos que hoje professam terem deixado o Egito espiritual ainda terem o mundo em seus corações e nunca entrarão na terra prometida (I Coríntios 10:6-14).

II. Um Plano Perverso ! versículos 2-5

Aqui Israel quebrou o segundo mandamento (Êxodo 20:4-5) e instituiu a sua própria forma de adoração. Infelizmente, eles tinham aprendido a idolatria no Egito onde o touro era objeto de adoração. Arão deu um lamentável espetáculo quando vacilou tão rapidamente diante da multidão.

Note que no versículo 5 a festa era para ser dedicada ao SENHOR (Jeová). Israel não estava planejando abandonar Deus totalmente. Eles simplesmente desejaram uma imagem visível dEle (Salmos 106:19-20).

O homem cobiça tanto aquilo que é visível e detesta o culto que é somente espiritual.  A fé não é natural ao homem.  Eles esqueceram o segundo mandamento, o qual proíbe o uso de imagens, até na adoração do Deus verdadeiro. Que nós, como Moisés, possamos adorar Deus com a fé que vê o invisível (Hebreus 11:27).

III. Uma Festa Perversa ! versículo 6

Quando os homens se afastam de Deus, perdem completamente o gosto pela verdadeira adoração espiritual. Isto não quer dizer que a religião não tenha seus atrativos para pessoas mundanas. Muitas vezes a mera religião serve para remediar suas consciências. Depois de terem adorado, os israelitas sentiam bem da sua pratica de gratificação carnal. Note quão popular é o culto matutino nas igrejas modernas. Depois de terem adorado a Deus de manhã, as consciências estão aquietadas, e os membros estão livres para gastar o dia do Senhor como eles bem querem.

Nós podemos ficar chocados de muitos em Israel passarem a ter uma conduta imoral como parte da festa religiosa. Devemos lembrar que a impureza sexual fazia parte da antiga adoração pagã. Isto não chocava aqueles que foram criados no Egito.

IV. Moisés o Intercessor ! versículos 7-13

Deus informou Moisés do pecado de Israel e da Sua ira justa sobre isto. As palavras !deixa-me? no versículo 10 é uma forma antropomórfica. Eles mostram Deus como se Ele fosse um homem que não queria voltar a trás em Seu desejo de vingança. Nisto podemos aprender onde o homem estaria se somente a justiça estivesse na mente de Deus.

Esta linguagem antropomórfica também nos dá uma ilustração do poder da oração intercessória. Moisés permaneceu entre Deus e Israel. Seus argumentos trouxeram misericórdia a Israel. Hoje, como sempre, há a necessidade de pessoas que sintam o dever e necessidade de interceder por outros (Romanos 10:1). Vamos clamar por aqueles que merecem a ira, mas necessitam da misericórdia.

A respeito da intercessão, temos em Moisés um exemplo de como ser bem sucedido neste trabalho. Aqui temos a chave para o sucesso de Moisés:

A. Moisés teve grande compaixão pelo povo. Um sentimento profundo é um pré-requisito pra o poder para com Deus na oração (Romanos 10:1). A oração que prevalece é aquela movida por um coração aflito.

B. Moisés não foi egoísta em seus desejos. Deus o testou neste assunto (versículo 10). A verdadeira intercessão não tem outro motivo exceto a glória de Deus e o bem dos outros.

C. Moisés sabia como ?lutar? com Deus em oração. Note os argumentos utilizados por ele diante de Deus:

1. Moisés relembra Deus de Sua própria natureza graciosa (versículo 11). Israel merecia a ira mas Deus não sempre trata o homem com baseado nos seus merecimentos. Vamos usar este argumento quando estivermos orando pela salvação dos pecadores e pelo reavivamento das igrejas.

2. Moisés clama para que Deus venha a agir de maneira a honrar o Seu próprio nome. Se Israel fosse destruído os Egípcios iriam duvidar do amor de Deus para com Sua nação escolhida e do Seu poder de livrá-los. Ao orarmos pelo crescimento do reino de Deus nossa motivação deve ser a glória do seu nome (Mateus 6:9-10).

3. Moisés fez bom uso das promessas que Deus havia feito (versículo 13). O que aconteceria com essas grandes promessas feitas aos patriarcas a respeito de Israel e a terra prometida se a nação fosse destruída? Ser bem sucedido na oração requer conhecimento da palavra de Deus. Há poder em relembrar Deus das Suas próprias promessas.

V. O Poder da Oração ! versículo 14

Na linguagem antropomórfica das escrituras podemos ver as orações como um poderoso instrumento para mudar a mente de Deus. Isto nos ajuda como humanos a entender que a oração é um instrumento usado por Deus para realizar Seus propósitos misericordiosos. Os pecadores merecem julgamento, mas como Deus em Sua misericórdia enviou a Cristo, Ele leva o Seu povo a interceder pelos perdidos. A oração tem poder (Tiago 5:16).

VI. Uma Indignação Justa ! versículos 15-19

Moisés desceu do Monte Sinai com as duas tábuas da lei divina. Embora previamente avisado a respeito da rebelião de Israel, ele não estava preparado ainda para ver tão grande infidelidade para com Deus. Sua ira foi intensa, mas quebrar as tábuas não foi um pecado. Isto significava que Israel havia quebrado a aliança com Deus.

VII.  O Ídolo Destruído ! versículo 20

Destruição é o único tratamento apropriado para os ídolos. Deuteronômio 9:21 nos dá mais informações do que Moisés fez.

VIII. A Desculpa de Arão ! versículos 21-24

Arão não tinha a mesma força de caráter de Moisés. Poucas pessoas podem ficar contra uma multidão. A defesa de Arão somente o fez parecer mais ridículo. Se não fosse a oração de Moisés, Arão teria sofrido o julgamento de Deus (Deuteronômio 9:20).

IX. O Julgamento Sobre os Rebeldes ! versículos 25-29

Mesmo depois de Moisés haver retornado, alguns ainda se recusaram a terminar com a rebelião. Os Levitas agiram de forma decisiva e três mil homens foram mortos. Duas coisas aqui são dignas de meditação:

D. O julgamento de Deus é sempre justo. A maravilha não é o fato de três mil haverem morrido, mas a multidão que havia sido poupada. O julgamento cai sobre alguns para que a penalidade do pecado possa ser vista e a graça de Deus possa ser admirada por aqueles que vêm o que realmente o seu pecado merece.

E. Vamos sempre ficar do lado de Deus contra o pecado, mesmo os nossos (Salmo 51:3-4). Quantas vezes as igrejas são corrompidas por aqueles que menosprezam os pecados de suas famílias, amigos ou de si mesmos. Hoje, nossas armas são espirituais. Aqueles que abertamente se rebelam contra Deus devem ser reprovados de forma amorosa e levados a confissão (Gálatas 6:1). Qualquer membro da igreja que permaneça em franca rebelião, precisa ser publicamente repreendido (I Timóteo 5:20).

X. Um Coração Quebrantado ! versículos 30-35

Novamente vemos Moisés interceder pelo povo. Deus é retratado como um homem irado que precisa ser restringido através da súplica do homem. Isto nos mostra qual seria o nosso destino aparte de Cristo.

A oração dos versículos 31-32 nos lembra a aflição espiritual de Paulo (Romanos 9:1-3). Ele sentia que morreria caso Israel fosse destruído. O livro mencionado é o !livro dos viventes?.

Quão eloqüentes são as palavras do versículo 32. Isto fala conosco de uma maneira muito elucidativa a respeito da natureza da verdadeira oração:

F. Muitas vezes o gemido é a melhor oração (Romanos 8:26). Não palavras fantasiosas, mas um profundo desejo, alcança o coração de Deus.

G. Algumas vezes o amor e a compaixão são os únicos argumentos que temos. Que desculpa Moisés poderia dar por Israel? O que ele poderia oferecer a Deus como suborno? Israel nada merecia. Sua única alegação era um coração quebrantado e um ardente desejo de ver a misericórdia ser concedida à nação.

 

Autor: Pr Ron Crisp
Tradução:Eduardo Alves Cadete, Janeiro de 2004
Revisão: Joy Ellaina Gardner, Setembro de 2004
Edição: Calvin G. Gardner, 10/2004
Fonte: www.palavraprudente.com.br