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O perdão entre os cristãos

“Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em cristo.” Efésios 4:32

Um sábio disse: “Errar é humano; perdoar é divino”. Esta verdade não é melhor entendida senão entre os verdadeiros Cristãos, porque eles conhecem pessoalmente o perdão divino. E, por isso, eles devem perdoar os outros segundo o exemplo divino.

De Onde Vem o Perdão?

O perdoar é divino (Gên. 50:17-22; Êx. 34:7; I Reis 8:30-39; Dan 9:9,19; Mat. 6:12; 9:2-6). Quando o homem age para com os outros segundo a sua própria justiça, ele muitas vezes pede que Deus NÃO perdoe (Jer 18:23). Porém, Deus é grandioso em perdoar (Isa. 55:7). Deus tem prazer na Sua benignidade (Miquéias 7:18).

Esperamos que o leitor conheça o perdão de Deus, porque o perdão é a base do relacionamento entre os Cristão (Col. 3:13).

O “Erro” Cometido

A Necessidade de Perdão

O Pecado do Homem

Pode-se ler no relato bíblico que Deus considerou “muito bom” somente aquilo que Ele fez antes do pecado (Gên. 1:31). Depois de ter desobedecido as ordens de Deus, isto é, depois de ter comido o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, (Gên. 2:7; 3:6) não se encontra mais nenhuma referência na Bíblia de que o homem seja ‘bom’. Isso mostra o quanto o pecado é destruidor, universal (porque atinge todos os homens) e pleno (porque atinge o homem em todas as suas conjunturas).

Os meios de comunicação nos mostram as atitudes dos homens ao redor do mundo e, por meio delas, fica evidentemente claro que o homem necessita de perdão. Assassinatos, corrupções, ameaças, injustiças, preconceitos, mentiras, roubos, fornicações, desrespeito ao próximo e ao próprio Deus, poluição verbal e moral são constantes em todos os povos do mundo, todos os dias. A Bíblia é muito clara ao expor a dimensão pecaminosa em que vive o homem (Ezequiel 16:4,5; Isa 1:6; Rom. 3:10-18). No entanto, essa condição detestável e pecaminosa não é adquirida pelo contato com o ambiente, ou causada pela falta de oportunidade social ou educacional. Todo homem é pecador desde o ventre, como constatam os versículos seguintes:

• Gên. 8:21: “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice”;

• Sal 51:5: “em iniqüidade fui formado, e em pecado concebeu minha mãe.”;

• Sal 58:3: “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras;

• Isa 48:8, “chamado transgressor desde o ventre”.

OBS: Não é o ato de procriar que causa o pecado, nem é o ato, dentro dos seus limites bíblicos, pecaminoso, mas pelo fato de ser praticado por pecadores, o homem pecador é gerado (Rom 5:12).

O pecado destruiu totalmente a imagem de Deus no homem, criado especialmente por Ele, a ponto do homem, universalmente (Rom. 3:23; 5:12), não querer ter nenhum conhecimento de Deus (João 5:40; Rom. 1:28; 3:11,18). Por isso o homem pecador é “voluntariamente” ignorante da verdade (II Pedro 3:5). Não só a vontade do homem foi influenciada pelo pecado, como a sua capacidade de agradar a Deus foi destruída (Rom. 8:8; Jer 13:23). A condição do homem pecador é tão deplorável que ele não pode vir, pelas suas próprias forças, a Cristo (João 6:44,45) e, jamais, na carne, pode agradar a Deus (Rom. 8:6-8). O entendimento do homem foi deturpado a ponto de ser descrito como “entenebrecido” (Efés. 4:18; Rom. 1:21). Por isso as verdades santas e boas de Deus não são compreensíveis para o homem natural e são, para ele, loucuras e escandalosas (I Cor 1:23; 2:14). A responsabilidade da condição pecaminosa na qual o homem vive é dele próprio. Ele mesmo busca muitas “astúcias” (Ecl 7:29). Os homens estão “mortos em ofensas e pecados” (Efés. 2:1) e, por isso, não são capacitados nem com desejo nem com poder para a prática do bem de maneira alguma. Sendo assim, “nenhum homem, pela sua natureza, crê que necessita de Cristo. Ele está cegado pelos seus morais, suas intenções, sua sinceridade e sua bondade. Ele não vê a impiedade do seu pecado, nem que o seu caso é sem esperança” (Don Chandler, citado em Leaves, Worms …, p. 129).

O coração do homem, a fonte da vida (Prov. 4:23), é tão enganoso que se torna impossível ao próprio homem conhecê-lo, quanto mais a sua própria perversidade (Jer 17:9). Nessa condição o homem é completamente “reprovado para toda a boa obra” (Tito 1:16) e, por conseguinte, inimigo de Deus, o seu Criador (Rom. 8:7). O pecado reina em todos os membros (físicos, mentais, emocionais, espirituais) do homem (Rom. 7:23).

A situação do homem pecador é deplorável.

Se ele quisesse agradar a Deus ele não poderia; se fosse capaz, não queria.

João 5:40; João 6:44,63

A prova de que todos os homens são pecadores é dada pelo fato de não haver ninguém que obedeça sem nenhum defeito ou omissão todos os mandamentos, e, não existe ninguém que possa manter-se puro de todo e qualquer pecado seja em pensamento, palavra, ação, coração ou vida. Se o homem fosse tão onisciente quanto Deus, ele declararia o que o próprio Deus declarou quando olhou desde os céus para os filhos dos homens para ver se havia algum que tivesse entendimento e o buscasse. Naquela ocasião Deus declarou: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” (Sal 114:2,3).

Por isso o homem precisa de perdão eficaz diante de Deus e diante dos homens. Podemos dizer que todo homem necessita de perdão diante de Deus. Os Cristãos, que conhecem o perdão, devem ser os primeiros na terra, antes mesmo dos anjos com quem não há perdão, a exercitar o perdão para com seu próximo.

Considerando A Santidade de Deus

Assim como no homem não há nada de bom (Rom 7:18), no ser divino, como deve ser esperando, não há trevas nenhumas (I João 1:5). Na Bíblia há coisas determinadas como “Santo dos Santos” ou “Santíssimas” (o altar – Êx. 29:37; 40:10; o sacrifício da expiação – Êx. 30:10, 36; Lev 2:3,10; 6:17-29; os móveis do tabernáculo – Êx. 30:29; as leis – Lev 7:1 e as coisas santificadas pelos sacerdotes – Lev 27:28)) e há lugares determinados como santíssimos, como a repartição do tabernáculo (Êx. 23:33,24) e do Templo (I Reis 7:50; 8:6). Todavia, a única pessoa na Bíblia determinada como “Santo dos Santos” ou o “Santíssimo” é o próprio Filho de Deus, o Ungido (Dan 9:24). Isso afirma que não há trevas nenhumas em Deus.

A santidade de Deus é logo exaltada na primeira canção relatada na Bíblia, a de Moisés (Êx. 15:1-19), que a cantou depois da grandiosa vitória sobre o poder e a majestade dos Egípcios. Essa mesma canção, que glorifica a santidade de Deus, será novamente cantada pelos que tiverem a vitória por Jesus Cristo (Apoc 15:2-4), na vitória final de Deus sobre o mundo. Talvez essa estimação da glória da santidade de Deus tenha sido cantada também pelos anjos quando ocorreu a vitória de Cristo sobre o pecado, a morte e o mal. E ela é manifestada no ato de arrependimento do pecador que Jesus veio buscar (Luc 15:10). Não há ninguém glorificado em santidade com Deus (Êx. 15:11).

Quando o poder de Deus é manifestado, afigura-se o braço do Senhor (Ia 51:9; 53:1; João 12:38); quando a onisciência é manifestada, afigura-se o olho do Senhor (Sal 33:18; 34:15; Prov. 5:21; 15:3); quando a prontidão para socorrer é manifestada, afigura-se o ouvido do Senhor (Sal 34:15; Tiago 5:4; I Pedro 3:12); a duração de Deus é figurada pela eternidade (Sal 90:2; 103:17; 106:48), e a sua compaixão pelas entranhas ou pelos rins (Gal 5:22; Col. 3:12; Fil. 2:1; I João 3:17). Quando a santidade de Deus é figurada pela Bíblia, ela é manifestada como a Sua glória (Êx. 15:11; I Crôn. 16:29; Sal 29:2).

Era a glória da santidade de Deus que irradiava do rosto de Moisés (Êx. 34:29-35). Uma glória também irradia das vidas dos santos diante do mundo (Mat. 5:14-16). Os seres celestiais, mesmo na presença contínua de Deus, clamando a Sua santidade, cobrem os seus rostos (Isa 6:1-3) e se prostram diante Dele (Apoc 4:9-11; 5:11-14) por causa da formosura da Sua santidade. A santidade de Deus é tão segura que o próprio Deus a usa como selo das Suas promessas (Sal 89:35). Se em Deus não há trevas nenhumas (I João 1:5), se ele nem pode contemplar o mal (Hab. 1:13) é certo que onde Ele reina não entrará nada que o contamine (Apoc 21:27).

Dessa glória, ou santidade, o homem é destituído (Rom 3:23; Isa 64:6). Talvez por isso a bíblia diz que não há homem que possa ver a face de Deus e viver (Êx. 33:20). Mas, pelo perdão divino, o homem pecador, destituído da santidade, pode ser chamado ‘santo’ (Atos 9:32; II Cor 8:4; Efés 1:2; Col. 1:2 Apoc 11:28), ou seja, pela obra do Santíssimo, o Ungindo de Deus, Jesus Cristo (Dan 9:24; João 20:31; I Pedro 1:18-23).

Se Deus, que é formoso em santidade, perdoa pecadores como nós pela obra de Cristo, como é que nós não podemos perdoar aqueles de quem temos queixas? Se você tiver dificuldade para perdoar o seu próximo, lembre-se o quanto Deus te perdoou (Efés 4:32; Col. 3:13).

O Preço Devido ao Pecado

O aviso divino é: “da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gên. 2:17). O homem comeu (Gên. 3:6) e, por isso, veio a morte a todos os homens, pois todos pecaram (Rom 5:12; 6:23). Essa morte é tanto física quanto espiritual. O homem perdeu a imagem de Deus, isto é, a sua parte espiritual, porque Deus é um ser espiritual (João 4:24). O homem continua sendo um ser espiritual mas é morto para com Deus (I Cor 2:14). O homem merece a morte eterna por ter pecado contra o eterno, santo e bom Deus.

O preço devido ao pecado é a condenação judicial. A ira de Deus é sobre todos aqueles que estão fora de Cristo (João 3:35,36). O maldito homem pecador vai para o lugar preparado para o diabo e seus anjos (Mat. 25:41), e, nesse lugar, não há descanso. O diabo será atormentado dia e noite para todo o sempre, no lago de fogo (Apoc 20:10). A Bíblia descreve que esse é um lugar “onde o bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mar 9:44, 46, 48), onde a misericórdia e a graça salvadora de Deus não são presentes. Não há um único relato bíblico que dê um mínimo grau de esperança de que a bondade de Deus possa aparecer um dia neste lugar. A Bíblia não relata nenhum caso de salvação de anjos caídos e, da mesma forma, não relata a salvação de qualquer homem que já esteja no lago de fogo. Temos o relato do rico que foi para o inferno e pediu misericórdia, mas ele não foi atendido (Luc 16:19-31). O lugar para onde o maldito pecador irá revela o seu grau de dívida para com o pecado.

Quando pensamos no perdão que devemos dar aos que fazem o mal contra nós, devemos lembrar-nos de que a dívida da qual fomos perdoados em Cristo Jesus vai muito além da dívida que um mero homem possa ter para conosco. Se Deus , através da graça, perdoou-nos de uma dívida que é a condenação eterna, o que está nos impedindo de perdoar aqueles que temos responsabilidade de perdoar?

O Perdão Dado

O perdão que Deus dá é completo. O homem perdoado por Deus é trazido à condição de não ter nenhuma condenação mais (Rom 8:1), ele é libertado da lei do pecado e da morte (Rom 8:2). Judicialmente o homem é justificado diante de Deus, não tendo nada pesando contra ele mais (Rom 5:1). Posicionalmente o homem perdoado é feito um filho de Deus e co-herdeiro com Cristo (Rom 8:17) e, agora, com todas as bênçãos espirituais (amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança – Gal 5:22) nos lugares celestiais (nos céus onde o Pai e o Salvador estão) em Cristo (Efés 1:3).

O perdão dado por Deus transforma o que é maldito em:

resgatado da [sua] vã maneira de viver (I Pedro 1:18,19)

santo (I Pedro 1:15)

lavado (João 15:3)

salvo da ira (Rom 5:9);

agradável a Deus (Efés 1:6)

reconciliado com Deus (Rom 5:10)

amado e atraído (Jer 31:3)

perto (Efésios 2:13)

concidadãos dos santos, e da família de Deus (Efés 2:19; Heb 8:10)

Deus perdoa todas as iniqüidades e sara as enfermidades do homem graças ao Seu muito amor para com esse (Sal 103:3). Assim como está longe o oriente do ocidente (Sal 103:12), os pecados que antes faziam separação entre Deus e o homem agora estão longe do onipresente Deus, o que se deve ao perdão dado pelo Deus onipotente. Os pecados dos homens perdoados são agora lançados atrás das costas do Senhor (Isa 38:17) e, o onisciente Deus jamais lembrará de seus pecados e das suas iniqüidades (Heb 10:17).

Se o eterno e santo Deus pode perdoar com tamanha grandeza os homens que somente merecem a condenação eterna, quanto mais nós, homens pecadores, devemos perdão completo aos outros homens pecadores.

O Meio do Perdão

Perdão somente é dado através de uma oferta específica

Não é qualquer oferta que leva Deus a perdoar o homem. Existe uma oferta para cada pecado, como demonstra a Lei de Moisés (Pelos pecados do povo – Lev. 4:20. Pelos pecados de um príncipe – Lev. 4:26. Pelos pecados de qualquer pessoa – Lev. 4:31,35. Pelos pecados ocultos – Lev. 5:10, 13. Pelos pecados do sacrilégio – Lev. 5:16. Pelos pecados de ignorância – Lev. 5:18; Num 15:25,26,28. Pelo pecado de homicídio desconhecido – Deut. 21:4-8). O povo de Israel foi aclamado a dar essas ofertas pelos seus pecados nacionais (II Crôn. 7:14). Tudo apontava a Jesus Cristo, na Lei de Moisés (Gal. 3:24). Jesus Cristo é o único sacrifício completo que agrada Deus (Atos 5:31; 13:38; 26:18; Efés. 1:7; Col. 1:14; 2:13; I João 1:9; 2:12). É a nossa oração que os seus pecados sejam perdoados pelo sacrifício de Jesus Cristo.

Mas tenha ciência de que, se a oferta que Deus estipulava não fosse oferecida, o perdão não seria cedido (Isa. 2:5-12; Mar 11:25,26; João 10:1). Não há outro meio de se obter o perdão diante de Deus a não ser por Seu Filho Jesus Cristo (Rom. 10:1-4; João 14:6; I Cor. 3:11). Não procure alívio nas suas obras ou intenções, procure-o apenas Naquele em Quem Deus Se satisfaz: em Cristo.

Quando os Cristãos tiverem queixas, ou quando acontecerem atritos da vida entre eles, faz-se necessária uma oferta para que haja o perdão verdadeiro entre eles. Essa oferta não pode ser algo inventado pelo homem mas, aquela que foi dada por Cristo pelos pecados. Devemos perdoar uns aos outros “como também Deus nos perdoou em Cristo” (Efés. 4:32). Devemos perdoar-nos uns aos outros considerando o sacrifício de Cristo pelos pecados como suficiente. Pode ser que um homem demonstre o grau da sua tristeza pelo mal praticado através de uma oferta (Abigail a Davi – I Sam. 25:28-35; Jacó a Esaú – Gên. 32:13-33:8) mas, isso não é um requisito. O Cristão deve perdoar assim como Deus o perdoou, em Cristo. Cristo é a oferta única, ideal, suficiente, abundante e completa que Deus aceita. Ninguém vem a Deus senão por Ele. Que a Sua oferta de perdão seja exaltada entres os irmãos.

Perdão cedido pelo mérito do arrependimento

A Bíblia mostra o perdão pelo arrependimento (Jer. 36:3; Atos 8:22). O arrependimento não é um mero reconhecimento de um erro, ou um sentimento de tristeza pelo mal praticado. O arrependimento é um reconhecimento do mal praticado somado ao abandono do caminho do mal e uma volta à prática do bem (Luc. 15:17-21). Por isso somos exortados a produzir frutos ou obras dignos de arrependimento (Mat. 3:8; Atos 26:20). Uma palavra freqüentemente associada a arrependimento é “conversão” (Isa. 55:7,8; Mar 4:12; Atos 3:19; 26:20). E a palavra “conversão” ensina qual é a verdadeira natureza do arrependimento, que é querer reverter os malefícios de um pecado (Luc. 19:8,9). Só se pode esperar o perdão de Deus quando o arrependimento ocorre segundo a Sua vontade. O arrependimento verdadeiro vem de Deus (Atos 5:31; 11:18; II Tim. 2:25; Heb. 12:17) e leva o pecador a confiar, pela fé, em Cristo, que é o sacrifício único e suficiente pelos pecados. É por isso que o arrependimento freqüentemente é mencionado com a fé (Atos 20:21; Heb. 6:1). Se o arrependimento é a ação de virar as costas ao pecado, o voltar-se a Deus é a fé (Luc. 15:18, “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai”; Atos 16:31), ou, ainda, a fé é “a tristeza segundo Deus que opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende” (II Cor. 7:10). O mero remorso ou a tristeza que não exalta a Cristo é considerada “a tristeza do mundo” que “opera a morte” (II Cor. 7:10).

Com isso entendemos que não se obtém o perdão somente pelo mérito da tristeza de ter praticado o pecado mas, pelo conjunto formado pela fé em Cristo e pelo sacrifício suficiente referente aos pecados cometidos.

Exemplifica-se a obra divina de Jesus Cristo quando o Cristão perdoa livremente quem busca dele o perdão. O Senhor Deus quer que os ímpios se convertam (Ezequiel 18:23,32; 33:11), isto é, arrependam-se, porque Cristo é exaltado pelo arrependimento. Deus deseja que Cristo seja exaltado pelo arrependimento e pelo perdão. É o nosso desejo que os pecadores procurem o perdão de Deus por Jesus Cristo, que eles glorifiquem a Deus pelo arrependimento dos pecados e pela fé em Cristo. É o nosso desejo e oração que os Cristãos glorifiquem a Deus por Jesus Cristo perdoando aqueles que são seus devedores.

Perdão pelo mérito do Intercessor

É através da obra de um intercessor que se obtém o perdão e isso podemos ver na Bíblia:

• Moisés clama pelo povo desobediente de Israel (Êx. 32:32; Num 14:18-20);

• Faraó pediu que Moisés orasse por ele (Êx. 10:17);

• Abigail intercedia diante de Davi pelo seu marido (I Sam. 25:28-35);

• Daniel orava pelo povo (Daniel 9:19) assim como Amós (Amós 7:2);

• Cristo orou pelos malfeitores (Luc. 23:34) e pelos seus discípulos de todas as épocas (João 17:20-24);

• Paulo orava pelos Judeus (Rom. 10:1-3);

• E por fim, Tiago nos ensina que a intercessão tem grande valor (Tiago 5:15,16).

Cristo é a Única Oferta e o Único Intercessor aceito por Deus

O perdão que vem de Deus mostra o quanto Ela abomina o pecado e o quanto Ele ama o pecador. E o meio pelo qual se obtém o perdão é estar em Jesus Cristo, Seu Unigênito Filho. Foi Jesus quem tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores. Jesus Cristo, que é Deus Conosco (Mat. 1:23), foi ferido de Deus, e oprimido. Cristo, o Amado (Efés 1:6), foi moído, castigado e pisado para sarar a condição de morte espiritual do homem pecador. O unigênito (João 3:16) foi oprimido e afligido quando levava sobre si a iniqüidade de nós todos. A justiça de Deus é satisfeita (Isa 53:4-11) pelo trabalho da alma do Sumo Sacerdote (Heb 9:11). Não foi pelo sangue de bodes ou bezerros que este perdão foi dado mas pelo próprio sangue de Cristo a eterna redenção é feita (Heb 9:12). Foi pela sua própria carne a inimizade que a lei dos mandamentos contra nós foi desfeita (Efés 2:15,16). O homem pecador tem paz com Deus (I João 1:7,9; Isaías 9:6; Efés. 2:15) porque um menino nos nasceu. Deus nos deu Seu próprio Filho, que é o próprio Príncipe da Paz.

Se alguém precisa ser perdoado dos seus pecados, saiba que o único meio para que isso aconteça é receber o perdão divino que vem através de Jesus Cristo. Ninguém pode ir a Deus senão por Ele (João 14:6). E, por Ele devemos ser salvos (Atos 4:12). Qualquer confiança, por menor que seja, em um anjo, espírito ou homem (seja você mesmo ou um outro), é o mesmo que pisar no Filho de Deus e ter por profano o seu sangue e fazer agravo ao Espírito da graça (Heb 10:29). Venha a confiar na salvação que Deus tem dado pela Sua misericórdia e graça (Efés 2:4-7)!

Se Deus , para perdoar em tempo um rebelde e incapacitado inimigo (Rom 8:6-8), deu Aquele que ainda antes da fundação do mundo era o Seu deleite (Prov. 8:30), por quê nós não devemos perdoar-nos uns aos outros quando temos queixas.

A Nossa Responsabilidade

Encarar a nossa responsabilidade, que é perdoar os que vêm nos pedir perdão, é vital (II Cor. 2:10,11). Lembre-se de que a base do perdão entre os Cristãos é o próprio Cristo (Efés. 4:32; Col. 3:13). Pelo perdão, Cristo é exaltado. Talvez por esse fato a falta de perdão de uns para com os outros é uma barreira ao conhecimento do próprio perdão divino e crescimento espiritual particular. A falta de perdão de uns para com os outros pode impedir-nos de conhecer o perdão de Deus (Mat. 6:14,15; 18:23-35; Mar 11:25, 26). A atitude de não perdoar-nos uns aos outros pode fazer que as nossas orações não sejam ouvidas pelo Senhor (Sal 66:18; I Pedro 3:7). Portanto, se você tiver interesse em adorar o Senhor verdadeiramente, procure conferir se não há pendente algo a perdoar (Mat. 5:23,24). Deus é glorificado quando alguém tem a grandeza de perdoar. Mas para que isso aconteça é importante que quem esteja perdoando haja com sinceridade, mesmo que aquele que está sendo perdoado não seja tão sincero (Mat. 18:21,22). Devemos estar prontos a perdoar-nos uns aos outros quando nós estamos errados (Prov. 6:1-5) e quando os outros são os culpados (Mat. 5:23-25; Luc. 17:3,4).

Quanto entendemos que o Deus Santo, por meio da Sua misericórdia, evidenciada na oferta satisfatória e na intercessão de Cristo, grandiosamente perdoa o homem pecador, podemos entender a grande importância de perdoar-nos uns aos outros de todas as nossas queixas ou dívidas. Relembremo-nos que o exemplo a seguir é: perdoar aos outros “como também Deus vos perdoou em Cristo”, Efés. 4:32 (Col. 2:13; 3:13). Você conhece esse perdão? Se já o conhece, não deve ser grande coisa estender tal benção aos que venham a te pedir o perdão. Se você ainda não conhece o pleno perdão de Deus através de Jesus Cristo, clama ,então, a Deus que tenha misericórdia de mais um pecador!

Bibliografia

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