Capítulo 9

- ESTUDOS SUPLEMENTARES - Epístola Aos Gálatas

A Doutrina do Espírito Santo nesta Epístola

A Epistola Aos Galatas

William Carey Taylor

-- 1954 --

ESTUDOS SUPLEMENTARES

A Doutrina do Espírito Santo nesta Epístola

Paulo usa a palavra espírito dezoito vezes nesta epístola, sempre acerca do Espírito Santo senão em 6:1, 18. Vemos referências gerais às suas ideias sobre: (1) a obra do Espírito antes da encarnação do Filho de Deus, (2) o advento do Filho e do Espírito, (3) o Espírito como autor de milagres, (4) o Espírito versus a lei, (5) o lugar geral do Espírito na vida cristã, (6) seu fruto, estudado por extenso, e (7) o que significa ser “espiritual.”

(1) Primeiro, estudemos a doutrinas de Paulo da atuação do Espírito na época patriarcal e mosaica. O regime do Espírito é original, primitivo, antes da lei, primacial no plano divino. Em 3:13-14 o apóstolo declara que Cristo nos redimiu da maldição da lei, tomando para si a pena por nós merecida. Isto ele fez “a fim de que a bênção de Abraão visse em Jesus Cristo para os povos gentios, a fim de que recebessemos a promessa do Espírito mediante a fé.”

A própria palavra “promessa” é usada a respeito do Espírito Santo a primeira vez que se encontra no N. T. (Luc. 24:49). Ele é a promessa do Pai. O Espírito é chamado por Paulo “O Santo Espírito da promessa,” com forte ênfase sobre a palavra “Santo”, Efés. 1:13. Os gramáticos analisam esta frase em Gál. 3:14 como o genitivo de aposição. A cidade frase de Jerusalém é Jerusalém mesmo. A promessa do Espírito é o mesmo Espírito prometido. A realidade, pois, da bênção outorgada a Abraão e destinada aos demais crentes, sem distinção de nacionalidade, consiste no gozo do Espírito. Nem Abraão nem qualquer outro crente jamais experimentou a fé salvadora pela energia humana. “Pela graça é que fostes salvos mediante a fé, e isto não vem de vós. É p dom de Deus.” Abraão e os gálatas “começaram no Espírito”, receberam o Espírito pelo ouvir da fé, não pelas obras da lei , 3:1-2. Quem fala da fé, pressupõe o Espírito, pois a fé é efeito e o Espírito é a causa deste efeito. A promessa da bênção do pacto, ao crente de qualquer nacionalidade, foi, portanto, inerentemente uma promessa do Espírito Santo, sem o qual ninguém crê evangelicamente. E a substância da promessa não é a fé humana, mas o Espírito que gera esta fé e regenera a este crente. O Espírito é a promessa. Gozar sua atuação na experiência é receber a bênção outorgada a Abraão e prometida aos filhos espirituais de Abraão. Estes são os filhos da promessa. Receberam o Espírito Santo quando creram. O prometido se lhes deu.

A outra referência ao Espírito no Velho Testamento se acha em 4:29: “Mas como então o que nasceu segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também é agora.” Isaque e os crentes gentios são “filhos da promessa”, sobrenaturalmente gerados pelo Espírito; nascem “segundo o Espírito.” “Segundo a carne” é o regime judaico de hereditariedade nacional: “segundo o Espírito” é o regime pelo qual forma soberanamente seu Israel espiritual, pela regeneração. O Evangelho (a promessa) e o Espírito unem-se no novo nascimento.

Será que Isaque nasceu do Espírito somente no sentido carnal, de Deus fertilizar sobrenaturalmente o ventre de Sara, para tornar possível uma concepção milagrosa da semente de Abraão? Certamente, que não. Isaque era crente, gerado fisicamente pelo poder criativo do Espírito e regenerado pelo Espírito, tipo e precursor de nós, os crentes desta dispensarão.

Cito aqui as palavras sábias e oportunas de Benjmin Warfield:

“O nome (Espírito) encontra-se nos versículos da abertura do Velho Testamento e ali aparece sem apresentação ou definição precisamente como nos primeiros versículos do Novo Testamento. É claro que não é mais uma novidade para o autor de Gênesis do que na boca de Matues”… “Ao passar do Velho Testamento para o Novo, o leitor não sente solução de continuidade na ideia do Espírito encontrada nos dois tomos.”

Ele cita Semeaton (Doctrime of the Holy Spirit, p. 351), assim: “Isaías espalha através de suas profecias referências ao Espírito tão multiformes e variadas, tanto em descrições específicas como em breves alusões incidentais de suas frases, que não seria difícil construir de suas palavras a doutrina completa do Espírito;” e de novo, “Verificamos que a doutrina do Espírito ensinada pelo Batista, por Cristo e pelos apóstolos era, em todos os seus elementos, idêntica àquela que a igreja do Velho Testamento conhecia. Não descobrimos que seus ouvintes judaicos estranhassem-na em ocasião algurna.”

“Aqui, (no V. T.) também, é dado por Deus. (Núm. 11:29. Is. 13:1) Deus o põe sobre homens e os enche do Espírito (Núm. 11:25, Ez. 28:3, 31:3); ou o Espírito vem, (Juiz. 3:10, 11:29), ou desce poderosamente sobre os homens, (Juiz. 14:6, 19, etc., I Sam. 11:6), cai sobre eles (Ez. 11:5), invade violentamente a personalidade, toma posse da mesma, se reveste de homens como de um traje (Juiz. 6:34).”

(São enfadonhas as afirmações sectárias de qe ninguém estava cheio do Espírito antes do dia de Pentecostes. Vede as referências acima e lembrai-vos de que João Batista estava cheio do Espírito Santo desde o ventre do sua mãe (Luc. 1:15), uma plenitude que nenhum outro ser humano jamais gozou em escala igual, a não ser Jesus. Outros afirmam que a obra do Espírito era exterior, nos tempos dos profetas, e até o dia de Pentecostes. Cegueira igual, ignorância da nova aliança, exposta por Jeremias e Ezequiel. O Espírito agia em sua plenitude antes da encarnação e nos dias da carne de nosso Senhor. Regenerava, santificava e dava dons. Jesus mesmo afirmou isto aos apóstolos: “Vós o conheceis porque ele habita convosco (permanece continuamente ao vosso lado, diz o grego) e estará em vós.” É a Versão Brasileira, mas o texto de Westcott e Hort usa o tempo presente: “e está em vós.” Logo a atuação interna do Espírito no crente era uma realidade tanto antes como depois de Pentecostes. W. C. T.)

“O Espírito de Deus no Velho Testamento executa todas as funções atribuidas ao Espírito Santo em o Novo Testamento, e possui todos e os mesmos características. São concebidos do modo idêntico em sua natureza e suas operações. Não podemos fugir da necessidade de identificá-lo.” “Em ambos os Testamento o Espírito aparece nítidamente como quem executava a vontade divina.” (Citação de “Biblical Doctrines,” por Benjamin Varfield, pp. 101, 102, 117, 124 e 105, nesta ordem).

Esta verdade é pressuposta na Epístola aos Gálatas. O Espírito é a realidade prometida a Abraão, é a bênção outorgada à fé. Deus se lhes dá a si mesmo. O Espírito é visto por Paulo ativo na vida patriarcal. O apóstolo não argumenta, não defende, não explica, não interpreta esta atividade de Espírito. Dá de barato que todos entenderão que o mesmo Espírito atuava naquele tempo da promessa que age hoje em dia, e que atuava da mesma maneira na experiência do crente como agora.

(2) Notamos, porém, que o mesmo Espírito que agia em toda a história humana pela natureza e pela graça teve um advento para uma dispensação peculiarmente dele, comparavel à encarnação de Jesus. Notai as passagens paralelas, 4:4, 6, na Ver.Brasil.:

“Quando veio o cumprimento do tempo, enviou Deus o seu Filho.” “Porque sois Filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.”

É o mesmo verbo em ambos os passos e não podemos traduzi-lo. Se tivéssemos um verbo que correspondesse ao substantivo apóstolo e em composição com este verbo a preposição que expressa a ideia de sair de dentro para fora, poderíamos indicar o fato de tanto o Filho como o Espírito serem envidas de dentro do céu para fora na sua missão terrestre. O Pai ex-apostolou o Filho e o Espírito. O Filho se encarnou no ventre da Virgem num corpo humana. O Espírito se encarnou em nossos corações.

Paulo não desenvolve aqui a ideia da encarnação do Espírito, quanto á figura do corpo. Aliás esta figura é usada mais a respeito de Jesus, mas o Espírito não está alheio à realidade. Em outras epístolas o apóstolo ensina que o Espírito se encarna em (a) cada crente, individualmente. Ele habita no corpo do crente como seu santuário, I Cor. 6:19. (b) Cada igreja é corpo de Cristo. o grego não diz: “Ora, vós sois o corpo de Cristo,” mas “Vós sois corpo de Cristo.” O grande Hort traduziu: “um corpo de Cristo.” há muitas igrejas e a cada uma Cristo sustenta a relação direita de cabeça a corpo, sendo os crentes seus membros componentes. É uma figura, não há dúvida. O contexto é a discussão dos problemas locais da igreja de Corinto. O Espírito é a vida desta união. “Na comunhão de um só espírito fomos batizados todos nós em um só corpo.” É a versão de 12:13 por Conybeare e Howson. A ceia testifica que a congregação celebrante é “um corpo,” I Cor. 10:17. (c) Nas epístolas escritas na prisão (Col. E Efés.) Paulo advoga a ideia de que totalidade dos crentes, a igreja geral, é o corpo de Cristo. efés. 1:23, etc. Mas na Epístola aos Gálatas ele não desenvolve senão o primeiro desses três pontos.

O Espírito tem seu advento no coração do crente para desenvolver nele o sentimento de filho, a responsabilidade de sua maioridade em Jesus Cristo. O Espírito se encarna em nosso coração e clama a Deus, por nossos lábios, a sílaba filial do bebê na fé – “Aba” (Papai!).

(3) Paulo escreveu quando milagres eram comuns, o acompanhamento e as credenciais da maior de todas as épocas de revelação. Os apóstolos eram órgãos da revelação cristã e pela imposição de suas mãos davam o poder de operar milagres. Podiam assim ter delegados contemporâneos, mas não tinham sucessores nesta função como não os tiveram nas demais funções peculiares ao apostolado. Mas a ressurreição de mortos, curas milagrosas e muitos outros sinais eram comum nas igrejas apostólicas do primeiro século. Warfield, em sua magistral obra, “Counterfeit Miracles,” mostra que este dom terminou no primeiro século, como o apostolado e a formação das Escrituras. Os milagres fingidos hoje em dia não passam de milagres contrafeitos. Ninguém pode apontar uma ressurreição sequer neste século. Mas nas igrejas da Gálaxia havia milagres. Há duas teorias sobre o passo, “Aquele que vos subministra o Espírito e opera milagres entre vós,” 3:5, Versão Brasileira. Acompanhei por longos anos a interpretação que nos dá esta tradução, pensando que na Galáxia havia uma pessoa com esses dons e o poder de transmiti-los a outros, a fim de aprofundar a espiritualidade, subministrando, “dando com largueza,” o Espírito aos novos crentes. Segundo esta teoria, um delegado da autoridade apostólica fazia milagres, como credenciais de sua obra. Nesta hipótese, é claro que havia uma so pessoa em toda a província com este dom. quem seria? Por que não evitou a apostasia das igrejas gálatas, se houvesse um delegado apostólico no meio delas e com tanto poder? Ao preparar a tradução desta Epístola, notei que várias versões, em diversas línguas, vertem as palavras de modo a mostrar que se referem unicamente a Deus. Depois de considerável estudo, e iluminado e incentivado pela valiosa revisão do MS, neste trecho, pelo erudito colega, o dr. A. R. Crabtree, conclui que subministrar é tradução errada, e que, como diz o dr. A. T. Robertson em seus “Wor Pictures”, in loco, quem dá o Espírito com largueza “é Deus”. Era Deus que derramava dons e milagres na vida cristã na Galáxia. E não vi no horizonte da Epístola um ser humano que “subministrasse” o Espírito.

Nós ainda temos a manifestação sobrenatural do Espírito nos corações que sentem a devoção filial e o fruto do Espírito, mas não estamos num período de revelação. No Cristo histórico temos a finalidade da revelação e no Novo Testamento a última Escritura Sagrada. Logo não necessitamos de milagres. A comunhão, o fruto e os dons ordinários do Espírito nos são adequados.

Como podemos falar do adventa do Espírito se ele antes de Pentecostes já regenerava, santificava, enchia crentes, dava dons e chamada, ungia e dirigia tão maravilhosamente? Bem. É fato. Não consintamos que a lógica de uma teoria ou de uma interpretação nos vende os olhos às declarações categóricas da Palavra de Deus. Não tem razão os que dizem que as referências ao Espírito pelos protestas eram futuras. Eram futuras e contemporâneas. O profeta conhecia o Espírito de quem escrevia. “Eu, porém, na verdade, estou cheio de poder pelo Espírito de Jeová, e de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão, e a Israel o seu pecado,” (Miquéias 3:8). Precisamente como os apóstolos e presbíteros escreveram: “Parecia bem a nós e ao Espírito Santo.” Assim Isaías afirma – “Agora o Senhor Jeová me enviou o seu Espírito.” São sócios na missão profética. Assim foi com Ezequiel (3:12, 14, 24; 8:3, 9:1, 5, 24; 28:1) e os demais profetas.

Mas não é somente aos profetas que o Espírito era uma realidade preciosa. “Também lhes deste o teu bom Espírito, que os instruísse,” diz Neemias de Israel no deserto (9:20). Ao povo Deus disse por Ageu: “O meu Espírito habita entre vós: não tenhais medo” (2:5). Ezequiel afirma: “pois derramei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor Jeová” (39:29), e há inúmeras passagens de igual teor.

Por que, então foram escritas as palavras de João 7:39? “Disse isso a respeito do Espírito que iam receber os que nele criam; pois o Espírito ainda não fora dado porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” Jesus também soprou sobre os apóstolos e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20:22), como também lhes disse: “Se eu não for, não virá a vós o Paráclito,” (João 16:7). Como conciliar esta aparente contradição?

Uma coisa é certa. Estes dois versículos não nos podem vendar os olhos ao considerável ensino sobre a atuação e a plenitude do Espírito na experiência dos santos antes de Pentecostes. Busquemos, pois, a harmonia em outra explicação. Smeaton é assim citado por Warfield: “Não significa que o Espírito não existia, porque toda a Escritura afirma sua eterna pré-existência – nem que sua eficácia regeneradora estava desconhecida até aí – pois milhões inumeráveis foram regenerados pelo seu poder desde a primeira promessa no Éden – mas estas operações do Espírito estavam em antecipação à dádiva redentora de Cristo, não era a dádiva formal. O apóstolo fala relativamente,não absolutamente.” E Warfield acrescenta: “As bênçãos espirituais concedidas vieram como uma libação antecipadora, um antegosto.” (“Biblical Doctrines, p. 128, 129). Warfield ainda explica que a obra do Espírito na experiência da graça fora minitado ao “resto na nova dispensarão do que na antiga. É apenas mais universal.”

“Naquele tempo o Espírito limitava seu poder. Agora o grande dia do Espírito raiou.”

O dr. A. T. Robertson comenta: “Certamente o Espírito Santo já operava nos corações dos homens, mas não no sentido de testemunhar como o Paráclito, o que seria possível somente depois de Jesus voltar ao Pai”, (Word Pictures of the New Testament, Vol. V., pág. 266).

Em resumo, pois, podemos falar desta dispensação como a do Espírito, e do dia de Pentecostes como o advento do Espírito, pelos seguintes motivos:

(I) A operação do Espírito agora é esclarecida pela doutrina da Trindade. A eletricidade existia antes de Franklin, Edison e Marconi, mas seu aproveitamento poder ser muito mais amplo agora quando a ciência nos adestrou em seu uso. Do mesmo modo os dons do Espírito estão indizivelmente mais ao alcance do crente agora que o Novo Testamento e era apostólica ensinaram e demostraram abertamente o poder do Espírito que ele exercia soberanamente, sem explicação doutrinária, nas eras antigas.

(II) O Espírito é o Executivo da Trindade. A obra de Cristo no Calvário é aplicada aos nossos corações pelo Espírito. De certo modo Cristo era um Cordeiro imolado antes da fundação do mundo, e o Espírito produzia fé neste Servo Sofredor de Jeová, a fé num Messias vindouro. Porém, depois de realizada a encarnação e paixão redentora de Jesus, começou o regime, por excelência, do Espírito, o Vigário e Alter Ego de Jesus, representando-o e aplicando ao crente todo o valor e eficácia de Calvário.

(III) Com o Pentecostes principiou a carreira mundial da igreja na evangelização de todas as nações. Os fenómenos do advento do Espírito para este fim não são inferiores aos que se manifestaram em Belém na ocasião do advento do Messias.

Estas e outras considerações justificam a doutrina do duplo advento Cristo e do Espírito, que Paulo afirma nesta epístola, sem contradizer as referencias igualmente claras do apóstolo à obra do Espírito entre os patriarcas. Creiamos em ambas estas fases da verdade. Não são contraditórias ou mutuamente exclusivas: são apenas sucessivos aspectos da revelação progressiva.

(4) A experiência cristã normal é a esfera principal da obra do Espírito em todas as épocas. Mesmo em plenos dias apostólicos o amor era dom mais excelente do que o falar com línguas ou mesmo a protésica. É ainda o supremo dom do Espírito, I Cor. 13.

Toda a experiência normal da salvação é obra do Espírito. Seu advento em nós é como o primeiro brado do recém-nascido e nos dá o espírito filial, o sentimento do coração que diz, “Nosso Pai que estás nos céus,” e, ainda mais intimamente, o “Papai!” do aramaico: “Aba, Pai.”

Notai que os crentes priciparam no Espírito, 3:3. O Espírito estava em contacto com os nossos espíritos antes de nossa salvação, operando a convicção do pecado. Ele nos deu o arrependimento e a fé, nos fez novas criaturas, nos regenerou. “Fostes justificados… no Espírito do nosso Deus,” I Cor. 6:11. Todo o crente recebe o Espírito quando crê. De outra forma não creria, absolutamente. É pela graça que cremos, Atos 18:27, por obra e graça do Espírito, que é quem executa a vontade da Trindade em nossa salvação. As alternativas são sempre o Espírito ou a lei, não a confusão, não a união dos dois, não a subordinação de um regime a outro, mas dois regimes mutuamente exclusivos. “O pecado não era domínio sobre vós, viste que não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.” O Espírito dá a graça. O legalismo faz o crente cair da graça, e colocar-se fora da esfera onde a graça é acessível.

Recebemos o Espírito pelo ouvir da fé. Deus abriu o coração de Lídia para atender. Foi o advento do Espírito em mais outra crente. Enquanto Cornélio e seu grupo ouviam, eis que a obra do Espírito se manifestou numa realidade gloriosa e incontestável. Como nós todos, receberam eles “a promessa do Espírito – o Espírito prometido – por meio da fé.”

(5) A superintendência geral da vida cristã é dada ao Espírito depois de nosso novo nascimento. Notai as descrições gerais de nossa vida: “Nós por meio do Espírito pela fé aguardamos a esperança da justiça.” De onde parte a justiça? Não da circuncisão nem de ritos nem do legalismo. De fé. Promana da fé. Seu ponto de partida é a experiência da crença. O justo vive de sua fé. Logo a expectativa de justiça repousa na fé e o Espírito nutre em nós esta expectativa, esta confiança no êxito de sua obra santificadora, a qual partiu da fé viva em Jesus. Outras fases desta obra do Espírito em produzir em nós uma atitude de grande expectativa, de viva esperança, são indicadas em passagens paralelas onde o mesmo verbo se emprega: Rom. 8:19, 23, 25; Fil. 3:20; Heb. 9:28. A vida no Espírito dá larga visão, ampla perspectiva, forte esperança.

“Andai (tempo presente de ação constante, repetida, costumeira), no Espírito,” como Enoque. A palavra “Espírito” é muito enfática. Toda a direção de nossa vida é para efetuar-se na união com o Espírito, sob sua direção divina.

Antes da salvação as alternativas exclusivas são Espírito ou lei. Depois de salvos, achamos que os antagónicos são o Espírito (de Deus) e a carne (nossa). A vida cristã é a guerra sem tréguas contra o nosso eu carnal, como seria, nossa personalidade, ou quer ser, em nosso estado natural, destituído da obra da graça e do Espírito. Não é fácil transformar-nos (Rom. 12:2). Somente no Espírito é possível.

“Se, pois, sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo de lei.” O Espírito torna real a liberdade, a maioridade, a madureza. Ainda Paulo concebe a vida cristã como o “viver no Espírito” e “semear no Espírito”. O pensamento é que o dinheiro e os outros bens da nossa mordomia são semente. Em lugar de lançá-la às aves (Satanás – Mat. 13:19) semeemo-la no Espírito. É difícil imaginar uma vida cristã mais dominada pelo Espírito do que a que Paulo propunha aos gálatas.

(6) Fiz perante os Seminários Teológicos Batistas do Rio, e do Norte do Brasil, no Recife, um estudo especial sobre fruto do Espírito, revelado em Jesus. É o aspecto prático da sagrada penetração e influência diária do Espírito em nossa vida cristã. O fruto é o alvo. Ao conseguir em nós o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, e as demais lindas e doces virtudes da graça, o Espírito Santo alcança a meta de seu propósito na vida espiritual. Julguei proveitoso o estudo na íntegra, inclusive a ênfase e exposição inicial da ideia de fruto, como doutrina enfática de Cristo e do Novo Nascimento, mormente porque o fruto do Espírito é a notável contribuição porque o fruto do Espírito é a notável contribuição que Paulo, nesta Epístola, faz à doutrina do Espírito Santo, e é vida cristã, através dos séculos.

O FRUTO DO ESPÍRITO REVELADO EM JESUS

1. Estudo preliminar de ênfase de Cristo e do Novo Testamento sobre frutos na vida cristã.

1. Que significa frutos na vida cristã?

A. Seu esforço para dar, de sua seiva, substância, perfume, vitaminas e gosto, o melhor possível para alimentar e alegrar a outros. O altruísmo é da essência da vida cristã.

B. O fruto contém, amadurece e guarda a semente. A perpetuidade da nossa religião está nesta no Espírito, não em mera organização exterior, se bem que esta seja útil como casca da vida espiritual e esfera de sua manifestação coletiva e eficaz.

2. Fruto – ou frutos?

Maclarem opina pelo singular, e não em sentido genérico.

Amor, paz, gozo, etc. são como umas tantas laranjas num galho, não como frutas de géneros diversos – maçã, laranja, pêra e ameixa no mesmo galho. A essência, a vida, o gosto é o mesmo. A ênfase é diferente. Como os atributos de Deus não são entidades isoladas e independentes, assim esses atributos do Espírito em nossa vida. O amor de Deus é Deus amando; a justiça de Deus é Deus exibindo seu caráter moral e jurídico; a santidade de Deus é Deus separando-se do impuro, reagindo contra o pecado e realizando positivamente seu alvo bom no universo. Assim o amor e as demais manifestações da realidade do Espírito em nossa experiência e vida são o Espírito mesmo, em união com o nosso espírito, virando ora para esta, ora para aquela via de santa emoção, vontade, experiência e atividade da vida cristã. Isto explica com pessoas igualmente santas manifestam diferentes aspectos de devoção, e ênfase em graus diversos. Em todos é o mesmo Espírito produzindo seu fruto, “distribuindo a cada um particularmente como lhe apraz,” I Cor. 12:11.

3. Frutos versus sinais. Notai como Jesus recusou terminantemente dar sinais para conseguir a fé ou provar a origem e a realidade de sua obra divina.

“Alguns escribas e fariseus disseram: Mestre, queremos ver algum milagre feito por ti. Ele, porém, replicou: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas” Mat. 12:38, 39.

“Chegaram os fariseus e saduceus e, para experimentar a Jesus, pediram que lhe mostrasse um sinal do céu. Mas ele respondeu: Á tarde dizeis: Teremos bom tempo, porque o céu está avermelhado; e pela manhã: Hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará senão o de Jonas. Deixando-os, retirou-se” Mat. 16:14.

“Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, procurando obter dele um sinal do céu, para o experimentarem. Ele, dando um profundo suspiro em seu espírito disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração nenhum sinal será dado” Mar. 8:11, 12.

“Como afluíssem as multidões, começou a dizer: Esta é uma geração perversa; pede um sinal e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas. Assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem o será para esta geração” Luc. 11:39, 30.

“Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que milagre nos mostras, visto que fazes estas coisas?” João 2:18.

“Disse-lhes Jesus: Se não virdes milagres e prodígios, de modo algum crereis” João 4:48.

“Perguntaram-lhe pois: Que milagres operas tu para que vejamos e te creiamos? Que fazes tu?” João 6:30.

Sinais e milagres nada provam no terreno da religião. Os magos egípcios igualaram os milagres de Moisés até certo ponto. Jesus disse que os falsos Cristos dariam sinais em abundância.

“Hão de se levantar falsos Cristo e falsos profetas, e mostrarão tais sinais e milagres, que se fora possível, enganariam até os escolhidos” Mat. 24:24.

“Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos protestas e farão milagres e prodígios, para enganar os eleitos, se possível fora” Mar. 13:22.

Esses fenómenos ainda estão profetizados com fartura, em conexão com a obra de Satanás contra a verdade.

“A vinda esse ímpio é segundo a operação de Satanás com todo o poder, e com sinais e com prodígios mentirosos e com toda a sedução da injustiça para aqueles que perecem, porque não receberam o amor da verdade, a fim de serem salvos” II Tess. 2:9, 10.

Sinais, sem caráter e lealdade à verdade revelada nas Escrituras não provam coisa alguma. Quanto mais falsa uma religião, tanto maiores maravilhas alega. É mister lembrar que Satanás é uma força sobrenatural na vida humana. Jesus não é o único autor de milagres, se bem que o soberano. Sinais são manifestações exteriores. A verdadeira prova é o fruto. Aí está toda ênfase de Jesus.

“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim toda a árvore boa dá fruto, porém a árvore má dá meus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo. Logo pelos seus fruto os conhecereis.” Mat. 7:16, 20.

“Reconhecei que a árvore é boa e o seu fruto bom, ou que a árvore é má e o seu fruto mau, porque pelo fruto se conhece a árvore” Mat. 12:33.

“Outra caiu na boa terra e dava fruto, havendo grãos que rendiam cem, outros sessenta e outros trinta por um… porém quando a erva cresceu e deu fruto, então apareceu também o joio” Mat. 13:8.

“Responderam-lhe: Fará perecer horrivelmente a estes malvados e arrendará a vinha a outros, que lhe darão os frutos no tempo rpórpio. Perguntou-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras? A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como a perda angular; isto foi feito pelo Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto vos declaro que o reino de Deus vos será tirado e oferecido a uma nação que dará os frutos dele” Mat. 21:41, 43.

“Não há árvore boa que de mau fruto; nem tão pouco árvore má que de bom fruto. Pois cada árvore se conhece pelo seu fruto. Os homens não colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uvas” Luc. 6:43, 44.

“Narrou esta parábola: Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi buscar fruto nela, e não o achou. Então disse ao viticultor: Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o acho; corta-a, para que está ela ainda ocupando a terra inutilmente? Respondeu-lhe: Senhor, deixa-a por mais este ano, até que cave em roda e lhe deite esterco; se der fruto, bem está; mas se não, cortá-la-ás” Luc. 13:6,9.

“Em verdade, em verdade, vos digo: Se o grão de trigo cainod na terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dá muito fruto” João 12:24.

“Toda vara em mim que não dá fruto ele a corta; e toda a vara que dá fruto, ele a limpa, para que o de mais abundantemente… permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como a vara não pode dar fruto de si mesmo, se não permanecer na videira; assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim, eu sou a videira; vós sois as varas. Aquele que permanece em mim, e no qual eu permaneço dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer… Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto, e assim vos tornareis meus discípulos… Vós não me escolheste a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos designei para que vedes e deis fruto, e o vosso fruto permaneça: a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome ele vo-lo conceda” João 15:2, 4, 5, 8, 16.

4. Notai o contraste: obras da carne, fruto do Espírito. O que a carne produz é exterior, superficial, morto – “As obras infrutíferas das trevas.”

“E não tenhais sociedade com as obras infrutíferas das trevas, mas antes reprovai-as” Efés. 5:11.

O que o Espírito produz é fruto, interiormente vitalizado e ligado, em união com a seiva de nossa vida humana e da personalidade e energia divina, exteriormente doce, maduro e nutritivo. Dizer obras do Espírito, ou frutos da carne, seria perder de vista a relação vital que flui em amor, gozo, paz e outros aspectos da espiritualidade.

5. O cristianismo foi iniciado, no ministério do Batista, com uma solene exgência de frutos.

“Dai frutos dignos do arrependimento,” Mat. 3:8; Luc. 3:8. O verbo não significa nem justifica o frio indiferentismo com que algumas igrejas vão adiando o batismo dos “congregados” por meses e anos. O verbo “daí” é aoristo, exigindo ação de vez, não tempo presente, de ação contínua ou repetida. O que João exigiu ele pode verificar aí mesmo, naquele instante, na atitude prática manifestada pelo batizando.

Decisão urgente. “O machado está posto à raiz da árvore.”

6. A ênfase de João, Jesus e os apóstolos sobre frutos é estupenda. Devemos orientar-nos e informar a outros. Dou uma lista dos frutos exigidos.

(1) DAR. “Dai” frutos. E o primeiro fruto é dar. João pregava a peregrinos indo a Jerusalém em caravanas ou a pé. Havia nos auditórios ao ar livre os mendigos, os leprosos, os pobres das cidades vizinhas, os quais ficando no deserto para ouvir a pregação do Batista, necessitariam de roupa, para dormir nas cavernas, e comida. A primeira ordem do movimento cristão sobre a vida dos convertidos foi “Dai”. “Dai túnicas,” “dai comida”. Eram as únicas coisas que tinham utilidade lá no deserto. Assim João provia o sustento de seu movimento. Assim os conversos dariam evidência de seriedade na confissão de pecado e na profissão da fé.

(2) Segundo fruto – a honestidade. Não cobrar demais.

“Respondeu ele: Não cobreis mais do que aquilo que vos está prescrito” Luc. 3:11.

(3) Contentamento com o soldo. Notai que cada exigência de João para o batismo estava no terreno de dinheiro ou bens, logo no princípio da história cristã. O peregrino teria de dar roupa e comida, o publicando de transformar-se em um cobrador honesto – nenhum centavo além do prescrito. Zaqueu devolveu o roubado. E o soldado teria de manifestar contentamento com sua situação financeira. João fez a religião cristã enfrentar o problema financeiro neste aspecto tríplice, como condição para o batismo: não se batize quem não queira dar, ser honesto e viver contente dentro de sua receita. Assim o cristianismo começou. Assim se preparou um povo para o Senhor.

(4) renúncia da palavra falsa e da violência, da parte do soldado a ser batizado, mas nenhuma sugestão de pacifismo. O soldado poderia continuar a defender a pátria e ser esteio da ordem.

“Perguntaram-lhe também uns soldados: E nós que havemos de fazer? Respondeu-lhes: A ninguém façais violência, nem deis denúncia falsa, e comentai-vos com o vosso soldo” Luc. 3:14.

(5) Louvor, fruto dos lábios –

“Por ele, pois, ofereçamos… sacrifícios de louvor… o fruto dos lábios que confessam o seu nome”Heb. 13:15.

É fruto pessoal, em manifestação particular e coletiva.

(6) Fazer a vontade de Deus e não praticar a iniquidade.

“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim toda a árvore boa dá bons frutos, porém a árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos. Logo pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: «Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” Mat. 7:16-21.

(7) Palavras boas e proveitosas

“Reconhecei que a árvore é boa e seu fruto bom, ou que a árvore é má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala o de que esta cheio o coração. O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau tira más coisas do seu mau tesouro. Digo-vos que toda a palavra ociosa que falarem os homens, dela darão conta no dia de juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” Mat. 12:33-37.

(8) Ganhar outros discípulos

Vossa conversão dá a Cristo um discípulo, vosso testemunho e evangelização aumentam este um, a trinta e um, ou sessenta e um ou cento e um. “Outra caiu em boa terra e dava fruto, havendo grãos que rendiam cem, outros sessenta, e outros trinta por um” Mat. 13:8.

(9) Vida coletiva, santa e reta

“Responderam-lhe: Fará perecer horrivelmente a estes malvados, e arrendará a vinha a outros, que lhe darão os frutos no tempo próprio… Portanto, vos declaro que o reino de Deus vos será tirado e oferecido a uma nação que dará os frutos dele” Mat. 21:41, 43.

(10) A progressiva manifestação da vida e atividade cristã

“Disse mais: O reino de Deus é como se um Homem lançasse a semente na terra e, dormindo ou acordado de noite e de dia, a semente germinasse e crescesse, sem ele saber como. A terra por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão grado na espiga. Depois de o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa” Mar. 4:26-29.

(11) Vida coerente com a profissão

“Pois cada árvore se conhece pelo seu fruto. Os homens não colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uvas” Luc. 6:44.

(12) Submissão á autoridade de Jesus

“No tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem do fruto da vinha; os lavradores, porém, depois de o espancarem mandaram-no embora sem coisa alguma” Luc. 20:10.

(13) Abnegação – o ato de sepultar-se na obra do reino, resultando isso em brotar e serem frutíferos muitos discípulos para o serviço de Cristo

“Em verdade em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra não morrer, fica só; mas se morrer, dá muito fruto” João 12:24.

(14) Operosidade na vida cristã em união vital e vitalizadora com Jesus (A figura da videira e das varas) João 15:1-8.

(15) A santificação

“Agora libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso proveito para a santificação, e por fim a vida eterna” Rom. 6:22, (fruto não «proveito», no original.

(16) selo sobre o fruto – uma praxe comercial que indica que o serviço cooperativo está sendo eficaz, acabado, levado a êxito incontestável e de tal modo dirigido que ninguém pode duvidar de seus motivos ou administração.

“Tendo, pois, concluído isto e havendo-lhes posto o meu selo neste fruto, irei à Espanha” Rom. 16:28.

(Vemos hoje laranjas estampadas com a marca “sunmaid”, da Califórnia, etc. Paulo selou sua obra acabada com a marca de sua usual eficiência vencedora).

(17) Dízimos, dados pelo povo para o sustento do ministério evangélico, o qual é responsabilizado pelo Senhor Jesus para ensinar este dever ao povo

“Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Ou quem pastoreia um rebanho e não come do leite do rebanho?... Se nós vos semeamos as coisas espirituais, é, porventura, grande coisa se colhemos aos que proclamam o Evangelho, que vivam do Evangelho” I Cor. 9:7, 11, 14.

(18-26) Os nove frutos de Gál. 5:22 que estudamos agora detalhadamente.

(27) Bondade, justiça, verdade, “o candor da mente que está isento da afetação, pretensão, falsidade, fingimento e dolo; sinceridade mente e integridade de caráter, o modo de vida que está de acordo com a divina verdade” – (Thayer, em definição de verdade).

“Porque o fruto da luz consiste em toda a bondade e justiça e verdade” Efés. 5:9.

(28) O apoio ao excelente, a sinceridade, livre de ofensa, a justiça

“Para que aproveis as coisas que são excelentes, a fim de que sejais sinceros e sem ofensa para o dia da Cristo; cheios do fruto de justiça, que é por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” Fil. 1:10, 11.

(29) Viver ainda, em horas de desgosto, quando o homem cansado gostaria de morrer, viver para servir ainda a outros embora sejam ingratos

“Mas se o viver na carne resultar em fruto do meu trabalho, não sei então o que hei de escolher” Fil. 1:2.

(30) A expansão da personalidade que é operada pela generosidade na mordomia

“Não é porque procure eu dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta” Fil. 4:17.

(31) A receita da igreja para o sustento pastoral e do culto

“O lavrador que trabalho deve ser o primeiro a gozar dos frutos” II Tim. 2:6.

(32) Resultado pacífico da correção divina, fazendo-nos caminhar do terreno de nosso desvio do dever para a senda da justiça

“Toda correção ao presente não parece ser de gozo, mas de tristeza depois, porém, dá fruto pacífico de justiça aos que por ela tem sido exercitados” Heb. 12:11.

(33) A sabedoria dada por Deus e seus resultados benéficos e salutares na vida.

“Mas a sabedoria que vem lá de cima é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, fácil de se conciliar, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialdade, sem hipocrisa.” Tiago 3:17.

(34) Justiça semeada em paz – o solo em que toda a obra do Espírito convém é a paz, não a agitação, nem a briga, nem a controvérsia prolongada. A semente semeada em ventos agitados se perde, em grande parte, e árvores à beira-mar, embora se inclinem na direção da terra, fugindo do estrago da tormenta, dão pouco fruto. Galhos agitados ou perdem seu fruto ou o que resta fica duro e pouco amadurecido.

“Ora o fruto da justça é semeado em paz para aqueles que são pacificadores” Tiago 3:18.

(35) Paciência como a do lavrador

“Tende, pois, paciência, irmãos até a vinda do Senhor. Vede como o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber esta as primeiras e as últimas chuvas” Tiago 5:7.

(36) Perseverança e operosidade no bem

“A que caiu na boa terra, estas são as que, tendo ouvido a palavra, com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança” Luc. 8:15.

(37) Novidade do Espírito

“Agora desligados estamos da lei, por termos morrido para aquilo em que estávamos presos, de sorte que sirvamos em novidade de espírito e não na velhice da letra” Rom. 7:6.

(38) Dando fruto e aumentando

“… o Evangelho, que tem chegado a vós como também está em todo mundo, dando fruto e aumentado, assim como entre vós, desde o dia em que ouvistes e o conhecestes a graça de Deus em verdade” Col. 1:6.

(39) Andando de um modo digno do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em TODA A BOA OBRA

“De sorte que andeis de um modo digno do Senhor, agradam do-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus” Col. 1:10.

(40) A justiça cria, gera, multiplica. O mesmo vocábulo traduzido por “fruto” em II Cor. 9:10 é vertido como “raça” de víboras, em Luc. 3:7.

(41) Filhos são frutos. Luc. 1:42. O dr. Maddry diz a missionárias casadas que perguntam qual a sai “carreira” no campo missionário: “A Junta espera que irmã estabeleça um lar cristão de paz e santidade e contentamento. Ser boa esposa e mãe será a melhor carreira, e a mais frutífera para a causa de Cristo.” Naturalmente, isto não impede que as mulheres cristãs, como outras pessoas empenhadas em carreiras nobres e exigentes, dêem tempo para servir ao Senhor nas suas igrejas, a ser operosas no trabalho do reino como o Espírito lhes proporciona.

Eis algo da estupenda ideia da vida cristã frutífera que o Novo Testamento nos impões sobre a consciência e nos chama para ensinar aos outros.


II. Exame desse fruto do Espírito e de como é revelado em Jesus Cristo

O AMOR 1. Não é a pálida virtude católica ou espírito da mera caridade. O amor “não busca os seus próprios interesses”, antes, em sua essência cristã, é a disposição de dar-nos. A cobiça, ambiciosa de possuir, gozar e explorar para seu próprio prazer e proveito, costuma mascarar-se na capa do amor, roubar o rótulo e os títulos do amor e cantar em versos pornográfica de suas proezas “amorosas” (?), mas não é amor. Entre os próprio companheiros de Paulo em Roma havia pouco amor, pois ele o afirma, em Fil. 2:20, 21, em palavras de louvor a Timóteo:

“Nenhum outro tenho de igual sentimento, o qual sinceramente cuide de vossos interesses, pois todos eles buscam o que é seu, não o que é de Cristo Jesus.”

Palavras terríveis, pungentes, esquadrinhadoras. Um ministro pode ter grande êxito no seu ministério embora seus motivos sejam impuros, ou uma mistura do bem e do mal, ou apenas motivos secundários. O ministro “sem igual” é aquele que “não busca o que é seu,” mas “o que é de Jesus,” “cuida dos interesses” de outros. Dar-se, santificar-se para esta vida é ter e manifestar o amor. A disposição de se dar, com “o sentimento” congénere, é amor cristão, e é o supremo propósito da atuação do Espírito em nossa vida. E em o Espírito, nenhum de nós é capaz de viver e crescer neste amor.

2. o amor, como Jesus o ensinou e mandou, é tríplice, triangular. A base do triângulo é o amor a Deus, os lados do triângulo isóscele são o amor próprio e o amor ao próximo. Em Mateus, temos uma vez citado o mandamento de Jesus para que amemos a Deus, e três vezes o mandamento do amor próprio e do amor ao próximo em doses iguais. Por que? Porque o amor tem seu jardim de infância nas relações humanas do lar e da vizinhança da vida estudantil, na sociedade e na igreja, em círculos cada vez mais largos. Aprendemos a amar, amando, e amando logo e nas imediações da vida atual. Ninguém pense que irá cultivar e amadurecer este fruto após os dias escolares. A vida estudantil é o laboratório do amor. Nela aprendemos o amor; de outra forma a teologia estudada será de pouco proveito para nós, para Deus ou para a nossa geração. A capacidade e o gosto de amar aos colegas com quem vivemos nos darão maior capacidade e melhor gosto de amar a Deus. O progresso sempre começa onde estamos e consiste em passos de peregrino para o alvo. O amor enceta sua jornada aí, a vosso lado, e termina a carreira no trono de Deus. É indubitavelmente o ponto de vista cristão.

“Aquele que não ama o seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê.”

“Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor é em nós perfeito.”

É a palavra quase final do apóstolo do amor, no fim do primeiro século cristão, na madureza de sua meditação. I João 4:20, 12. Assim Mat. 25:40, 42.

(A) O amor próprio, sem ser egoísmo ou personalismo. Descobrimos a nossa personalidade, primeiro, e nossa relação a esta deve ser de amor cristão. Nossa peronalidade é mina riquíssima a ser explorada para enriquecer a Jesus e a outros. Negligenciá-la ou explorála com inépcia e descuido e surtos alternativos de atividade e ociosidade, é falta de amor. Precisamos dar-nos a nós mesmos com atenção, estudo e perseverança para que cheguemos a valer o que podemos na vida abundante dentro de nós, em nosso meio ambiente e para Jesus. Sem amor próprio não temos medida do amor altuístico ou da devoção a Cristo. a ética começa em casa, a fim de ir longe, até aos confins da terra e ao trono celestial.

Digamos cada um a seus botões: “Amo a mim mesmo. Até gosto de mim. Vou praticar o que é bom para mim, segundo Cristo me ensina e quer. Farei de mim o melhor instrumento possível de sua vontade, de sua semelhança, de seu Espírito.”

Amo o meu corpo. “Não te faças nenhum mal,” foi a palavra de Paulo numa emergência da terror, e é um conselho para a vida, exceto quando o dever nos chamar para um sacrifício. Negligência com saúde, comida, força, longevidade, sono, nervos, exercícios, tratamento, oportuno descanso, inocente divertimento, não é “sacrifício”; é pecado.

Amo a minha mente. É o órgão de minha personalidade, responsabilidade e faculadades. Quero cultivá-la, no terreno da minha chamada e carreira. Quero que seja esducada durante a vida inteira na linha de meu destino eterno. Quero que expanda e cresça e vença suas inerentes falhas e fraquezas e alcance suas possibilidades latentes. É tarefa para a vida inteira e para a eternidade. Nós nos educamos para a vida, vivendo cristãmente na cultura genuína e variada da qual Cristo é o Senhor e a inspiração. Esta vida é abundante, esta educação jamais acaba. O próprio cristianismo é uma educação (Mat. 28:18) e Cristo é sempre o Mestre.

Amo ao meu espírito, residente no corpo – o todo do qual a mente é a parte pensante e diretora. Meu espírito precisa também de alimento, exercício, descanso em Deus, sociedade e comunhão, trabalho e missão. O amor a mim mesmo será mais cuidadoso do eu real que sou, o eu eterno, o filho do Deus vivo. Minha primeira consideração, pois, em tudo será a saúde, o vigor e o progresso do meu espírito. Cabe-lhe a primazia; e a primazia das coisas do espírito, o Espírito me guiará a escolher.

Amor próprio mundano é um beco sem saída. “Amar ao próximo como a tu mesmo” é mandamento de Jesus que nos abre uma estrada do bem e de benevolência partindo do eu, passando pelo lar, pela escola, pela igreja, pela sociedade e pelo reino de Cristo e rumando sempre em direção do trono de Deus no céu. Vede a obra do dr. Langoston sobre a “Ética”, em relação ao amor próprio.

(B) AMOR AO PRÓXIMO. Eu quero um corpo sadio para mim, quero-o também para meu próximo. Sacrifico-me a fim de dar uma educação cristã aos meus filhos: sacrifico-me também para a educação cristã dos filhos do meu próximo. Quero que meu filho esteja livre das tentações: farei o possível para afastar dos filhos do meu próximo a bebedice, o jogo, a carnalidade. Quero boa literatura: ajudarei a prepará-la, custeá-las, distribuila para outro. Assim diariamente e em todos os propósitos fundamentais da vida procurarei o bem de outrem com esforço igual ao com que procuro meu próprio bem-estar.

Alguns colegas vão além desta medida estabelecida por Jesus, incorrendo no perigo próprio. Perdem a saúde por demasiado esforço. Um em dez, talvez, no ministério dá mais do que pode ou deve dar. O resultado é perder a influência por causa de dívidas ou perder, para o reino de Jesus, os filhos por causa da amargura. É a tragédia das tragédias, quando os filhos do ministro ficam amargurados ou cínicos, pensando e falando sempre contra a fé e a vida do pai porque resultaram na negligência ou na prejuízo dos filhos. Recuse-se este dez por cento de ministros excessivamente liberais para uma mordomia que não esteja em excesso, além do esforço de seu amor próprio, e vamos nós outros ao seu encontro, numa moderação áurea. E evitemos o outro extremo, muito mais comum, de dar tudo a nossos filhos, sacrificando o pai, deixando-os viver no luxo e ociosidade a fim de poupar-lhes as duras experiências da pobreza que nos deram precisamente as melhores lições de nossa juventude.

Jesus exige este amor tríplice, e une a lei e o evangelho na exigência. O amor somente a Deus é imoral e anti-cristão. Produz o ascetismo, o pietismo, o adventismo e outros fanatismos. O amor somente ao próximo é imoral e anti-cristão. Produz o socialismo exagerado, o comunismo filosófico, os ódios de casta e classe, o humanismo e todo o exagero sobre esta vida, no esquecimento da eternidade. O amor somente a si mesmo é imoral e anit-cristão. Produz a avareza, a carnalidade, o egoísmo, um capitalismo desalmado ou a soberba e “proteção” política. Jesus ensinou a simetria, a moderação e a coordenação das forças do nosso amor.

(C). Amor a Deus é o máximo dever. Se o amor próprio e o amor ao próximo não nos educam na capacidade e gosto deste supremo amor, são espúrios. Aqui temos o ensino mais profundamente moral e espiritual de Jesus:

“Chegou um dos escribas e, tendo ouvido a discussão e vendo que Jesus lhes havia respondido bem, faz-lhe esta pergunta: qual é o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O primeiro é : Ouve, ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor, é um só; e amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Disse-lhe o escriba: Na verdade, Mestre, disseste bem que Ele é um; e não há outro senão Ele; e que o amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força, e o amar ao próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. Vendo Jesus que ele havia falado sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus” Mar. 12:28:34.

Oxalá nós outros pelo menos alcancemos o grau de penetração espiritual daquele escriba do judaísmo.

Notai: Jesus e o perito na lei e na moral concordam. A base de todo a moral é este tríplice amor. Ninguém é moral se não for moralmente amoroso. Não amar a Deus e ao próximo e a nós mesmos é o supremo pecado.

“Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema. Maranta” I Cor. 16:22.

O Evangelho intensifica esta revelação fundamental e o Espírito realiza no crente, por este fruto, o que a lei ergueu como alvo da vida mas estava impotente para atingir. Rom. 8:4.

“O que a lei não podia fazer… Deus (fez em Jesus)… para que a exigência justa da lei se cumprisse em nós não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

(1) Amarás de todo o teu coração. Não é o órgão físico, mera bomba da circulação do sangue. Sede de afeto e emoções, “o coração”, na psicologia bíblica, é quase sinónimo da alma, porém com ênfase na vida emotiva.

Sem emoção, a vida espiritual é como um mecanismo sem óleo, sem graxa. Dão-se atritos destrutivos, ensurdecedores, alarmantes. Com o óleo de emoção, corre a vida cristã mais pacificamente e com maior êxito.

Ponhamos as emoções ao serviço de Deus. Saquemos dos recursos do coração para o alvo religioso, para a operosidade cristã. Cultivemos o gosto da espiritualidade. Deus quer que nós o amemos com a mesma intensidade que o noivo ou o marido deseja o afeto e a submissão da pessoa amada. Não conseguiremos amar a Deus fria ou platônincamente. Com o coração é que se principia. Com o coração se crê para justiça e se ama para a espiritualidade.

(2) Amarás de toda a tua alma. “Sou alma,” dizia o dr. Langston, “e tenho corpo.” Parece, pela atividade febril física e material de muitos crentes, que estão pensando: “Sou corpo, e nem tenho alma para zelar, educar, e manter sã e forte.” Vivamos mais na invisível cidadela de nosso ser, em comunhão, leitura dos salmos e de João 14, 15, 16, 17, na contemplação de Jesus, em interceder e resolver atitudes de visão e progresso. Sob o Espírito, os mancebos tem visões e os velhos sonham. Atos 2:17.

(3) Amarás com todo teu entendimento. A palavra assim vertida significa: “mente, intelecto, a mente como faculdade de entender, sentir e desejar.” É a suprema falta. A espiritualidade não é anti-intelectual. É a chamada divina para usar nossos talentos em amor a Jesus numa vida operosa e obediente.

Na parábola do Mestre era o servo com um talento que o sepultou na terra e deixou-o ficar sem juros, atividade e aumento. Hoje em dia, que é que vemos? Vemos o Senhor Jesus a correr entre a mocidade evangélica qual mendigo, de mãos estendidas, pedindo aos analfabetos e medíocres os meio-talentos, as frações de um talento, para o seu serviço. E os moços que o evangelho criou e educou dão ouvidos de mercador a Jesus e sepultam seus talentos em coisas secundárias, a medicina, o direito, a engenharia. E o próprio ministério, em casos inúmeros, despreza seu ministério, dedica-se ao magistério ou a outras carreiras e Jesus perde não poucos que a mordomia do seu povo educa. E é a mais formidável cegueira.

Na véspera de sua paixão Jesus disse: “Eu me santifico.” Havia tanta carreira secundária que ele podia ter aceitado, evitando a cruz. Mas o bom é o inimigo do melhor. Tais tentações ele recusou com forte choro e lágrimas e suor de sangue, dizendo: “O cálix que o meu Pai me deu, não hei de bebê-lo?” E se nós fomos chamados por Cristo, não foi para que ficassem no Evangelho apenas nossa garganta e boca, sendo entregue nosso intelecto a ofícios secundários às carreiras mundanas. Mais vale um Sorem, um Álvaro Reis, do que dez homens mais brilhantes que apenas dedicam a Jesus um pedaço de sua personalidade, uns restos de sua mente e talentos. A mais gloriosa carreira mental, a mais vasta cultura intelectual, o assunto mais profundo de estudo e visão é o ministério de nosso Senhor Jesus Cristo. Digamos sem reserva: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim, emoções, alma, intelecto, forças todas, um ser completo, completamente consagrado a Jesus para cumprir meu ministério. Eu me santifico para a carreira para qual ele me separou.” Por esta decisão no espírito de qualquer moço, os céus se regozijarão. E ninguém pode imaginar quantos colegas me procuram para chorar sua sorte de mentes divididas, vidas contraditórias, energias fracionadas, carreiras perdidas, ministério que não ministra ou parcialmente segue na senda da chamada divina. Demos a Jesus o que é dele, nosso intelecto. Hoje é um dia de maiores responsabilidades do obreiro nacional. Que não tenha ele suas mãos tão cheias de outra coisa que não possa atender à chamada de seu Senhor.

(4) Amarás com as tuas forças todas.

Na visita do dr. Maddry a Vitória, tivemos uma palestra com D. Alice Reno. Ela narrou algo da vida do esposo nos primeiros anos no Brasil. Seu companheiro inseparável nas viagens evangelizadoras pioneiras, o pranteado Francisco José da Silva, às veses disse a D. Alice: “Desta vez, irmã, pensei que o irmão Reno não chegasse ao ponto de pregação. Apeou do cavalo, deitou-se na estrada e vomitou até que eu pensei que ia morrer. Depois, com grande fraqueza, seguiu viagem. Quando chegamos, ele nem podia ficar sentado. Deitava-se num dos bancos (sem encosto) na casa de culto e falava de Jesus e o povo ficava ao redor escutando.” Pela abnegação de pioneiros como aqueles dois, temos hoje o nosso patrimônio que se extende do litoral ao Paraguai e dos papas ao Amazonas. E nós seremos filhos indignos de pais heróicos se não amarmos ao Senhor Jesus com as nossas forças, servindo-o até que corpo e mente cansem, até à velhice, até poder declarar, como Paulo: “Ninguém me moleste: pois trago em meu corpo as marcas de Jesus.” Os tempos são de molde heróico. Em lealdade a extremismos de toda sorte, a mocidade oriental e européia se lança à destruição sem reservas. E seremos menos leais a uma causa infinitamente mais nobre e digna?

3. O amor não é mero sentimento. É firme propósito de dar, de dar personalidade, não coisas, dar o eu. Muitos darão dinheiro mas reservam seu tempo, estudo e personalidade para seus afazeres seculares. O amor é a dádiva do eu a Jesus e ao próximo, o eu desenvolvido ao máxima grau mediante o amor próprio espiritual.

Certamente, a emoção e o sentimento fortalecem o amor. Há ocasiões, porém, quando o amor pode ser real poderoso e sacrifical, sem emoção. É assim possível amar aos inimigos.

Quando demonstrará boa mãe o amor mais forte pelo seu bebê, na hora da alegria quando lhe pede beijos ou na hora da doença e do perigo quando passa a noite em claro, silenciosamente guardando a saúde e o repouso do seu querido? Na hora de lavar-lhe a roupa e preparar-lhe as refeições, ou no momento de sorrisos e abraços? Sem dúvida o amor é tão genuíno numa hora quanto é na outra. E nosso amor a Cristo e a outros é tão genuíno e obrigatório quando servimos com alegria r aleluias quando é quando nos obrigamos a dar-nos a Deus ou ao semelhante a despeito da angústia e cansaço, desapontamento e tédio.

Era nos dias dos pioneiros no meu estado natal. Uma filha dum casal heróico e abastado, o qual desbravara a floresta em grande perigo dos selvagens, fora pedida em casamento por um rapaz conhecido. Ela não sabia se o amava ou não. A mãe lhe disse a respeito: “Tu, minha filha, não sabes se amas a esse moço? Eu te explico. Se estás disposta a ir com ele para desbravar nova habitação na sela; se queres rachar a lenha, acender a fogueira, preparar-lhe a comida, enquanto ele faz o trabalho mis duro; se podes lavar-lhe a roupa suja sem te queixar; se ficas a sós em casa enquanto ele cultiva o milho e caça a pesca para o teu sustento; se tens a coragem de ficar ao seu lado e atirar contra os selvagens quando vierem matar e queimar pessoas e bens; de noite, quando esse moço volta cansado de seu labor, exalando suor, tu podes acolhê-lo, confortá-lo e animá-lo para novos dias de labor e perigo, se queres dar à luz aos filhos desse rapaz e lavar e cozinhar e tecer e costurar e ser enfermeira, esposa e mãe na casa que ajudarás a construir, então tu o amas e consinto ao teu casamento.” A moça disse: “Eu o amo, e estou pronta para tudo que se der”. A este amor dos longos anos, muito mais operoso e genuíno do que as efêmeras emoções da lua de mel, nós todos devemos tudo, em todas as Américas. Lede os livros de Gilberto Freyre e vereis o quanto as antigas matronas portuguesas tinham para dar ao Brasil e com que eficiência e vigor intelectual e físico elas davam-se a si mesmas e seus dons. Nós seremos seus devedores para sempre por tudo que há nas raízes de nossa civilização. O amor é muito mais que a emoção e o sentimento, mas estes o enobrecem e evitam os atritos das relações domésticas, sociais e eclesiásticas quando estas estão compenetradas da persuasiva influência do Espírito.

4. Vários pontos de vista de Jesus sobre o amor:

(a) O amor em proporção ao arrependimento. Jesus proferiu uma parábola para ensinar que amará mais aquele a quem mais se perdoou, Luc. 7:36-50. O amor é fruto do Espírito e este principia a produzir seu fruto pela convicção do pecado. Uma grande salvação faz que o salvo seja eterna e profundamente grato. Assim Pedro, Paulo, Bunyan, Spurgeon, Carey. Uma salvação insignificante produz um adepto superficial e mesquinho que procurará explorar a igreja ou dar-lhe o rumo de outros interesses genuínos do membro que nunca experimentou a contrição e o arrependimento. Este fato nos daria o diagnóstico da fraqueza ética e espiritual de muitas igrejas. Sem a raiz da convicção do pecado, não colheremos o fruto do amor.

(b) O amor e a obediência. É uma ênfase predileta de Jesus, mas uma idéia desagradável aos ouvidos modernos. “Por isso sabemos que amamos aos filhos de Deus, quando amarmos a Deus e guardarmos os seus mandamentos. Pois este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos,” I João 5:2,3. Espada de dois gumes: o amor obediente é a real maneira de mostrar amor aos nossos irmãos e a nosso Pai. Todo o sentimentalismo e unionismo insistem em que os mandamentos de Deus são penosos e que é falta de caridade fraternal insistir na obediência ou distinguir entre os obedientes e os desobedientes. João, o apóstolo de amor, apenas seguiu a Jesus neste ensino: “Quem me não ama, não guarda as minhas palavras” João 14:24.

(c) Jesus, nesta conexão, salienta especialmente que a lealdade do amor sincero e bem orientado fará que nós sejamos inteligentes e firmemente leais ao VOCABULÁRIO de Jesus Cristo.

Todo o ofício tem seu vocabulário próprio e exato. Um canoeiro precisa saber tudo a respeito de popa, proa, remo, leme, “marcha á ré,” etc. ele não admitira que se trocasse a significação desta palavras do seu vocabulário. Assim o piloto, o chofer, o motorneiro, o tecelão, o barbeiro, o cozinheiro.

Quando mais elevado o ofício, tanto mais complexo e exato o vocabulário. O químico, o farmacêutico e o médico têm um vocabulário estupendo. Consentiriam em erros ou indiferentismo ou inexatidão no seu uso? Absolutamente não. A morte em escala vasta seria o resultado.

O vocabulário do Evangelho e da religião cristã é complexo e é o mais importante na linguagem humana, pois encerra toda a revelação divina, ou nosso entendimento da mesma. Inexatidão aqui é pior do que na farmácia ou no laboratório, porque as conseqüências são eternas. Guardar para o vocabulário de Jesus o significado das mesmas palavras que Jesus deu é preservar o evangelho do Salvador e a vontade do Soberano de nossas consciências. É preservar, dentro do frasco do remédio, o conteúdo que a formula verdadeira do rótulo exige. Nada menos é lealdade e amor. Aqui temos um elemento principal de nossa missão batista ao mundo religioso. Jesus diz: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” E ele mostra que guardar o mandamento é preservar as palavras do mandamento e obedecer ao sentido real do vocabulário. João 14:15, 21, 23, 24.

(d) O amor de Cristo não se limitou à igreja, mas canalizou-se especialmente pela igreja, em ambos os sentidos da igreja, para alvos práticos.

A. O sentido espiritual e universal, a igreja geral, a comunhão dos redimidos. Esta igreja não é organização. Nossa lealdade e amor para com ela não se manifesta, pois, em organização, mas em comunhão fraternal e social. Sou irmão de todos os crentes. Como disse o dr. Truett num sermão que ouvi: “Eis minha mão, estendida para todo aquele que ame ao Senhor Jesus, e com a mão vai meu coração.” A qualquer crentes, de qualquer grei eclesiástica, ou de nenhuma, nós queremos ser irmãos e viver e agir social e fraternalmente na igreja geral que todos entram pela regeneração mediante a fé. Mas esta igreja geral, como disse o dr. Mullins na Aliança Batista Mundial em Toronto, não é organização. Por isto, manifestamos nosso amor a esta igreja, e dentro da mesma, não por nenhum apoio à organizações neo-católicas de movimentos unionistas. Estes representam uma corrupção da idéia da igreja, estabelecem nova igreja “católica” sonhada, uma rival materializada da igreja espiritual que é o corpo de Jesus, aquele único rebanho no qual ele é o único Bispo e Pastor. Devemos, pois, cultivar o espírito, a camaradagem e a fraternidade social e cristã com todo o povo do Senhor. Rebanho – há um, o único universal. Apriscos, há muitos. Nossa unidade está no rebanho, não nos apriscos, que por natureza de sua utilidade serão muitos e locais.

Servimos melhor à igreja geral, conservando vivo seu ideal e realidade no pensamento, recusando consentir em ludibriar os incautos por identificar sua comunhão com organizações ou movimentos unionistas, que fatalmente se tornarão intolerantes e derramarão de novo o sangue de dissidentes. Vozes batistas foram arautos da liberdade religiosa que gozamos, e aqueles que promovem o unionismo são os filhos na fé daqueles cujos pais eclesiásticos já derramaram rios de sangue de crentes não-conformistas. Não voltaremos outra vez ao domínio deles, que tanto ambicionam e tramam. Antes chamemos a todos os crentes para comunhão real e mais amiga de todos os salvos versus os ambiciosos esquemas de união exterior e superficial.

B: A instituição local. A esta, indubitavelmente, Jesus amou e ama. O Apocalipse mostra seu amor e zelo pelas igrejas. E, na última página de nossas Bíblias, lemos:

“Eu, Jesus, enviei meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das igrejas,” Apoc. 22:16

Quem não estiver “a favor das igrejas” é contra Jesus pelo menos neste respeito. Ele organizou-as e as perpetua como divino Zelador das lâmpadas de ouro. Apoc. 1.

A passagem clássica sobre o amor de Jesus à igreja geral é Efés. 5. A passagem clássica sobre o amor de Jesus à igreja local, à instituição congregacional, é Atos. 20:28.

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre qual o Espírito Santo vos constituiu bispos para apascentardes a igreja de Deus, a qual ele adquiriu com seu próprio sangue.” Eis o preço do seu amor.

O contexto sempre é o fator que determina a referência do texto. Não há dúvida que aqui a referência é para a igreja de Éfeso, não a igreja universal. Paulo falava a presbíteros, bispos daquela igreja local. Não estavam “apascentando” a igreja universal, mas aquele rebanho em Éfeso. Eram bispos, superintendentes, de responsabilidade fixa e localizada em aquela congregação organizada. A igreja por eles pastoreada era a igreja que Cristo amou e comprou. Podemos generalizar a idéia aplicando-a por analogia a qualquer outra igreja local, e à instituição, a todas as congregações que sejam igrejas do Novo Testamento.

Em que sentido visou Jesus no calvário a igreja organizada, como instituição local, ou como organização congregacional?

Primeiro, as igrejas são agentes do reino, símbolos e centros movimento cristão, e cada uma em seu meio ambiente local é a grei à qual devem pertencer, normalmente, os crentes do lugar. Concretiza, pois, aos olhos do povo, embora sem monopólio dos salvos, o reino de Cristo e a comunhão dos santos, e é o canal desta comunhão quando for pessoal e coletivamente obediente. Uma igreja não salva, mas é o lar normal dos salvos, aprisco local das ovelhas.

Em segundo lugar, as igrejas visam ser compostas unicamente dos regenerados. Daí o cuidado na recepção de membros. A despeito de exceções como Judas e Simão Mago e talvez Demas e Ananias e Safira, Jesus adquiriu cada igreja verdadeira com seu sangue. A igreja de Corinto era a pior na história apostólica, porém, Paulo a idealiza e exclama: “Fostes lavados, fostes santificados, foste justificados” I Cor. 6:11. Jesus idealizou na cruz a instituição chamada igreja, rebanho local em aprisco local, e comprou-a com seu sangue. Há um rebanho no qual Ele é Bispo e Pastor, há muitos rebanho locais nos quais Ele chama pastores-bispos-presbitros e os responsabiliza sobre esses rebanhos locais, em apriscos segundo o Novo Testamento prescreve; e a tais pastores-bispos vem esta exortação de Paulo: Atendei por todo o rebanho – o Espírito vos constituiu bispos – apascentai, pois, esta igreja vossa, a qual é também do Senhor, pois a adquiriu com seu sangue.

Se amarmos a Jesus e o imitarmos, também nós nos daremos à igreja geral e às igrejas, em amor. Eis o canal do amor e operosidade obediente. Não atendamos a vozes sedutoras para promover uma igreja falsa, seja de natureza local, nacional ou universal. “Crentes servindo a Cristo, mas igrejas” – é o lema da vida mais frutífera no evangelho. Será que um unionista, ou todos eles, inventarão uma organização mais bem adaptada para os fins da vida cristã do que Jesus nos deu? Não aceitemos na ilusão e assim não gastaremos energias cristãs fútil ou pecaminosamente. Mudar a natureza congregacional da igreja em vasta organização presbiterial, episcopal ou papal é pecado e rebelião contra a autoridade de Jesus. O amor é submisso a Jesus, não cheio de invenções e tradições dos homens, usando os rótulos do vocabulário de Jesus para dar a formas e organizações que Jesus não autorizou.

(e) Notemos que Jesus sabia tolerar o crente ultra-individualista, não cooperador, o guerrilheiro cristão que não entra, ou não fica, nas fileiras regulares mas anda a sós, fazendo o bem.

O caso é famoso.

“Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que não nos segue, expelir demônios em teu nome, e lho proibimos porque não nos seguia. Mas Jesus respondeu: Não lho proibais: porque não há ninguém que faça milagre em meu nome e logo depois possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós é por nós” Mar, 9:38, 39; Luc. 9:49, 50.

Notai: (1) Este homem fazia milagre, não propaganda doutrinária errada. (2) O ponto de João era: “Não nos segue.” Duas vezes em três linhas ele repete esta frase reveladora. Queria o monopólio de atividade cristã… Jesus não permitiu isto nem ao apostolado nem às igrejas.

Notai, porém, que Jesus nem mandou que os apóstolos seguissem após esse individualista isolado nem que parassem seu trabalho para ir solicitar que ele abando nas se sua iniciativa e todos formassem uma união. O serviço dos apóstolos era a norma regular da direção da vida obediente dos crentes e não deviam abandonar este sérico. Porém, se um espírito isolado e ultra-individualista quer trabalho para cristo, deixai-o. Nem o sigais nem gasteis tempo-lhe oposição. Façamos obra melhor. Jesus nunca deu uma palavra ou um esforço para promover uma união superficial ou forçada. Vede a liberdade que Ele deu aos discípulos de João. O espírito voluntario é fundamental no amor e na espiritualidade. Sigamos nós, e se outro seguir a sós ou em grupo separado, nem o molestemos nem corramos atrás dele. Mãos à obra. A noite vem e há bastante trabalho para todos.

(f) Jesus censura amores rivalizados, e amor dado a coisas. Os iludidos e ambiciosos “amam” (é o verbo do original) as primeiras cadeiras nas sinagogas e as saudações nas ruas (longas formalidades orientais de saudação). Lucas 11:43. “Amam mais a glória que vem dos homens do que a glória que vem de Deus.” (É a superma tentação hodierna, usada pelo unionsimo e pelos extremismos no proletariado ou na aristocracia). João 12:42, 43 “Amam” a ostentação religiosa, Mat. 6:5. “Amam” a vida João 12:25, e a perdem em trágica ilusão. “Amam” as trevas, porque seus feitos são maus, João 3:19. Quanta gente ama gatos e cachorros mais do que a Jesus! Anátema, diria Paulo. Além dessas coisas que são rivais, Jesus menciona mais dois rivais de sua pessoa em nosso amor. A família é rival de Jesus, em muitos lares. Mat. 10:37. Isto é uma tragédia na vida de muitos homens de meia idade. Jesus pede lealdade e sacrifício, e filhos mundanizados de missionários, pastores, diáconos, e de leigos grandes e pequenos requerem lealdade e sacrifício rivais. E o obreiro do Senhor fica angustiado e perplexo. Se o amor á família vence, Jesus perdeu mais um pobre iludido, e este pobre iludido verá brevemente que perdeu sua vida útil e a família também. Não há ano em que eu não veja essas tragédias no ministério em muitas terras.

Lideres se fazem rivais de Jesus, candidatos ao amor e lealdade absoluta. Embora a minha seja uma voz no deserto, continuarei a afirmar que toda a solidariedade votada a homens é demais. A palavra é forte demais para ser cristã. A nenhum homem devemos tanto, porém devemos precisamente isto a Jesus. Mas eis a Escritura: “Eu vim em nome de meu Pai e não me recebeis: se outro vier em seu próprio nome recebê-lo-eis” João 5:43. É de pasmar como os homens se entusiasmam em seguir a outros homens. A esses líderes rivais, porém, pertencem os dias, os meses, os nãos. A Jesus pertencem os séculos, a eternidade. Hitler e Mussolini e Stalin estão já com o Primo de Rivera e o Napoleão e o Rosas. A Jesus cabe o reino sem fronteiras, o reino eterno.

Amo aos meus irmãos mas sou de Jesus. A ele seguirei, não a líderes facciosos que queiram açambarcar para si os que pertencem unicamente a Jesus. Pedem demais. O Espírito é nosso guia, e não desviaremos o amor de Jesus em nós infundido, para os inferiores em seu serviço.

Não abdicarei da minha responsabilidade pessoal, para seguir a nenhum líder humano senão quando este seguir a Cristo.

(g) Permanecer em amor é a divisa de Jesus para seu povo. Deu-nos o exemplo:

“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” João 13:1.

E ele nos manda: “Permanecei no meu amor” João 15:9.

O contexto, de novo, associa a permanência no amor de Cristo com o dever de permanecer em suas palavras.

Examinai-vos. Aqueles que eram vossos amados no Senhor há anos ainda estão nesta mesma íntima comunhão afetuosa? “O amigo ama em todo o tempo” Prov. 17:17. “Não abandones o teu amigo, ou o amigo do teu pai” Prov. 27:10. No seio da fraternidade cristã, o fruto do Espírito deve ser permanente, uma força unificadora e perseverante muito mais poderosa que um provérbio de mera amizade. “O amor jamais se acaba.”

Outra vez “a Palavra” e o amor estão aliados. “Se permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos” João 8:311. A estabilidade em atitudes doutrinárias e fraternais é uma dupla necessidade do cristianismo. Jesus não se satisfaz quem um crente seja amoroso e cheio de emoções generosas e outro crente seja duro e intransigente na verdade doutrinária. Este “falará a verdade em amor” e aquele amará ao próximo e aos irmãos na esfera e sob a égide de verdade revelada no Novo Testamento, e assim os dois serão um, em amor estável e leal.

(h) O amor não se jacto. Jesus deu uma lição de ternura a Simão Pedro neste sentido, mas uma lição humilhante. “Comparações geram ódios”, diz Shakespeare; e Pedro se comparou com outros apóstolos e afirmou a superioridade do seu amor. Jesus lhe fez três perguntas para lembrar-lhe as três vezes em que Pedro o negara. As respostas de Pedro são leais afirmativas de amor, mas não de amor superior ao dos companheiros.

Para nós do ministério convém notar que o pastorado é a carreira do nosso amor. Fenômeno raro é um pastor. Pregadores há em abundância, teólogos alguns, escritores poucos, evangelistas um ou outro, doutrinadores escasos; o que deve ser o mais comum, porém, e é o mais raro de todos, é um verdadeiro pastor . o pastor conhece as ovelhas por nome, guia-as diáriamente, prevê os perigos, atende especialmente aos cordeiros, alimenta e protege o rebanho coletivamente por atenção pessoal às ovelhas, ama a que mais falta.

O primeiro dever imposto por Jesus a Pedro como demonstração do amor era: “Apascenta os meus cordeiros”, “os pequeninos que crêem.” Uma grande igreja examinou seu rol há pouco e descobriu que entre mais de 200 membros havia apenas seis com menos de 15 anos de idade. Começaram a igreja e o pastor a dar atenção aos filhos dos crentes e alunos na escola dominical, com o resultado de vários batismos de jovens convertidos e notável impulso ao poder do evangelho entre a mocidade. Sábio pastor: “Apascenta os meus cordeiros.” Em segundo lugar: “Pastoreia as minhas ovelhas.” De novo, e sempre, o amor a Jesus é manifestado ao seu povo.

(i) A tempera, a qualidade, o calibre, a duração, o alcance do nosso amor deve ser muito superior à média que os homens do mundo manifestam nas bases naturais de suas amizades e afetos. “Se amais aqueles que vos amam, que mereceis? Pois também os pecadores amam aos que os amam” Lucas 6:32-35. É o comentário de Jesus sobre a regra áurea. O crente deve ser o expoente Maximo de inteligente amor. Assim o Espírito verá seu poder produzir fruto em nossa vida.

5. Jesus e Paulo resumem, às vezes, quase toda a vida cristã em amor. Disse Moody que o amor abrange o resto do fruto do Espírito. O gozo é o amor em ebulição; a paz é o amor em serenidade; a longanimidade é o amor em, perseverança; a benignidade é o amor vertido em atos generosos; a bondade é o amor firmado caráter; a fidelidade é o amor que valha a verdade, e seja leal; a mansidão é o amor em controle de si; à temperança é o amor governando os impulsos de sexo, paixão e apetites e conservando estes impulsos na moderação e na moral. O amor permanece, com a fé e a esperança, e é maior que tudo na vida espiritual.

6. Ao concluir, cito três frases das Epístolas: (1) “Saúda aqueles que nos amam na fé.” Não devem ser contrastados ou divorciados o amor e a fé. Tito 3:15. (2) “O presbítero à senhora eleita com seus filhos, aos quais eu amo em verdade, e não somente eu, mas também todos aqueles que conhecem a verdade.” O ambiente ideal no amor não é o erro, por mais sentimental que se mostre. É a verdade revelada. (3) Paulo exorta que tenhamos “o Mesmo amor” Fil. 2:2. Aí está a unidade – que amemos e nos demos ao mesmo Senhor e a seu serviço em obediência e abnegação.

Li a seguinte definição de amor, de James Moffatt, The Approach to the New Testament, p. 14.:

“O amor cristão pode ser definido como devoção aos propósitos de Deus na personalidade humana. Envolve o cuidado por tudo quanto favoreça o alvo tanto em outros como em nós mesmos. É uma proibição do cinismo ou do personalismo. É incentivo para remover qualquer condição social, como a escravatura, por exemplo, ou o espírito de classe, que venha deprimir o espírito humano, privando-o de uma vida pessoal abundante. É vibrante de ação contra o vício, o sofrimento, a crueldade e a opressão.” Removamos um tanto essas idéias, da esfera de pensamento abstrato para a nossa vida e seus motivos, e compenetremo-nos da convicção de que tal amor não nos é possível senão na graça e dependência do Espírito de Jesus e teremos nestas palavras a mesma idéia do estudo anterior. Continuemos a buscar o fruto do Espírito revelado em Jesus.

O Gozo. Jesus espera que discípulo seja alegre. Nada menos é o gozo. Diz-se Jesus em Lucas 10:21 que “exultou”. Isto é gozo elevado ao ponto de júbilo. É a razão? A doutrina e o fato de eleição: “porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos!” E o escritor aos Hebreus cita um salmo profético concernente a Jesus:

Acerca do Filho, porém, diz:

O teu trono, ó Deus, é pelos

séculos dos séculos,

E cetro de equidade é o cetro

do teu reino.

Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade:

Portanto, Deus, o teu Deus,

te ungiu com o óleo de

alegria acima dos teus

companheiros.” (Sal. 45, “uma

canção de amores,” diz o título).

Amar a justiça como Jesus a amava, odiar a iniqüidade (in=não=equidade) – odiar ao oposto e ao destruidor do que se ama –, como Jesus amava e odiava, são uma fonte de júbilo na vida, gozo superlativo.

Os padres fazem publicar na “Semana Santa” uma carta fictícia descritiva de Jesus, na qual afirma um pseudo-contemporâneo que Jesus jamais riu nem foi visto sorrir mas frequentemente chorava. Nada mais falso. Se Jesus nunca sorriu, então a encarnação do Verbo era defeituosa, sua vida humana não era genuína, não conhecia a metade de nossas experiências. Como assistia a tantas festas sem um sorriso? Como foi querido pelas crianças? Como tomou parte nas inocentes brincadeiras que menciona? Como podia comer com o povo e beber vinho co eles? Um Cristo que nunca sorriu é um sacerdote incapaz e demasiadamente austero. E quanto ao chorar, Jesus é mencionado como chorando em alto e doloroso pranto sobre Jerusalém, uma vez, e silenciosamente derramou lágrimas de simpatia à beira do túmulo de Lázaro. Duas vezes apenas, porém, em sua vida, verifica-se esta emoção historiada. De seu gozo, e até júbilo, os evangelhos muito falam. Certamente aquele que ordenou esconder o jejum debaixo de um rosto lavado e sereno não estaria fazendo ostentação de suas lágrimas.

Nem tampouco foi ao outro extremo o Salvador. Não vivia se excitando para gritos de “Aleluia!”, “Glória a Deus!”, “Aleluia”. Neste universo não há dois seres humanos menos parecidos do que o Cristo sereno e cheio de gozo perpétuo, de um lado, e o fanático pentecostal, com sua artificialidade, fingimentos e energias da carne, para aparências de espiritualidade, ao outro extremo. Jesus nos deu o exemplo de uma vida qual rio caudaloso, sem cachoeiras nem vaus, à tona de cujas águas plácidas se move o comércio celeste da vida. A profundeza é calma à superficial espuma e murmura sobre as pedrinhas d leito das suas águas escassas e impotentes.

Afirma-se que Jesus sentiu gozo calmo e sereno.

1. Como a norma inabalável de sua vida, ideal que ele quer realizar em nós também. João 15:12; 16:22.

2. Nas angústias e clamores do Calvário, ele tudo suportou, animado do gozo que lhe fora proposto, aquela glória que tivera com o Pai na eternidade primitiva, e a satisfação que dura hoje e através do porvir. “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento o meu Servo justo justificará a muitos, e as iniqüidades deles, ele as tomará sobre si”, Is. 53:11.

3. As realidades desta redenção constituem a base fundamental do gozo. Os Setenta alegravam-se diante de Jesus porque os demônios se lhes submetiam, na sua viagem de evangelização. Jesus disse: “Não vos regozijeis em que os espíritos se vos submetam; antes regozijai-vos em que os vossos nomes estão escritos nos céus” Luc. 10:20.

4. A comunhão da Noiva escolhida com o divino Noivo é motivo expresso de gozo. As igrejas e o reino são de Cristo, não de fulanos, exploradores do povo. Ver Jesus realmente Senhor, amado e acatado em sua casa, é motivo de gozo ao Batista e a todos que amam a Jesus mais do que aos homens. João 3:29.

5. É proibida a ostentação em jejum ou formalidades religiosas. “Quando jejuas, unge a cabeça (sinal de alegria e gozo social) e lava o rosto” (sinal de que a tristeza passou.) Mat. 6:16-18.

Devemos guardar-nos contra certos perigos que ameaçam o gozo e cultivar, em dependência do Espírito, este fruto doce e santo.

(I) o gozo pode ser uma atitude determinada a perpétua da vida. Assim andamos no Espírito. Li de uma senhora que dizia: “Quando eu me sinto bem, sempre me sinto mal porque sei que daqui a pouco vou me sentir pior.” O pessimismo e a disposição queixosa não permitem ao Espírito encher-nos de gozo. Todavia, podemos resolver manter a atitude contrária. Quando me sinto mal sei pela experiência que isto passa e me sentirei melhor – logo posso antecipar o gozo do porvir e reprimir em mim o desânimo do momento. O gozo é como qualquer outro fruto. Cultiva-se.

(II) Há uma base física de nossa vida na carne, que muito afeta ao espírito e à sua capacidade de fruto são e doce. O cansaço dificulta o gozo. Muitas vezes um passeio em um lindo arrabalde da cidade, por uma praia isolada, ou num bosque cerrado mudará o horizonte espiritual completamente. Jesus obrigou os apóstolos a irem à parte e descansar. Ele mesmo vivia muito no Monte das Oliveiras, no horto de Geste mane e no mar de Galiléia. Férias de real descanso são forte auxílio ao espírito.

Numa convenção aparece entre os mensageiros, às vezes, um brincalhão que se diverte em conservar todos os mensageiros acordados a noite inteira. No dia seguinte começa a reação física. Esse brincalhão agora não acha graça em nada, é malcriado, perturba com discussões inúteis, anarquia às sessões com pontos de ordem e personalismo, critica e destrói. Pensa ele que os outros estão totalmente em falta e o mundo bem torto. Algumas horas de sono tê-lo-iam predisposto na minha seguinte para condições de espiritualidades, cooperação e boa vontade. Vi convenções inteiras arruinadas por essa carnal idade tola de quem se esqueceu de que o povo de Deus se reúne para fins sérios.

Todos os casos já vi de crentes que imaginaram ter cometido o pecado imperdoável, ou estarem possessos de demônios, não passaram de depauperamento físico. Se foram levados a um lugar quieto para descansar, recuperaram a tranqüilidade de espírito. Se seus amigos consentiram na discussão interminável do assunto, o resultado geralmente foi um colapso nervoso ou um período no asilo dos alienados. É assunto que não se discute com a suposta vítima. A atenção médica ou de parentes calmos e ajuizados é urgente. A inspiração do Espírito, na epístola de Paulo a Timóteo, se interessa pelo estomago e pela saúde do grande evangelista. O gozo se mantém em muitos crentes acamados, por uma vitória espiritual de suas longas horas de meditação. Dor de dente, porém, e gozo são incompatíveis. O dentista fará muito mais pela espiritualidade do crente.

Quando avaliamos que um Monte de Oliveiras, um Getsemane, um afastamento da turba nos fez bem, cumpre lembrarmo-nos deles na horas em que de novo achamos difícil manter a paciência, para ministrar seu conforto outra vez ao nosso espírito. O silêncio refez a Elias. O recreio recria.

(III) A leitura muito ajuda o gozo ou o destrói. O hábito de ler jornais cronicamente oposicionistas mata a espiritualidade. a propaganda nos arruína o caráter e nos explora. Sejamos senhores, não escravos, do que lemos. Uma dieta de vinagre e fel não dá saúde nem adoça a boca ou as relações sociais. Leiamos os jornais para saber as novas do progresso e dos problemas da atualidade, não para absorver veneno. Se temos obrigação de ler, leiamos ambos os lados de questões políticas, econômicas e sociais e fujamos do espírito partidário em coisas de somenos importância.

(IV) Uma fonte de amargura é epítetos. Evitai-os. É um modo de mentir. Mesmo em gracejos são cruel injustiça. Alcunhas desairosas são uma ofensa à personalidade humana e destroem sua dignidade. Há pessoas que possuem um gênio infernalmente agudo para estudar as deficiências de outrem e logo grudar-lhe uma alcunha pejorativa que o amesquinha e deixa para sempre acabrunhado. Um golpe na face seria menos ofensivo. Matemos resolutamente em nós este espírito cruel de provocar risadas à custa de lágrimas de uma vítima – lágrimas derramadas às escondidas de madrugada, na amarga memória de injustiça, embora a pessoa saiba manter-se calma ou até briosa na hora em que sofre o epíteto. Já vi alunos, até seminaristas, ter de deixar escolas e perder sua única oportunidade de uma educação por causa dessa malvadez de alcunhas perversas.

Esta leviandade nos voltará sobre as próprias cabeças um dia, pois o que o homem semeia, isso ceifará. Não obriguemos um irmão a sair para outro lugar a fim de que sua personalidade possa gozar respeito. Muitas pessoas têm atravessando continentes ou mares, fugindo de uma língua ridicularizadora, buscando a possibilidade de gozo.

(V) A polêmica tende a evitar a personalidade, se não for uma exigência da própria verdade para sua defesa e se não for realizada na verdadeira espiritualidade. Não escaparemos à polêmica, como Jesus e Paulo dela não escaparam. Não a cultivemos, porém. Preguemos verdades positivas. Uma razão por que alguns irmão ex-padres surgem e caem como cometas e que se entregam, talvez por culpa de outros, a uma controvérsia incessante contra Roma e nada há de positivo em seu evangelho ou espiritualidade. Um desses irmãos, amado por todas nós, me disse que a segunda cidade por ele visitada como pregador não poderia voltar, tão exaltados deixara os ânimos. Mudou de rumo e agora pode sempre voltar. É o caminho do gozo.

(VI) Fujamos da amargura, especialmente na meia idade e na velhice. “Não entristeçais ao Espírito Santo,” diz Paulo. “Como?” podemos perguntar. A resposta do contexto é: “Nenhuma palavra torpe saia da vossa boca, senão a que seja boa para a edificação… para que ministre graça aos que a ouvem… Toda a amargura e cólera e ira e gritaria e calúnia sejam tiradas do meio de vós com toda a malícia. Tornai-vos, porém, bondosos uns para com os outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”, Efés. 4:29-32. A espiritualidade reside no espírito, não num vácuo, e se relaciona sobremaneira com o nosso falar. Quando dois crentes começam a elevar a voz e descambam para a gritaria, atrofiam o fruto do Espírito; e o Espírito desprezando fica triste.

A epístola aos Hebreus nos manda seguir a paz e “a santificação sem a qual ninguém verá ao Senhor, vigiando com cuidado… para que não haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e por ela sejam muitos contaminados”, Heb. 12:14, 15. Notai: à santificação e a amargura são opostas. Uma aniquila a outra. É um triste fato que muitos agitadores personalistas cultivem a amargura porque é sua arma predileta da ambição. Pelo descontentamento semeado contra os atuais administradores de responsabilidade conseguem galgar as posições ambicionadas.

Mas o tempo de matar a amargura é logo na raiz. Não se cultive, pois é uma árvore de mal e veneno, e cresce espantosamente.

De novo, saibamos que a amargura contamina. É suja, absolutamente suja. Viajava certa vez e perguntei a um companheiro como ia. A resposta foi: “Não me sinto bem. Não enjoei, porém meu companheiro de camarote enjoou. Eu estava no beliche superior, mas o enjôo dele me contaminou.” E deveras. Não há na vida coisa que contamine mais do qu uma alma cheia de amarguras, vomitando censuras, indiretas, calúnias, palavras duas, injustas, anti-crisãs. Recuemos do próprio princípio de amargura, como de um demônio. O primeiro amargurado de que a Bíblia nos fala é Esaú. Em amargura vendeu sua primogenitura, em amargura se casou, em amargura se dedicou à vingança – uma alma arruinada pela amargura.

Há homens cujos nomes devem ser Mara (Rute 1:20) porque também estão dispostos a afirmar que Deus os “encheu de uma grande amargura”. Mas o Espírito Santo é mais forte do que a amargura e pode vencê-la e bani-la e encher-lhes a vida de gozo.

A fórmula de Paulo para limpar a mente dessa amargura suja é regular os pensamentos em atitudes positivas: “Regozijai-vos sempre no Senhor… tudo o que é verdadeiro… venerável… justo… puro… amável… de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, seja isso o que ocupa vossos pensamentos,” Cultivai o hábito apostólicos de louvar, apreciar, de estimar! É o antídoto da amargura. Se existe uma única coisa agradável na vida ou no universo, estudai-a até estar cheio de gozo é espiritualidade.

A PAZ. O fruto do Espírito é “paz, envolvendo ordem, segurança, concórdia, felicidade, isenção de ódios e estragos de guerra, o estado tranqüilo da alma que tem certeza de sua salvação por Cristo, e assim nada temendo da parte de Deus vive contente com sorte neste mundo, seja qual for.” (Meu Dicionário Grego, em parte citando Thayer).

As mesmas considerações feitas acima sobre obstáculos ao gozo nos podem orientar na conservação da paz do Espírito.

Reconheça o homem de paz que ele não é livre. Em Efés. 4:3, Paulo fala do “vínculo da paz”. A palavra significa laço, nó, cadeia ou corrente comum, e indica que os que estiverem unidos pelos santos vínculos são “presos juntos”, “companheiros em prisão”. Não podemos fazer o que queremos. Somos presos da paz.

Aquele que diz o que entende, faz o que deseja, vai onde e como queira e anda no gozo de sua plena liberdade de ação e palavra, pode ser livre, mas nunca terá a paz. A paz consiste precisamente em por limites, usar freios, demarcar esferas, restringir iniciativas, dizer “não” para si mesmo, a fim de haver concórdia para com outros e no íntimo.

Os dois verbos de Heb. 12:14, 15 indicam a intensidade de propósito essencial para conservar a paz. Um é nosso verbo seguir ou perseguir. Talvez seja reminiscente do Salmo 34: “Guarda a tua língua do mal e os teus lábios de falarem dolo. Desvia-te do mal e faze o bem; busca a paz e segue-a”.

Rimo-nos do irlandês que exclamou: “Vou gozar a paz se tiver de brigar para conseguir-la.” Mas a paz é digna de esforço e não há de perdurar sem que para isto nos empenhemos resolutamente com a repressão de nossas línguas, de todo o dolo e de atitudes manhosas ou ambiciosas contra outros. É melhor cavar outro poço adiante, como Isaque, fez. No final chegará à paz.

Não se confundam a paz com o pacifismo. Há um vasto movimento mundial contra a guerra, louvável cruzada e urgente, mas o pacifismo vai ao extremo de chamar soldados homicidas e de fazer juramentos de nunca levar armas. Fiquemos na moderação de Jesus que não recusou soldados com discípulos e que escolheu introduzir o evangelho entre os gentios por primícias tiradas do exército romano. A conversão do soldado Cornélio é narrada tantas vezes quantas à de Paulo. Pedro não obrigou a Cornélio adeixar de ser soldado, nem também Jesus, ao centurião de grande fé.

O pacifismo é uma das fôrças mais barulhentas na política interna e externa de muitos países e tem a seu crédito interna de muitas guerras e muita pusilanimidade quando a firmeza as teria evitado. A paz é atitude de espírito humano, possível sómente pela comunhão com o Espírito de Deus.

Como crentes, não podemos ter a paz num vácuo. A paz regula nossas ações, permeia nossas relações fraternais. Se vivemos em eternas campanhas de agitação das igrejas, não nos é possível nem a paz nem a espiritualidade, pois são obras da carne – e sua principal operosidade – todas as “inimizades, contendas, ciúmes, iras, facções, dissensões, partidos, invejas”, oito dos quize aspectos de carnalidade são nossa maior tentação. O Espírito de amor divino quer varrer tudo isto de nossas vidas e enchê-las de paz, que excede todo o entendimento.

A LONGANIMIDADE. A etimologia da palavra é interessante. Há duas categorias de ira, a ira pensada e a que ferve, estoura. Adiar a ira é ser longânimo, “ser demorado” em zangar-se, não estourar tão cedo. Longoânimo é fruto do Espírito.

Um notável guerreiro disse, depois de veterano em muitas guerras: “Ganha à batalha o exército que luta mais cinco minutos.” E inúmeras lutas cristãs seriam coroadas de êxito com mais cinco minutos de esforço, mais um pouco de perseverança. A Bíblia nos obriga a ser “tardios para falar, tardios para se irar.” É longanimidade. Em geral nós crentes somos o oposto – pressurosos para falar e para nos irar. Os maiores pecados dos crentes são os pecados da língua e são o maior obstáculo à este elemento da espiritualidade. Brio carnal, gênio forte, irascibilidade fácil serão banidos da nossa vida pelo Espírito que nos dará ânimo-longo, coragem e paciência prolongada sobrenaturalmente em nossos corações e línguas.

A BENEGNIDADE E A BONDADE. São frutos gêmeos, e como soe com os gêmeos, um é confundido com o outro. Se alguém nos ajuda, dizemos: “Ele é bom!”; e, se mosta excepcional coragem moral, dizemos também: “È bom.” Qual dos dois sentidos de bom é o quinto fruto e qual o sexto fruto enumerado nesta lista?

Temos, na confusão que existe em muitas línguas antigas e modernas, uma reflexão de nosso espírito humano decaído, que é esencialmente interesseiro, o qual açambarcou ambos os termos para indicar a atitude de quem nos faz favores. Chamamos os atos de nosso benfeitor tanto “benignidade” como “bondade” e perdemos de vista a formosura da santidade, para o qual devemos reservar um dos vocábulos.

Se distinguirmos os dois termos, o primeiro é a manifestação prática da disposição de ser útil e generoso para com outrem. O segundo é a elevação de caráter, a boa moral, a firmeza no bem como norma ética de vida.

E por que separar o que Deus uniu? Em Jesus vemos ambos. Ia sempre fazendo o bem a outros, operoso no altruísmo eficaz. Ele era, também, tão essencialmente bom e puro que desafiou aos críticos a achar falta nele, e não deixou um homem chamá-lo “bom Mestre” sem lhe confessar a deidade, pois sua bondade e santidade eram absolutas. Jesus é o nosso exemplo para que unamos na vida estas duas fases de bondade.

A FIDELIDADE. É palavra nossa bem conhecida que é geralmente vertida fé. Como pode a mesma palavra significar fé e fidelidade? É porque há uma intensidade na experiência de crer evangélicamente em Jesus que o pensamento do mundo, inclusive da Igreja Católica Romana, ignora por comleto. A fé é o apego de nossos espíritos a Jesus Cristo ressuscitado, vivo e real para os que dele se aproximam. E esta atitude para com Jesus bifurca-se naturalmente: (i) na confiança que temos nele para nos salvar completamente; e (ii) também na fidelidade despertada em nós pelo amor e gratidão que nasceu com a nossa esperança em Jesus. Aquêle aspecto da fé se apega a Jesus com Salvador, este o estima como Senhor em franca lealdade. Na experiência não há muralha chinesa entre os dois aspectos da mesma palavra. Sendo Jesus, porém, o Salvador, e não nós; é a fé que alcança a salvação, e a fidelidade que demonstra que fomos salvos e unidos com Cristo.

Meu Dicionário Grego assim define a palavra nesta passagem: “integridade, fidelidade, lealdade, dignidade que mereça confiança;” cita Mat. 23:23 e II Tim. 4:7 (?) como passagens paralelas. Assim traduzem Montgomery, Goodspeed, Weymouth (good faith), Luiz Ségond (francesa), Moffatt, Burton, etc. Alguns (Robertson, Conybeare e Howson) vêem na palavra a disposição que confia em outros, versus o espírito desconfiado. Isto é realmente um elemento de fidelidade.

Interpretado como fidelidade, o fruto é uma virtude moralizadora, ergue na vida cristã o pdrão de responsabilidade. O divino Espírito é visto dando energia ao crente para ser homem de palavra, cumpridor de seus votos, fiel a obrigações professadas, leal a companheiros em mantes atitudes coletivas e levar avante a obra cooperadora encetada, íntegro tanto no sentido moral como no de unidade de propósito da vida, evitando fracionar a personalidade e a eficiência cristã em lealdades múltiplas ou na aquisição de culturas heterogêneas. É o antônimo de vacilação, inconstância, instabilidad, atitudes de consciência que estejam em perpétua guerra civil entre motivos e propósitos rivais na vida. Esta virtude nos levará a “ouvir o que o Espírito diz às igrejas”: “Sê vigilante e confirma o que ainda permanece, que estava prestes a morrer; pois não tenho achado tuas obras compleras diante de meu Deus.” A mania de começar e o tédio de acabar é carnalidade e grave falha de caráter. O Espírito é fonte de energia perseverante. “Aquêle que em vós começou a boa obra, a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo.”

Começas a leitura de um bom livro sem conseguir acabá-lo? Adotas os estatutos de umas tantas sociedades, sem que às leves a executar seu programa e cumprir sua missão? Insistes em protidão da parte de outros, mas chega tarde? Corres atrás de novos “movimentos”, logo abandonados por outra novidade, em lugar de usar esta energia em servir a Cristo nas igrejas? Estás perpétuamente clamando por um avivamento que nunca se prolonga, nunca satisfaz? Inauguras hábitos cristãos que duram poucos dias – culto doméstico, tempo para meditar, oração secreta, estudo da Bíblia, ensino doutrinário dos filhos, visitas cristãs, testemunho pessoal do evangelho, mordomia, correspondência epistolar com os parentes e amigos, resoluções de não perder tanto tempo em prosa, leitura de jornais, e coisas fúteis? Resolver fazer tanto e efetuar tão pouco é fraqueza da carne. É melhor prometer menos e fazer mais. Convém meditar as palavras de Salomão: “Quando fizeres um voto à Deus não tardes em o cumprir porque não se agrada de tolos. Cumpre o vota que fazes. Melhor é não fazeres voto do que fazê-lo sem o cumprir,” Ecl. 5:5. Corre ao Espírito para te fortalecer. Mais vale levar ao fim uma tarefa cristã difícil ou desagradável do que mil “Aleluias” ou aliar-te com dez novos “movimentos”. O homem de Deus e da Bíblia “leva ao fim tudo quanto empreende”. E “jura em seu dano, contudo não muda”. Ele paga as dívidas. Conserva a honradez. Um crente deste quilate vale uma vitena de faladores em cuja palavra ninguém confie. O Espírito une a bondade (essencial caráter moral n íntimo), com a fidelidade, (caráter socialmente demostrado no cumprimento de votos, promessas e obrigações assumidas). O que Deus uniu, não separe o homem.

Quão multiforme a atividade do Espírito na experiência de produzir a espiritualidade. Em amor, o Espírito principia bem no fundo do coração e leva a nossa devoção até à Deus nas alturas, ao perímetro de nossa vida pessoal, ao próximo em igual medida. No gôzo, o Espírito move o nosso coração em alegria pelo conhecimento de Cristo e sua graça, num plano bem superior às circunstâncias da vida, santificadora e vitoriosa sobre estas. Na paz, o Espírito, qual brisa suave, sabe serenar a nossa mente e oração. Na longanimidade, o Espírito é visto como um freio contra os estouros da ira, água na fervura da paixão irascível, combustível inexaurível no motor da vida e domínio próprio. Na beniguinidade, o Espírito enobrece o rosto do crente em aspecto benévolo e lhe abre o bolso e lhe ensina e lhe torna possível o altruísmo. Na bondade, o Espírito consegue o que a lei não podia fazer, no que se achava fraca pela carne, e cumpre em nossa vida o alvo moral da lei, em nós que andamos segundo o Espírito. Na fidelidade, o Espírito é uma corrente elétrica, ligando nossa consciência com nossa palavra dada, em mil aspectos da vida social, doméstica, cívica, religiosa e moral. Na mansidão, o Espírito vira os recursos do crente contra seus impulsos de soberba, vontade própria e inconstância e os transforma em poder sob controle, fogo que aquece e propulsa, sem incendiar. Na “temperança”, o Espírito ainda vira-se para dentro do homem e governa o sexo, o apetite, e o gênio. Quão adeuqado é o Espírito, se apenas sacarmos do seu poder para todas as fases de nossa experiência, todos os nossos ideais e o alvo da santa vocação.

A MANSIDÃO. Não confundamos a mansidão com a moleza, como é bem fácil e comum. Esta virtude consiste em poder sob controle – vapor canalizado para as rodas do tráfego no mar e na terra, não perdido em constantes apitos estridentes – energia domesticada, gênio forte encaminhado para a obra do bem. Xenofonte usava a palavra a respeito de cavalos de raça, depois de domesticados. O animal domesticado é tão forte e mais capaz do que o mesmo animal bravo e não acostumado a levar o freio ou o jugo. Cristo nos amansa sob o jugo que ele suporta conosco.

Moisés era o mais manso dos homens, porém forte, culto e operozo. Sua ira era capaz de quebras as tábuas do decálogo ou de fender uma rocha, embora assim perdêsse, de vez a terra de promissão. Novecentos e noventa e nove vezes em mil, porém, sua ira fervia no caldeirão, sob controle, e gerava vapor para fazer rodar a máquina de sua operosidade no bem. Era manso, uma Niágora de personalidade, utilizada para luz e força.

Jesus era manso. Não é que se deixasse explorar. Quando os cinco mil que foram por ele alimentados no deserto seguiram ao seu encontro, no dia seguinte, com uma pergunta para abrir um palavrório e pedir mais peixe e pão, vede sua resposta. Não lhes deu nem migalha nem barbatana! Mas Stalker nota a operosidade ode Jesus. As notas biográficas que nos restam a seu respeito são breves, porém contem eventos originais e majestosos que puderam servir de enredos a uma vasta biblioteca de romances de primeira ordem. Os mais mansos são os mais operosos, porque seu poder está domenticado e não se perde em futilidades ou extravagâncias.

“Os mansos herdarão a terra.” É simples fato da vida. Os Rocjefellers e os Fords e Rothschilds e os grandes proprietários não são uns violentos e raivosos. São mansos. O bravo perde ou morre. O neto do milionário pensa que a ousadia tudo vale e acaba sua exiténcia na miséria do mendigo.

O Novo Testamento quase sempre associa esta virtude a outras congêneres: mansidão de sabedoria, (Tito 3:13); mansidão e temer, (I Pedro 3:15); “manso e tranqüilo”, (I Pedro 3:4); “a mansidão e clemência de Cristo”, dois mandamentos: “Segue a mansidão” e “Peleja a boa peleja”, (I Tim. 6:10.)

A TEMPERANÇA. Este elemento de espiritualidade é definido como o “domínio próprio”. Souter acompanha o uso popular do termo nos papiros e o define: “contimencia”. Thayer diz que é “o dominio sobre os desejos e as paixões, especialmente os apetites sensuais”. Visto que está em contraste com as duas últimas obras da carne, “as bebedices e orgias”, muitos entenderam que significa a “temperança”, a qual alguém definiu como “a abstinência em absoluto de tudo quanto for venenoso ou mau, e o uso em moderação do que for bom.”

De forma alguma, porém, limitemos seu alcance a comer e beber, ou mesmo ao domínio-próprio sexual, pois é uma eficácia do Espírito Santo na personalidade por ele governada, nestes problemas e lutas, e em outros mil, também.

Domínio e é idéia – governo. Temos nas palavras autocracia, democracia, plutacracia, etc., o vocábulo grego que significava governo, em composição com outras palavras (povo, rica auto-crata). O zênite do governo pelo Espírito é o governo de si mesmo. É a cracia-do-eu, autocracia virada para dentro, autocracia cujo soberano e único súdito seja o próprio eu. Esta qualidade de autocracia é boa. Mas Pedro proíbe que padeçamos “como quem se intromete em negócios alheios” – literalmente, bispos do que não é de nossa conta – da responsabilida de pessoal de outrem. Esta dispoição façamos virar para dentro, como fazem os jardineiros, virando para o canteiro a dentro a mangueira com que lavavam a calçada, quando passa um transeunte.

Talvez o sentido mais direto da palavra e o domínio próprio sexual. Pensemos nobremente do sexo. Deus asscociou a ele nossos melhores, mais formosos e mais santos dotes de vida. Na moderação do lar cristão se enobrece e desenvolve a personalidade. Como fogo, ou água, é bênção, sob controle, mas torna-se incêndio u dilúvio quando desgovernado. Sansão dominado pelo Espírito é juiz de Deus, executor da sua providência, redentor de seu povo. Sansão sem domínio próprio é idiota, preso, escravo e cego. E Sansão tem muitos sucessores. A espiritualidade principia no amor cristão – a disposição de dar-se em beneficio de outrem – e alcança seu auge no domínio próprio. Quem não se domina, logo não tem que dar – tudo gastou nas suas extravagâncias. Jesus nos domensticou – e ficamos mansos. Ele vai um passo além; confia em nossas mãos o domínio próprio. Estamos com as rédeas nas mãos. Guiaremos segundo a vontade do Espírito?

Quando eu era menino, corria para ver as “paradas” públicas dos raros circos que visitavam a nossa vila. Trepado numa árvore, ou poste telefônico, vi pasmado passarem os elefantes, e os tigres, leões, macacos e ursos, em suas gaiolas montadas em carros. Bandas de música marcial tocavam alegremente. Mas o zênite da glória, que me empolgava, foi uma banda de música no carro dourado da rainha do circo. Eu não tive olhos, porém, para a rainha ou os múscios. Fiquei encantado com o homem que dirigia o carro. Sentado bem alto, ao pé da rainha, ele tinha nas mãos poderosas, vinte e quatro rédeas com as quais guiava, com perfeição e perícia inigualável, doze potros de raça, bem brancos e lindíssimos, que puxavam galhardamente o carro-trono. “Ah”, dizia eu aos meus botões, quase fora de mim com entusiasmo, “quando eu for homem, minha ambição suprema é fazer o que ele faz – com as rédeas todas na minha mão, guiar tantis cavalos possantes.” Agora sou homem e sei que há carreira na vida mil vezes melhor do que segurar as rédeas do melhor cavalo. É que um homem, de dia em dia, sem lapsos, tenha em perfeito controle as rédeas de dia, sem lapsos, tenha em perfeito controle as rédeas de suas paixões, apeites, energias, impulsos e palavras, e, com calma e serenidade, diga sempre: “Senhor Jesus, as rédeas de minha natureza e de meus dons estão nas minhas mãos resolutas, em perfeito domínio próprio. A ti sumbmento esta força mansa. Dize o rumo e teu servo segue, fazendo a tua contade.” Este é o maior dos homens, o homem espiritual.

Que o Espírito de Jesus assim mande em toda a nossa liberdade!

(7) Resta examinar o adjetivo “espiritual”. Meu dicinário define a palavra: “Espiritual, sobrenatural, (em sentido bom ou mau), tendo as qualidades ou caráter do divino Espírito.” Warfild confirma que o adjetivo tem sua referência quase únicamente ao Espírito de Deus, não ao espírito humano. O homem espiritual, pois, é participante e sócio da natureza e poder sobrenatural do “executivo da Trindade”. Assim ele está capacitado a restaurar seu irmão que for supreendido em algum delito. Ao mesmo tempo ele se lembra com humildade do fato de que ele é também humano e age num espírito de mansidão. Seu espírito se subordina ao Espírito. É o grande cristianismo de que Paulo gozava e ensinava aos gálatas.

 

Autor: Dr William Carey Taylor
Fonte: www.palavraprudente.com.br

Digitação: Sabryna dos Santos 08/2009