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A adoração espiritual – Parte 3

“Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR. Louvai ao SENHOR” (Salmos 150.6).

Tudo que tem fôlego deve louvar ao SENHOR. Porém toda e qualquer adoração deve ser espiritual, pois Deus é Espírito. A adoração espiritual não é uma adoração sem entendimento, mas, uma que usa o conhecimento da excelência de Deus como motivo do seu louvor. Reconhecer Deus como soberano e regozijar na glória dos Seus atributos manifestos no Redentor é adoração espiritual e são ações do espírito de um homem regenerado. É assim que o Salmista nos instrui: “Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com inteligência.” (Salmos 47.7; I Coríntios 14.12-20). A adoração sem entendimento, ou inteligência, não é culto racional, algo que Deus pede (Romanos 12.1,2). Tentativas de adorar ao Senhor somente com as sensações são ações de um bruto. O louvor que usa a razão é adoração de um homem para com seu Deus. A adoração espiritual é louvor que corresponde à natureza nova de um homem regenerado (Romanos 8.5 “os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.”). Portanto, a regeneração deve preceder qualquer possibilidade de adoração espiritual e verdadeira. Importa a Deus que os que O “adoram adorem em espírito e em verdade” (João 4.24). Não procure adorar a Deus se não for regenerado. Busque a Cristo! Cristo é o Salvador do pecador arrependido que crê pela fé nEle. Através de Cristo, um novo homem é gerado, um homem espiritual.

Como temos percebido nos estudos anteriores, a adoração espiritual só pode ser uma atividade do homem interior que nasce do espírito de Deus (João 3.3,5,7). O Cristão precisa do auxílio do Espírito Santo de Deus para adorar corretamente. Não podemos mortificar a concupiscência sem o auxílio do Espírito (Romanos 8.13), e tampouco a nossa adoração é espiritual sem o Seu auxílio (Romanos 8.6 “mas a inclinação do Espírito é vida e paz”; 8.26 “o mesmo Espírito intercede por nós”; Efésios 6.18 “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito”; Judas 20 “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo”). Não podemos clamar “Abba, Pai” sem o Espírito Santo nos impelindo a tal adoração espiritual.

A adoração espiritual também deve ser com sinceridade. Quando Paulo diz “Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito”, ele não estava se referindo ao auxílio do Espírito Santo que o impele a servir Deus. Ele está expressando que ele serve o Senhor Deus com um coração reverente e sincero (Romanos 1.9). Deus merece o nosso coração. Podemos dar a nossa língua, nossos lábios, ou as nossas mãos, sem o nosso coração, mas o coração não pode ser exercitado em adoração verdadeira sem a atividade da nossa língua, lábios, e mãos santas (I Timóteo 2.8; Provérbios 23.26). As duas pequenas moedas da viúva foram mais valiosas do que as ofertas volumosas dos ricos por serem de um coração sincero em adoração espiritual e verdadeira (Marcos 12.41-44). Portanto, a adoração espiritual envolve a sinceridade que temos, seja na área financeira, ou física.

A adoração corporal não é rejeitada por Deus na adoração espiritual. Mesmo que a adoração espiritual seja mais importante e prazerosa a Deus, não devemos omitir o que foi menos exigido, ou seja, o uso do corpo na adoração (Mateus 23.23; Lucas 11.42). A lei cerimonial tinha a intenção do espiritual, assim o nosso espiritual pode ter a ação do corpo. Contudo, a adoração só pode ser verdadeira se o corpo que adora, adora com um espírito santo. Um corpo moralmente sujo indica um coração pecaminoso. Tal adoração é rejeitada. O culto racional consiste tanto numa mente renovada quanto num corpo santo apresentado a Deus (Romanos 12.1,2; I Timóteo 2.8). Os nossos corpos devem ser sacrifícios vivos. Na adoração espiritual os nossos corpos não devem estar mortos, mas mortificados para o pecado (Romanos 8.13). Um sacrifício vivo se manifesta pela vivência da nova natureza, numa postura santa com as afeições crucificadas para tudo que é da carne ou do mundo. Como a divindade de Cristo foi manifesta pelas Suas ações, assim também a nossa espiritualidade deve ser manifesta nas nossas ações de adoração. “Dar a Deus louvor através do corpo e não da alma é hipocrisia; dar a Deus culto em espírito e não com o corpo é sacrilégio; não dar louvor com o corpo nem com o espírito é ateísmo.” (Citação de Sherman’s Greek in the Temple, pgs. 61,62 por Charnock, pág. 220).

Mas a adoração corporal deve ser espiritual para ser aceita por Deus, que é Espírito. Portanto, ela deve ser limitada àquilo que é reverente, solene, respeitoso e dirigido pela inteligência. Somente dessa maneira pode a adoração correta ser um culto racional e espiritual. A expressão corporal deve ser uma reflexão do homem novo que deleita-se na lei de Deus (Romanos 7.22). Nenhuma carnalidade, sensualidade, ou movimento sugestivo da carne, é reflexo de um homem novo que se deleita na lei de Deus (I Pedro 3.3,4; Efésios 4.22,24 “um novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”; Tiago 3.13-18, “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”). Portanto, a adoração verdadeira usa o corpo, mas, nunca a carne.

Cristo é o nosso exemplo e Ele adorou o Seu Pai da forma mais correta. Ele adorou Deus corporalmente; Ele orou em voz alta, ajoelhou-Se, ergueu Seus olhos ao céu juntamente com Seu espírito quando Ele louvou o Seu Pai pela misericórdia recebida, ou rogou para que os Seus discípulos fossem abençoados (João 11.41; 17.1,11). Os homens santos de Deus têm usado os seus corpos em expressões de adoração espiritual: Abraão se prostrou, o apóstolo Paulo se ajoelhou, estes usaram suas línguas e levantaram suas mãos, mostrando-nos que a adoração espiritual necessita de expressão corporal. E por Deus ser Espírito e também Santo, essas expressões corporais devem espelhar o homem novo regenerado adorando reverentemente.

É verdade que o corpo deve ser usado, segundo o entendimento na adoração espiritual e entendemos isso pelo fato de que Jesus instituiu o Seu tipo de igreja e estabeleceu ordenanças nela que só podem ser observadas empregando o corpo. Deus pede a nossa presença corporal no ajuntamento (Hebreus 11.25; Salmos 122.1). As ordenanças, tanto do batismo, quanto da ceia, pedem a participação do nosso corpo na adoração (Mateus 28.19; I Coríntios 11.23-27). As duas ordenanças manifestam publicamente Cristo e a Sua redenção completa e vitoriosa. Mas, nem por isso, devemos ser dados à gritaria ou à expressão corporal espontânea e sem controle (Efésios 4.31, “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós”; I Coríntios 14.40). O fato do corpo participar na adoração verdadeira não indica que ela deve ser menos espiritual, mas, as ações do corpo também devem expressar reverência e santidade (Habacuque 2.20 “Mas o SENHOR está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.”). A adoração não deve deixar de ser um “culto racional”, ou seja, com entendimento quando há o uso do corpo nela. É sábio notar que as expressões corporais são somente expressões, e não substituem a própria adoração. Orações compridas, cânticos talentosos, ou qualquer outra expressão corporal, são nada sem o amor interior a Deus (I Coríntios 13.1-3). Deus quer para Ele mesmo o nosso coração. As cerimônias religiosas foram instituídas para ajudar-nos quanto a nossa adoração espiritual, não para serem a própria adoração. Um homem que se mostra religioso, mas, sem uma adoração com o espírito é igual a igreja de Sardes que “tens nome de que vives, e estás morto.” (Apocalipse 3.1). A adoração usa o corpo para se expressar, mas mesmo assim é necessário que examinemos que ela não deixa de ser espiritual (Lucas 11.39-44).

Por causa do perigo da carne misturar-se à adoração corporal devemos examinar-nos concernente a nossa maneira de adoração. Estamos nos últimos dias e o apóstolo Paulo nos diz: muito terão nestes dias “aparência de piedade, mas negando a eficácia dela” (II Timóteo 3.1,5). Portanto, devemos nos examinar se não é assim conosco. Para ajudar nesse exame particular, considere essas indagações: A nossa diligência é exterior ou interior? Os nossos sacrifícios ao Senhor são sacrifícios vivos e santos, ou sacrifícios de obras mortas da carne? Você se recorda que qualquer carnalidade na adoração não só faz a adoração ser inaceitável, mas abominável a Deus (Apocalipse 3.16; Salmos 66.18)?

Para ter uma adoração espiritual, você deve lembrar-se: vigilância contínua é necessária (Mateus 26.41). Um andar espiritual de dia impedirá a contaminação com a concupiscência na adoração de noite. Lembre-se também que é necessário nutrir um amor para com Deus que nos leve a depender dEle (Provérbios 16.3; Salmos 37.4). Para cultivar uma adoração espiritual, nutra pensamentos corretos a respeito da majestade de Deus na sua mente. Praticar esses conselhos fará com que adoremos ao Senhor em espírito “e em verdade” (João 4.24; Filipenses 4.8). De forma a auxiliar também a adoração espiritual pública devemos cultivar uma comunhão particular com o Senhor (Jeremias 15.16).

Para medir a veracidade da nossa adoração, devemos apenas notar se nos tornamos mais maduros espiritualmente depois do exercício dela. O fruto da adoração espiritual é visto numa obediência maior à Palavra de Deus (Mateus 7.24-27) e num amor aperfeiçoado para com Deus e para com os homens (João 13.35). O homem novo pelo conhecimento de Deus é renovado (Colossenses 3.10). A comunhão que você experimentou na adoração foi uma comunhão com Deus ou um inter-relacionamento com seu próprio ego? Foi algo que lhe edificou ou somente lhe entreteve?

Que Deus nos abençoe com o entendimento da Palavra de Deus que realmente nos leva à adoração verdadeira expressada tanto espiritual quanto corporalmente segundo a verdade. Assim Cristo será exaltado e o povo de Deus edificado.

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