Prefácio e Capítulo 01

Prefácio: O BATISMO INFANTIL, UM ERRO CAPITAL

Dr. W. C. Taylor

Os batistas são irreconciliáveis com qualquer forma de religião por procuração, isto é, mediante padrinhos. Se há aqui crentes apologistas do batismo infantil, perdoem-me que lhes diga com todo o amor cristão, mas também com toda a franqueza, que, para os batistas, o batismo infantil, sob todos os pontos de vista, é um erra capital. Eis as razões:

Primeiro que tudo, os batistas não acham na Palavra de Deus a mais leve sombra de aprovação ao batismo de criancinhas. Isto bastaria para que o batismo de criancinhas recebesse deles a mais justificada repulsa. Há mais, porém, do que isso: O batismo infantil tende a ritualizar o cristianismo e reduzi-lo a um sistema de práticas religiosas mortas. Tende, também, à secularização da igreja e ao apagamento da linha de demarcação entre a igreja e o mundo incrédulo. Permiti-me, finalmente, prezados amigos pedobatistas, que me ouvis, que com toda amável franqueza vos diga, que os batistas crêem que o batismo infantil, com suas conseqüências, tem inundado o mundo de males inenarráveis. Crêem também que ele perverte o simbolismo bíblico do batismo, torna a tarefa impossível de obediência religiosa por meio de padrinhos; que usurpa antecipadamente a iniciativa da criança, trazendo consigo o germe da perseguição e da união da Igreja com o Estado; e, finalmente, crêem que é uma tradição romanista; a pedra angular do vasto sistema papista em todo o mundo.

Direi ainda mais uma palavra sincera aos meus irmãos batistas, e aos crentes não batistas: que nós, batistas, cremos que se todas as denominações protestantes abandonassem de uma vez o batismo infantil e voltassem à aceitação e prática do batismo em o Novo Testamento, a união de todos os cristãos não católicos no mundo se consumaria, e, no decurso de um século, não haveria mais uma igreja católica na face da terra!

Em vista destas poucas, mas sinceras declarações, os nossos irmãos não batistas podem perceber alguma coisa das grandes dificuldades que encontram os batistas quando convidados a entrar em aliança oficial com aqueles que sustentam doutrinas tão diametralmente opostas às suas.

À face de Deus, podemos testemunhar que, todos os batistas, nutrimos o mais ardente desejo pela união cristã, e cremos que a união cristã virá; mas sustentamos que esta união, para ser real e eficaz, tem que se basear sobre um melhor entendimento da Palavra de Deus, e sobre a mais perfeita obediência à vontade de Cristo, revelada em sua Palavra.

George Washington Truett, em “Os Batistas e a Liberdade Religiosa”

PRIMEIRA PARTE

A ORIGEM E O ESPÍRITO DESTA INVESTIGAÇÃO... A LINDA SENTENÇA EXPLORADA

Capítulo I


“A ORIGEM E O ESPÍRITO DESTA INVESTIGAÇÃO”

Em setembro de 1929, quando preguei uma série de sermões evangelísticos no Colégio Batista Brasileiro de São Paulo, vários irmãos me falaram de um opúsculo, que largamente circulava, contra o batismo que, como um povo, julgamos bíblico, o batismo por Cristo recebido e entregue a seus apóstolos como obrigação perpétua do cristianismo obediente. Nunca encontrei tal opúsculo no Norte, e não pensei mais nele.

Em Junho de 1930, de novo me achei no sul, esta vez para assistir à Convenção Batista Latino–americana, no Rio de Janeiro. Hospedei-me no Colégio e Seminário Batista e, outra vez, vários irmãos abordaram o assunto do referido combate ao batismo, como um obstáculo ao progresso da verdade no ambiente onde trabalhavam e me pediram que escrevesse em resposta alguns esclarecimentos a respeito dos pontos em que os batistas foram atacados.

Enviaram-me, depois que voltei para o Recife, um exemplar da referida obra, “Controvérsia Batista”, renovando o pedido para que eu o respondesse, visto que não havia em circulação nenhuma palavra de defesa batista contra a investida de tão forte paladino antibatista. Li o livrinho e anuí ao pedido. A resposta está na mão do prezado leitor.

Naturalmente, dispensa esclarecer que não me motivam considerações pessoais. O cavalheiro cujas palavras discuto é figura de relevo no ministério evangélico, e suponho que é idêntico ao atual (1930) reitor do Seminário Teológico Unido, do Rio de Janeiro. Sendo, por conseguinte, uma voz que é acatada e autorizada por todas as denominações não batistas no Brasil, há ainda mais razão para que algum batista diga algo em resposta, se temos de que nos munir no arsenal da verdade bíblica, em defesa. Todavia, urge acrescentar que me inspira apenas o espírito de lealdade e amor à verdade. O irmão Alfredo Teixeira não me é conhecido pessoalmente, mas goza da minha cordial estima pelo que tenho lido, na imprensa evangélica, de sua lavra. É, pois, com inteira isenção de ânimo que passo a me ocupar de um seu escrito.

Os que conhecem o meu modo de discussão sabem que prefiro sempre citar tudo quanto venho a criticar e depois dar o meu comentário. Assim tenho feito com várias obras romanistas e protestantes. É imprático, porém, neste caso, visto que a “Controvérsia Batista” tem 91 páginas. No entanto, procurarei citar sempre a linguagem que discuto de modo a tornar perfeitamente clara a idéia do autor a qual eu esteja combatendo. Pois é do interesse mútuo que sua propaganda contra os batistas seja também inteligível.

É mister mais espaço para retirar do que para acusar. Por isso não me tenho limitado a uma refutação apoucada. As diferenças entre presbiterianos e batistas tem sido profundas e insanáveis através de séculos. O ilustre antagonista mostra saber o terreno das nossas diferenças. Ele nos descreve como herdeiros e continuadores da obra de uns anarquistas religiosos do tempo de Lutero e Calvino, embora nos considere anabatistas mansos.

Cabe-nos um exame desapaixonado dos dois modos tão divergentes de entender o único e verdadeiro cristianismo do Novo Testamento. Por todo o campo de batalha escolhido pelo sábio campeão das hostes aspersionistas e pedobatistas será travado o combate, com as armas da verdade e o espírito de honradez que é de esperar na justa entre cavaleiros de Cristo.

Uma resolução firmei no meu espírito. Não gosto de controvérsia religiosa, embora minha posição de redator, pastor e professor me tenha obrigado de quando em quando a entrar na liça em defesa de princípios postergados. Resolvi, porém, nunca mais dar apenas o aspecto controversial e negativo a respeito das verdades atacadas. O erro suplanta, às vezes, verdades ricas, proveitosas, espirituais e santificadoras. A aspersão rouba às suas vítimas a influência e os sagrados impulsos do batismo. Pretendo dar, pelo menos em resumo, o lado positivo e devocional da verdade que, em defender, eu também propago e proclamo nos seus aspectos positivos, alheio às controvérsias inventadas por homens de Roma, Genebra ou Wittenberga. Por isto incluo o último capítulo sobre aspectos devocionais do batismo.

O penúltimo capítulo é um folheto circulado no Norte, mas desconhecido no Sul. Os últimos dois capítulos e as palavras do Dr. Truett existem também como três folhetos em separado.

O que de repetição há no folheto é de propósito, pelo seu valor pedagógico.

Do leitor peço apenas imparcialidade, a isenção de preconceitos suficiente para examinar sinceramente e comparar estes dois sistemas de pensamentos. Sereis o juiz. Convém, pois, o critério de pesar bem a evidência. Em tão divergentes interpretações do Novo Testamento quantas são a batista e a presbiteriana, ambas não são a verdade. A verdade é uma pérola de um preço incalculável. Vale muito sacrifício possuí-la. E sua possessão é uma riqueza espiritual de tamanho valor que o Mestre de nós todos declara: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

 

Autor: Dr William Carey Taylor
Fonte: www.palavraprudente.com.br

Digitação: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos - 23/08/05

Revisão: Luis Antonio dos Santos - 24/08/05