A Causa de Deus e A Verdade - Parte I - John Gill D.D.

Seção 12-Isaías 1:18, 19

“Vinde, pois, arrazoemos, se for da vossa vontade e obedecerdes, etc.”

I. O versículo décimo oitavo é considerado em estreita ligação com as palavras anteriores e as seguintes, donde conclui-se: que cessar de fazer o mal e aprender a fazer bem, estar disposto e obediente, [1] são as qualificações que são exigidas das pessoas com este tipo de caráter para o perdão misericordioso de Deus, e as condições para obtê-lo; as promessas de perdão, vida e salvação . Contudo,

1. que seja observado que o versículo décimo oitavo pode ser lido num parêntese, sem qualquer conexão com ou dependência tanto de versos anteriores ou quanto de posteriores, lançados aqui com o propósito de confortar o povo de Deus, oprimidos sentindo o peso de seus pecados, enquanto Ele está expressando simplesmente seu ressentimento e indignação contra os pecados dos outros.

2. Admitindo-se que o versículo descrito acima esteja em estreita ligação com o contexto, ele contém uma declaração gratuita de perdão gracioso e misericordioso, sem quaisquer condições anexas a ele, não está expresso de forma condicional; não é dito: se cessardes de fazer o mal, e aprenderdes a fazer o bem, então ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve, nem é dito: se estais dispostos e obedientes, então ainda que os vossos pecados sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã, então comereis o bem desta terra.

3. A promessa de perdão de Deus é gratuita, absoluta e incondicional. Ela é expressa desta maneira: Eu serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais (Hebreus 8:12); e feita às pessoas culpadas tanto dos pecados de omissão como de comissão, que não tinham comprado dele por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste, mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas iniquidades (Isaías 43: 24).

4. O perdão do pecado nunca é atribuído a qualquer condição realizada pelos homens, mas à graça livre de Deus, que flui por meio do sangue de Cristo, o qual foi derramado para obtê-lo, e em cujo dom ele está sendo exaltado para ser Príncipe e Salvador, para dar arrependimento a Israel, e perdão dos pecados (Isaías 43:24,25), e o qual é dado frequentemente às pessoas sem quaisquer condições prévias qualificando-as para isto.

5. A obediência não é condição para o perdão, embora, uma declaração de perdão seja um excelente motivo para induzir à obediência; a obediência evangélica flui da e é influenciada pelas descobertas de perdão, mas não é a causa nem a condição dele.

II. Aqui é prometido para aqueles que são dispostos a servir a Deus e obedientes a Ele, que eles comerão o bem desta terra; enquanto que os desobedientes, serão devorados à espada. Todavia, nem por isso, deve-se concluir que está no poder do homem fazer o que é espiritualmente bom, muito menos que a felicidade eterna depende ou deve ser obtida pela obediência do homem. Pois

1. a obediência voluntária aqui incentivada é para as coisas civis; tais como: ajudar o oprimido; fazer justiça ao órfão; tratar da causa das viúvas, versículo 17. Aceita-se que um homem natural é capaz de executar tal obediência; e esta pode ser razoavelmente esperada de uma pessoa que professa a fé, assim como foi com as pessoas que receberam exortações.

2. O que é prometido aqui, não é de uma natureza espiritual ou eterna, mas de uma natureza temporal; comereis o bem desta terra; ou seja, da terra de Canaã; a possessão pela qual eles sustentaram pela sua obediência àquelas leis de um tipo moral, civil e cerimonial, que Deus lhes dera como um corpo político; e que, enquanto eles observassem-nas, eles continuariam em pleno e satisfatório gozo de todas as bênçãos da boa terra, que manava leite e mel, como lhes fora prometido; ver Deuteronômio 5:32,33; 6:24,25; 28:1-14; e Levítico 26:3-10. Mas quando eles se recusaram e se rebelaram, as coisas mudaram para eles. E, portanto,

3. a punição que ameaçava sua desobediência e rebelião era temporal; sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse; como ele tinha dito em Levítico 26:25,33, e assim era frequentemente com este povo quando eles violavam as leis de Deus, transgredindo Seus mandamentos e se rebelavam contra Ele. Essas atitudes provocavam a ira de Deus, e tinha como consequência, a permissão dada por Ele ao o inimigo para atacá-los, ferí-los e destruí-los a espada, ou levá-los cativos.

NOTAS DE RODAPÉ:

[1] Whitby, pág 181, 242, 298; ed. 2. 177 236, 291.

 

Autor: John Gill,D.D.
Tradução: Hiralte Fontoura 08/2012
Revisão: Calvin G Gardner, 05/2014
Revisão gramatical: Erci Nascimento 08/2014
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br