O Primeiro Batista Por Stanley E. Anderson

CAPÍTULO 5—AMPLAMENTE OUVIDO E VISTO

O PRIMEIRO BATISTA

Stanley E. Anderson

CAPÍTULO 5—AMPLAMENTE OUVIDO E VISTO

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“Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão”

Mateus 3:5

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Os homens naturalmente são atraídos por uma multidão. Essa gravitação ou atração, algo aparentemente tão simples, ocupa vinte páginas na Enciclopédia Britânica, edição de 1961, a maior parte em complexas fórmulas matemáticas. Sir Isaac Newton (1642-1727) escreveu que dois corpos quaisquer no universo atraem um ao outro na mesma proporção do produto de suas massas e inversamente ao quadrado das suas distâncias. Tudo isso é empregado com excessivo refinamento pelos cientistas que estudam o espaço para fazer com que os astronautas mantenham-se em órbita. Mas João o Batista exerceu um apelo extragravitacional. Suas mensagens inspiradas pelo Espírito Santo atraíram muitos com uma força sobrenatural. Então muitos de seus ouvintes foram orbitar em torno do Filho de Deus, chamado de “o sol da justiça”(Mal. 4:2) e assim eles começaram sua jornada rumo ao céu. O “foguete da fé” ainda está levando os pecadores arrependidos para longe do campo gravitacional deste mundo pecador, e para os “lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1:13; 2:6, 13; 3:10). Ao contrário, o apelo da popularidade mundana atrai os que amam a filosofia mais do que a teologia Bíblica. Isto pode explicar a contínua existência de liberais com sua orgulhosa erudição. Seu orgulho parece vão à luz da arqueologia bíblica.

O ministério público de João o Batista começou quando “a Palavra de Deus” veio a ele nos desertos da Judéia (Lucas 3:2).

Ele começou a batizar próximo a desembocadura do rio Jordão, não muito longe do mar morto e a leste de Jerusalém por volta de um dia de jornada.

Como ele ganhou suas primeiras multidões?

F. B. Meyer escreveu (47): Pode ter acontecido assim: Um dia, uma caravana de peregrinos estava escalando os desfiladeiros monteses passando pela estrada entre Jerusalém e Jericó lentamente, ou parando por um momento no calor do meio-dia, e de repente foram surpreendidos pelo aparecimento de um homem magro e rústico, trajando roupa de pelo de camelo, com seus cabelos pretos e soltos e com uma voz que deveria ter sido tão forte e penetrante quanto uma trombeta tocando, “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus!” Era como se uma faísca tivesse caído em material inflamável. A novidade se espalhou com rapidez maravilhosa pelos desertos da Judeia... “Imediatamente pessoas começaram a vir a ele de todos os lados”.

Pessoas devotas estavam esperando o Reino dos céus por anos (Lucas 1:65, 66; 2:25, 36-38). George W. Clark, em suas notas do Evangelho de Mateus (39), diz que João começou a pregar no ano sabático.

Este era um ano de descanso dos trabalhos e as pessoas teriam mais tempo de viajar consideráveis distâncias para ouvir este novo pregador. Cada pessoa que ouvia este profeta como se fosse Elias que tivesse voltado contaria a seus amigos e vizinhos. Muitas dessas pessoas se apressariam para ir ver este fenomenal mensageiro profetizado por Malaquias. João foi o primeiro profeta a aparecer em mais de 400 anos. A mensagem de João diferia radicalmente da dos lideres religiosos contemporâneos. Os fariseus eram entendidos principalmente em suas minuciosas interpretações das leis do Antigo Testamento. Suas vidas hipócritas bem como seus ensinos foram expostos implacavelmente por nosso Senhor Jesus em Mateus 23:13-29 e em Lucas 11:42-44.

Os saduceus não eram entendidos sobre as minúcias do exame farisaico; sua ênfase era o Pentateuco. Eles erraram em negar a existência dos anjos, espíritos e da ressurreição. Como políticos eclesiásticos eles dominavam o sinédrio. Eles pouco se importavam com a esperança da vinda do Messias, uma vez que seus objetivos eram a paixão nacionalista e o entusiasmo religioso.

Os escribas eram eruditos profissionais, conheciam a lei, ensinavam os seus muitos requerimentos para as pessoas através de suas decisões legais. Eles foram francos oponentes dos helenistas e por isso ganharam muito favor dos judeus chauvinistas. Jesus expos e repreendeu seu orgulho, insinceridade e obstinácia espiritual em Mateus 23. Os doutores eram muito bem versados na lei de Moisés e serviam como intérpretes profissionais dela. Escribas e doutores da lei eram as mesmas pessoas (Lucas 11:44, 45). Eles juntamente com os fariseus rejeitaram o batismo de João (Lucas 7:30), assim como os escribas e saduceus. Os doutores da lei tentaram menosprezar a Cristo com seus argumentos (Mateus 22:35; Lucas 10:25), mas foram invariavelmente menosprezados por Ele.

Jesus os repreendeu por colocarem pesos sobre as pessoas e por manterem a chave do conhecimento longe delas (Lucas 11:45-54). A grande maioria do povo judeu não tinha outros mestres além dessas quatro classes de religiosos profissionais. Não é nenhuma maravilha que João o Batista deu a eles um contraste agradável. Sua pregação foi Bíblica, sem as adições e aumentos das tradições humanas com que os fariseus impunham sobre as pessoas, “Invalidando assim a palavra de Deus” (Marcos 7:13).

João o Batista cheio do Espírito Santo, falou com a voz de divina autoridade e “não como os escribas”.

O povo, pelo menos a maioria dele, sabia instintivamente que ali estava um profeta e foi em massa ouvi-lo. Eles passaram da hierarquia religiosa arrogante para um humilde pregador nos desertos.

O Espírito Santo pode tomar um rustico jovem do campo, Dwight Lyman Moody, e causou nele a manifestação do fogo do seu poder para anelar pelo seu Senhor. Este mundo árido se virou para ver este “arbusto incandescente” e ouvi-lo e assim muitos creram em sua mensagem.

Eles foram gloriosamente salvos – do pecado, da formalidade vazia e da vã maneira de viver. Foi “Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o SENHOR” (Zacarias 4:6).

Este mesmo Espírito Santo espera por crentes agora que entregam tudo a Deus. João o Batista não fez nenhum milagre (Jo 10:41).

Se dois milagres são requisitos para estabelecer alguém como um santo – de acordo com o sistema católico romano – então João não pode ser qualificado.

Seu poder não estava em sinais e maravilhas, mas sim em seu maravilhoso Senhor. Alegados milagres que ocorrem em “santuários” atraem multidões de pessoas supersticiosas, mesmo que seus líderes neguem a autenticidade dos relatos.

João o Batista atraiu multidões sem artifícios.

O fato é que muitos creram em Cristo através do evangelismo de João o Batista, de acordo com A.M. Symington (A Vida e Ministério de João o Batista, pg. 185), “melhor do que todos os milagres”. João o Batista teve uma mensagem substancial.

Ele anunciou o reino do céu que estava prestes a aparecer e o seu Rei que fora profetizado e esperado há muito tempo. A maior parte dos judeus aparentemente esperava um rei que exercesse poder político, se não militar.

Eles estavam reconhecidamente ansiosos para serem livres da dominação romana e suas esperanças distorceram suas interpretações das profecias.

Isto não é comum de acontecer em qualquer época?

Quando o registro bíblico diz que “todo” o povo da Judéia e da circunvizinhança do Jordão foram ouvir João o Batista, significa que pessoas de todas estas áreas foram ouvintes dele. Como nós, nem todo o uso da palavra “todo” deve ser tomado em um sentido literal na Bíblia (1 Cor. 13:7; Fil. 2:21; 4:13, 18; Jo 4:39; Col. 1:6). Então inclusive João tinha certamente grandes congregações para ouvi-lo.

Nahum Gale, em sua obra The Prophet of the Highest, ou The Mission of John the Baptist (p. 68), escreveu: “A cidade de Jerusalém não poderia ter menos que 200,000 mil habitantes”.

Marcos (1:5) apóia Mateus com a frase “E toda a província da Judéia”. Lucas (3:7) refere-se a “multidão que saía para ser batizada por ele”.

Entre grupos específicos, havia possivelmente representantes de muitas outras classes de pessoas mencionadas por Lucas, como os publicanos (3:12, 13), soldados (3:14) e até mesmo Herodes (3:19). Jean Steinman, um autor francês (Saint John. the Baptist, traduzido do francês por Michael Boyes, 1958, usado com permissão da Harper and Brothers, New York), comenta na página 69 a palavra de João para os publicanos: "Da mesma maneira ele não ordenou publicanos para deixar um meio de sustento que os judeus consideraram desprezível. Até mesmo os Essênios consideravam os publicanos como ímpios por causa do contato deles com os gentios. João lhes pede simplesmente que continuem os seus negócios honestamente e lealmente. Ele não condena a colaboração deles nem sequer com o regime da ocupação romana (Isto apóia nossa crença que Mateus, quando Cristo o chamou, era um coletor de impostos honesto). Igualmente, João não disse para os soldados que abandonassem o exército Romano.

Aparentemente ele não foi um pacifista. Afinal de contas, um exército é somente uma grande força policial e qualquer um acredita na necessidade de policiamento. O perigo está em homens como Hitler, um criminoso internacional, que devem ser postos longe do poder armado. O Evangelho de João registra a visita de uma comitiva de sacerdotes e levitas de Jerusalém, enviados pelos fariseus para interrogar João o Batista. Isto foi em certo sentido uma grande honra. Os fariseus estavam acostumados a terem pessoas vindo a eles; agora eles é que devem ir ao deserto para inquirir sobre um pregador “neófito”.

Não muitos ministros contemporâneos têm uma consideração tão bela comparável a eles. Jesus se referiu a este incidente em João 5:33 e testificou da fidelidade de João. Certos fariseus e doutores da lei que ouviram João “rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele”. (Lucas 7:30). Fica claro então que muitos dos “religiosos” rejeitaram João o Batista.

Talvez alguns dos cristãos deste presente século precisem re-examinar seus pontos de vista sobre João. Voltando ao livro de Atos, encontramos um versículo muito importante (1:22): “Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição”.

Este vital testemunho foi substituído por Judas, que traiu seu Senhor com um beijo e então se enforcou. A nova testemunha também tinha que ser uma das que estavam com os outros discípulos: “todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós” (1:21). Então os doze discípulos originais estavam com Jesus todo o tempo, começando com o batismo de João.

E desde que João 1:35-45 claramente declara que alguns dos doze tinham sido primeiro discípulos de João o Batista e portanto, foram batizados por ele, é seguro inferir que todos os doze tenham sido batizados por ele.

Então todos os doze tinham ouvido João o Batista. Isto é importante, pois muitos assumem que quando Cristo chamou os doze este teria sido o primeiro chamado; eles esqueceram que João o Batista veio preparar pessoas para seu Senhor. Os que dizem que os onze discípulos cometeram um engano em Atos 1:21-26, que eles deveriam ter esperado por Paulo, estão errando. Para Paulo, grande como era, não foi qualificado para testemunhar para a obra do Senhor Jesus “nos dias da sua carne”. Ele não tinha visto Cristo trabalhando; ele não ouviu Cristo pregar; ele não foi batizado até bem mais tarde (Atos 9:18). Ele foi um apóstolo, mas em um sentido diferente dos doze originais.

E como Matias não foi mencionado novamente, o mesmo é verdade em relação a maior parte dos outros listados em Atos 1:13. Quem ouviu João o Batista? Pedro em Atos 10:37 diz que pregava “por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo que João pregou”. E Paulo em Atos 13:24 diz que : “Tendo primeiramente João, antes da vinda dele [Cristo], pregado a todo o povo de Israel o batismo do arrependimento”. Então todo o Israel foi responsável pela mensagem. Apolo (Atos 18:24-28) tinha aparentemente ouvido a João e recebido seu batismo mas perdeu muito da subsequente instrução no Evangelho no qual Cristo e os demais pregadores tinham dado. Talvez Apolo tenha despendido considerável tempo em um lugar isolado e não foi, portanto, tocado com a pregação do Evangelho. Sabemos que ele viajou muito; talvez ele estivesse longe da Palestina. Muitos estudiosos da Bíblia ficam desnecessariamente confusos pela história de alguns homens em Éfeso (Atos 19:1-7) que diziam ter o batismo de João, mas nunca tinham ouvido falar do Espírito Santo. Mas João o Batista pregou sobre o Espírito Santo. Esses homens estavam a centenas de quilômetros da Palestina. Semelhantemente eles nunca tinham ouvido João pessoalmente, eles somente tinham um Evangelho distorcido, de segunda ou de terceira categoria. Este incidente mostra o quão rapidamente a verdade do Evangelho pode ser pervertida; como muitas seitas surgem; como as divisões florescem e como é necessária a leitura cuidadosa da Bíblia.

A. T. Robertson escreveu sobre Apolo (John the Loyal; p. 292): “A menção do batismo de João foi com o propósito de datá-lo, por assim dizer. Ele ocupou o ponto de vista pré-pentecostes. Não há indício de que Áquila e Priscila ensinaram a Apolo a insuficiência do batismo de João”. Com relação a Atos 19:1-7, “eles incorreram em uma lamentável ignorância e erros sobre os elementos nos ensinos de João em tal extensão que se hesitava chama-los de cristãos... esses “discípulos” podem ter sido ignorantes em relação a representação de João como precursor do Messias... Paulo então, não desacreditando o batismo de João, mas interpretando o real significado dele... o resto da explanação de Paulo está em harmonia com esta ideia... eles foram novamente batizados, não porque eles tinham somente o batismo de João, mas porque eles na verdade não tinham este... estes homens nem mesmo tinham um verdadeiro batismo nas águas, e muito menos o do espírito”. Porque muitos escritores falham ao estudar esta passagem, Atos 19:1-7, com bastante cuidado, eles cometem um sério engano ao dizer que o batismo de João não era cristão. O Novo Testamento dessa forma é dividido ou dissecado em fragmentos e dificuldades consequentemente se multiplicam.

J. A. Broadus escreveu com sua costumeira sabedoria sobre este importante ponto (Matthew; p. 240): “Se o ensino e batismo de João são estabelecidos como essencialmente diferentes em espécie e em ensino do batismo cristão, esse começa somente no dia de Pentecostes, então temos a estranha contradição do próprio Cristo, como ensinador e batizador (João 3:22;4:1), para esta dispensação. Além disso, em Mateus 11:12 e também em Lucas 16:16 nosso Senhor fala do Reino do céu como sendo já existente e conta João o Batista entre os pregadores deste Reino como distinguindo daqueles que meramente o predisseram... essas pessoas (em Atos 19:5) foram rebatizadas porque ficou evidente que quando elas tinham recebido um batismo anterior (provavelmente de algum discípulo ignorante de João) não soubessem nada sobre o seu significado, não compreendessem as verdades fundamentais do Reino messiânico, como o foi anunciado pelo próprio João. Este caso isolado pode ser respondido deste modo e de fato de vários outros modos, é totalmente injustificável tornar-se a prova de uma distinção radical entre o batismo cristão e o batismo administrado por João e pelo próprio Cristo”. Todos os membros de igrejas que foram erradamente batizados, ou que foram batizados antes de sua conversão, devem seguir o exemplo desses efésios. Eles devem falar com um ministro que conheça o batismo do Novo Testamento e então obedecer ao seu Senhor do modo que significará permanente satisfação para eles. Agora o registro é absolutamente claro em relação a quem ouviu e a quem não ouviu a João. Mais importante: quem ouvirá a mensagem agora? Alguns a irão rejeitar e, portanto, rejeitarão o “conselho de Deus”, outros irão acreditar e assim virão a Cristo. João foi visto bem como ouvido. Seu batismo foi extraordinário como espetacular em suas palavras. A maioria das pessoas aparentemente acreditaram que o batismo de João veio do céu (Mt 21:25-26). E João deu sua razão para batizar: “que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água” (João 1:31). Desde que o batismo é uma imagem da morte, sepultamento e ressurreição (Lucas 12:50; Rom. 6:3, 4; Col. 2:12; 1 Pe 3:21), ele deve ser por imersão e nada mais. Nenhum outro “batismo” tem qualquer significado simbólico. Alguns expositores procuram por algum defeito ou falta na pregação de João. Dizem eles que João não pregou sobre a ressurreição de Cristo. Mas todo batismo que ele fez foi um sermão sobre a ressurreição de Cristo! Cada imersão de um crente fez Cristo “manifesto” para todo expectador: ele batizou pessoas que eram convertidas a Cristo; ele foi comprometido com Cristo; ele “já ressuscitou com Cristo” (Col.3:1); e em seu batismo ele testificou sua crença na ressurreição de Cristo. Se como muitos cristãos acreditam, a ressurreição de Cristo foi o grande evento que houve no mundo, então o batismo é um grande símbolo para o mundo.

Batismo testifica para um grande evento; testifica para o pecador a conversão que é sua maior experiência e testifica para o diabo a sua grande derrota. [Para saber mais sobre a importância do batismo, veja a obra do autor: Your Baptism Is Important].

Diz-se que os batismos de João testemunhavam uma significativa ordenação. James A. Stalker, um não imersionista, escreveu sobre o batismo de João: “ele personificou em seu ensino não somente em palavras, mas em um expressivo símbolo. E nunca antes alguém teve escolha mais feliz; pelo batismo expressar exatamente o desígnio de seu intento” (The Two St. Johns of the New Testament, p. 211).

O batismo por imersão mostra o crente julgando-se como um pecador merecendo a morte por causa de seus pecados. Seu sepultamento em água indica sua concordância que deve morrer por ter pecado. Carl H. Kraeling, um outro não imersionista, chegou perto desta grande verdade: “... a suposição que no batismo de João o individuo pré-ordena seu julgamento... " (John the Baptist; p. 118). "... como um ato de auto-humilhação diante de Deus [batismo] foi uma clara, voluntária expressão de verdadeiro arrependimento, e este arrependimento foi comumente conhecido para se ter o divino perdão como resposta. Se o batismo é de João, então foi um ato de arrependimento que pode mediar o perdão sem outorgá-lo” (121, in John the Baptist).

O batismo do Novo Testamento (do grego baptizo) é por imersão, e é claramente visto em que o próprio Senhor “sendo... batizado, saiu logo da água” (Mateus 3;16); o etíope “desceu” e “saiu da água” (Atos 8:38-39); crentes são “sepultados com ele pelo batismo” (Rom. 6:4; Col. 2:12), e nós também levantamos com ele para andar em novidade de vida (Rm 6:4). O povo que fala o grego atualmente rejeita totalmente e ridiculariza a ideia de usar esta palavra grega (baptizo) em qualquer outro modo além do seu próprio, definitivo e bem conhecido sentido; e a igreja grega segue o mesmo ensino.

Batismo por imersão é declarativo em dizer ao mundo que um pecador arrependido está abertamente sendo contado como um dos que estão do lado de Cristo; é comemorativa ao lembrar a todos que o observam que a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo foi em favor de todos os pecadores; e é protetor ao manter de fora de cada igreja local aqueles que são indiferentes, indecisos, vacilantes, que estão perdendo a oportunidade de confessar a Cristo em um batismo verdadeiro. Este é o ponto de vista Batista; qualquer um admite que igrejas pedobatistas tenham muitos sinceros e genuínos cristãos em suas membresias. Mais e mais desses estão vindo ver o modo e o significado do batismo neo-testamentário.

A Bíblia ensina que o batismo é somente para convertidos genuínos, e que deve sempre vir depois da regeneração. Isto resultaria em uma “membresia de igreja regenerada”, uma congregação somente de pessoas redimidas. Se a salvação e o batismo são mencionados no Novo Testamento, eles estão sempre nesta ordem. Em João 4:1, por exemplo, lemos que Jesus e seus discípulos batizavam discípulos. A.W. Pink (Exposition of the Gospel of St. John; p. 157) escreveu: “Esta é uma de muitas passagens do Novo Testamento que uniformemente ensina que somente quem já é um crente em Cristo é qualificado para o batismo”.

Em perfeita concordância com esta declaração, está a Grande Comissão, onde somente os que são feitos discípulos são batizados e em Corinto “muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados” (Atos 18:8).

O maior momento de João foi quando batizou o seu Senhor. Humildemente ele tentou dizer que não era digno de receber esta única honra (Mateus 3:13-17). Aparentemente João se batizou; ele tinha uma comissão direta de Deus para realizar este importante rito (João 1:33). A paciente solicitação de Jesus, João o batizou no rio Jordão (Marcos 1:9-11; Lucas 3:20, 21).

O quanto a imersão pode ser descrita mais definitivamente e inequivocadamente é difícil de imaginar. Jesus foi batizado com o fim de mostrar a todas as pessoas, em todos os tempos, como o batismo deve ser feito. Ele disse a João: “assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15). Então quando Ele deu suas últimas ordens para Seus seguidores em Mateus 28:18-20, todos saberiam sem questionar exatamente o que Ele intencionou com o ato de batizar convertidos.

Porque Jesus foi batizado? Entre outras razões, A.T. Robertson (John the Loyal; p. 121ff) oferece a seguinte explicação:

“Se Jesus não se submetesse ao batismo de João, ele se colocaria em uma atitude igual ao dos fariseus e escribas que rejeitaram o batismo de João em Lucas 7:29 ... se Jesus não tivesse se submetido ao batismo, um poderoso argumento contra o batismo pelos discípulos de Jesus teria existido. A posterior ordem de Jesus para batizar teria carecido de força pelo próprio exemplo do Mestre ... o batismo não consagrou Jesus como um sacerdote. Ele não foi um sacerdote no sentido cerimonial. Ele não estava ligado com a linha de sacerdócio, Ele foi um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. O batismo não foi uma purificação vicária como representativa de um povo culpado. O batismo não foi uma consagração messiânica. A descida do Espírito Santo é que foi. Em um sentido pleno é verdade que o batismo prefigura a própria morte e ressurreição de Cristo como posteriormente explicou Paulo (Rom. 6:2-6). Em um sentido também Jesus colocou a Si próprio em paridade com os homens. A solidariedade pela raça humana foi ilustrada por este ato de Cristo”.

Jesus disse de Seu batismo: “assim nos convém”. F. B. Meyer (John the Baptist; p. 74): “Eu gosto desta palavra, convém. Se o divino Senhor pensou assim sobre que era conveniente, certamente nós podemos”. Na estrada para Emaús Cristo disse para aqueles discípulos: “Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?” (Lucas 24:26).

E em Hebreus 2:10: “Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação deles”.

Jesus também disse: “assim nos convém”.

Ele pode ter incluído João nessa grande palavra; contudo, desde que João não batizou a si mesmo, Cristo quis mostrar mais provavelmente toda Sua obediência para os seguidores que se submetessem ao batismo.

Esta palavra então ensina a unidade de Cristo com todos os crentes.

Benção na união, benção no vínculo, benção no símbolo, abençoado ato de obediência com cada convertido a Cristo podendo observar exatamente o modo que seu mestre observou.

Jesus foi batizado para que “se cumprisse toda a justiça”.

Isto Ele de fato fez na cruz quando tomou nossas injustiças sobre Si mesmo e então nos deu a Sua própria justiça. Ele fez isto simbolicamente em Seu batismo que foi prometido, profetizado e retratado em Sua morte, sepultamento e ressurreição.

Em qual data ele foi batizado?

Isto pode não ser relevante; porém o dia de Sua crucificação coincidiu com o dia de expiação do Antigo Testamento. Talvez a data em que Abraão ofereceu em sacrifício seu filho Isaque seja a mesma; neste caso, estaria propício.

Isaque perguntou a seu pai: “Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?”.

Esta questão não teve resposta por dois mil anos. A verdadeira resposta, depois de muitos substitutos, veio com João o Batista quando ele apontou para Cristo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1:29).

O batismo de nosso Senhor Jesus Cristo! Que vislumbre!

Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram. Senhor, eu creio!

  Tradução com autorização do PBMinistries: Edmilson de Deus Teixeira
Revisores: Glailson Braga, Luiz Haroldo Araújo Cardoso e Calvin G. Gardner – 02/2010
Usado com permissão: www.pbministries.org
Fonte: www.palavraprudente.com.br